No capítulo anterior:
" Aquilo tava tão esquisito, era como se eu tivesse sentindo o calor de seu corpo ali. Ai cara... Que merda é essa que ta acontecendo comigo? Será que eu comecei a ter uma paixão platônica por ele?"
-Você canta, Avril?_Cody me pergunta.
-Eu? Não..._Falei erguendo as pernas na arquibancada, junto ao meu corpo.
-Que pena, se cantasse não precisava ficar só nos ouvindo._Sorriu.
-Eu gosto de ouvir._Retribui o sorriso.
-Você anda de skate né?_Austin me perguntou.
-Sim... E vocês curtem skate?
-Com certeza, sempre vamos na pista la do centro da cidade, geralmente tem mini competições por lá. Podia ir com a gente qualquer dia. _Falou Austin.
-Nossa, que legal.
Mas pra ganhar de todos vocês, não sei não... _Falei sarcástica.
-Hum, convercida. Isso que vamos ver._Austin riu.
Gabriel apenas escutava, sem dizer nada. Aquela vontade de o abraçar ainda continuava ali... Que droga.
O sinal tocou...
-Que aula que é agora?_Gabriel perguntou pro Cody.
-Português, se não me engano.
-Puts, nem fiz aquele trabalho. E já era a segunda chance pra entregar.
-Nem eu fiz aquela porra._Cody disse complementando.
-Vamos vaza?_Gabriel falou.
-Vamos ué! Vamos correr pra pegar a mochila antes que a gostosa chegue na sala._Fiz uma cara de "Hã?". E Austin riu e falou:
-Nem ligue, Avril. É o jeito que o Cody chama a professora. É um tipo de paixão platônica que ele tem por ela._Piscou um olho.
Dei uma risada amarela. Essas palavras "paixão platônica" me deixavam com medo agora.
-Paixão nada. É só zoeira. Quando você ver ela, você vai entender._Cody disse para mim. Apenas sorri. - Quer vir com a gente?_Demorei um pouco pra perceber que era comigo.
-Ah... Sei lá._Disse sem graça.
-Você vai se arrepender se ficar naquela aula._Finalmente Gabriel falou algo, mas não olhou diretamente pra mim.
-Vamos pegar as mochilas então._Falei.
-Gostei dessa garota. Não é "medrosinha"._Cody disse. Percebi que Gabriel deu um sorriso de canto.
Levantamos dali e corremos pra sala, pra pegar as nossas coisas. Mas já havia uma mulher gorda de cabelos lisos e voz fanhosa na sala.
-Porra, ela já ta ai._Gabriel disse,dando uns passos pra trás quando a viu e esbarrou em mim.-Opa, foi mal.
-De boa..._Falei. -Então, to apaixonada por esse ser também._ Disse me referindo à professora (eu sei que não é legal zoar alguém, mas se vocês a vissem, também não iriam resistir.)
Gabriel e Cody riram.
-Pode ir tirando o olho, que ela é minha._Cody me cutucou.
-Ok, ok_Falei rindo. - Mas que vamos fazer agora?
-Entrar pra sala né... Fazer o que?_Cody disse carrancudo.
Observei umas crianças que estavam por ali, olhei pra professora...
-Acho que não... Esperem ai._Falei indo até onde estavam as crianças. Os dois ficaram sem entender nada.
-Ei, garoto!_Chamei um menino, de mais ou menos 11 anos.
-Eu?_Ele disse.
-Sim, venha aqui._Movimentei a mão o chamando. - Me faz um favor em troca disso?_Enfiei minha mão no bolso da calça e tirei uma caixinha nova de chicletes, nem tinha lembrado dela até aquele momento.
Os olhinhos da criança brilharam.
-Sim_Respondeu sem pensar duas vezes.
Cochichei em seu ouvido o que ele precisava fazer.
Então voltei para onde Gabriel e Cody estavam, e chamei-os pra trás da escola.
-O que foi que você fez?_Cody disse curioso.
-Dei meu jeito._ Gabriel apenas me olhou, tantando descobrir o que eu estava planejando.
Logo escutamos um berro, meio choro.
-O show começou._Falei sorrindo. Gabriel e Cody se entre olharam.
A gritaria parou depois de uns dois minutos, não demorou depois disso até ver a professora e o garoto (meu cúmplice), indo até a diretoria.
O garotinho me olhou de lá e fez um "positivo" com a mão e sorriu.
-Você é maluca._Gabriel falou rindo da cena.
-Obrigada. Agora vamos rápido antes que ela volte._Como todos os alunos da nossa sala estavam pra fora, nem nos viram sair com as mochilas e ir lá pra quadra ondre estavamos antes.
-Menina, você é foda!_Cody falou.
-Anos de experiência._Fiz cara de convencida.
Pulamos o muro e lá estavamos nós. Na rua.
-E então, vocês vão pra casa?_Recebi duas respostas diferentes na mesma hora... Cody disse sim e Gabriel disse não.
Rimos daquilo.
-Sério que você vai embora já?_Gabriel perguntou pra Cody.
-Eu vou, quero dormir pra 13:30 ir trabalhar. To cansadão.
-Nossa, que foda. E você vai embora também?_ Gabriel perguntou dessa vez para mim.
-Não... Bom, sei lá.
-Não deixe o Gabriel sozinho ai, se não ele começa a chorar._Cody falou o zoando e rindo.
-Tadinho._Falei no embalo da brincadeira sem perceber e dando um soquinho de leve no braço de Gabriel. O qual riu.
-Vocês são ótimas pessoas, mas preciso ir._Cody falo ja dando um "flw" pra Gabriel e um beijo no meu rosto. - Foi bom te conhecer Avril.
-Igualmente, Cody._E ele se virou e seguiu caminho para casa. Enquanto eu e Gabriel ficamos um tempo ali parados sem saber o que falar ou fazer. Eu estava morrendo de vergonha (eu e minha bendita timidez). Aquela vontade estranha de o abraçar tinha amenizado um pouco, mas não sumiu completamente, o que me deixava mais nervosa ainda naquele momento.
-Então, quer fazer o que?_Ele me pergunta.
-Não sei... Tem algum shopping aqui por perto?
-Tem, não é tão perto,mas se quiser da pra ir._Ele colocou as mãos pra dentro do bolso da calça.
-Okay então._Começamos a andar, indo para o shopping que eu ainda não conhecia.
-Você nunca tinha vindo pra NY antes de se mudar pra cá?_Ele falou olhando para frente.
-Na verdade não... Conheci apenas quando me mudei. E você? Sempre morou aqui?
-Não... Eu morava em Miami,mas me mudei pra aos oito anos de idade pra cá, então me acostumei rápido.
-Nossa, entendi.
-Morava onde antes?
-Napanee. Fiquei até surpresa quando sai de lá._Ri.
-Sério? E por que?
-Digamos que geralmente é difícil sair de lá.
-Ah, acho que sei o que quer dizer._Ele me olhou e sorriu.
Andamos por mais um tempo e chegamos em frente a uma construção enorme e branca escrito Macys em um letreiro.
-Conheça, o Shopping._Riu quando viu a cara de bunda que eu estava enquando olhava para aquele lugar. - Vamos entrar?
-C-claro._Então atravessamos aquela porta grande. Chegando a um lugar maior ainda e cheio de lojas.
-UAU..._Deixei escapar.
-Agora tem pouca gente aqui... Mas se hoje fosse fim de semana, isso aqui ia ta cheio.
-Sei._Começamos a andar pelos corredores, era uma loja vendendo variedades diferentes uma das outras.
Até que passamos por uma que tinham algumas camisetas de bandas.
-Ei, vamos dar uma olhada naquela loja ali?_Perguntei puxando Gabriel pelo braço e tentando desfarçar a emoção de ter o tocado (nossa, que gay que eu estou).
-Claro, mas você gosta de rock?_Ele perguntou surpreso sobre o que eu achei que era meio óbvio.
-Gosto sim._Meio que ri e entramos na loja. Eu vi tantas coisas legais e por sorte carrego dinheiro sempre, mas como não era muito, levei só uma camiseta e um CD do Mindflow.
Gabriel também pegou algumas coisas. Dois alargadores (maior do que os que ele tava), um piercing e alguns CDs, que por coincidência era de bandas que eu adoro.
Saimos da loja já eram 10:50.
-Nossa,a hora passou que nem vi._Falei.
-Pois é... É melhor a gente ir né?_Eu não queria ir embora, mas precisava, se não eu chegaria depois do horário em casa e não seria bom, porque hoje meu pai estaria lá dessa vez.
-É... Vamos._Fomos até a porta de saída do Shopping e começamos a caminhar outra vez.
Estavamos em uma rua de pedras, quando percebi um grupo de garotos vindo lá na frente.
-Só o que faltava._Gabriel falou.
-Conhece eles?
-Tenho meio que uma briga de tempos com esses caras.
-Vish.
Eles se aproximaram de nós, estavam em 4.
-Namoradinha nova, Gabriel?_Falou o filinho de papai que estava na frente.
-Não sou namorada dele, e se puderem sair da frente, estamos com pressa._Falei não mostrando nenhum pouco de paciência ou gentileza.
Gabriel me olhou de canto.
-Não perguntei pra você, perguntei pra ele._O mesmo garoto disse.
-Que que vocês querem?_Perguntou Gabriel.
-Se eu fosse fazer o que eu quero, eu iria preso._Não tive como segurar o riso depois de ouvir aquilo. Pareceu aqueles vilões de filmes de ação, que querem assustar quem eles estão perseguindo.
-Qual a graça, garota?
-Você se ouviu? Parece um idiota falando._Gabriel riu baixo.
-E você ta achando engraçado também?_Tentou parecer durão ao falar com Gabriel.
-Pior que eu tô._Disse rindo novamente.
-Vai ver quem vai rir por último agora então._O garoto preparou a mão pra acertar um soco, mas Gabriel foi mais rápido e acertou o nariz do cara.
Os outros três garotos se prepararam pra pular em Gabriel, pra "vingar o amigo". Nessa eu falei:
-Agora temos que ir, otários._E empurrei o cara "socado" pra cima dos amiguinhos dele. E eu e Gabriel corremos.
Dois dos caras vieram correndo atrás da gente até uma parte do caminho.
-Tive uma ideia. Aqui._Parei a correria e me abaixei pegando algumas pedras.
-Que vai fazer? Vamos correr que eles tão perto. - Gabriel falou ofegante.
Antes de ele dizer mais alguma coisa, eu comecei a atirar as pedras nos garotos que estavam vindo em nossa direção. Eles pararam e tamparam o rosto.
Eu não parei... Peguei mais pedras e as atirei. Gabriel começou a rir, pegando algumas pedras também e me ajudando. Resumindo, quem acabou correndo foram eles, das pedras e gritando "Vai ter volta, vai ter volta".
Então, seguimos nosso caminho e começamos a rir.
-Você é doida.
-Imagine, claro que não._Falei ainda rindo.
-Sério, eu nunca teria tido essa ideia das pedras.
-Já usei isso uma vez que arranjei briga lá em Napanee. - Você brigava muito por lá?
-Você não faz ideia... Esse foi um dos motivos de me mudar pra cá._Ele fez uma cara de espanto.
-Me supera então.
-Quem sabe..._Rimos. -Mas, por que dessa briga entre você e esses marmanjos?
-É uma história longa... Não gosto muito de falar disso.
-Ah, tudo bem. Desculpa a curiosidade.
-De boa... Valeu por me ajudar hoje. Eu estaria ferrado. 4 contra 1 é foda.
-Não há de que... Nunca despenso uma boa confusão._Sorri e pisquei.
- Entendi..._Riu-Mas ei, mudando de assunto... Você tá ficando com o Evan?_Olhei com os olhos arregalados quando Gabriel me fez aquela pergunta.
-Não! Por que?
-Por nada... Vi que vocês tavam juntos lá e achei que tava rolando alguma coisa.
-Ah ta... Mas não está rolando nada não. Ele é só meu amigo._Eu forcei um riso.
-Entendi. Desculpe a pergunta._Sorriu de canto... Aquele sorriso... Ai ai ai.
-Sem problemas._Falei.
-Posso te acompanhar até em casa? Nem to afim de ir já embora._O que eu falo? O que eu falo?
-Pode, claro._Acho que falei animada de mais. Mas foda-se.
Já estavamos passando por aquela praça, procurei por Evan com os olhos, mas ele não estava lá.
-Você tem uma banda, certo?_Olhei para Gabriel.
-Tenho sim. Como sabe?
-O Evan me contou.
-Ah..._Ele fez uma cara estranha quando falei aquilo. Será que falei alguma merda?- Fazem 3 anos que temos essa banda. Mas estamos querendo mudar o nome. Não sei se sabe, mas o nome agora é Radio. E parece a merda de uma cópia esse nome._Deixei escapar um riso.
-Bom, não sei qual é o estilo de vocês, mas deve ser um nome que defina a banda como um todo.
-É isso. Mas não temos ideia de nomes.
-Sei como...
-Você poderia ver um ensaio nosso qualquer dia desses pra ver se surge alguma ideia de nome, sei lá..._Será que ele costuma fazer isso com todas as garotas?
-Tá, tudo bem._Sorri.
Chegamos em frente a minha casa.
-É aqui... Valeu por me acompanhar e pela diversão com as pedras.
-Não foi nada. Você fez a maior parte._Sorriu. - Nos vemos amanhã então.
E eu vejo quando vai ser o próximo ensaio pra você poder ver.
-Sim. Okay.
Tchau.
-Tchau._Ele se virou e eu entrei em casa.
Droga, eu não posso me iludir achando que ele pode gostar de mim.
Eu não posso gostar dele, nem o conheço direito e a última vez que isso aconteceu, eu acabei jogada na cama chorando com uma caixa de chocolates.
Não, não quero viver isso de novo.
E muito menos ficar vivendo algo platônico...
Quero viver a música... E nada mais além disso.
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