"De pé no olho da tempestade. Meus olhos começam a rolar para a onda de seus lábios. E o centro do eclipse na escuridão total, eu vou chegar e tocar."
(...)
- E qual foi a sensação de beijá-lo? - seus olhos estavam brilhando. Eu podia ver a sinceridade refletindo em suas pupilas.
- Boa até demais. A boca dele é realmente macia. - ri, percebendo meu rosto queimar um pouco.
Lua me encarou um pouco, de maneira estranha e eu fiquei um pouco assustada. Perguntei por que ela me olhava de modo tão profundo. Ela nada respondeu. Virou seus olhos em direção a janela, onde escorriam cristalinas gotas de chuva. Ela parecia pensativa, então se atreveu a falar.
- É que eu estive pensando... - respirei fundo - Não tenho certeza se estou sentindo algo mais forte por alguém. - eu estava deitada na cama, recostada na janela. Ela deitou em meu colo, enquanto eu a observava - Você me aceitaria, dependente de tudo? - respirou fundo, e brincou com minhas bochechas. Não entendi o que ela quis dizer, mas assenti - É que, acho que estou gostando de uma menina. - sorri, encarando seus olhos esverdeados - E... Você sabe, eu acho que sou... - ela se atropelou com as palavras - É, você sabe. - virou os olhos.
- Eu sei. - sorri abertamente - Achei divertido. Por que não tenta conhecer a garota? - sugeri - Nada é impossível. Basta tentar, amiga. - encorajei.
- Estamos entrando na segunda semana de aula apenas. Nada pode acontecer em uma semana. - estristeceu - Mas sabe aquela estranheza no seu coração... Em que você acha que está convicta. Convicta de que realmente ama e quer. Mesmo com pouco tempo, isso é loucura. Mas é real. - bufou
- Como conheceu essa menina? - perguntei
- Foi no dia em que você tava toda distraída com o Cameron. - revirou os olhos e eu ri - Eu estava a caminho do bebedouro. Ela estava lá. Parece que ela já estava me esperando, entende? - assenti, acariciando seus cabelos - Começamos a conversar do nada. Como quando você faz uma amizade. Ela me deu até o número dela, mas não vou mandar mensagem. Parece maluquice, só a vi uma vez na vida, e meu coração já bate mais forte. Eu me odeio por me apaixonar rápido demais. Que porra eu tô fazendo da minha vida. Ela mal deve se lembrar de mim. - bateu em sua testa com toda a força
- Se apaixonar é errado. Seu cérebro diz não, mas seu coração diz sim. Vai se acostumando, a voz do coração sempre fala mais alto. - respirei fundo - E sabe... Sobre o beijo de hoje, foi apenas um deslize. Somos amigos. Vocês são meus melhores amigos desde então.
- Ok. - ela falou de modo sarcástico - Brincadeiras se tornam jogos fatais, tá? Vai brincando com ele mesmo, daqui a pouco vocês já tão até nus, um na cama do outro. - rimos
- Jamais. - revirei os olhos e ela me olhou maliciosamente. Eu odeio e amo muito ela, cara.
Conversamos por longo período. Cada uma falando de seu coração confuso. Eu não falava nada do Cameron, até porque eu não gostava dele. Apenas um amigo, e vou repetir isso quantas vezes for necessário. E claro, depois de tanta blá blá blá, uma pizza gigante foi a única que pôde nos satisfazer. E depois de tanto comer, o Netflix e o edredom fizeram companhia pra nós. E finalmente, dormimos.
- CARALHO, FILHA DA PUTA!!! - Lua gritou dando um pulo da cama, indo em direção ao armário revirando tudo. Eu tomei um baita susto.
- Meu Deus, garota. - meus olhos sonolentos quase fechavam, e meus cabelos estavam completamente bagunçados - O que foi? - olhei assustada.
- Estamos atrasadas! - ela vestia as roupas desengonçadamente - Vamos Alison, levante! - me animou, colocando a camiseta com toda a rapidez que lhe restava.
- Ok, ok... - o sono me dominava. Levantei com paciência, de modo lerdo e ela me deu uma roupa para vestir. Uma calça jeans rasgada, uma camisa do AC/DC e um All Star vermelho, e "mandou" eu vestir tudo aquilo rapidamente. Nem direito á tomar um banho eu tive, nós estávamos realmente atrasadas. Não tomamos banho, nem havia tempo pra falar a verdade. Lua me arrastou até a garagem. Eu fiz a pergunta óbvia, e ela não me respondeu. Só pediu para que eu sentasse na garupa da bicicleta, e pé na estrada. Era o único jeito de chegar mais rápido na escola, já que não tínhamos um carro. No caminho, ela fazia umas manobras loucas e eu dava altas risadas com isso. Caralho, ela é a melhor pessoa do mundo.
(...)
Eu revirava os olhos, roía as unhas, batia com a caneta na mesa, e nada disso resolvia o tédio filho da puta que estava me consumindo. Cameron não olhou para mim sequer um momento. Nós nos falamos na entrada, mas normalmente. E a idiota aqui não ia comentar sobre a merda do beijo, né? O que estava me encomodando, foi que eu havia percebido algo. Madison estava olhando pra ele a aula inteira, e o pior, é que as vezes ele retribuia esses olhares. O que ela quer com ele? Ele é meu amigo, e eu não quero esse cu de arrasto perto dos meus amigos.
- O que foi, Alison? - Lua perguntou baixinho, segurando delicadamente em minhas mãos - Por que parece irritada? Você está vermelha! - arqueou as sobrancelhas.
- Não é nada... - revirei os olhos - É só essa merda de aula. Tá chata demais. - ela me encarou mais um pouco, desconfiando da minha resposta. Mas logo respeitou meu estado "revoltoso" e voltou a prestar atenção naquela aula de Geografia. O viado do professor colocou na lousa, um trabalho em dupla valendo ponto. Esse porra ia escolher as duplas? Sim, ele ia. E eu tô pouco me fudendo. Ele estava falando as duplas, e pro meu azar, Lua não ia ficar comigo. Ela ia ficar de dupla com um menino lá.
- Alison... - ele silenciou encarando a turma, parecendo escolher um otário pra fazer dupla comigo - Lauren. - voltou a anotar as coisas em seu caderno. Ok. Tá bem. Não sei quem ela é, mas ok. Ele olhava para mim, e eu retribui olhando também. Finalmente ele me notou. O sinal tocou, e eu continuei parada, pensando um pouco.
- Olá. - me cumprimentou - Então... Você é minha dupla, obviamente. - assenti - Que pergunta tola... - ficou um pouco vermelhinha, enquanto abraçava o caderno rosa. - sorri
- Alison. - levantei da cadeira ficando frente a frente, estendendo minha mão. Apertamos nossas mãos, sorridentes. - Lauren, né? - ela assentiu, e completou com um "Jauregui". - Então, quando vamos fazer esse trabalho? Pode ser depois da escola? - perguntei e ela assentiu, sorrindo alegremente - Ok. Vamos embora juntas, você me leva até sua casa e lá faremos tudo. Vai ser legal.
- Vai ser sim, Alison. - ela bateu palminhas, deixando acidentalmente o caderno cair de seu colo, pegando-o novamente. - Ops. - rimos - Te vejo na hora da saída, Alison. - apertou minhas bochechas - Bye, sweet kid. - saiu da sala cantarolando músicas latinas. Ok, isso foi meio estranho e fofo também.
(...)
Lá estava ela dando seus típicos chiliques infantis. Eu estava sentada no banco do pátio, lendo um livro, sozinha, esperando Lauren e o sinal soar. Lua foi conversar com a garota que ela estava afim, e Cameron estava olhando Madison. Olhando de um jeito "estranho". Inconveniente. Não estou com ciúmes...
- Olá pequena praga egípcia! - riu bem alto, jogando seus cabelos lisos em sedosos ao vento - Como vai? Seu pesadelo chegou! - riu com suas queridinhas. Fingi que não havia escutado, e continuei lendo meu livro. Ela tirou-o de minha mão com violência, e eu fiquei puta com isso. Aí já demais.
- Devolve meu livro, Madison. - pedi educadamente, encarando-a.
- Queimarei esta tralha... - riram e eu senti meus olhos marejarem. Eu não quero os "velhos tempos". - Inútil. - riu, enquanto eu me levantava. Dei um tapa estridente em seu rosto, e algumas pessoas estavam completamente assustadas, e outras vinham ver o que tinha acontecido. Cameron estava do meu lado. Eu não havia percebido sua presença.
- O que você pensa que está fazendo, sua puta desgraçada? - gritou, enquanto estava sendo amparada por suas criadas - Eu vou te arregaçar! - gritou enquanto as garotas seguravam-a - Me soltem, suas imprestáveis! Tô ordenando! - esperniava. As garotas a soltaram, e nós ficamos nos encarando com ódio infernal nos olhos. Havia fogo ao nosso redor.
- Sabe Alison...
- O que?
- Seu amiguinho é gato, sabia? - olhou com ironia, enquanto Cameron a encarava. - Ele é bonito demais pra você. - deu língua, chegando mais perto dele, me empurrando pro lado. Acariciou seu rosto, e ficou parada em sua frente. E ele a encarava imóvel. A raiva me corroia com tanta força, que eu não sabia o que fazer.
- O que está fazendo? - ele perguntou de modo otário, e ela o beijou na mesma hora. E ele negou? Não. O idiota ficou parado, beijando ela ali mesmo. Senti meus olhos marejarem, e as lagrimas caírem na mesma hora. Quando não me dei conta, eu já estava correndo sem rumo com os olhos cheios de água. Não... Eu não quero ser humilhada de novo, eu não posso! Ela não fez isso. Ela não o beijou. Ela passou dos limites. Ela vai se arrepender de ter nascido.
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