- - Autora - -
“Está tudo bem em falhar no final, és um ser humano, não uma máquina. Você fez o seu melhor em todo o seu percurso.”
(Letícia Nunes – Eu)
Chifuyu está desmaiado, com hipotermia e perdendo sangue ali dentro. Enquanto isso, as quatro meninas e a única mulher estão procurando a saída daquele labirinto enorme que Nakamura possui dentro do “porão” da própria casa.
Kaede, que está na frente junto com a mochila de Chifuyu, encontrou a escada que interliga este lugar com o fundo do guarda-roupas.
- Gente, aqui! – Disse ela apontando para a escada.
Hiroko colocou Chiyoko em seus braços, Minako segurou na mão de Eri e as cinco subiram as escadas. Assim que chegaram ao topo da escada, subiram para o guarda-roupas e chegaram ao quarto de Nakamura.
Ofegantes por terem feito todo o percurso às pressas, elas pararam para respirar.
- Não temos como sair por aí da forma que estamos vestidas. – Disse Minako ainda um pouco ofegante.
Kaede abriu a mochila de Chifuyu e encontrou o telefone dele.
- Podemos ligar para a polícia através do celular dele! – Disse ela animada.
Ela ligou o telefone e discou o número da polícia.
- Atende, atende... – Pediu Eri, agoniada.
Todas estão extremamente preocupadas com a situação que Chifuyu se encontra. Ainda mais porque o deixaram sozinho com Nakamura.
- Alô?
- Ele atendeu! – Kaede gritou no susto e entregou o telefone para Hiroko.
- É o delegado?
- Sim. Deseja prestar alguma queixa?
- Não há tempo de explicar tudo em detalhes, serei o mais breve possível.
- Aham, prossiga.
- - S/n - -
Kazutora me trouxe até em casa e me acompanhou até meu quarto. Me deitei sentei na cama, encostei-me no travesseiro e encolhi minhas pernas para próximo do meu tronco. Kazutora se sentou na minha frente.
- Kazutora, o que acha que vai acontecer com o Chifuyu?
- Sendo sincero, eu não tenho a mínima ideia. Porque não sei aonde ele foi se meter.
Senti as lágrimas se formarem na borda dos meus olhos.
- Não quero perde-lo também. Não sei o que eu faria se acontecesse algo com ele.
Limpei meus olhos com os dedos.
- Eu não sou a melhor pessoa para dizer isto, mas talvez seja bom não pensar no pior. Pense que ele está bem e que está dando um rolê como qualquer pessoa da nossa idade faz. – Sorriu.
Mas eu consegui perceber que foi forçado. Ele continuou:
- Todos nós já saímos de casa às escondidas para dar uma volta por aí. Ele só deve ter exagerado.
- Eu quero acreditar nisso. Mas minha intuição não permite.
- Como assim?
Ele se aproximou um pouco, bem pouco.
- Eu e o Chifuyu sempre fomos bem conectados. Parecia até que líamos as cabeças um do outro. É até algo bobo de pensar, mas, eu quero o levar para a minha vida inteira. Quero que ele esteja ao meu lado para sempre.
- Algum motivo em específico?
- Eu sou apaixonada pelo Chifuyu. Daria minha vida pela dele. – Sorri boba – Por isso, não aceito que nada aconteça com ele.
- Ah... você é apaixonada por ele?
Kazutora abaixou a cabeça e balançou-a positivamente de forma fraca.
- Sim. O amo muito.
Como não vou o amar? Quero que ele seja meu melhor amigo para sempre.
- É por isto, que estou preocupada.
- Eu já entendi. – Kazutora disse e se levantou. – Vou voltar lá e ajudar o Baji e a mãe do Chifuyu.
- Está bem. Quero notícias o mais rápido possível, me manda?
- Sim. Mandarei. Boa noite, S/n.
- Boa noite, Kazutora.
Ele saiu do meu quarto.
- - Kazutora - -
Saí da casa do Baji e fui caminhando até o térreo.
- Eu sou apaixonada pelo Chifuyu. Daria minha vida pela dele.
Você? Apaixonada por ele? Eu devia imaginar.
É muito comum melhores amigos se apaixonarem. E eu aqui pensando que talvez a gente pudesse voltar a ser como era na infância.
- Sim. O amo muito.
Por que a minha cabeça está repetindo essas frases sem parar? Mas que droga, eu já entendi!
Foi até melhor eu não ter dito que eu sou o garoto da infância dela, imagina só o que aconteceria.
O Baji estava certo, pela primeira vez na vida.
Vou ajudar a encontrar o Chifuyu, ela ficará feliz com isso. Pelo menos, dessa alegria eu farei parte.
Mesmo que um pouco.
- Maybe I Just Wanna Be Yours... – Arctic Monkeys (música)
(tradução: Talvez eu só quisesse ser seu)
- - Autora - -
Mal sabe ele que, ela não quis dizer que é apaixonada romanticamente por Chifuyu. É uma pena este mal compreendimento vindo da parte dele, entretanto é entendível esta interpretação vinda dele. Muitos teriam a mesma em seu lugar.
Kazutora ligou para Baji enquanto pilota a moto.
- Baji, alguma coisa sobre o Chifuyu?
- Você não vai acreditar. Ele está dentro da casa do assassino que matou a mãe da S/n.
- Quê? Como assim?
- Vou te mandar o endereço por mensagem, você chega aqui, e eu te conto tudo melhor.
- Não, dita o endereço. Estou pilotando a moto, não vai ter como ler.
- Está bem.
Baji recitou o endereço para Kazutora. Assim que ele chegou lá, já haviam quatro carros de polícia cercando a casa de Nakamura e duas ambulâncias.
Chifuyu está em uma maca com um respirador mecânico, recebendo sangue na veia do pulso direito e várias ataduras para estancar o sangue que sai dos ferimentos.
Sra. Matsuno se encontra aos desesperada e aos prantos por ver o filho nesse estado. O tempo inteiro ela quer tocá-lo, checar se está mesmo respirando e dentre outros cuidados. Os enfermeiros estão tentando a acalmar e a segurar, mas é difícil impedir uma mãe preocupada.
Chiyoko, Eri, Kaede, Minako e Hiroko tiveram suas famílias contatadas, todos estão tendo um reencontro feliz. Elas também serão levadas ao hospital para fazerem diversos exames. Pois foram estupradas e propensas a maus tratos, há de verificar se está tudo bem com o corpo delas.
Nakamura está também em uma maca e sendo atendido.
Assim que Kazutora encontrou Baji, o moreno contou tudo que aconteceu de acordo com os relatos das cinco meninas, contou das filmagens que Chifuyu fez também.
- Mas e o Chifuyu? Ele está vivo?
- Vivo, ele está. Mas bem, já não se pode dizer o mesmo. Ele perdeu muito sangue e estava em estado de hipotermia. – Suspirou – Não sei qual a sorte que o Chifuyu tem para conseguir tantos problemas e apanhar em todos eles.
Kazutora deu um riso sem querer, e perguntou:
- Ele conseguiu enganar a morte, por assim dizer?
- Meio que isso mesmo. – Soltou um riso sem querer – Mas o importante é que ele está vivo, ao meu ver.
- A S/n vai ficar feliz em saber.
- Falando nela, como ela está?
- Preocupada com o Chifuyu. Aliás, ela disse que é apaixonada por ele.
Baji arregalou os olhos e fez a seguinte pergunta.
- Apaixonada?? Desde quando??
- Pensei que você soubesse.
- Eu não sei de nada, estou é surpreso.
- Você não é o melhor amigo dela? Achei que soubesse.
- Ser, eu sou. Mas quem é o mais próximo dela é o Chifuyu. – Colocou a mão na cintura – Ele vai ficar super feliz em saber que ela é apaixonada por ele.
- Ele é apaixonado por ela também?
- Sim. Ele me fez jurar não contar para ninguém. O Chifuyu a ama a pelo menos um ano e meio. Cara, eles seriam um ótimo casal.
Isso quebrou ainda mais os sentimentos de Kazutora. Ele realmente a perdeu.
- Kazutora, por que você não fala isso para ele? Ele vai ficar muito feliz em saber. É bem capaz de ele se esforçar ainda mais para melhorar e sair do hospital.
- ...Eu...?
- É, ela disse isso para você! – Baji passou o braço em volta do ombro de Kazutora com um sorriso alegre no rosto. – Pensa só, você vai fazer duas pessoas felizes dizendo isso.
- É... vou fazer...
Baji desmanchou o sorriso e entrou na frente de Kazutora.
- Por que esse desânimo, hein, Kazutora?
- Por nada, Baji. Estou um pouco cansado do dia de hoje. Foi muita coisa. – Passou a mão no cabelo. – Fala aquilo lá para o Chifuyu por mim.
- Ah, tudo bem. Quer que eu te dê as notícias de como as coisas vão ficar?
- Falando em notícias, a S/n quer saber sobre o Chifuyu. Ela pediu para você mandar um recado da situação para ela.
- Tá, mas e você?
- Manda para mim também. Já vou indo.
Kazutora saiu daquela cena, pegou a moto e foi direto para casa.
- - Autora - -
Assim que todos chegaram ao hospital, Baji ligou para S/n para dizer que Chifuyu está bem e contar também o que aconteceu.
- Obrigada pela notícia, Baji! – Disse S/n no telefone, aliviada. – Mas, e o Kazutora?
- O que tem ele?
- Eu pedi para ele mandar as notícias.
- Ah, jura? Ele disse que você pediu para eu mandar as notícias do Chifuyu.
- Não importa. Estou feliz de receber as notícias, obrigada!
- Mas sobre o Kazutora, dele deve ter falado isto por estar muito cansado. Você precisava ver o desânimo dele.
- Nossa, será que ele está bem?
- Está sim. É só cansaço. De manhã ele já está bem recuperado, aí você fala com ele.
- Você tem razão. Baji, eu quero ver o Chifuyu, me busque imediatamente.
- Calma, calma pombinha. – Riu do outro lado da linha.
- Pombinha?
- Amanhã de manhã eu te trago para vê-lo. Vai dormir, vai.
- Tá bom. – Ela suspirou e desligou.
S/n se arrumou na cama e olhou para a janela ao lado de sua cama.
- O que ele quis dizer com “pombinha”?
Ela se acomodou junto de Kioko e dormiu.
- - Kazutora - -
Eu não vou conseguir ver isso, S/n e Chifuyu. Não, eu não vou conseguir.
Se eu ver, vou me descontrolar e fazer mais uma besteira.
Vai ser melhor se eu me desconectar de tudo isso. Sair daqui deverá me fazer muito bem. Se eu ficar longe de confusões também, vai ser bom para mim e consequentemente para a S/n. É o que acho.
Peguei minhas coisas e arrumei tudo dentro de uma mala. Peguei as coisas da Kimiko e guardei também dentro da mala em uma sacola separada.
Peguei meu telefone, procurei o contato do Hanma e liguei para ele.
Não atendeu.
Liguei novamente.
Nada.
- Mas que droga. O que ele está fazendo que não atende à ligação?
Respirei fundo e tentei novamente.
Depois de algumas chamadas, ele atendeu.
- Kazutora, por que tanto está me ligando, cara?
- Eu tô fora da Valhalla.
- O quê?! Explica essa história direito, cara!
- Se vira para lá, eu não quero mais saber de gangues por enquanto. Não vai ser difícil achar um substituto para mim. Tchau, Hanma.
Desliguei antes que ele pudesse falar mais.
Agora quem está ligando é ele.
Recusei a chamada e bloqueei o número dele. Assim não terei importunos vindos dele.
Fui com a mala até a sala e com uma mochila vazia nas minhas costas, peguei a Kimiko nos braços, saí de casa com as coisas e tranquei a porta.
Ela olhou para mim e miou.
- Kimiko, vamos nos mudar por um tempo. Está bem? Você vai gostar muito. – Sorri.
Ela miou novamente e seus olhos se contraíram. Desfiz o sorriso.
- Não estou fazendo isso para fugir dos meus problemas.
Ela esfregou a cabeça em meu peito e a abracei com a cabeça.
- Pelo menos, eu tenho você e o seu amor, Kimiko. Pelo menos.
Assim que cheguei na calçada, coloquei a Kimiko na mochila, mas não a fechei totalmente para ela ter espaço para respirar.
Chamei um táxi que está passando e ele parou.
Entrei junto com as minhas coisas e falei:
- Para o ponto de metrô mais próximo.
- Certo.
Dei um soco no motorista, o joguei para o banco de trás e peguei o táxi para mim. Não vou gastar meu dinheiro com um taxista se eu sei dirigir.
Peguei meu celular do bolso e mandei uma mensagem para Baji.
“Se vire para ler.”
“Estou saindo de Shibuya por enquanto, não sei quanto tempo vou ficar fora. Também não participarei da Valhalla. Se alguém perguntar a você onde eu estou, diga que não sabe. E apague essa mensagem assim que ler e ENTENDER”
Isso deve bastar para que fique claro para ele.
Dirigi até o ponto de metrô mais próximo, estacionei o táxi e desci.
Comprei uma passagem para outra cidade e o meu trem logo chegou. Entreguei a passagem para o cobrador, coloquei minha mochila para frente do meu corpo e fiquei encarando a Kimiko me encarando de lá de dentro.
Suspirei e olhei para cima.
- Foi bom te reencontrar, S/n...
Você com certeza será feliz com o Chifuyu. Se eu ficar, irei apenas atrapalhá-los.
- - Autora - -
Chegou o dia seguinte e Baji foi levar S/n ao hospital em que Chifuyu está internado. Ela está empolgada para ver o melhor amigo. Assim que chegaram na sala, os dois o viram pelo vidro.
- Os médicos disseram que a recuperação dele vai demorar um pouco. Mas ele está fora de risco agora, pois recebeu tratamento a tempo. – Disse Baji para S/n enquanto olham Chifuyu.
- Que alívio. – Disse ela, mais tranquila. – Baji, por que me chamou de “pombinha” ontem a noite?
- Vai se fazer de desentendida agora?
- Hã?
- S/n, por que nunca se declarou pro Chifuyu??
Ela ficou confusa.
- Por que eu me declararia para ele?
- Ora, você está apaixonada por ele. Foi o que o Kazutora disse.
- Eu sempre fui apaixonada pelo Chifuyu, Baji. Mas não nesse sentido.
- Quê?? Agora quem ficou confuso foi eu. Como assim você é apaixonada por ele, mas ao mesmo tempo, não é?
- Existe a “paixão de amigos” e a “paixão de amor”. Eu tenho pelo Chifuyu a “paixão de amigos”. – Colocou a mão na testa. – Aquele sem noção interpretou tudo errado.
- Ainda bem que não falamos isso para o Chifuyu ainda.
- Ainda bem mesmo. Não quero que ele pense errado sobre mim.
- Mas você explicou isso para o Kazutora?
- Não. Achei que ele entenderia, pois ele sabe que o Chifuyu é meu melhor amigo.
- É, ele entendeu tudo errado. – Olhou para ela. – S/n, vou ao banheiro, me espera?
- Sim. Pode ir lá.
Baji foi até o banheiro para urinar, e enquanto faz isto, resolveu dar uma olhada no celular. Ele viu duas mensagens não lidas do Kazutora e as abriu.
Ele respirou fundo ao ver que é escrita.
- Nem para facilitar a minha vida, Kazutora.
Com uma certa dificuldade, ele leu.
- Por que isso de repente? Ele deu mais uma crise?
Baji abaixou o celular e assim que terminou de urinar, conseguiu raciocinar um pouco mais e compreendeu o motivo de Kazutora ter saído da cidade.
- Te doeu tanto assim, Kazutora?
Baji guardou o celular dentro do bolso do short, arrumou as vestes e foi lavar as mãos.
- Não pensei que você fosse acender esse amor por ela novamente. Mas mesmo assim, não é justificativa para ir embora.
Enquanto isso, Kazutora chegou no seu destino, Shigawa. Ele conseguiu um Apê não tão distante do centro e já foi a procura de um emprego para poder se manter. Conseguiu um em um petshop próximo de onde está morando.
Kazutora, sentado na mesa de seu novo lar ao lado de sua fiel companheira Kimiko, diz:
- Hora de recomeçar.
Mas vai ser difícil, e como vai...
Como ele irá suportar a ideia que a garota que ele ama, está “nos braços de outro”? Isso irá doer, e irá muito...
Kimiko esfregou o corpo na mão de Kazutora que está por cima dela.
Ele apoiou a mão no rosto e ficou olhando para a parede.
- Não vou perguntar se estão bem. Não quero ficar pior do que já estou e muito menos que minhas horrendas fantasias sejam confirmadas. Vou esperar a poeira abaixar.
Enquanto isso, lá em Shibuya, Baji foi ao encontro de S/n novamente, ela está sentada num banco de espera na frente da sala que Chifuyu está.
Ele se sentou ao lado dela, de pernas aberta, apoiou os cotovelos nos joelhos e fez a seguinte afirmação:
- S/n, tem uma coisa que você precisa saber. Eu não deixei que você soubesse antes por causa do seu estado emocional. – Deu uma pausa, mas prosseguiu. – Mas talvez se eu não te contar agora, você nunca saiba.
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