Seattle, WA - 18 de Abril de 1995
Eddie terminava de assinar alguns papéis importantes juntamente com os integrantes da banda e alguns empresários do ramo da música. Ele foi o último a assinar e assim que largou a caneta deu um sorriso de orelha a orelha e todos os seus companheiros aplaudiram.
- Está declarada a data inicial da Fundação Vitalogy! - K. Curtis, empresário da banda chamava um clamor de palmas.
Desde o fatídico acidente que vitimou Lilly, Eddie abraçou a causa de sua ONG e resolveu fazer dela uma fundação como era o sonho da garota. Entre gravações de discos ou entre um show e outro, ele e toda a equipe de sua banda correram atrás para que esse sonho pudesse se tornar possível o quanto antes. E agora em abril de 1995 esse sonho vinha a se concretizar.
A princípio a fundação que é sustentada pelos integrantes da banda estaria voltada para questões do meio ambiente, saúde, falta de moradia e esportes. Mas o objetivo de todos era que pudesse alcançar o máximo de necessidades possíveis.
Em novembro do ano anterior o grupo lançou um terceiro álbum com o mesmo nome da fundação. O disco demorou exatamente um ano para ficar pronto por vários motivos. A banda estava ainda mais cautelosa quanto aos trabalhos que vinha fazendo, principalmente, depois que o vocalista entrou numa grande fase de depressão com a tragédia de Lilly. Por mais que tentasse voltar ao trabalho, Vedder constantemente apresentava picos de estresse e ansiedade, muitas vezes se negando a subir ao palco, dar entrevistas ou simplesmente comparecer a um simples ensaio.
Todos concordaram que ele deveria voltar conforme conseguisse e tivesse inspiração para escrever mais músicas. Entre um pico de ansiedade e outro, Eddie procurava escrever suas canções e como era de se esperar dedicou uma delas ao seu grande amor, Lilly. E se chamava Immortality.
Abandonar é a palavra
Vacate is the word
Vingança não tem lugar tão perto dela
Vengeance has no place so near to her
Não consigo achar conforto neste mundo
Cannot find the comfort in this world
Apesar de já terem passado quase dois anos do fatídico acidente ainda era algo estranho para Eddie entender a partida da garota. Ele nunca se despediu dela, nunca esteve em um funeral velando o seu corpo e não participou de nenhum enterro ou cerimônia de missa de sétimo dia. É como se Lilly tivesse ido embora sem se despedir e não tivesse voltado, mas que a qualquer momento isso pudesse acontecer.
- Hey, Eddie. - Vicky o alcançou no final da reunião.
- Hey, Vicky!
- Eddie, estamos com uma turma boa pra ir ao cinema agora, vamos? Vamos assistir Seven!
- Você e suas amigas babando pelo Brad Pitt... Que programaço! - ironizou com deboche.
- Ah, Eddie, para de bobeira. Os meninos vão também, vamos? - a moça insistia chacoalhando o braço do cantor que achava graça.
- Vicky, eu sinceramente não estou com um pingo de vontade. Tudo que quero é chegar em minha casa e relaxar e, além do mais, amanhã vou visitar meus pais em Detroit...Fica para outro dia Ok? - Eddie dá um beijo no rosto da garota e sai apressadamente.
- Ok! - a garota disse um tanto desanimada. Já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha convidado Eddie para um programa em grupo e ele se negava a ir.
- Não desista, Vicky! Enquanto ele ainda estiver dizendo 'fica para outro dia' é porque existe chance. - Stone a exortava enquanto se arrumava para sair do local.
- Poxa.... Será que sou alguém tão desinteressante assim?
- Não fala isso, princesa! Até parece que você não conhece a história do Eddie.
- Isso faz de mim alguém desinteressante pra ele?
- Todo mundo é desinteressante para o Eddie e não significa que você não tenha bons atributos. É apenas o momento dele!
- Difícil é saber até quando vai continuar nesse momento. Seja lá o que tiver acontecido, ele parece não ter interesse em seguir em frente.
- É que realmente não foi fácil. Os últimos dois anos foram muito complicados pra ele, e quem estava por perto sabe de todos os pormenores e entende melhor o quanto ele está sofrendo por dentro. Não é algo que vai se apagar assim tão facilmente, entende?
- Agora não sei se está me encorajando a seguir ou a desistir...
- Bom, Vicky. Eu só estou te ajudando a conhecer um pouco como funciona a cabeça dele. Independente de qualquer coisa, é ele que escolhe a forma que quer viver, e nem você e nem ninguém pode mudar isso. Só o tempo. E o tempo dele não acabou ainda. Agora se você realmente deseja conquistá-lo vai ter que ter paciência e aguentar mais uns 'nãos' pela frente.
Vicky era o apelido de Victoria Rivera de 28 anos, a prima mexicana de Brendan O' Brien, produtor oficial da Pearl Jam.
Desde que chegou à América e começou a trabalhar com o primo em produções musicais, a moça conheceu vários astros do rock entre eles, Eddie Vedder, que foi o motivo de sua vinda a Seattle.
Desde o que houve com Lilly, Eddie se fechou em um casulo onde só cabia ele. Assim como disse ao pai, Eddie dedicou-se somente ao trabalho e a erguer a fundação Vitalogy em homenagem a Lilly. Não que mulheres nunca fizessem parte de seus planos. Talvez uma ou outra fã mais ousada para satisfazer um desejo sexual, mas nada mais do que isso. Vicky lhe parecia muito atraente, mas ele sabia que ela não era como as outras que ele poderia descartar a hora que quisesse e, talvez por isso, evitasse aceitar os seus convites.
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