Tomo uma ducha e me troco no vestiário. Relembro meu cronograma de aulas. Matemática. Reviro os olhos.
Após pegar meus livros no armário, caminho até a sala na maior calmaria e mal acabo de entrar, Bella corre até mim e me abraça.
-- Amiga, sinto muito! Logo eles vão encontrá- ló! Vai ficar tudo bem! - ela parece bastante afetada.
Começo a reunir as palavras para respondê-la mas logo Edward vem do fundo da sala e me abraça igualmente afetado. Por fim, acabo não falando nada, o que faço é abrir um sorriso pouco convincente. Bella engancha seu braço no meu, o que agradeço mentalmente pois toda vez que penso em Peeta, pareço desabar.
Ao término das aulas, meus amigos me ajudam a pegar todo o material no armário de meu irmão e vamos até a casa de Ed, em seu carro. Aviso meu pai por uma mensagem. Depois do episódio na aula de educação física, não encontrei com Jacob. Espalhamos todos os livros e cadernos de Peeta em cima da mesa da sala de estar. Abrimos cada um deles e nada. Mas de repente, Bella dá um grito.
-- Achou alguma coisa? - pergunto frenética.
Em resposta, ela espalha uma porção de cartas do outro lado da mesa - que por sinal é bem grande, como a própria casa de Edward. Nos entreolhamos e lemos cada uma delas. Há frases como "Você está na nossa mira, loirinho!", "Não adianta se esconder","Se entregar seria mais fácil para você!". Jogo a última carta na mesa com as mãos trêmulas. Mal sabia o que pensar, não reagi pois não sabia como.
Quando voltei à lucidez, decido ir embora e realmente vou, mesmo com as insistências de Bella e Ed para que eu ficasse e até comesse um pouco. Também insisti em ir à pé, mesmo sendo uns quarteirões da minha própria residência. Faria bem para mim. Coloquei tudo na minha mochila de costas, inclusive as cartas.
Caminho rápido na rua e meus planos de ir para casa se esvaem. Não quero ir para casa, onde darei falta de meu irmão e meu pai que nem parece se importar. A essas horas ele deve estar a caminho do trabalho. Vou até a floresta, aquela que costumava ir pelo quintal de minha antiga casa, porém, obviamente faço outro caminho. A última coisa que queria agora é ser presa por invasão domiciliar.
Ao entrar na floresta, um peso parecer ser tirado de minhas costas e me sinto livre. Para correr, chorar, rir ou ficar calada. Sento no chão, coloco minha mochila ao meu lado e ponho a cabeça entre os joelhos e fico assim durante um bom tempo, até minha nuca começar a reclamar.
Uma sensação estranha invade meu corpo. Pareço estar queimando por dentro. Tento ignorar mas isso parece só aumentar. Meus ouvidos apitam e não consigo me conter. A agonia aumenta mais e mais. Não aguento. Por algum instinto e não por escolha começo a correr. Rápido, muito rápido. A sensação esquisita não deixa meu corpo e pareço estar tremendo. Meus pés aumentam a velocidade e quando percebo, um animal diferente está comigo. Então paro, assustada. O animal também para. E só assim percebo. O bicho, que reparo ser um lobo, sou eu mesma. Estou olhando para minhas mãos que agora julgo serem patas. São patas brancas como a do lobo machucado em meu sonho. Olho para mim e tudo o que consigo ver são pelos albinos e garras afiadas.
Fico tão assustada com a visão que deito ao lado de uma árvore e me encolho. Fecho os olhos esperando acordar do que não sabia dizer se era sonho ou pesadelo. Mas ao invés de acordar, eu durmo.
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