EMÍLIA D'ANGELOS.
A quentura do café com leite aniquilava vinte por cento do frio intenso que eu sentia dentro do cardigã, a temperatura começava a cair e não demoraria para as ruas estarem superlotadas de neve ao observar as calçadas de ambos lados era notável que a movimentação em Paris estava rala e as pessoas se protegiam dentro de suas casas juntamente de suas lareiras quentes e seus inseparáveis chás.
Elena estava quieta em um canto sentada os fones eram sua companhia enquanto eu perdia meu tempo rabiscando um pedaço de papel velho ou jogando algum jogo estressante no computador da loja, a morena me olhou e sorriu e eu retribuir não era normal a outra ficar tanto tempo calada ou parada talvez alguma coisa a preocupasse.
— Não querendo ser curiosa, mas você está preocupada com alguma coisa? — o receio da minha voz pulava no sotaque.
— Justin irá fazer as provas da faculdade e eu estou preocupada dele não conseguir, esses acontecimentos recentes podem desfocar ele do que realmente importa. — suspirou cansada e eu me aproximei a abraçando de lado.
— Ele irá conseguir, acredito que ele pensará no futuro e deixará o presente um pouco para trás. — sorri e ela concordou. — Tem como me passar o número dele? — pedi para a mesma que assentiu me passando em seguida.
Peguei seu numero com a Elena, ela comentou sobre sua prova.
Queria te desejar boa sorte e agradecer por ter me colocado na cama.
Enviei a mensagem e automaticamente o sonho da noite passada faiscou em minha mente como fogos de artifício em fim de ano, meu estômago embrulhou e eu tentei focar no meu joguinho mas não tive como evitar a recordação.
SONHO
Uma cabana, uma fogueira e a luz do luar,
Representando nossas emoções ao longo da noite se banhavamos sob o brilho intenso da lua, o vento morno e recente batia em nossos rostos com uma velocidade astuta e por mais que tentássemos se concentrar em algo além de nós dois o olhar sempre caia nos lábios e as mãos sempre encontram o rosto para acariciar, nossos lábios se encontraram com todo o amor que flui em nós e eu me senti nas nuvens, como se estivesse adormecendo junto a elas.
— Justin — o chamei baixo vendo seu olhar cair no meu.
— Sim, Lia? — se aproximou e eu pude sentir sua respiração chicotear minha face.
— Conte uma história pra mim. — pedi me aconchegando em seus braços.
Fim.
Para mim o sonho estava sendo real e eu estava vivendo todas as emoções e amor, mas sabia que era impossível tornar-se realmente real.
Elena estava regando algumas flores quando a chamei para ir a um passeio comigo para então ela conhecer um pouco mais de Paris, mostrei a ela alguns pontos importantes e percebi que com simples gestos nossa pequena amizade estava se aflorando.
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Duas semanas depois.
O frio estava intenso na capital e a aula estava começando a esquentar os meus ossos rígidos, dessa vez tentava passos intensos o que significava relativamente que eu estava tentando elevar o padrão de bailarina a um nível um pouco alto demais, sentei-me no chão sentindo o suor escorrer em minha testa e o meu peito arder sufocado por falta de ar, bebi água e me recompus levantando do chão ao sair da velha escola acenei para as jovens bailarinas que se divertiam nos corredores, elas sorriram.
Tinha que correr para casa pois prometi a Spencer que iria até o clube de esqui com a mesma antes passei em um café para me alimentar, ao chegar em casa corri para me banhar e vestir-se adequadamente para o evento que faria horas depois quando terminei de se agasalhar desci para o encontro da minha irmã que estava em pé de guerra com minha mãe.
— Eu não entendo, vocês deveriam me acompanhar nos desfiles e trabalhar na empresa conosco minha filha, eu não peço nada além. — mamãe lamentou e caminhou até a outra que tinha uma expressão emburrada pendura no rosto.
— Quantas vezes tenho de repetir que desistir da faculdade de moda por esse mesmo motivo mãe, essa não é a minha vida, é a sua. — apontou e se distanciou, tentando tirar do rosto os fios que caia, mamãe tinha as mãos na frente do corpo e uma feição esgotada.
— Mãe. — a chamei e ela me olhou cansada, eu a entendia e sentia muito mas minha irmã estava certa. — Todos nós somos diferentes e é falho tentar nos mudar, Spencer e eu continuaremos sendo suas filhas mesmo não seguindo suas ideias. — toquei em seus ombros e ela suspirou pesadamente negando fracamente com a cabeça.
— Bem, façam o que desejar eu lavo minhas mãos. — O tom fechado da sua voz me alfinetou e percebi que a mais velha que eu se balançou um pouco, assenti.
Mamãe nos deixou sozinhas e eu acolhi minha irmã que tinha lágrimas nos olhos, estava tudo bem para mim mas talvez para ela que era mais próxima e apegada não estivesse tanto assim, não toquei no assunto e escolhi dar um tempo para a mais velha que se recompôs minutos depois e juntas saímos para nossa curta aventura congelante.
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Clube de Esqui.
Uma bola de neve atravessou fazendo minha bochecha congelar, olhei para a outra incrédula com o que a mesma tinha acabado de fazer estávamos a horas no Clube e a esquiação tinha ficado para trás quando decidimos nesse meio tempo brincar de anjo na neve e de jogar bola de gelo em flocos uma na outra, senti-me no chão e arranquei minhas botas estendendo para o rapaz do outro lado que sorriu pegando agradeci e nós duas saímos do local que estávamos para ir até o carro, o fim da tarde estava próximo.
O caminho que fizemos foi bem diferente do de casa e eu estranhei vendo que minha irmã estava tranquila quanto a isso, quase que surto quando vi onde ela nos levou.
Só podia ser brincadeira.
— Desculpe não ter avisado, as meninas nos chamaram para passar uma tarde com elas, — sorriu amarelo e eu neguei com a cabeça. — Está tudo bem para você? — assenti e então entramos no belíssimo prédio.
Subimos até o apartamento de memórias e eu sentia minha perna tremer apenas porque minha mente lembrava ao meu coração que ele estaria lá, não tinha o porque me sentir assim já que não era capaz de sentir um sentimento tão forte ficando tão longe dele mas algo nos meus sentimentos tinha mudado apenas eu não sabia o que.
— Finalmente vocês estão aqui. — Jazzy gritou assim que a porta abriu nos assustando, recebi um abraço folgado e ela nos convidou para entrar.
— Os meninos estão no mercado comprando nossas gordices. — Elena falou e se jogou no sofá de veludo preto.
Ficamos um tempo conversando até que os garotos chegaram com a comida e as bebidas, nosso olhar se encontrou e eu cuidei de desviar rapidamente vendo minha irmã correr para os braços de Ryan pelo que estava sabendo o relacionamento entre ela e o Chaz tinha se ido a tempos.
— Ahe, todo mundo tá ferrado, um temporal desabou e a gente vai ter que ficar aqui.— Ryan alertou a todos e se esquivou da janela nos fazendo olhar para a mesma e ver que estava realmente uma montanha de neve se formando no céu que logo cairia.
Era estranha, não podia ser diferente e eu estava começando a ficar desconfortável estando na casa do cara que traiu a noiva comigo sabendo agora que a tal era minha própria irmã seria uma grande filha da mãe se não me odiasse por isso e me sentia como uma por está nutrindo sentimentos duvidosos com um homem compromissado e meu cunhado, não era bonito para mim estar nessa situação e eu temia pelo que minha mente e meu coração pudessem acertar entre eles.
Todos curtiam uma noite de violão e vinho, observei da janela a chuva de neve cair sobre as ruas com tanta força que era capaz escutar o impacto, suspirei tentando pensar que logo o temporal passaria e eu iria para casa.
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Já se passavam das três da manhã e parece que a cada momento o clima piorava, o resto dormia calmamente em seus cantos improvisados mas eu tinha zero sono e preferi me esquentar no fogo da lareira no entanto não era só eu que tinha pensado nisso, Justin também havia pensado, se aproximei do mesmo e ele me olhou sereno me dando um mínimo sorriso que juro que me sacudiu como uma folha ao vento.
— Perdeu o sono? — bateu no espaço ao seu lado e eu me sentei assentindo a sua pergunta.
— É uma loucura não conseguir dormir longe de casa. —explico e ele se aproximou me aconchegando no lençol que ele tinha sob os ombros. —E a sua insônia tem algum motivo? — ousei em perguntar e ele me olhou com os olhos castanhos brilhando a luz do fogo acesso.
O meio sorriso dele me entortou a cabeça, seus lábios entreabertos como se tivesse algo a dizer me fez prender o olhar por alguns minutos ali me fazendo desviar quando sua voz sagaz eclodiu em meus ouvidos.
— Tem opção de pular?— sua risadinha ecoou em minha cabeça como um eco, eu assenti.
Ficamos em silêncio por algum tempo, mas logo quebrei o clima silencioso com a curiosidade se suas provas já tinham se finalizado, ao que me lembro sua formatura estava próxima e para ela acontecer ele teria que ter finalizado o curso, ele sorriu orgulhoso e me olhou.
— Os resultados estão saindo, mas sinto que passei. — eu sorri, estava feliz por sua conquista e não tinha como negar.
Pensei em como minha irmã tinha sorte em tê-lo, um homem dedicado e ao pouco que conheço bondoso e amável tinha qualidades boas e bonitas, claro que nós não somos feitos de perfeição mas de contras existem prós.
— Emilia. — sua voz saiu oca e baixa como se negasse, o olhei. — Seria ousado de minha parte perguntar sobre nós dois e aquela noite? — sentia o ar prender em minha garganta como uma fumaça de tabaco inalada, tossi frouxo.
— Eu não me importaria em esclarecer algumas… — cortou minha fala me fazendo automaticamente o encarar estranho.
— Não é sobre esclarecer e sim relembrar, eu me lembro de tudo e minha mente não me permite esquecer gostaria de poder sentir seu beijo outra vez e sei o quão vergonhoso isso possa ser mas não tenho ligado muito para vergonhas ultimamente. — se aproximou tão rápido que mal percebi seu movimento ligeiro, me afastei um pouco.
— Isso não é cert... — o ar nos meus pulmões zerou e eu me sentir sufocada, seus lábios roçavam no meu e tentação é algo quase impossível de não cair.
Então eu caí na tentação do seu beijo adocicado, dos seus lábios quentes e macios e do calor fumegante do seu corpo enrolado em um lençol amarrotado.
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