História Impasse - 14. beijo doce

Justin Bieber. Ponto de Vista.

Sai da universidade e respirei fundo, minha cabeça girava para todos os lados, ainda podia ouvir aquelas questões de anatomia e de Patologia girando em minha mente. Sentei no banco que tinha perto de uma das árvores do campus, mandei uma rápida mensagem para Ryan avisando que esperava o mesmo.

— Como foram suas provas? - Ergui minha cabeça encontrando Candice parada em minha frente, seu cabelo estava preso em um coque alto e sua franja estava cobrindo sua testa chegando perto dos olhos.

— O que faz aqui? - Perguntei tentando não parecer rude, mas falhando miseravelmente pelo fato de seus lábios apagarem o sorriso que estava estampado ali e se tornar um pequeno sorriso triste. — Desculpe não quis ser rude, mas você nunca veio na minha faculdade.

— Mentira, eu já vim.

— Candice desde o dia que comecei você nunca apareceu aqui, nem para apresentações de trabalho nem para vir me busca, dizia que era lugar para desocupados.

— Me desculpe… - Ela passou a mão pela franja tirando dos olhos, que podia sentir seu incômodo com toda aquela situação a quilômetros de distância.

— O que veio fazer aqui Candy?

— Vim me desculpar e também agradecer. - Ela me encarou por um momento e eu fiquei parado esperando o que a mesma tinha a dizer. — Eu quero agradecer pelo o que fez, eu posso não me lembrar de muitas coisas, mas sei que você que me achou daquele jeito na sala. E quero me desculpar por você ter me achado daquele jeito.

— Algo mais? - Estava fazendo o máximo para parecer forte, queria mostrar que aquilo não ia me abalar, mas no momento que vi uma lágrima escorrendo pelo canto de seus olhos eu não me aguentei deixei de canto todo meu ódio e levantei e a abracei forte. — Não chore, por favor, você sabe que meu coração fica despedaçado quando você chora.

— Volte para mim Jay, não sou nada sem você. - Ela chorava descontroladamente molhando minha camiseta com suas lágrimas e seus ombros subiam e desciam rapidamente e os seus soluços ficavam altos.

— Não é fácil assim Candice, você se tornou outra pessoa.

— Eu faço de tudo só pra você voltar.

— Não quero que faça por mim, quero que seja por você.

— Você vai voltar?

— Precisamos de um tempo, para colocar as coisas no lugar, não complique as coisas, por favor.

— Um tempo quer dizer que terminamos.

— Um tempo quer dizer que temos que ficar afastado.

— Jay? - Antes que ela conseguisse responder ouvi a voz de Ryan me gritando e afastei seu corpo gentilmente do meu.

— Obrigado por vir, aliás, minhas provas foram complicadas, mas espero que tenha me saído bem.

— Você com toda certeza se saiu bem. - Ela sorriu de canto secou o rosto com as costas da mão.

— Tenho que ir. - Disse encarando cada expressão sua. — Se cuida.

Depositei um beijo no topo de sua cabeça e a sentir estremecer pelo toque de minhas mãos em seus ombros. Não deixei a mesma se despedir andei apressadamente atravessando o campus e encontrando Ryan encostado em uma árvore.

— Vamos?

— Era a Candice ali? — Não disse nada apenas assenti e comecei a andar em direção ao estacionamento. — Vocês voltaram?

— Eu pedi um tempo para pensar, e para deixá-la pensar também. Ontem a encontrei quase em coma alcoólico jogada no chão da cozinha.

— Você não me contou isso cara. - Ryan disse ao chegar ao seu carro e começar a guardar seus livros.

— Não tive tempo, mas isso não importa ela é uma garota diferente agora, quero que ela se encontre no meio dessas mudanças.

— Fez a coisa certa irmão, não quero você magoado por causa disso.

— Obrigado irmão.  – Conversamos mais sobre algumas coisas e falamos sobre as provas e sem deixar de fora a paixão que Ryan estava criando pela Spencer, o qual eu apoiava totalmente. Despedi-me de Ryan e andei até meu carro, coloquei minha mochila no banco do passageiro e peguei meu celular verificando se tinha alguma mensagem, um pequena que fosse, mas eu queria uma mensagem dela. Dirigi calmamente pelas estradas e cheguei ao apartamento, estava cansado e minha cabeça doía, procurei Elena pela casa, mas a mesma não tinha chegado então refiz meus passos e fui para o meu quarto.

Alguns dias depois.

Faltava apenas uma semana para minha formatura, os resultados das provas saiam hoje e eu não conseguia parar no lugar.

— Eu sei que o apartamento é seu, mas eu não quero morar em um lugar que têm um buraco no chão. - Elena resmungou da sala. — Pare de andar de um lado para o outro Justin, nem deu a hora dos resultados saírem porque tanta afobação?

— Elena eu estou a cinco anos estudando para me formar em medicina, eu não posso reprovar agora. - Puxei alguns fios da minha cabeça impaciente até que meu Notebook apitou. — Elena saiu o resultado…

— Passou? - Ela veio animada correndo em minha direção.

— Eu sou médico Elena. - Lena me encarou e começou a gritar de alegria, e eu apenas fiquei estático no meu lugar, sem saber assimilar tudo aquilo.

— VOCÊ PASSOU JUJUBA. - Ela pulava de um lado para o outro é logo senti seu corpo se chocar contra o meu. — Eu sabia que ia conseguir parabéns.

— Obrigado Leninha. - Ela deu risada e logo saiu do meu colo e correu pra cozinha, fiquei olhando para a tela do computador sem acreditar naquilo. Sai do transe assim que ouvi meu celular tocar e logo vi o nome da Jazzy no visor. — Fala Ruiva.

— PARABÉNS IRMÃO. - Jazzy gritou me obrigando a afastar o celular do ouvido.

— Como sabe? - Perguntei curioso.

— Lena me contou, eu já contei para Spen temos que comemorar, logo chego aí me espera.

— Calma fala… - Antes de eu conseguir responder ela desligou na minha cara, já estava pronto para gritar com Elena por estragar a surpresa, mas meu celular tocou outra vez, agora era Ryan.

— Fala irmão. - Ryan falou.

— Pegou seus resultados?

— Peguei sim. - Sua voz de desanimada me deixava preocupado. — E você?

— Sim, eu sou médico cara.

— Parabéns cara eu sabia que você ia conseguir.

— E você?

— Então…

— Ryan não brinque comigo, me diz que passou. - Falei e no outro lado só houve silêncio. — Ryan…

— Óbvio que eu passei cara. - Ele gritou do outro lado da linha e eu soltei toda a tensão dos meus ombros.

— Por um momento pensei que não teria meu irmão comigo.

— Você não vai se livrar de mim tão cedo. Agora os planos, Eu você é Chaz bebendo até cair para comemorar.

— Porque não vem aqui em casa, a Jazzy chamou a Spen, está nevando cara, vamos comemorar em casa.

— Só vou porque a Spencer estará aí. - Dei uma risada alta e depois de acertar o horário desliguei e fui à cozinha matar uma garota baixinha de bochechas rosadas e boquinha de fofoqueira.

***

— Cara eu estou com fome, você me iludiu, a Spencer não está aqui e nem ter bebida. - Ryan disse enquanto fazia um carinho na cabeça de Elena.

— A Spen está chegando, estava esquiando com a Lia, logo mais elas estão aqui. - Jazzy respondeu enquanto se esquentava nos meus braços.

— Então vamos aproveitar, saímos para comprar bebidas e comida. - Disse me levantando e fazendo Jazzy resmungar. - Vamos Chaz e Ryan eu quero voltar logo, está frio lá fora.

— Traga doces para mim Jay. - Jazzy disse indo para o lado de Elena se esquentar. Sorri com as duas parecendo crianças no sofá e assenti em resposta e logo sai com os garotos em direção ao mercado, estava nevando do lado de fora e o vento estava forte então tratei de fazer as compras o mais rápido que consegui e colocar tudo no carro para voltar logo, eu queria fugir do frio e ter a esperança de encontrar Lia em meu apartamento outra vez.

Assim que cheguei Spencer veio gritando para o meu lado e logo respondi arrancando risada de todos no local, meus olhos percorreram toda a sala e logo eles se encontraram com os de Lia. Ela estava linda, mesmo com as roupas cobrindo suas curvas o seu rosto ainda era a coisa mais linda daquele lugar, suas bochechas coradas e a pontinha de seu nariz vermelho era a minha versão de paraíso. Não conseguia parar de observa-lá, nada naquelas conversas me chamavam atenção, apenas sua voz interessava e foi assim pelo resto da noite, até todos irem dormir. A nevasca estava forte então concordamos em todos dormirem por aqui.

A noite estava linda lá fora, a neve caia pelo parapeito da sacada e sumia no escuro da noite, eu estava sentado em frente à lareira que tinha acendido para aquecer um pouco o apartamento, fiquei em silêncio perdido nos meus pensamentos até perceber a presença de Lia ao meu lado, todo o meu corpo estremeceu ao sentir o calor do seu corpo ao meu. Ficamos conversando por um tempo e ela perguntou dos resultados das minhas provas me fazendo pensar que a fofoqueira da Elena ainda não tinha contado, então apenas respondi que não sabia, aquilo era papo para outra hora.

…

Eu não sabia como a conversa tinha chegado a esse nível, mas quando percebi já tinha despejado tudo que pensava em cima dela e ao contrário do que eu a pensei não me rejeitou, ela me aceitou, e no momento que senti seus doces lábios no meu foi como se o mundo ao meu lado congelasse e tudo parasse de funcionar, aqueles lábios que se encaixavam perfeitamente nos meus era a minha perdição completa, era o meu céu e o meu inferno. Minha zona de guerra.

— Você é perfeita demais para estar sozinha Lia. - Disse assim que me separei de seus lábios outra vez.

— Eu não estou só, tenho Spencer, Lena, Jazzy meu pai eu tenho muitas pessoas ao meu redor.

— Você sabe o que eu digo. - Procurei seus olhos na escuridão e encontrei aquelas órbitas maravilhosas me encarando.

— Sei, mas eu prefiro pensar que não estou só. - Ela sorriu de canto e se mexeu no meu colo tentando ficar em uma posição confortável, mas foi uma péssima ideia a partir do momento que nossas intimidades se encontram.

— Huum Lia, não faça… Não faça isso de novo. - repremi o gemido em minha garganta e me concentrei para não puxar aquela mulher para mim outra vez.

— Desculpa Jay. - Sua voz saiu arrastada e rouca e meu corpo se acendeu com aquelas palavras. — Acho melhor eu ir dormir.

— Dorme comigo? - Ela me encarou e seu rosto se tornou vermelho. — Não quero fazer sexo, só quero seu corpo ao meu, sua cabeça no meu peito.

Ela sorriu de canto ficando mais vermelha que antes e assentiu, a levei para o meu quarto e a puxei para debaixo das cobertas quentes esticadas pela minha cama. Fiz um carinho em seus cabelos e a mesma se aninhou em meu peito.

— Me conte uma história? - Lia disse em meus braços e eu estremeci lembrando-se das palavras que falou dormindo.

— Que tipo de história?

— Qualquer uma.

— Bem… - Parei um tempo para pensar. — Um príncipe um dia estava passeando por uma terra desconhecida por ele, às princesas usavam vestidos curtos e dançavam com todos os príncipes daquela terra.

— Que princesas safadas. - Lia disse com uma voz baixa e risonha e não consegui conter a risada.

— Esse lindo e belo príncipe…

— E convencido. - Ela me interrompeu falando.

— Só escuta a história menina. - resmunguei a fazendo rir. — O belo príncipe estava comemorando uma coisa especial com algumas princesas amigas, e tudo estava uma alegria, até chegar uma Princesa diferente, as suas roupas não era como a das outras e seu olhar era lindo e penetrante, e logo aquele príncipe viu uma atração gigante por essa princesa em especial.

— O que aconteceu. - Ela perguntou apoiando o braço em meu peito e olhando nos meus olhos.

— Naquela noite o príncipe tomou aquela linda Princesa em seus braços e eles fizeram amor pela noite a fora, e esse príncipe nunca esqueceu o quanto aquela princesa era formosa.

— Rimou. - Ela riu e eu acompanhei sua risada.

— Agora durma princesa. - Ela riu e eu a puxei dando um longo beijo e aproveitando aqueles doces lábios. — Boa noite Lia.

— Boa noite Jay. - Ela se deitou em meus braços outra vez e caiu no sono.