Ponto de vista. Justin Bieber.
Noite da formatura.
A caminhada da vergonha sempre foi algo que me assustava, e naquele momento eu estava fazendo a minha própria caminhada da vergonha, descer as escadas e ir até a porta da saída tinha virado algo quase impossível depois da briga que tive com Emília, queria muito correr escada acima a pegar pelos braços e dizer o quanto a amava, mas ela tinha pedido para eu ir, tinha falado com todas as letras que eu seria apenas seu cunhado então não poderia obrigar ela a sentir o mesmo. O que me restava era caminhar com lágrimas nos olhos e com o coração na mão até meu carro.
— Jazzy? – Disse assim que abri a porta da frente da casa e encontrei os cabelos ruivos de minha irmã parado perto de meu carro. — O que faz aqui?
— Meu instinto de irmã me dizia que você ia precisar de mim agora. – Ela olhou meus olhos marejados e sem dizer uma palavra abriu os braços e eu sem pensar duas vezes corri para o seu abraço. — Tudo vai ficar bem.
— Não vai Jazzy ela me afastou, ela pediu para eu ir embora. – As lágrimas já desciam pelos meus olhos sem o mínimo esforço, eu só deixava fluir.
— Vem vamos para sua casa, lá você me conta tudo.
— Não posso, tenho que ir à festa da minha formatura se não mamãe me mata. – Procurei as chaves pelo meu bolso afobado como se alguém fosse morrer.
— Justin, ei, olhe para mim. – Jazzy puxou minhas mãos as segurando firme e olhou nos meus olhos e aquele simples ato controlou meu coração. — Me dê às chaves eu te levo, e não se preocupe com a mamãe agora, ela surta sempre sem motivo.
Assenti ainda desnorteado, as lágrimas ainda estavam presentes no meu rosto e em meus olhos e eu não fazia questão de escondê-las. Jazmyn ligou o carro e me levou com calma em direção a meu apartamento, no caminho ela me lançava olhares de conforto que fazia meu coração se aquecer. Mesmo ela sendo mais nova tinha a mentalidade de uma garota adulta e eu sentia uma ligação inexplicável com Jazmyn sempre cuidei dela desde quando nasceu, e agora ela estava cuidando de mim. Assim que chegamos o apartamento estava vazio o que me fez respirar muito aliviado não queria que ninguém me visse naquela situação.
— Senta Jay eu vou fazer algo para você tomar.
— Chocolate dos super irmãos? – Perguntei tirando os sapatos e deitando no sofá.
— Sim, dos super irmãos. – Ela riu indo em direção da cozinha fazer o chocolate que apelidei de super irmãos da época que éramos pequenos. — Quer me contar porque saiu daquele jeito da sua formatura?
Ela questionou da cozinha aumentando a voz para que eu a ouvisse. Tentei formular frases de resposta na minha cabeça, mas tudo parecia muito ridículo.
— Fui me desculpar com Emília. - Respondi com sinceridade.
— E como foi? - Ela perguntou vinda em minha direção com duas xícaras aparentemente quentes.
— Péssimo, nós brigamos e eu acho que a magoei profundamente. – Respondi com um longo suspiro, peguei uma das xícaras de sua mão e esperando ela se sentar ao meu lado.
— Foi se desculpar pela Candice estar grávida?
— Eu ainda não sei por que fui, mas eu senti que deveria.
— E o que vai fazer agora? – Ela perguntou tomando um gole de seu chocolate e eu logo a acompanhei.
— Bom, agora vou fazer o que a Candice tanto quer… - Suspirei outra vez tentando processar aquelas palavras. — Vou me casar com ela.
— Por causa de um bebê?
— Não é apenas um bebê Jazmyn. – Respondi a tentando fazer entender.
— Sim Jay é apenas um bebê, e você não precisa casar com ele para ser pai dele.
— Mas é minha obrigação como homem dar uma família boa para essa criança crescer.
— Porque esse papo todo?
— Porque eu não quero ser como o papai Jazzy, eu não quero que meu filho tenha a ausência de um pai no crescimento dele. – Respondi sentindo meus olhos arderem outra vez com as lágrimas.
— Você não é e nunca será o papai Jay. Você é um garoto especial e que vai dar amor a essa criança independente se estiver ou não com a mãe dela. – Jazzy puxou minha cabeça para o seu colo e fez um longo carinho em meus cabelos. — Você não precisa sacrificar a sua felicidade porque acha que vai tirar a felicidade de uma criança, apenas seja o Justin que eu conheço.
Alguns dias depois. Sexta feira - Apartamento do Bieber.
— Como está se sentindo? – Perguntei pela milésima vez a Candice.
— Isso tudo é culpa? Por isso está se preocupando tanto comigo? – Ela perguntou irritada se levantando do sofá.
— Estou apenas preocupado Candice, esse filho também é meu e quero o bem estar dele.
— Para mim isso parece culpa, por isso está todo meloso.
— Você nunca reclamou disso antes.
— Mas agora já está me irritando. – Ela respondeu indo para cozinha. Já tinha se passado uma semana desde a minha formatura e eu tinha me desculpado por ter saído daquele jeito e tinha contado da minha decisão de levar aquele casamento à frente. Uma semana que minha vida tinha virado de cabeça para baixo, eu mal tinha me formado e as responsabilidades já estavam batendo à minha porta.
— Adivinha quem chegou? – Ouvi a voz de Elena alegre entrando pela porta e por um momento me senti aliviado.
— Quem será que chegou não é? – Candice apareceu da cozinha segurando um prato com o que julgava ser bolo. — A escandalosa Elena.
— Eu jurava que você já ia estar bem longe quando eu chegasse aqui. – Lena respondeu com a cara pensativa. — Mas acho que me enganei.
— Esse é o apartamento do meu noivo e posso ficar o quando quiser, e você que saiu do Canadá para vir morar de favor com um amigo de infância, não está bem crescida para isso? – Candice respondeu com sarcasmo.
— Não, eu estou ótima aqui Rainha da falsidade. Se o Jujuba falar que eu incômodo aí sim eu vou embora, acho que a minha presença aqui o faz mais feliz que você. – Elena respondeu e eu concordei mentalmente, ter minha amiga por perto era o que estava me mantendo em pé.
— Como foi o trabalho Lena? – Perguntei antes que Candice soltasse outra farpa para cima dela.
— Foi normal, queria te contar algo pode ir ao meu quarto? – Olhei nos olhos de Lena e vi a preocupação que seu olhar exalava.
— Claro pequena vamos lá.
— Vamos lá onde? O que ela tem para falar que não pode falar na minha frente? – Candice perguntou com o tom de voz alto que fez Lena revirar os olhos e coçar a cabeça demonstrando irritação.
— É um assunto que tenho para tratar com o Justin, Candice, pelo menos uma vez você pode ficar de fora do que não é chamada? – O tom de voz de Elena era baixo e irritado o que me fez ficar atento.
— Não eu não posso ele é meu noivo… - Antes que Candice conseguisse terminar a frase Elena a cortou com um tom de voz alto e extremamente raivoso.
— Já entendi Candice ELE É SEU NOIVO, eu também já entendi que VOCÊ VAI SE CASAR COM ELE, mas fica atenta que a mim Elena Evans você não engana com esse papo de “BEBÊ DO BIEBER” – Lena disse fazendo aspas no ar com as mãos. — Você não me engana com essa pose de boa moça. – Outra vez ela passou as mãos no cabelo e andou até Candice apontando o dedo em sua cara. — Pelo menos uma vez Candice, UMA VEZ NA VIDA, você pode calar a PORRA DESSA BOCA E ME DEIXAR FALAR EM PAZ COM O MEU AMIGO?
Encarei toda aquela situação sem dizer uma palavra, eu realmente não sabia o que falar, todos estavam com os nervos à flor da pele com a volta da Candice. A Elena não voltava para casa quando ela estava aqui, Ryan e Chaz há muito tempo não viam passar um tempo comigo, Jazzy me ligava sempre para perguntar como eu estava, mas nunca vinha me ver e Spencer estava mais longe do que nunca depois da briga com Emília, minha doce e pequena Emília.
— Sobe para o seu quarto Lena, eu já vou atrás de você. – Disse tentando controlar toda aquela situação. — Qual é o seu problema Candice? Como pode falar daquele jeito com Elena?
— Você viu o que ela falou para mim? Ou você vai dar apenas razão para ela?
— Todos estão se afastando de mim desde o dia que voltei pra você, pensei que era eu que estava afastando eles para te dar atenção, mas você que está afastando ele por ser tão rude com todos. – Disse nervoso com toda aquela situação e sai indo para o quarto de Elena antes que piorasse a situação.
— Desculpa Jay eu não quis gritar com ela, eu só não aguento mais... – Elena começou a tagarelar assim que eu entrei no quarto e eu apenas a puxei para um abraço forte.
— Não se desculpe pequena, você não precisa se desculpar por nada. – Ela assentiu ainda nos meus braços. — Me conte o que aconteceu?
— É sobre a Lia. – Aquele simples nome me atravessou em cheio e senti meu corpo se arrepiar.
— O que tem a Lia? – Lena se afastou e sentou na ponta de sua cama.
— Ela ainda não está bem, as memórias estão confusas na cabeça dela. – Ela deu uma pausa e comecei a ficar preocupado. — Ela teve uma lembrança de vocês dois... – Outra pausa. — Na noite que dormiram junto, a primeira vez.
— Ela lembrou? – Falei sem reação e Elena apenas assentiu. — Eu preciso ir vê lá.
— E Candice? – Antes de eu conseguir responder meu celular começou a tocar como louco e vi o nome de Ryan na tela.
Chamada *
— Oi Ryan.
— Oi irmão, como está? – Ele perguntou animado do outro lado da linha.
— Estou bem, porque da ligação? – Perguntei tentando entender o porquê disso.
— Falei com Spencer há alguns minutos e ela me contou que abriram vagas para pediatria no mesmo hospital que Lia estava internada. – Tremi outra vez com aquele nome sendo pronunciado.
— Isso é ótimo Ryan, estou precisando mesmo de um emprego. – Falei animado com a possibilidade de exercer o que tanto sonhava. — Como ela soube disso?
— O Doutor Léo comentou com ela. – Revirei os olhos quando ouvi esse nome. — Eu estou pensando em dar uma passada lá porque não vem comigo?
— Claro, mas é claro Ryan. – Respondi animado — Que horas?
— Estou saindo em 10 minutos, te encontro lá.
Chamada.
Ryan desligou e eu pulei animado pelo quarto de Elena, eu finalmente ia ter um trabalho.
— O que foi? – Ela perguntou curiosa.
— Eu vou para o hospital, Ryan soube de uma vaga de pediatria e vou para lá agora. – Sem a deixar perguntar o me fazer explicar sai correndo em direção ao meu quarto para sair logo e não perder tempo.
...
Cheguei ao hospital e procurei uma vaga fácil, procurei pelo carro de Ryan, mas não achei em lugar nenhum e apenas estacionei.
— Você vai ficar bem? – Perguntei a Candice que tinha insistiu em me acompanhar.
— Sim, vou ficar na sala de espera torcendo por você. – Assenti e sai do carro esperando ela para me acompanhar, assim que entrei achei Ryan sentado em um canto e fui logo em direção a ele.
— Está aqui há muito tempo? – Perguntei assim que me separei dele.
— Não muito. – Ele me olhou por cima dos ombros e depois me encarou. — Porque a trouxe?
— A Candice? – Perguntei. — Ela quis me acompanhar, mas por quê?
— Nada... – A voz dele vacilou por um momento. — Quem é aquele que ela está conversando?
Olhei por cima dos ombros e encontrei um rapaz alto, porte físico forte e com um cabelo castanho penteado em um topete. Andei até ambos que conversavam, Candice olhava para os lados como se tentasse escapar da presença do rapaz.
— Candice? – Perguntei assim que me aproximei. — Tem algum problema aqui?
— Não amor, esse é o... – Antes que ela conseguisse completar o rapaz se virou e consegui ver seu rosto por completo.
— Christian Beadles. – Disse. — O pegador da universidade.
— Depois de você Bieber. – Ele disse rindo vindo me abraçar. — O que faz aqui?
— Soube da vaga e vim me candidatar. E você?
—Também vim. – Ele disse e depois olhou para Candice o que me fez olhar confuso.
— Essa é minha noiva Candice, conhece?
— Conheço sim. – Ele respondeu e lançou um sorriso para ela, que me fez olhar confuso para toda aquela situação. Ia questionar o que estava acontecendo, mas ouvi Ryan me chamando e me despedi saindo de perto de ambos e voltando para perto do meu amigo.
— O que foi Ryan?
— A entrevista vai começar, temos que subir. – Assenti e mandei um aceno me despedindo de Candice e fomos em direção ao elevador. — O que o Christian faz aqui?
— Ele soube da vaga também. O que estou pensando é como ele conhece a Candice se ela nunca veio na faculdade e só conhece você de lá. – Ele me encarou por um tempo sem saber o que responder, não culpei ele eu também não sabia o que dizer, só olhei outra vez para frente esperando o elevador abrir, e quando abriu meu coração parou, lá estava ela. Estava linda em um vestido azul claro.
— Spen o que faz aqui? – Ryan perguntou.
— Lia teve um mal estar, e resolvi trazer ela no médico.
— Você está bem? – Perguntei diretamente a ela, que apenas assentiu. Lancei um olhar para Ryan pedindo para me deixar um momento sozinha com ela e o mesmo chamou Spencer para fora do elevador. — Já faz uma semana...
— Sim, como ela está? – Sua doce voz atravessou meus tímpanos.
— Quero saber como você está. – A encarei e a fiz me encarar.
— Confusa, e triste. – Ela me olhou com uma intensidade que faz meu corpo tremer.
— Sinto sua falta. – Disse sem pensar.
— Eu também. – Ela disse em um fio de voz, como se tivesse medo de dizer aquilo. Puxei seu corpo mais para perto deixando sua boca a centímetros dos meus.
— Se não quiser, pode se afastar. – A encarei esperando sua resposta, e obtive meu sinal verde assim que ela fechou seus olhos e colou seus doces lábios aos meus.
“Lembre-se que tudo ficará bem, podemos nos encontrar de novo em algum lugar. Em algum lugar longe daqui” – Harry Styles. Sing of The Times.
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