História Império - Capítulo 1

A noite estava movimentada dessa vez, não tinha tantos clientes como antigamente já que engordou um pouco mas não deixava de ser bela

— Mais uma cerveja mulher — O homem rechonchudo gritou levantando seu copo de madeira e dando um sorriso pútrido — Não tenho a noite inteira

— Você passa a noite inteira aqui, maldito — Sussurrou para a colega que passava ao seu lado, a garota riu um pouco — Já estou indo cavalheiro

Odiava a forma que tinha que tratar aqueles sem vergonhas. Porque chamar aqueles homens de cavaleiros se são mal educados, porque chama-los de lindos homens se são mais feios do que um desfigurado?

O homem e sua rodinha de amigos riram, não que a mulher não tenha ouvido já que seus ouvidos são bem mais sensíveis do que de suas companheiras. Com a jarra de ferro, despejou o liquido que para o seu paladar era horrível. Como homens tinham desejo naquilo?

Quase derrubou o jarro quando levou um tapa em sua bunda, a irritação fez seus olhos mudarem e um alerta soou quase que imediatamente na cabeça do dono do prostíbulo

— Controle-se vadia, está aqui apenas para servir — A voz do homem soou alta

Terminou que o grupo de homens pagaram para ficar com a mulher até o amanhecer, o que ainda foi mais irritante ao constatar que era a segunda noite seguida que não ia para o seu quarto. O nojo que sentia de si aumentava a cada segundo enquanto andava em direção a parte detrás da casa de mulheres, onde tinha uma casa um pouco maior dividida em quartos. Colegas na qual considerava amigas e outras que odiava com todo o seu ser estavam lá a olhando, algumas que por puro prazer fazia questão de jogar os longos cabelos roxos

— Rize-san ? — Uma tímida garota que tinha acabado de engessar naquela vida de merda, chamou a atenção da mulher — O pequeno tem febre e seu kakugan fica o tempo todo ativo

 — Obrigada — falou e correu em direção ao seu quarto onde a criança estava deitada na cama e respirava com dificuldades — Oh meu filho — falou sentando ao lado da cama e pegou um pano, molhou na água gelada que presumiu ter sido trocada a pouco tempo — Mamãe sente muito — Falou deixando algumas lagrimas caírem — Eu sinto tanto, eu...

— Okaa-san — A voz infantil soou, rapidamente a mulher limpou as lágrimas e sorriu vendo os olhos do filho em si — Eu sinto minhas costas doerem — Falou fazendo uma careta

A mulher com cuidado virou o filho e viu uma pequena kagune saindo do corpo, saia de foma estranha, parecia rasgar a pele e por dentro ela parecia como se estivesse se mexendo pelas costas brancas. Surpresa observou mais um pouco e sorriu um pouco triste - Desde que nasceu seu filho possui problemas, desde respiratórios até envolvendo seu lado Ghoul —  Na verdade, ele nem deveria ser um Ghoul ou está vivo, sendo filho de duas espécies

— No que você está pensando? — Perguntou sorrindo gentilmente

— Em um bicho que eu vi agora a pouco — falou inocente, sem saber que o fato dele pensar em uma situação daquelas era ainda pior

— Pare de pensar, assim você poder melhorar — Falou e viu o pequeno sorrir e concordar. Depois de um tempo parou de reclamar de dor — Como se sente?

— Melhor — O pequeno falou e olhou diretamente para a mãe -— Estou com fome — Falou e a mulher sorriu ao ver apenas um dos olhos do filho o denunciando ser uma prole de humano

— Você vai ficar bem querido — A mulher falou sorrindo ternamente

7 anos depois

— Não pegue tanto sol — Rize falou cobrindo mais uma vez a cabeça do agora rapaz de 16 anos — Depois vem reclamar que tem a pele muito sensível — A mulher falou 

— Eu nunca falei isso — Falou e recebeu um tapa — AI, mas oque?

— Shhi — Rize falou sorrindo e olhou para a rua onde provavelmente o rei daquele país iria passar

Sete anos foram o suficiente para o garoto desenvolver uma saúde de ferro — Si quer pegava uma gripe — Comparado aos outros nove anos de sua vida que foi basicamente Rize cavando covas a cada suspiro do garoto. Conseguia controlar a fome que por algum motivo era confusa, as vezes despejava comida humana e outras comida de Ghoul. Sua kagune que é do mesmo tipo de sua mãe, uma Rinkaku

— Kaneki, se você não cobrir essa cabeça eu vou transforma-lo em purê — Rize falou amigavelmente

Kaneki cobriu mais do que depressa. Seu relacionamento com a mãe era como de dois amigos e confidentes, um sempre aprontando com o outro e as vezes faziam peripécias juntos e atribuíam a culpa à algum pobre coitado. Hoje é um dia especial para aquela cidade, o rei estava voltando de uma reunião de uma tal de união de reinos que tinha inclusos 6 países e aquele era o principal intermediador, algo como país neutro mas que não virava as costas para seu povo ou aliados

— Presta atenção moleque, você tem 5 anos por acaso? — Rize falou alto olhando para o filho que não parava quieto do seu lado — Mas o que diabos é isso? — Perguntou olhando o filho abaixado e parecia segurar algo

Kaneki sempre foi um pouco curioso e muito esperto, criava teorias malucas nas quais as colegas de trabalho da mãe sempre riam e falavam que a imaginação dele era além do normal. Sua mãe sempre se mostrou uma mulher esperta e ensinava-o sobre os reinos, lugares distantes e sobre hierarquias. Sempre se perguntou como ela sabia de tudo aquilo mas quando perguntava a mulher sempre dizia que já teve outra vida além daquela. Um parafuso chamou a atenção do rapaz, estavam um um local da rua onde um arco de madeira foi levantado e nele possuíam ferro, facas e flores — Não pergunte o motivo das facas — Olhou para o parafuso e depois para o arco, até montaria uma teoria se aplausos e gritos de saudação não tivessem lhe chamado à atenção

Com toda certeza, aquele rei poderia se considerar neutro mas humilde ele não era. Uma fileira de humanos eram chicoteados enquanto seguravam cordas presas a uma carruagem de bronze, provavelmente as cortinas que revestiam as pequenas janelas era do mais puro ceda feito a mão. Talvez fosse crime só em olhar para tamanho luxo e Kaneki só não riu do fato do homem ser rico e solteiro porque ouviu um estalo

— Oh não — Falou e em um piscar de olhos, tinha esquecido completamente o que lhe foi avisado sobre não se mostrar ou muito menos chamar a atenção. Kaneki estava no meio da rua segurando o arco com sua kagune já que no momento em que a carruagem real ia passando, a sustentação do arco cedeu

— Meu kami — Rize falou e só não caiu no chão porque Zara havia aparado seu corpo, ela estava rindo do fato do garoto ter praticamente quebrado todas as regras que deram a ele antes de sair — Porque me dertes um filho assim? O que fortes que eu fiz para merecer?

O silêncio era tão cruel que até mesmo os humanos prenderam a respiração, ninguém ousava dizer nada e pela ironia do destino, alguns grilos começaram a cantar

— O que aconte...

A voz do rei morreu ao ver Kaneki, seu olhos mostraram puro descontentamento e lentamente saiu do carro. Kaneki sentia que estava ferrado, por isso não mexeu um dedo ou olhou para o lado. O homem parou a sua frente e pode ver os guardas reais se aproximando com suas espadas em punho

— O que você está fazendo garoto? — Perguntou

Deveria responder? Olhou para o lado onde viu sua mãe e soube naquele segundo que qualquer coisa que fizesse, no final ele estaria morto, poderia não ser pelas mãos do rei mas seria pelas mãos dela

— Segurando o arco majestade — Respondeu voltando seu olhar para o rei

— Isso eu sei, mas porquê? —O homem perguntou

— Ele ia cair em cima da carruagem majestade, temi pela vida do meu soberano e procurei segura-la — Falou e agradecia a sua mãe pelas aulas de etiqueta, pelo menos morreria de uma forma menos cruel

— Porque você acha que esse arco iria cair?

— Encontrei segundos antes um parafuso solto, deduzi que isso poderia prejudicar a estrutura — Falou recolhendo o kagune e o arco caiu pesado no chão, provocando um pequeno tremor e levantando poeira

O soldado responsável pela segurança do rei arregalou os olhos. Poderia ser morto por aquele descuido e pior, por algo que si quer tinha ideia que poderia acontecer. Resolveu apelar para o garoto, seria melhor desviar a fúria do homem para outro

— Majestade, esse garoto possui muita força em comparação ao corpo — Falou e apontou para o corpo magro do rapaz — Conseguiu sozinho segurar esse negócio pesado, talvez com um pouco de treino ele possa ser útil

O rei analisou um pouco a situação, se não fosse pela audácia do garoto nem vivo estaria mais, além de que ele é bem educado e sabe tratar os superiores

— Qual o seu nome ? — Perguntou voltando para sua carruagem enquanto os soldados limpavam a rua

— Kaneki Ken majestade

— Um bastardo? — Falou surpreso. Ken é o sobrenome de um filho fora do casamento ou que foi reconhecido, e isso é muito raro de acontecer — Onde está seu pai?

— Morreu três meses após meu nascimento — Falou, uma verdade um pouco cruel dado o fato de que era um humano

— Sua mãe?

— Alí majestade — Apontou para a mulher de cabelos roxos que tinha a maior expressão de vou te matar

Dois coelhos em uma cajadada só, além do ser garoto forte, ainda tem a mãe bonita. Pensou um pouco, não poderia deixar a audácia passar em branco e também tinha que agradecer por ter salvo sua vida mesmo que não fosse preciso

— Kaneki Ken, você será confinado ao exército, ira virar um soldado — O rei falou — Você parece ser menor de idade, por isso, sua mãe cumpriria a mesma pena que você por não ter-lhe educado direito

Era melhor do que morrer — Que diabos de lei e condenação era aquela? Por causa de algo tão simples? — Observou a carruagem ir embora e se virou lentamente ao sentir o desejo assassino da mulher

— Espero que você tenha uma boa desculpa mocinho — Rize falou sorrindo