POV. ROSÉ
Não parecia real, não parecia verdade que aquilo estava realmente acontecendo, que um mero vislumbre estava se concretizando. Depois de nos acalmarmos e eu conversar um pouco com Jisoo, expliquei para ela toda a situação, em relação a nós, aos nossos sentimentos e em relação ao mundo. Expliquei o porquê deveríamos manter o que tínhamos em sigilo, por uma questão de ética, moral, respeito, segurança entre outras coisas, ela entendeu sem contestar, embora parecesse não concordar. Eu sabia que seria difícil, talvez até doloroso passar a viver nessas condições e ainda levar Jisoo junto, mas não via outra saída a não ser esta, eu precisava dela e ela de mim e se a pessoas descobrissem seríamos separadas sem dúvida alguma, o tempo que ficamos distantes foi pior que tudo, eu me matava todos os dias, sufocava minha alma a cada segundo longe de Jisoo e ela se entristecia sem mim também. Existem coisas que não podem ser evitadas ou controladas, o amor que sentíamos era forte demais independente da forma como demonstrásse-mos, médica e paciente, amigas ou amantes, nos amaríamos de qualquer maneira e impedir isso só causaria mais dor, então mesmo com todas as adversidades eu sabia que valia a pena, eu lutaria por Jisoo.
ALGUM TEMPO DEPOIS...
Semanas se passaram desde que decidi confessar tudo que sentia e acho que posso dizer que estávamos nos saindo bem, eu tomava todo cuidado do mundo para não demonstrar afeto demais na frente dos outros ou não deixar escapar alguma coisa quando falava dela pra alguém, enquanto eu quase não conseguia segurar a tensão, Jisoo atuava tranquilamente, provavelmente porque não tinha muita noção do quão grave seria se descobrissem, mas eu a protegia, eu a protegeira pra sempre. No entanto, como já era de se esperar, nem tudo eram flores: Suho desconfiava de nós. Vinha sempre com uma indireta, "brincadeiras" que disfarçavam suas acusações, isso quando não ficava à espreita, quase que nos perseguindo, tentava de tudo para acabar com o que nem ele sabia o que era.
Suho.: Eles estão lá dentro, acredite em mim! - guiava o diretor do hospital à uma sala de consulta a qual anteriormente nos avistou entrando -
Nam.: Dr. Kim, eu espero que essa afirmação seja verídica, caso contrá-
Suho.: Estou dizendo a verdade, diretor. AÍ ESTÁ!!! - fala ao abrir a porta rapidamente -
Xxx.: Aaaaaaahh!!!! - solta um gritinho agudo -
Suho.: Mas o que?!
Jim.: Eu é que pergunto! Um homem já não pode tirar uns minutos pra tomar um café em paz?!
Suho.: ...
Nam.: Disse que viu um médico se trancando com um dos internos nesta sala, Suho.
Suho.: D-diretor eu podia jurar qu-
Jim.: Mas que falta de profissionalismo infinda da sua parte Dr. Kim. - se fazia de ofendido -
Suho.: M-mas...
Nam.: Na minha sala, agora!
Os dois deixam o cômodo com Jimin se escangalhando de rir, enquanto meu melhor e insubstituível amigo nos dava cobertura, Jisoo e eu nos encontrávamos na praia. Acho que aquele era o melhor lugar do mundo para minha coreaninha, nada a fazia mais feliz do que correr e brincar na areia, entrar no mar, sentir a água levando tudo o que pesava em sua mente e em seu coração, era onde recarregava suas energias, ganhava forças para seguir em frente, era onde eu podia amá-la sem qualquer obstáculo.
E assim seguimos, no silêncio, em segredo, juntas, aproveitando cada milésimo de segundo como se fosse o último, com uma chama que não se apagaria nem no fundo de um oceano, o tempo passou mais rápido do que esperava, havia chegado a hora, o tão esperado momento.
Ros.: E aí, como se sente? - pergunto arrumando as últimas coisas. -
Jis.: Tenho medo. - diz séria sentada na cama -
Ros.: Medo? Medo de que, meu amor? Não era isso que você queria esde o momento em que chegou aqui? - acente com a cabeça - Então?
Jis.: Eles podem voltar, eles vão voltar. - diz se referindo às alucinações -
Ros.: Não, não vão. Jisoo, me escuta: - viro seu rostinho para mim - passamos muito tempo aqui, você aprendeu a lidar com isso, sabe que eles não podem te machucar. - continuava sem reação - Qual o problema, princesa? - me ajoelho em sua frente -
Jis.: Não vai estar mais comigo pra me proteger... - diz sem olhar em meus olhos -
Então era isso, ela não estava com medo dos monstros, mas sim da distância. Quando Namjoon me chamou para falar sobre a alta de Jisoo eu me enchi de ânimo, era tudo o que ela mais queria há meses e, tecnicamente, só estava lá por minha culpa então não pensei em mais nada, deduzi que ficaria feliz e acabei não percebendo sua preocupação em nenhum momento, não me veio a cabeça a ideia de que não nos veríamos mais, pelo menos não como antes, todos os dias, tão perto...
Ros.: Jisoo... *suspiro* Nós duas sabemos que não precisa mais de mim, você cresceu, evolui muito, está pronta para recuperar o perdeu da vida, mas isso não significa que vamos nos separar.
Jis.: Não? - olha nos meus olhos -
Ros.: Não, meu amor, nunca. É claro que não vai ser com a mesma frequência, mas eu sempre vou estar com você, tudo vai se resolver, tá? Nada vai nos separar. - me abraça e eu retribuo fortemente -
Depois de terminar de fazer as poucas malas, caminhávamos pelo corredor rumo à saída quando de longe Jisoo vê sua mãe à sua espera, já em prantos. Ela para por alguns segundos a olhando surpresa mas logo depois larga tudo e corre ao encontro de Sra. Kim, essa que se emociona ainda mais acolhendo a filha em um abraço necessitado, acho que nem com todas as palavras do mundo eu seria capaz de descrever o que esses corações sentiram nesse momento. Recolhemos tudo e entramos no carro para, finalmente, voltar para casa e assim que chegamos, damos de cara com o pai de Jisoo na sala, sentado em uma das poltronas, sério, como se estivesse nos esperando. Estava apreensiva, não sabia o que ele iria falar ou fazer, a mais nova não poderia ser recebida com gritos ou discussões logo depois de sair da clínica, Sra. Kim a leva delicadamente a frente de Joonho, esse que se levanta e a encara ainda em total silêncio. Depois de alguns segundos a olhando sem esboçar qualquer expressão, o homem alto, severo, de figura imponente se põe a chorar e ajoelha em frente à Jisoo surpreendendo a todos na sala.
Joo.: Eu sinto muito, eu sinto muito, minha filha! E-eu não sei como posso reparar todo o mal que te fiz, com tudo que falei, tudo que te fiz passar! Você era só uma criança e eu te abandonei, negligenciei sua saúde e obriguei sua mãe à fazer o mesmo. O-o dinheiro, a posição que tenho me cegaram completamente e passei a te ver como um monstro, uma aberração que devia esconder! Mas naquele dia, no dia em que você foi internada eu percebi, percebi que por muito pouco minha filhinha, minha única filha não morreu, percebi que esse tempo todo eu estava te matando, era eu quem piorava tudo! Eu perdi sua infância, seu desenvolvimento e olhe só pra você, veja como cresceu! De todas as coisa que fiz na vida você é a única da qual posso me orgulhar, sua mãe tem me contado sobre cada passo seu... Esse tempo que ficou longe de casa eu só conseguia pensar em você, em como poderia consertar as coisas e eu sei, sei que nem com todo dinheiro do mundo vou poder fazer isso e não precisa me perdoar, você não tem culpa de ter um pai tão ruim, só... só queria que soubesse que eu mudei, pelo menos estou tentando... - diz de uma só vez -
Jis.: ... Também senti sua falta, appa.
Ela agarra de leve seu pescoço e ele aprofunda o abraço, logo depois estende a mão para a esposa a incluindo. Eu não podia acreditar no que meus olhos estavam vendo, mesmo com todas as conversas que tive com Sra. Kim ela nunca me falou sobre nada disso, honestamente não sabia se esse arrependimento era verdadeiro de fato, mas esse sem dúvidas era o melhor presente que Jisoo poderia ganhar. Mesmo estando imensamente feliz em ver a família Kim reunida e bem outra vez, ainda tinha mais uma pendência a resolver.
Ros.: Bom eu.... eu fico muito emocionada em ouvir tudo isso do senhor, espero que se mantenha firme em sua palavra, só tem a ganhar com isso, acredite. - começo - Mas tem uma coisa que ainda não contamos - Jisoo me olha nervosa -
Sra.Kim.: O que? O que precisam contar? - sorri confusa -
Ros.: É-é que... - de repente o medo volta - Jisoo e eu... nós... - a mais nova se coloca ao meu lado segurando meu braço - Jisoo e eu estamos juntas.
O silêncio toma conta do cômodo, Sra. Kim não reage, apenas observa marido, este que nos olhava com um misto de surpresa e confusão e assim ficou por algum tempo, até que se aproxima de mim e põe sua pesada mão em meu ombro.
Joon.: Cuide bem dela. - diz simples e direto -
Ros.: O que? É isso? - pergunto confusa - Não vai dizer mais nada? Não vai me expulsar daqui ou me proibir de ver Jisoo?
Joon.: Já errei demais com vocês duas e não, não vou mentir, isso é esquisito pra mim, não entendo o porquê dessas coisas e acho que nunca vou entender... mas eu sei que não existe pessoa melhor para minha filha do que você, Dra. Park. - parecia sincero -
Ros.: Uau... E-e você, Sra. Kim?
Sra.Kim.: Ah eu já sabia, minha querida.
Joon/Ros.: O que? - falamos ao mesmo tempo -
Sra.: A senhorita deixava bem claro quando falava de Jisoo e ela de você, eu podia ver em seus olhos que alguma coisa estava nascendo. - contava sorrindo -
Eu sei, eu também fiquei incrédula quando ouvi tudo isso, mais uma vez a vida parecia um conto de fadas, a saída do hospital, a reconciliação com o pai e ainda a benção deles. Os choros, as noites mal dormidas, as vezes em que senti meu peito despedaçar, tudo isso então estava para trás? Depois de tantas turbulências e aflições a vida estava voltando ao eixo, as turvas água enfim se acalmvavam e eu podia respirar sem culpa, sem pesos ou amarras. Eu faria tudo do jeito certo desta vez, todos nós faríamos, daria tudo de mim para fazer Jisoo feliz, devolver a ela todo o tempo que perdeu dentro daquele quarto, chorando, com medo, mostraria ela o melhor do mundo e da vida, todo o sofrimento seria passado, cresceríamos juntas e quem sabe um dia não formaríamos nossa própria família! Não conseguia sequer imaginar qualquer outro futuro que não fosse com minha coreaninha, esse era o certo, sempre foi, nós duas, lado a lado, para toda a eternidade.
Naqueles olhos tão estrelados, eu me perguntava incessantemente: Então esse é o final feliz do nosso conto de fadas?
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