Acordei cedo como de costume. Chamei a onee-chan para que ela fosse para a faculdade. Aiko-onee-chan já estava de pé, fazendo o café da manhã. Eu coloquei meu uniforme e tomei café. Aiko e a onee-chan saíram. Fiquei vendo tv. A campainha tocou e eu fiquei pensando se deveria abrir ou não. Acabei por abrir e me deparei com o ex-namorado da onee-chan. Inflei as bochechas, com raiva.
-A Aiko-onee-chan não está! - Eu disse e ia fechar a porta, mas ele colocou o pé.
-Não tenho assuntos a tratar com ela ainda... E sim com você, Yuu-chan. - Ele abriu a porta e pegou meu braço. Resisti, puxando. Ele não me soltava, então mordi sua mão e saí correndo pela casa, depois percebi que havia rasgado minha fita do uniforme. Ele gritou de dor e então veio atrás de mim. Entrei no quarto da onee-chan e tranquei a porta. Abri a janela e saltei por ela, correndo para a rua aleatoriamente. Corria de olhos fechados pela rua, ele me perseguia. Corri para o parquinho onde várias crianças da minha idade brincavam e me escondi em um brinquedo. Ele pegou a garota errada e levou golpes da bolsa de uma mulher. Eu ri e saí correndo do parque.
E... Acabei me perdendo.
***
Aiko~
Cheguei em casa com Harumi para encontrar a porta aberta até o canto. Harumi e eu nos entreolhamos.
-Será que foi um ladrão? - Harumi disse.
-Estou mais preocupada com a Yuuka-chan. - Digo, pegando um pedaço da sua fita azul de uniforme no chão. Harumi cobriu a boca, aterrorizada.
-Será que aconteceu algo com ela? - perguntou, apreensiva.
-Espero que não... Mas aparentemente, tudo está no lugar, então não foi um ladrão. - Fechei a cara ao pensar em Akira. Ele jogaria baixo ao ponto de tentar algo contra a Yuuka-chan? - Vamos à delegacia, Harumi.
-T-tá. - Deixamos nossos livros em casa e ela pegou uma foto de Yuuka-chan. Saímos correndo para a delegacia. Depois de prestar a queixa sobre o desaparecimento de Yuuka-chan, voltamos para casa. Harumi estava tensa. Eu estaria mentindo se dissesse que também não estou, mas eu tenho a capacidade de parecer calma mesmo quando estou para pirar por dentro.
-Harumi, tudo vai ficar bem. Vamos sair para procurá-la.
Ela sorriu, desanimada, mas agradecendo por eu ter dito aquilo. Aluguei um carro e saímos para procurar pela Yuuka-chan. Eu sabia dirigir, não tinha um carro e nem uma moto, mas eu tinha carteira de habilitação, e mesmo não sendo a melhor do mundo, tinha prática por trabalhar em um emprego de meio período de estacionar e tirar carros em um hotel de alta classe. Era simples para mim. Harumi olhava para todas as direções nas ruas, o vidro estava totalmente aberto. Depois de dirigir por mais ou menos duas horas e não ter nem sinal da Yuuka-chan, estacionei o carro e fomos a pé. Perguntamos em lojas e outros estabelecimentos comerciais. Um deles disse tê-la visto correndo pela rua, mas isso não ajudou de fato. Eu apenas tive mais certeza ainda de que o Akira estava envolvido nisso. Continuamos andando, passando por parques e praças, pedindo informações. Harumi estava aflita. Paramos de procurar quando eram onze da noite. Trouxe Harumi de volta para casa, ela estava nervosa e pálida. Cozinhei e nós comemos em silêncio. Eu não tinha o que dizer para reconfortá-la. Assim que tive certeza que ela dormiu, coloquei minhas roupas usuais e fui caminhando até um mercado 24h que havia ali perto. Comprei uma caixa de cigarros e acendi um, colocando nos lábios. Eu não era disso, mas de vez em quando, quando estava em pânico e não sabia o que fazer, costumava fumar ou beber. Me encostei em um poste na rua e peguei meu celular no bolso da saia vermelha que usava e disquei um número não registrado. Chamou... Chamou... Atendeu.
-Mas que bela surpresa. - A voz irritante do outro lado da linha disse, convencida.
-O que você fez com a Yuuka?
-O que eu ganho ao te contar isso? - Claro. Contra interesseiros, distribua cartas neutras na mesa.
-Não sei. Talvez não ganhe um chute nas bolas.
Ele riu alto, divertido.
-Aiko-san não costuma cumprir suas promessas, é difícil negociar com você.
Me mantive em silêncio e Akira também.
Fechei os olhos dando um longo trago no cigarro.
-Ok. - Desliguei. Ele com certeza não está com ela. Mas com certeza teve sua parcela de culpa. Apaguei o cigarro e coloquei a bituca dentro da caixa, a atirando em um lixo próximo. Estava um pouco frio nessa noite, será que Yuuka-chan ficará bem? Observei os saltos baixos pretos que usava e me perguntei o quão doloroso seria ao tirá-los depois de passar horas com eles nos pés. Sorri para mim mesma e comecei a andar mais rápido. Andei pela cidade. A faculdade. O distrito comercial. O parquinho. A estação de trem. Eram duas da manhã.
Eu nem sequer pensei na escola da Yuuka.
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