Jane acordou na cama de seus seus antigos aposentos, como se tudo o que tivesse vivido até então fosse apenas um sonho. Mas, seu braço estava enfaixado e sua cabeça doía.
— Argh… — Gemeu ela ao tentar se mexer e foi contida prontamente por seu pai, o Rei.
— Ei, ei… O médico pediu para ficar em repouso.
— Pai!
Os olhos da castanha se encheram de lágrimas ao ver seu pai outra vez.
— Bem-vinda de volta, Princesa. — O Rei lhe beijou fraternalmente a mão. — Ou devo dizer… “Condessa de Campbel”?
O sorriso de Jane foi desaparecendo e então as lembranças vieram à tona de uma só vez.
— Pai… por favor, me escute! Eu não posso me casar com aquele homem! Não foi ele quem me salvou!
— Pobrezinha… deves ter batido muito forte com a cabeça.
— Não, eu estou ótima! Não podes permitir que eu me case com aquele farsante!
— Como? Se o próprio Conde quem lhe trouxe até aqui? Ele cumpriu a missão, Jane.
— Isto… não está certo…
— Eu vou chamar o médico.
O Rei fez menção de se retirar, porém Jane segurou a sua mão com força.
— Por favor, senhor! Só me escute uma vez na vida… Eu não posso me casar, ele não cumpriu o protocolo… não foi ele quem me tirou de lá!
— Se não foi ele, quem foi Janet?
Jane se calou, vendo seu pai chamá-la pelo nome de sua falecida mãe, tal como fazia sempre quando estava ficando nervoso.
— Olhe, se não estás pronta para se casar podemos adiar o casamento, mas a sua mão já está prometida ao Conde Ralf. Ele quem cumpriu a missão, este é o protocolo. Eu mesmo verifiquei a procedência dele e apesar de não me afeiçoar, ele é um homem de posses, irá contribuir para a reconstrução de Valenworsh.
— Quem me salvou foi Maxine Mayfield! — Jane exclamou em alto tom, sentindo o arrependimento bater logo em seguida.
O homem então, teve suas expressões vazias ao ver a filha proferir aquelas palavras, logo seu semblante enfurecido surgiu em seu rosto.
— Você realmente não aprendeu nada este tempo todo, não é? Deixou estes fantasmas entrarem em sua cabeça de novo!
— O protocolo diz que a mão da dama é de quem a salvar! Que sejas justo então!
— Então prove, onde ela está? Há alguma testemunha deste salvamento? Prove que um fantasma lhe salvou e eu a liberto, enquanto isso, sua mão continua sendo do Conde!
As lágrimas da castanha eram amarguradas, pois seu próprio pai era o primeiro a estar contra ela e a sua única testemunha era William Byers, que agora estava entre os mortos.
— Descanse. — O homem murmurou abrupto. — E prepare-se para descer à cerimônia real amanhã de manhã para celebrar a sua chegada.
O homem saiu batendo a porta e aquelas foram suas últimas palavras. A donzela debulhou-se em lágrimas de maneira tão profunda, que adormeceu sobre seu travesseiro molhado.
…
Naquele mesmo momento, do outro lado do Castelo, Maxine era amparada por Narcisa Symoné.
A ruiva tinha suas pupilas dilatadas e encontrava-se em seu puro estado de pânico pelo que viveu nos últimos minutos.
— Srta. Mayfield olhe para mim!
— Eu… n-ão consigo… — Ela dizia agitada.
— Precisa se acalmar e prepar-se para o que há de vir!
— E-eu não sei se posso… não posso continuar mais… não tenho mais forças pra isso!
— Precisa ter! Escolheu um caminho árduo que exige forças de você, então recomponha-se!
Ao ouvir Narcisa falar tão duramente, Max conteve o choro por um minuto.
Elas estavam em algum tipo de cabana, perto do estábulo do Castelo.
Com um pano limpo e água quente, Symoné a ajudou a limpar os ferimentos e todo o sangue de seu rosto. Maxine então, a olhou com uma indagação.
— Porque estás me ajudando? Deixou bem claro que era contra qualquer posição minha!
— Jane precisa de você.
— E eu a protegeria de tudo… Enfrentei aquela criatura da floresta!
— Você… lutou… com ela?
— Eu a feri… com isto! — Maxine sacou seu punhal ainda ensanguentado da bainha, mostrando-o para Narcisa.
A mulher assustou-se, jogando-se para trás, tendo seu semblante assombrando.
— O-onde conseguiu isto?
— O punhal? — Maxine encarou o artefato em suas mãos. — Eu ganhei de meu pai. Ele me disse que seria útil para algo um dia e estava certo! Foi a única coisa que feriu aquela criatura horrenda que matou Byers!
Max encarava a lâmina com ódio e vingança em seu coração, quando percebeu os olhos assombrados da mulher em sua frente.
— Eu ainda vou me encontrar com ela de novo… e vou matá-la! Agora que sei seu ponto fraco, irei vingar meu escudeiro Will.
— Não, você não pode. — Narcisa murmurou e Max semicerrou os olhos.
— Porque não? Quer proteger uma criatura que tira a vida de inocentes?
A mulher se levantou limpando uma lágrima silenciosa.
— Você já se perguntou, Srta. Mayfield? Porque sempre lhe reprovei? Porque ensino meninas a serem boas damas?
— Porque és uma mulher amarga e submissa ao patriarcado?
— PARA QUE NÃO PASSEM PELO QUE EU PASSEI.
Maxine se calou em estranhamento.
A mulher a olhou por fim, parecia a hora de contar a sua história.
— Quem é você, Narcisa?
— Alguém que fez escolhas erradas e hoje tenta livra-las deste mesmo erro. — Ela dizia em amargura. — Há muito tempo, quando o Rei Hopper nem era nascido…
NARCISA
Madre Pérola nem sempre foi uma escola de etiquetas…
Eu era muito jovem quando me casei com Albert Hopper, o irmão mais velho do pai da Jane. O nosso casamento foi um tratado entre famílias, portanto não nos amávamos.
Albert e eu éramos muito diferentes, ele queria uma esposa elegante e obediente. Eu era o oposto disto naquela época.
Eu não tinha nada de especial, meus olhos eram escuros feito o carvão, minha pele era descuidada e os meus cabelos negros e sem vida.
Como eu não supria suas expectativas, ele me machucava muito… mentalmente e fisicamente.
Eu era só uma garota de 19 anos, apaixonada por aventuras, liberdade e poder, por isto eu lhe reprovava, Srta. Mayfield…
A senhorita me lembrava… o meu antigo eu.
Um dia, o Rei declarou uma nova ordem que proibia nós mulheres de exercermos algumas práticas, entre elas: andar desacompanhadas, praticar ocultismo e éramos proibidas de praticar qualquer arte selvagem com relação a luta. Era uma prática exclusiva aos homens.
Foi então que encontrei o meu propósito.
Encontrar outras mulheres que assim como eu, não nasceram para serem damas, nasceram para a guerra e seríamos a resistência!
Então, fundei uma escola de etiquetas, que era uma fachada, em segredo aprendíamos a lutar com armas e espadas, aprendíamos a e nos defender do mundo.
Mas, ainda precisávamos de um nome. Um nome tão dócil que nenhum homem seria capaz de desconfiar, e então surgiu: Madre Pérola.
Era excepcional, iniciamos com um número pequeno de moças. A maioria eram esposas solitárias, que queriam ser além disso.
Em Madre Pérola éramos livres para sermos quem éramos. Seja religiosa, bruxa ou o que quer que fosse.
Tudo fluía em perfeita harmonia, até que ao findar de uma aula, todas as alunas se recolheram, exceto alguém…
Melina Guinevere, que ficou para me ajudar a recolher nossos artefatos.
— “Guinevere… posso lhe ajudar em alguma coisa?”
— “Não senhora.”
Ouvi ela balbuciar enquanto eu fechava todas as cortinas da sala onde treinávamos.
— “Não me chame de senhora, Guin por favor, me sinto uma anciã! Podes me chamar de Narcisa… só Narcisa”.
Ela sorriu e começamos a limpar tudo.
Melina era a mais dedicada de minhas alunas, era obstinada, inteligente e dona de uma beleza formidável.
Há tempos que eu estava a observando em segredo. Tinha algo nela que eu queria decifrar, pois Guinevere era diferenciada das outras meninas e eu sabia, pois era perfeita em absolutamente tudo.
Sua aparência enfeitiçava, desde seus lábios cor de pêssego, ao seu rosto angelical como porcelana… mas, a verdadeira beleza ela carregava nos cabelos. Os longos cabelos vermelhos…
Logo descobri que sua perfeição vinha de sua linhagem. Os Guinevere eram uma linhagem secreta de bruxas em Valenworsh e isso explicava tudo.
— “O que posso fazer por você?”.
— “Eu só gostaria de elogiar suas aulas, Narcisa. Dizer que és uma excelente professora! E queria lhe mostrar este livro que estou escrevendo…”.
Ela me mostrou um pequeno exemplar de sua autoria.
— “Chama-se ‘A arte da Guerra’. Não é grande coisa, mas… acho que pode ajudar a espalhar nossos aprendizados para outras como nós.”
Folheei o pequeno livro e haviam gravuras e descrições de como executar uma boa luta, como manejar uma espada ou um arco e flecha. Era esplêndido!
Guinevere era sempre excepcional e possuía uma belíssima caligrafia.
— “Está esplêndido, Melina! Meu intuito é espalhar a arte da luta para outras mulheres. Você acaba de se tornar a minha aluna favorita, bom trabalho!”.
Sorri para ela apagando o quadro negro. Não podíamos deixar rastros de nossas aulas, contudo senti que ela tinha algo a mais para falar.
— “Fico feliz em ajudar… eu só tenho mais uma coisa…”.
Parei alguns instantes para olhá-la. Ela parecia nervosa.
— “Ainda não sou boa com as espadas. Gostaria de saber se podes me dar algumas aulas extras?”.
— “Sabe que nossos horários são apertados, Guin. Além disso, acho que não seria justo com as outras meninas…”.
Eu vi o semblante dela cair.
Eu não era de fazer excessões, mas por deus! Aqueles olhos azuis quase brancos amoleceram-me. Eu não poderia dizer não.
— “Certo, podemos fazer uma exceção em segredo…”
Ela sorriu e começamos a treinar dia sim, dia não. E de fato, ela parecia não ter muito controle das espadas, mas um dia tomei a liberdade de lhe perguntar.
— “Guinevere, és uma bruxa… Sei que poderias aprender o que quisesse em um piscar de olhos, porque precisas de mim?”.
— “Não gostas de me ensinar?”. — Ela perguntou timidamente enquanto lutávamos.
— “De forma alguma quero que penses assim. Eu só quero entender porque estamos aqui se não precisas de minha ajuda.”
— “Gosto de ficar com você.”
— “Não pode ser só isso.”
— “Meu marido Arthur está sempre trabalhando e estou sempre sozinha, o único lugar em que encontro alento é quando estou aqui… com você.”
Eu não me zanguei, de certa forma meu único alento também era quando estávamos naquele salão. Especialmente quando estávamos só nós duas. Isso era um problema.
— “Acho que não posso mais lhe dar aulas, por favor, vá embora”.
— “Não me entenda mal, Narcisa… eu s…”
— “Eu disse para sair.”
Ela tristemente pegou suas coisas e foi embora, depois disso nunca mais a vi em nossas reuniões.
Sei que fui rude, mas me senti confusa com aquele sentimento.
Eu nunca soube o que era me sentir atraída por alguém antes e de repente eu estava rendida por uma aluna. Isso parecia inadmissível para nós, duas mulheres casadas.
Após um mês de seu sumiço, tomei coragem de lhe escrever um pedido de desculpas.
“Querida, Guin
Perdoe minha insensibilidade para com seus sentimentos, sinto-me pronta para me abrir sobre os meus.
Se ainda quiseres, encontre-me esta noite na Torre da floresta. Vá sozinha.
Com amor, Narcisa.”
Sai de minha cama naquela noite sem que Albert acordasse e fui para a floresta, que ainda era só uma floresta comum.
Fiquei esperando por ela, e quando já estava desistindo… Vi uma luz clarear entre as árvores.
Meu coração palpitava em apavoro, quando vi seus lindos cabelos avermelhados na escuridão.
— “Porque eu, Guin? Eu não tenho nada de impressionante.”
— “Você me impressionou desde o segundo que pôs os olhos em mim.”
Ela foi a única que viu algo belo em mim, não importava se o mundo não via, Melina Guinevere me achava… impressionante.
Naquela noite declaramos nossos sentimentos incompreendidos.
— “Acho que há só uma forma de compreender.”
Tivemos então nossa primeira noite juntas, pudemos expressar o que sentíamos por dentro e mesmo que prometêssemos não deixar acontecer de novo, sempre acontecia… não uma, mas muitas vezes naquela Torre.
— “Como sabes que eu não a enfeiticei para se encantar por mim… Nem todo mundo confia em bruxas…”.
— “Sei que és diferente… e o que sinto por você não é encanto, é um amor de verdade.”
Nossa história errada aconteceu por meses, até o fim do verão… em que ela me contou que não poderíamos mais nos ver…
…porque estava esperando um filho.
Arthur, seu marido havia a obrigado a engravidar, pois seu sonho era ter um filho.
Nós então paramos de nos ver definitivamente, até que eu soube que seu bebê havia nascido. Era um menino.
Eu deveria ficar feliz? Deveria…
Mas, eu a queria de volta, mesmo sabendo que Melina nunca seria minha de verdade. Ela tinha uma família agora.
Nós nos vimos de novo… uma última vez. Na festa da colheita daquele ano, nós trocamos olhares curtos e a vi deixar seu bebê com a Ama.
Guin apontou para a floresta e sem que fôssemos vistas, nos encontramos uma última vez em nossa Torre.
Ela me contou que estava feliz por seu bebê Samuel e triste por nós. Mas, que gostaria de me dar uma coisa.
Guin me pediu para estender a mão e ela depositou seu livro “Artes da Guerra” para mim, com suas inicias “M.G”.
E dentro dele havia um punhal de prata com uma pedra escarlate no pomo.
— “É a maior relíquia dos Guinevere… quero que fique com ele.”
— “Irei guardar como minha própria vida.”
— “Narcisa… será que posso lhe dar uma última coisa?”
Meu peito já se desmanchava por saber que aquele ali seria o nosso último beijo, mas compreendia que era preciso. Era um adeus.
Naquele instante, Albert notou minha falta e foi me procurar. Só ouvimos quando a Torre foi invadida por ele nos pegando em flagrante.
— “ESCÓRIA!”.
Lembro-me dos gritos e alardes por todo o reino. Todos na colheita nos olhavam perplexos por nós, duas damas, sermos pegas em adultério e atos considerados profanos.
Guin foi jogada nas masmorras do Castelo e eu fui trancafiada na torre até ser interrogada.
— “Vocês cometeram atos criminosos, Srta. Symoné! Uma injúria deste porte é considerado bruxaria! Serás julgada e se perder… já conheces o fim de uma bruxa.” — Ouvi o padre me dizer enquanto meus pés e mãos estavam acorrentados, como seu eu fosse um animal. Mas, isso não importava, só queria saber onde Guin estava, se haviam machucado ela. Até que uma hora depois, vieram me soltar.
— “Pode sair, Srta. Symoné estás livre…”.
— “O quê? Porque?!”
— “Guinevere assumiu ter cometido bruxaria para com a senhorita e tê-la enfeitiçado para cometer abominações com ela. Ela esta presa e receberá o castigo na floresta.”
Eu sai em disparada para as masmorras.
Meu coração sangrou assim que a vi, eu a encontrei ferida e quase desfalecida no chão.
— “Guin! Guin! Acorde! Quem fez isso com você??”
— “A-albert Hopper…”— Sua voz soava fraca e sem vida. — “S-s… m-marido…”.
— “Porque confessastes a culpa? Não mereces isto!”.
— “Narcisa, escute… precisa me escutar, eu não vou sobreviver a isto…”.
— “Você vai… iremos sair disso juntas!”.
— “Não vamos conseguir… eles vão me matar, vão matar toda a linhagem dos Guinevere, então por favor salve o meu bebê… prometa que ficará bem!”.
— “Não diga isso, Guin!”.
Ela deu um último sorriso fraco.
— “A próxima mulher Guinevere o fará pagar… nós nunca morremos!”.
Naquela noite, na floresta do Castelo, Guin foi queimada viva. E de certa forma eu também morri com ela, como se as chamas também queimassem em mim.
— “Está sentindo este cheiro?” — Albert murmurou para mim em zombaria. — “É a sua namoradinha queimando!”.
Em toda a minha vida eu nunca senti tanto ódio de mim mesma por não tê-lo matado ali. Mas, antes de morrer, Melina amaldiçoou a floresta e também a Albert.
Ele não sabia ainda, mas na próxima lua cheia, ele se tornaria uma fera horrenda e passaria a se esconder pelas sombras da floresta amaldiçoada. Albert estaria condenado a viver no corpo de uma besta para sempre.
— “Se dependesse de mim, você estaria queimando junto com ela agora!”. — Ele murmurou, pegando seu cavalo e indo embora.
Naquela madrugada eu capturei o bebê Samuel e o levei para um vilarejo distante chamado Hawkins.
Tive que deixa-lo na porta de uma cabana humilde, onde uma família cuidaria bem dele. A família Mayfield.
Junto ao bebê eu deixei o Punhal de Guinevere. Era uma herança que pertencia a ele.
Albert foi dado como morto quando se transformou na fera, a família real sabia da maldição e juraram sigilo sobre o assunto. E eu me tornei viúva.
Com o tempo, reabri Madre Pérola, mas agora ela seria só uma escola de etiquetas… Para que moças se tornassem damas.
A rebeldia só me trouxe perdas, então eu quis evitar a todo custo que minha história se repetisse com um outro alguém.
…
MAXINE
Eu estava sentada sobre o feno, de frente pra ela, enquanto me contava tudo aquilo. Eu não conseguia processar tudo que escutei de Narcisa.
Ela sempre foi um monstro para mim, e agora… nada mais fazia sentido.
— A Guin foi um amor impossível, Srta. Mayfield… se tivéssemos nos contido, ela ainda estaria viva.
— O bebê Samuel… — Encarei Narcisa duramente. — Ele passou a se chamar Samuel Mayfield…
Eu não podia acreditar.
— Ele era o meu pai?
Narcisa nada disse e eu comecei a juntar tudo.
— O punhal que ele me deu… era de Melina Guinevere. — Exclamei estática.
— Sei que são muitas coisas para processar, Srta. Mayfield… no começo eu duvidei… mas ela disse antes de morrer, que um dia uma mulher Guinevere a vingaria, mas ela deu à luz a um menino. E pelo que sei, seu pai teve seis filhos homens… você é a única… depois de tanto tempo.
— Não! Isso não…
— Quantas vezes você escapou da morte, criança? Esta cicatriz em seu olho…
Comecei a sentir algo se remexer dentro de mim.
— Era para te deixar cega, no mínimo! E não aconteceu nada.
— PARA!
— Porque é você!
— NÃO! EU NÃO SOU NADA!
Uma lágrima teimosa escorreu de meus olhos, ardendo como fogo.
— Eu… sou… MAXINE MAYFIELD! Sou uma Mayfield! Não tenho nada a ver com sua história!
— Pode ter Mayfield no nome, mas sempre terás o sangue de uma Guinevere correndo nas veias.
— Eu não posso mais ouvir isso.
Me levantei de pressa para sair dali.
— Eu não sou uma “Guinevere”, aquela fera não é Albert Hopper e você muito menos amou outra mulher! Você é oca, Narcisa! Você não ama ninguém além de si mesma!
— Não poderá negar a verdade para sempre, criança…
— Se Melina Guinevere é minha antepassada… eu quero que ela me prove! Ela não é uma bruxa? E bruxas não morrem?
Sai batendo a porta com força, eu tinha que reencontrar minha família, tinha que ter certeza de que nada daquilo era real.
Caminhei pesado até a guerrilha do Conde.
— Quero a minha recompensa.
— Ora, ora se não é o…
— EU QUERO A PORRA DA MINHA RECOMPENSA! AGORA!
Os guerreiros se entreolharam, por fim pegando um saco de moedas de ouro jogando para mim. Conferi tudo, mas antes de sair dali, me lembrei de que faria um longo percurso, então não custava nada aproveitar.
— E quero um cavalo também.
Abruptos eles me deram, então parti para Hawkins, encarando o castelo por trás dos ombros.
— Eu volto pra te buscar, Jane… você não é o meu amor impossível. Eu não vou deixar ser.
Cavalguei como se minha vida dependesse disso. Eu precisava saber quem eu era de verdade.
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