Cansado, sujo de sangue e cheio de ferimentos, aquele era o estado que Haruchiyo Sanzu, ou melhor, Haruchiyo Akashi se encontrava.
O rosado se arrastava pelas ruas pensando em quais desculpas daria para aqueles machucados quando sua amada Cupcake o questionasse. O vislumbre da garota irritada diante de si, possivelmente o xingando e chamando de irresponsável passou por sua cabeça e ele riu, deu uma alta risada negando tal imagem.
Parado diante da própria porta, Haruchiyo entrou em casa e foi se desfazendo das roupas, no confronto, as coisas saíram do controle, mortes aconteceram e restava a ele terminar de limpar os traidores restantes.
Sanzu caminhou até o banheiro, agora totalmente despido e começou a tomar banho. A dor de seus ferimentos aumentavam a cada vez que a água gélida tocava seu corpo e deslizava por ele, mas a cada vez que lembrava-se dela, um sorriso invadia seu rosto e alongava suas cicatrizes.
— Que droga cupcake. -resmungou ao lembrar que havia perdido o celular em um confronto- Preciso de você, mas eu tô tão cansado!
O de olhos azuis deitou-se por alguns minutos, ao sentir que seu corpo estava entrando em relaxamento, decidiu vestir-se e invadir a casa da mais nova, o rapaz já havia pensado na maneira de fazer aquilo quando os pais dela estivessem em casa, na verdade, em seu tempo livre Sanzu ocupava a mente pensando em maneiras de entrar e sair daquela casa sem ser visto.
O garoto caminhou sorrateiro para o lado de fora da casa, e estranhou o fato de ter um caminhão de uma equipe de mudanças parado na frente da casa, o rosado então decidiu que passaria próximo para ver do que se tratava.
— Essa é a última. -disse um homem entregando uma caixa para o parceiro- Vamos logo embora!
— Vou só fechar isso. -Respondeu o outro jogando a caixa para dentro do grande baú.
Os pés e as mãos de Sanzu ficaram frios, não queria acreditar naquilo que acabara de ouvir, o rapaz então correu de volta para a lateral da casa e subiu no teto como sempre fazia.
— Cupcake?! -chamou afoito- Que merda é essa aqui?
O cômodo estava vazio, os olhos de Sanzu percorreram o cômodo e lembrando das coisas que haviam feito juntos, brincado, discutido, amado e até mesmo servido de cobaia para tutoriais de maquiagem que a mais nova assistia.
O garoto saiu chamando afoito pela casa, mas em todos os cômodos era o mesmo resultado, a casa estava completamente vazia. O coração do rosado parecia que iria quebrar, errando o compasso dentro do próprio peito e se perguntando, por que ela foi embora sem ao menos avisar?
Sanzu fez o caminho de volta e parou novamente na frente da casa de sua amada Cupcake, tentando entender o que estava acontecendo, isso até que sua atenção foi voltada para outra coisa.
— Você chegou tarde garoto. -a voz esganiçada da velha mulher soou- Ela foi embora e abandonou você. Ela te descartou com o lixo que você é!
— Cala a merda da boca sua velha desgraçada. -o rosado caminhou em passos largos em direção a mulher- O que você fez?
— Me vinguei pela surra que deu no meu filho. -respondeu a mulher com um sorriso cínico no rosto- Inventei várias coisas e os idiotas dos pais dela caíram direitinho.
— Eu devia matar você!
— Estão vendo? -a mulher gritou para as pessoas que passavam na rua- Esse doente quer me matar! Matar uma pobre senhora!
— Eu vou me vingar de você e da sua família. -Sanzu disse entre os dentes irritado e sentindo as veias da testa saltarem de estresse.
Caminhou para casa em passos pesados, sentindo novamente a dor do abandono. Primeiro a sua família, lhe virando as costas como se ele não fosse nada, agora, a garota que amou o descartando como um qualquer.
— Ela poderia pelo menos ter deixado a porra de um bilhete! -Berrou batendo a porta com força.
Entre lágrimas de confusão e ódio, o rosado começou a descontar o estresse no que estava em sua frente.
A cristaleira da casa foi jogada ao chão, espalhando vidro por todo lado. Livros da estante sendo postos abaixo, almofadas do sofá voado assim como jogou para longe a mesa de centro.
Sanzu já havia destruído boa parte das coisas, mas o corpo gritava de exaustão. O rosado então encostou-se na parede fria do balcão e passou a chorar, chorou até que ficasse cansado o suficiente.
Sua mente estava vazia, apenas martelando os momentos com sua amada e a dor de seu abandono, seu estômago revirando em ânsias e os olhos cansados de chorar. Apertando fortemente as mãos contra a pele alva e deixando marcas arroxeadas.
— Por que você não me falou nada cupcake? -o rosado fungava passando as mãos no rosto- Será que eu não te amei o suficiente e você decidiu que iria me abandonar?
O barulho da tão conhecida CB250T foi ouvida pela rua, mas Sanzu não tinha cabeça para ouvir ou falar com ninguém, ele só queria de volta aquilo que era seu. Ergueu os olhos de relance para a porta no momento certo em que ela foi aberta para que visse o garoto loiro e baixinho parado o encarando.
— O que houve, Sanzu? -Perguntou o loiro se aproximando calmamente do outro.
— Eu não quero falar sobre isso. -A voz embargada recitou a resposta.
— Fale comigo Haruchiyo. -insistiu o loiro- Sabe que pode contar comigo.
— Ela se foi Mikey. -respondeu deixando que novas lágrimas rolassem pelo rosto- Ela disse que me amava e me abandonou, assim como os outros também fizeram!
— Eu continuo aqui. -Disse calmamente.
— Mas eu queria ela! -o rosado disse aos prantos- Eu preciso dela.
— Ora Sanzu. -o loiro posicionou as mãos na lateral do rosto do rosado e levantou a cabeça dele- Ela era tão importante assim?
— Era. -Respondeu olhando nos olhos do capitão.
— Era mais importante que eu, Sanzu? -Mikey questionou o rosado à sua frente.
— Ela era tão importante quanto você Mikey. -respondeu com a íris azulada intensa- Ela era a minha Rainha!
— Mas a sua rainha te abandonou. -disse simplista- O que vai fazer? Ficar chorando pelos cantos ou juntar-se a mim novamente?
O silêncio reinou no ambiente, a atmosfera pesada se fez presente, ambos os olhos brilhando em uma intensidade estranha e selvagem.
— Se precisar de mim. -o loiro disse levantando-se- Sabe onde vai me achar.
Os passos do mais baixo ecoaram pelo ambiente, Sanzu mais uma vez estava com os pensamentos confusos e tortuosos, o quão injusto foi aquilo que lhe aconteceu?
— Eu estava disposto a mudar por você cupcake. -suspirou olhando pro teto- Eu iria fazer o que você me pedisse, mas não, você me abandonou como um trapo qualquer!
O rosado levantou e saiu em busca de uma pessoa que provavelmente resolveria o seu problema atual. Embora se sentisse enojado por pedir isso para aquele que tinha em mente.
Chegando na entrada do apartamento, Sanzu esmurrou a porta algumas vezes e aguardou para que fosse aberta.
— Irmão! -o de cabelos pretos com uma mecha loira gritou abrindo os braços- O que faz aqui? Que bom te ver!
— Guarde essas ladainhas pra você, Takeomi! -rebateu arrogante- E eu não sou seu irmão!
— Não diga isso, Sanzu. -respondeu chateado- Sabe que sempre gostei de você.
— Um caralho, vê isso? -o loiro perguntou indignado apontando para as cicatrizes- Culpa sua! Eu era uma criança Takeomi! E você foi mais um irresponsável de merda, tão imbecil quanto aqueles dois idiotas que morreram na porra daquele acidente.
— Não fale dos nossos pais Haruchiyo! -Gritou em plenos pulmões.
— Não me chame de Haruchiyo! -Respondeu no mesmo tom.
A atmosfera de briga novamente se instalou, ambos irritados com memórias do passado aflorando dentro de seus interiores. Sanzu guardava mágoas da família, dores essas que lhe causaram cicatrizes, internas e externas.
— O que veio fazer aqui? -perguntou o mais velho- Se veio manchar o nome de nossos pais, pode ir embora!
— Quero que venda a casa onde estou morando. -respondeu sério- E eu quero que tanto nossos pais, quanto você e aquela irritante de merda se fodam.
— Onde você vai morar? -perguntou preocupado- O que deu pra você querer vender a casa tão de repente?
— Nenhuma das respostas te diz respeito. -rebateu desconfiado- Faça o que estou pedindo e não me procure mais.
— Vou fazer. -Disse calmamente.
— Ótimo. -respondeu seco- Eu entro em contato com você depois.
Sem dar a chance do mais velho se despedir, Sanzu sumiu em meio às pessoas que estavam na rua amontoadas. E mais uma vez, ao relembrar de tudo novamente, Haruchiyo desabou em lágrimas e choro, seu peito doía de uma maneira que nem ao menos sabia explicar.
— Por que você me abandonou Cupcake?
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