Rindou Haitani
Depois do gesto estúpido daquele policialzinho de merda, recebemos a ordem direta de ir atrás dele, ou melhor, da garota dele. Tudo o que a Bonten precisava era de algo que pudesse o atingir e naquele momento ele nos deu a isca perfeita.
Naoto Tachibana estava na cola da organização a um bom tempo, e mesmo com as constantes ameaças ele não parava, parecia até que estava gostando daquela maldita brincadeira de gato e rato.
— Cara… -Ran murmurou no banco do passageiro- O rosto dela é familiar…
Ran estava concentrado oscilando o olhar entre a foto da moça que tinha em mãos e o GPS com as coordenadas do coquetel privado da polícia.
— Deve ser alguma das putas que você pegou por aí… -respondi guiando o carro em direção ao local- A porra desse endereço tá certo?
— Já te falei que tá. -respondeu irritado- Tá, a gente vai pegar ela e aí? Torturar? Matar? Fazer ela falar tudo o que sabe?
— E se ela não souber de nada? -Questionei o encarando brevemente.
— E se ela souber? -Ran sugeriu.
Nos entreolhamos por alguns segundos tentando chegar a um acordo, era muito difícil que alguém como ela não soubesse o que acontecia ao seu redor, mas Naoto era calculista, ele podia simplesmente levar uma vida de fingimentos ao lado da namorada que acabou de se tornar noiva.
— Que se foda. -murmurei- A gente só vai pegar ela e levar pras docas, o resto o drogado de merda do Sanzu dá conta.
— Por falar nele… -Ran ficou pensativo- Onde aquele axolote se enfiou?
— Sabe que no tempo livre ele fica em busca de uma namoradinha do passado dele. -debochei dando risada- Tanta puta por aí e ele atrás de uma do passado.
— Tem razão. -Ran deu risada se endireitando no banco.
— E quando ele não consegue achar ela, primeiro ele surta e quebra o celular. -respondi dando os ombros- Depois ele enche a cara de droga e fica chorando pelos cantos.
— As vezes eu sinto pena dele. -o outro disse pensativo- Imagina amar alguém ao ponto de colocar a pessoa acima de tudo e de todos, e por tanto tempo…
— Talvez seja só coisa da cabeça dele. -respondi simplista- Ele disse que se ela não tiver um bom argumento ele planta uma bala na cabeça dela…
— Ele é louco. -Ran deu risada- Na verdade, ele piorou depois que levou um pé na bunda daquela garota, dizem que ele até sumiu com a pobre velha que morava na rua dele.
— Tem razão…
Em meio a conversas e planejamento para a execução do plano, nós chegamos ao prédio. A segurança na frente do local era inegável e só nos restava entrar pelos fundos.
Depois de estacionar o carro em um beco próximo, Ran e eu fomos em direção ao local combinado. Já era um certo horário da noite, nem muito cedo e nem muito tarde, e sem muito esforço conseguimos entrar.
O local estava cheio de pessoas e membros da mídia local, assim como os poderosos que mandam em partes da cidade, uma pena que a maioria tivesse o rabo preso com a Bonten.
Era incrível como até mesmo certos polícias que vazam informações faziam a velha pose de "cidadão de bem" e pagava de "defensor dos direitos". Quando na verdade passavam parte de seus turnos em bordéis e casas noturnas.
Começamos a procurar pela garota em questão pelos arredores da festa, eram os locais mais calmos e talvez fosse maia fácil. E quando não obtivemos sucesso, meu irmão deu uma boa ideia.
— Vamos mais pro meio. -Ran sussurrou- Não tem nenhum sinal dela por aqui.
— Vamos.
Depois de dar algumas voltas pelo grande local, Ran conseguiu avistar o alvo e um sorriso perverso se fez presente no rosto dele. Eu me perguntava qual o feitiche de Ran em sequestrar pessoas.
A ideia era levar ela o quanto antes e de preferência sem causar confusão, afinal, estávamos bem no meio do território inimigo e não queríamos um conflito tão direto assim com a polícia.
— Vamos estourar essas luzes. -murmurei para o mais velho- As luzes de emergência são fracas, mal dá pra ver quem está ao seu lado, esse vai ser o momento certo de pegar ela.
— Entendi. -O outro assentiu.
Ran e eu nos separamos, um para cada lado do salão e sem perder a garota de vista. Arrumei o silenciador no cano da pistola e com um simples sinal, Ran e eu começamos a estourar as luzes, mas meu irmão era um exibido e acabou derrubando os lustres do local.
O caos estava instalado e no meio dele, estávamos nós em busca da mulher, Ran a reconheceu próximo a saída, assustada e apavorada como se estivesse em busca de alguém.
— Me dá seu paletó. -ele pediu- Dentro do carro a gente arruma ela.
— Tirei rapidamente a peça que me foi pedida e recebi o pedaço de pano que me foi jogado.
Várias mulheres escandalosas faziam alvoroço no local, causando ainda mais confusão e abrindo a brecha perfeita para um sequestro de sucesso.
Ran foi para próximo dela e eu a contornei lentamente e sem que ela ao menos percebesse, já que estava distraída em seu celular, provavelmente trocando mensagens de texto com o seu policialzinho de estimação.
Me aproximei lentamente e a agarrei, em seguida empurrei o tecido contra seu rosto, apesar de se debater e tentar se soltar, ela não teve forças o suficiente para se soltar.
— Ela desmaiou. -Falei a jogando em cima do meu próprio ombro.
— Deixa eu cobrir ela. -Ran disse jogando o paletó por cima da garota.
Tão rápido quanto entramos, conseguimos sair em meio a multidão assustada. Carregamos a mulher até o carro, onde Ran arrumou o banco traseiro e eu a coloquei lá com cuidado.
— Amarra os pulsos e os tornozelos dela. -falei encarando meu irmão- Não esquece de colocar uma mordaça nela e o saco na cabeça.
— Deixa comigo maninho. -ele riu orgulhoso- Agora faça sua parte e nos leve para as docas.
Após contornar o carro, entrei no banco do motorista e dei partida no carro, pelas ruas em alta velocidade eu notava pelo retrovisor que Ran estava a amarrando assim como mandei.
— Cara, olhando ela assim que pertinho. -ele disse tocando brevemente o rosto da mulher- Eu tenho a séria impressão que eu conheço ela, de algum lugar.
— Eu também tive essa impressão. -respondi pensativo- Mas ignora essa merda, a gente não é pago pra ter impressões.
— Já ligou pro Takeomi? -perguntou preocupado- Ele precisa saber que a gente fez o que ele mandou.
— Vou ligar.
Peguei o celular e disquei rapidamente o número do homem, e após algumas chamadas finalmente ele atendeu.
— Alô?!
— É o Rindou. -falei rapidamente- Estamos levando a garota que você pediu para as docas.
— Ótimo. -respondeu- Sanzu não tá em si nesse momento, assim que uma parte dos efeitos sair dele vou mandá-lo até lá.
— Ok.
Desligando o telefone, saímos ainda mais rápido pelas ruas da cidade em direção a um dos cativeiros preferidos de Sanzu, nas docas, e eu tinha uma certa pena do que aquele sádico psicopata poderia fazer com essa pobre moça.
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