Memórias as vezes são as piores torturas dos seres humanos, pois elas sussurram uma verdade jamais ditas
- Não ouse sumir da minha vida de novo. – Jane disse firme, ainda chorando enquanto me abraçava.
A despedida era sem dúvida a pior hora do dia. Os meninos já haviam ido. Harry foi o primeiro a ir embora. Provavelmente tentando evitar mais problemas do que já havia causado. As malas já estavam em ambos os carros. Jane não conseguia esconder a ansiedade de em algumas horas estar desfrutando sua lua de mel com Josh na Ilha de Creta. Zayn por outro lado me aguardava do lado de fora do carro.
- Fui eu quem me mudei para a França, não é? – disse enquanto lágrimas cobriam os meus olhos.
Jane abriu um sorriso, talvez surpresa pelo fato de eu estar mais esperta. Deveria estar pensando em como Zayn estava me fazendo bem, me ensinando a abrir mais os olhos para os outros, encarando o mundo real.
- Tudo bem, vai logo antes que eu segure você aqui. – Jane me pediu sorrindo enquanto eu me colocava ao lado de Zayn.
- Obrigado por tudo. – foi a vez dele falar. – A estadia, os momentos incríveis que passamos aqui. – ele me encarou fingindo um sorriso. – Desculpe se causamos algum transtorno...
- Vocês? – Jane sorriu. – Imagina, são sempre bem vindos, e obrigada mais uma vez pelo presente. Tenho certeza que eu e Josh vamos aproveita-lo bem. – ela agradeceu estendendo-o a mão.
- Foi um prazer. – deu seu melhor sorriso cumprimentando-a.
Abriu a porta para que eu entrasse no carro e fez o mesmo em seguida.
Olhei para trás no mesmo instante em que o motorista deu a partida. Ver Jane acenando pra mim nunca foi tão doloroso. Senti as lágrimas novamente, talvez seriam realmente por estar dando adeus para Jane... Mas havia um motivo mais oculto. As lágrimas rolavam pelo simples fato de a partir daquele momento o inferno continuar, bem de onde parou.
O jato nos esperava no mesmo aeroporto no qual viemos. Zayn não me olhou um momento sequer. Seu semblante frio, como sempre. Não era algo a me surpreender, afinal já estava acostumada a receber esse tipo de tratamento por estarmos longe dos olhares alheios.
Passavam-se das seis quando desembarcamos em Londres, a cidade estava acesa e os turistas espalhados por toda parte aproveitando a maravilhosa cidade da Rainha. O pôr do sol estava surpreendente, uma das poucas vezes em que o sol aparecia e se punha com tanto glamour. Cochilei por alguns instantes em favor do cansaço, mas acordei no momento em que o carro parou. Abri os olhos imaginando estar em casa, porém me enganei ao observar ao meu redor uma praça movimentada. Conhecia o lugar, estávamos perto de Cambridge.
- Já volto. -Zayn murmurou antes de sair do carro sem nenhuma explicação. – Não saia do carro. – ordenou
Fiquei encarando as pessoas do lado de fora indo e vindo, sentindo falta daquilo, a França era incrível, mas estar em Cambridge com Nara e Peter também era algo tão incrível que eu conseguia até sorrir mesmo com Zayn em minha vida.
- Alexandra? – reconheci sua voz tão familiar. Ele me observou pela janela do carro abrindo um imenso sorriso.
- Peter? - sorri ao vê-lo. Não esperava tal coincidência.
- Quanto tempo não vejo você... Como foi o casamento? – ele perguntou enquanto eu saía de dentro do carro para sauda-lo.
- Foi perfeito. – abri mais um sorriso com algumas lembranças passeando em minha mente. – Mas só fez a saudade apertar mais. – assumi.
- Bem, estou feliz que esteja de volta, o café não é o mesmo sem você me acompanhando. – ele abriu um sorriso sem graça ao coçar a nuca.
Ele era incrível, isso era uma verdade, um cavalheiro, bonito e realmente se importava comigo. Era exatamente isso o que eu estava precisando. Peter era detetive e poderia me livrar das mãos de Zayn se eu fosse cautelosa o suficiente para conseguir a ajuda dele. Poderíamos ser felizes juntos... Sorri com este pensamento.
- Estou falando sério. – ele voltou a sorrir sem graça.
- Não é disso que estou rindo. – falei abrindo um sorriso também. – Estou rindo porque também senti sua falta no café da manhã.
- Ora, isso é um bom sinal. – ele deu de ombros. – Espero que possamos comer algo juntos logo, sabe, que não seja um café...
- Está me convidando para um encontro?
- De jeito nenhum. – ele negou com a cabeça e ambos rimos.
- Podemos pensar nisso. – disse a ele mesmo sabendo que não seria possível, não enquanto Zayn respirasse livremente por Londres.
- É incrível ter você de volta! – ele assumiu, senti minhas bochechas queimarem. – Realmente está linda!
- Obrigada. – disse em concordância, tentando não corar a cada vez que ele abria a boca.
- Sério Lexy... Esse seu vestido e esse seu sorriso... – ele foi se aproximando.
- Peter... – pigarreei tentando entender o que de fato estava acontecendo.
- Eu realmente acho muito bonito em você, já disse que gosto de vermelho? – ele continuou se aproximando prestes a me tocar.
Dei dois passos para trás até encostar no carro, olhei para dentro do mesmo torcendo para que o motorista estivesse ali para me ajudar, mas por ironia do destino, não estava. O local já estava praticamente vazio, a essa altura a maioria das pessoas estariam se deliciando com o reflexo do sol se indo pelo Tâmisa a fora.
- Peter... – empurrei seu peito na tentativa inútil de afasta-lo.
- É só um beijo Alexa. – ele murmurou.
O que havia dado nele afinal? Era um homem incrível e em pouco tempo se transformou em um monstro...
A adrenalina corria por minhas veias, meu cérebro parecia não funcionar tão bem procurando uma solução, quando pensei em fugir seus braços já me envolviam e contra minha vontade selou nossos lábios. Empurrei seu corpo com toda minha força, conseguindo me desviar dele.
- SAI DE PERTO DE MIM! – gritei desesperada chamando a atenção das poucas pessoas que estavam ao redor.
- Tá maluca? – Peter sussurrou olhando ao redor. Viu o olhar das pessoas curiosas o acompanhando, era verdade que ele soava ameaçador, mas eu convivia com a ameaça em pessoas todos os dias. – Eu vou...
- Algum problema? – a voz mansa de Zayn tomou o ambiente e pela primeira vez na vida fiquei feliz por isso.
- Quem é você? – Peter desviou o olhar de mim, recaindo o mesmo sobre Zayn, olhando-o com desdém.
- Por agora sou o cara educado que está pedindo que se afaste da Alexa. – sua voz era tranquila, porém ameaçadora.
- E se eu recusar?
- Aí eu terei de ser o cara que te afasta da Alexa. – senti um calafrio percorrer meu corpo ao ouvir tais palavras. Ele abriu um sorriso como se explicasse uma simples equação.
- Quem você acha que é? – Peter abriu um sorriso debochado, não se movendo do lugar.
- Aquele que vai te ensinar a não tocar no que me pertence. – Zayn murmurou indo na direção dele.
Estendeu o punho para soca-lo, porém Peter segurou sua mão. Bem do jeito que ele previu. Zayn lançou sua outra mão sobre a nuca de Peter segurando a mesma com força, fazendo-o encarar o chão contra sua vontade.
- Peter, não é? – ele disse sorrindo caminhando para a praça chamando a atenção de todos ali. – Preste bastante atenção, porque não vou repetir. – ele disse levantando o homem novamente que o encarou com os olhos cheios de ódio, mas consciente o bastante para não afronta-lo. – Nunca mais ouse tocar no que é meu. – ordenou com um tom ameaçador. – Estamos entendidos? – ele disse por fim, mas antes de o soltar dobrou a força em sua mão fazendo com que o rosto de Peter se chocasse contra o seu joelho.
Peter foi lançado sobre terra sem dizer nada, mas seu olhar entregava sua rendição. Havia algo de sombrio em Zayn, algo que Peter por amor a sua vida não se atreveria a conhecer.
- Já estou de saída. – ele cuspiu as palavras olhando para Lexy enquanto limpava o sangue em sua boca. – Nos vemos por aí garota. – murmurou em fúria antes de sair.
Zayn olhou ao redor, vendo as pessoas que antes nos encaravam desviando os olhares rapidamente, assim ele veio em minha direção. Abri a boca para agradecê-lo, mas antes que o fizesse ele me cortou.
- Pra dentro. – ele disse em tom firme.
Assim fiz sem dizer uma palavra. Zayn entrou no carro, apertei as mãos até vê-las pálidas, esperando o pior dele, mas o pior não veio. Fui a primeira a descer do carro quando chegamos em casa, entrei e me sentei na sala tentando entender o que acontecera minutos atrás. A cena se repetia em minha cabeça até que Zayn entrou, me tirando de meus devaneios.
- Obrigada. – sussurrei sincera.
Ele parou de andar e me olhou nos olhos.
- Não abuse da minha paciência Alexa. – ele disse baixinho, senti meu corpo se arrepiar. – Você deveria estar feliz de eu não querer te castigar por beijar aquele cretino.
- Eu não queria... – tentei me defender, mas ele me cortou se aproximando de mim.
- Shhhh. – ele disse colocando o indicador nos meus lábios. – Eu disse para não abusar da minha paciência Alexandra. – me olhou nos olhos. – Não estamos mais em Paris. E debaixo do meu teto, eu faço o que eu quiser, quando quiser e com quem eu quiser. – Zayn abriu um sorriso macabro, senti o medo bater como um raio em meu corpo, sabia que aquelas palavras definiriam os meus dias dali pra frente.
...
Coloquei cada roupa dobrada em seu devido lugar. Fechei as gavetas da cômoda e caminhei até o banheiro, meu reflexo sobre o espelho denunciava profunda exaustão. Sentia minhas pálpebras pesarem a cada momento que deixava o presente. Minha mente estava turbada demais para que eu pudesse sequer pregar os olhos.
Estava tudo tão confuso pra mim. Porque o Peter teve de ser tão babaca, ele era minha única esperança, minha salvação. Mas aí... Como sempre, tudo da errado.
Uma lágrima rolou em meu rosto até se encontrar com a textura rígida do chão. Até quando eu teria de aguentar tanto sofrimento... Castigos e mais castigos... Agora uma maldita marca, a maldita letra Z frisada em meu pulso. Até quando...? O receio me mata, qualquer deslize pode desencadear uma consequência muito severa. O que será da próxima vez? Se é que vou estar viva até lá... Não posso confiar em ninguém. Harry se mostrou um covarde, Peter um babaca. Jane aproveitando a lua de mel sem imaginar o que realmente se passa por trás das atuações de Zayn...
Joguei uma água no rosto para espantar os devaneios. Quando voltei ao quarto me deparei com uma cena fofa. Zeus rolava de um lado a outro por cima da minha cama, seus olhinhos cintilavam uma vontade imensa de receber carinho. Não consegui resistir àquela bolinha de pelos. Deitei na cama e coloquei Zeus a me encarar. Dentre tantos latidos ele aproveitou um momento de distração para lamber o meu rosto. Afastei o meu pequeno mascote acariciando seu pelo.
– Você me traz alegria – pensei alto. - Em meio a toda essa vida de dor... – seus latidos se intensificaram de uma maneira fofa.
- Não diria isso se soubesse realmente o que é a dor. – Zayn estava encostado no batente da porta.
Como ele abriu sem que eu percebesse? Pensei. O sorriso se desfez em meus lábios, suas palavras mais frias que a própria neve. Me ergui da cama observando Zeus correr na direção de Zayn.
- Ei, garoto. – ele pegou o cachorrinho no colo. Arqueei uma sobrancelha, espantada com o que acabara de presenciar. Zayn dando carinho...?
- Jura? – disse girando o meu pulso em sua direção. – Bom, se isso aqui não foi dor, então realmente não sei o que é. – seu olhar fitou a marca tão familiar. Um sorriso se abriu em seus lábios. Ele caminhou lentamente até estar perto o suficiente para sussurrar:
- Um presentinho para você se lembrar de mim toda vez que tentar fazer alguma gracinha. – um calafrio percorreu toda a extensão de meu corpo. Me encolhi.
Ele puxou minha mão com delicadeza e se pôs a acariciar a marca que estava em estado final de cicatrização. Relutei de imediato, porém seu olhar intimidador me petrificou.
- Veja só como é linda... Harry pareceu não ter gostado da minha obra de arte...
Fechei o punho na tentativa de me livrar de seu toque. Ele não impediu.
- Por que você faz isso? – perguntei sentindo as lágrimas encherem os meu olhos.
- Por que não fazer? – ele deu de ombros, sem se importar com meu estado emocional.
- Você é um monstro. – sussurrei para mim mesma na intenção falha de ele não ouvir.
- Ora, Lexy - ele levou a mão ao meu queixo acariciando meus lábios. - Não me elogie assim.
Meu olhar desprezível recaiu sobre ele. Ergui a mão no intuito de retirar a sua, mas pensei bem antes de concluir tal ato, não queria correr o risco de receber algum castigo.
- Pra você... – ele disse me entregando uma caixa de cor neutra.
Encarei confusa o objeto em minhas mãos.
- O que é isso?
- Vou receber uma visita importante hoje. Vista isso.
- Posso saber de quem se trata? – indaguei enquanto abria a caixa.
- Logo saberá. Só te dou um aviso Lexy...Não tente ser mais esperta do que eu, caso contrário já sabe o que te espera. – ele disse antes de deixar o quarto.
Retirei o plástico tendo a visão de um belo vestido de manga curta com estampa florida. Tomei um banho rápido para experimenta-lo. Combinou perfeitamente com meu par de sapatilhas azul marinho. Pela primeira vez naquela casa pude escutar o som da campainha, fiquei um pouco receosa com a tal visita. Seria homem ou mulher? Será que eu teria que voltar a atuar como namorada de Zayn? Ele não me deu instruções. Levei uma mão ao rosto preocupada. O que eu vou fazer? E se eu disser algo errado? E se ele quiser me castigar? Ah Meu Deus! Comecei a andar de um lado para o outro. Respire fundo Lexy. Segui o meu próprio conselho antes de me preparar para girar a maçaneta da porta. Ouvi vozes enquanto seguia pelo corredor. Parei diante da escada e confirmei minhas suspeitas. Era uma mulher...
Zayn e a tal mulher deixaram o diálogo para me observar. Desci as escadas meio sem jeito enquanto encarava meus próprios pés.
- Ah, Zayn... Quem é ela? – a mulher se dirigiu a ele, mas com os olhos voltados a mim.
- Essa é Alexandra. Alexandra Lennox. – ele disse. - Minha namorada. - ela me encarou surpresa.
- Pode me chamar de Lexy. – caminhei em direção aos dois.
- Lexy, essa é Trisha Malik. Minha mãe.
- É um prazer conhece-la, querida. – sua voz era doce, ela me abraçou. Encarei Zayn atônita.
- Ah, o prazer é meu Trisha. – disse sincera, mas com receio sobre como agir perante a mãe do meu senhor.
- Zayn? – ela se dirigiu ao filho. – Por que não me contou a boa nova? – ela sorriu pra mim. Encarei Zayn também esperando uma resposta.
- Bom, mãe é que... Eu...
- Não precisa dizer, meu filho. Eu sei como é isso. Também já fui jovem...
Ela sorriu acariciando o cabelo do filho. Deixou sua bolsa na mesinha mais próxima e começou a contar como tinha sido a sua viagem. Ela era divertida, comunicativa e aberta. O completo oposto do filho.
Nos sentamos no sofá enquanto ela contava como havia sido sua última viagem ao Brasil e como as pessoas de lá eram calorosas e receptivas. Falou inclusive de um doce por nome de brigadeiro que aprendeu a fazer lá.
- Você me ajuda a preparar? – ela me perguntou, era visível sua espectativa a meu favor.
- Mais é claro. – disse seguindo pelos corredores em direção à cozinha.
- Ah, é assim? – Zayn disse inconformado. – Vocês vão me deixar aqui sozinho?
Trisha me olhou risonha.
- Volta lá e dê um beijo nele. – ela sugeriu.
Oi?
- O quê? – indaguei confusa. – Ah, nã-ão, n-não... Acho que não é uma boa ideia sabe...
- Deixa de ser boba menina. Não precisa ficar com vergonha de mim. Ou você faz isso ou ele vai continuar com o drama...
Se ela conhecesse o nível de atuação de seu filho talvez não dissesse essas palavras...
Respirei fundo voltando de encontro a Zayn. Envolvi meus braços ao redor de seu pescoço e o abracei forte. Senti seus braços apertarem minha cintura contra o seu corpo. Por um momento senti vontade de “não” solta-lo, mas neguei quando me dei conta de que tudo não passava de um fingimento. Agarrei seu cabelo e dei um curto selo em seus lábios. Voltei a caminhar em direção a Trisha, mas fui surpreendida pela mão de Zayn agarrando meu pulso e me prensando novamente contra seu corpo. Nossos lábios foram selados num beijo urgente e molhado. Seus lábios eram macios, exalavam um gosto forte de nicotina. Senti a ausência do ar e me vi obrigada a solta-lo.
- Quando for me beijar... Beije direito. – ele sussurrou.
- Eu não quero te beijar Zayn. – arrisquei a sinceridade mesmo sabendo que isso poderia gerar consequências futuras. – Eu só... Não sei o que fazer... Não esperava conhecer a sua mãe... Não sei como agir...
- Elogie o sorriso dela. – ele disse seco antes de me girar e dar um impulso em direção a sua mãe.
- Venha querida, temos que preparar o doce, garanto que vocês vão amar. – ela me puxou pelo braço até a cozinha.
- Quais são os ingredientes? – perguntei abrindo a porta da dispensa.
- Hm... Deixa eu pensar... Ah, sim! Uma caixinha de leite condensado, quatro colheres de achocolatado em pó, uma colher de manteiga e... – ela levou uma mão ao queixo tentando lembrar o outro ingrediente. – Como se chama mesmo aquele chocolate em forma de grão de arroz? – arqueei uma sobrancelha. – Acho que é... Granola... Graviola... Granada... Ah, lembrei. – ela disse sorrindo. – Granulado.
Entreguei a ela todos os ingredientes necessários e auxiliei em qualquer coisa que ela precisasse.
Ela colocou tudo com exceção do Granulado numa panela funda e começou a mexer com uma colher de pau.
- Então querida... – ela disse. – Há quanto tempo estão juntos?
- Bom... – fingi pensar. – Já tem alguns meses.
- Ah, é? – fiz um gesto de confirmação. – E porque até hoje Zayn não te levou na nossa casa? Nem mesmo para conhecer a nossa família?
- Eu não sei... – disse sincera, na verdade eu nem sabia o porquê de Zayn ter me colocado como sua namorada mediante a sua mãe. Ele poderia ter dito que eu era uma amiga e tal, mas não, ele tinha que complicar minha vida. Agora estou aqui, diante da minha suposta sogra, tentando não fazer um papelão.
- Seria uma boa experiência você conhecer a casa onde ele cresceu. É um lugar de muitas recordações.
Uma melodia suave pairou sobre cada canto da casa. Era Zayn mergulhado em seu piano.
- Zayn é um bom filho?
- Sim... Bem, tivemos alguns problemas psicológicos com ele na infância, mas tudo mudou quando ele ficou jovem. Abriu mais a mente, amadureceu. Desde então tem sido o melhor filho do mundo. – ela sorriu com as próprias palavras.
- Problemas psicológicos? – questionei tentando descobrir a fundo algo que poderia revelar todo esse mistério denominado Zayn Malik
- Sim. Por muitos anos Zayn frequentou sessões de psicólogos. Ele se sentia muito sozinho, mesmo estando rodeado de amigos. Nunca foi de dar carinho mesmo recebendo mais do que deveria. Ele sempre teve gostos um tanto peculiares... Mas nada que o tempo não tenha resolvido.
- Entendo. – disse enquanto observava ela retirar o doce na panela e transforma-lo em pequenas bolinhas.
- Agora me ajude a mergulha-los no Granulado. – mergulhei doce por doce até cobrir a bandeja.
- E agora? – indaguei curiosa. – Já pode comer?
- Ainda não. – ela depositou a bandeja ao fundo do refrigerador. – Vai ficar aí por um tempinho. Enquanto isso posso contar as experiências que tive na Indonésia.
- Trisha... – chamei colocando o conselho de Zayn em prática.
-Sim, querida. – ela me olhou.
- Você tem um sorriso tão lindo... Estou encantada...
- Ahh, obrigada, você é um amor... Zayn não poderia ter escolhido uma companheira melhor para estar ao seu lado. – forcei um sorriso. Um desejo desesperadamente ávido de nunca ter conhecido Zayn inundou o meu peito.
Voltamos a sala e Zayn ainda dedilhava os dedos sobre o piano. Nos sentamos no sofá para apreciar a melodia. Seus olhos estavam fechados, estava muito concentrado nas notas. Ele finalizou o lindo toque e se virou em nossa direção.
- Maravilhoso meu filho. – Trisha disse aplaudindo o filho. Sorri desconcertada.
Zayn abriu um sorriso mínimo.
Trisha abriu a bolsa procurando pelo celular que estava a tocar. Atendeu rapidamente quando o encontrou. Intercalei o olhar entre Trisha e Zayn.
- Filho, era o seu pai. Ele está com problemas. Tenho que voltar. – ela caminhou até ele e deu-lhe um abraço forte. – Eu te amo meu pequeno.
- Eu também mãe. – ele disse dando um beijo em sua testa.
- Lexy, querida foi um grande prazer conhece-la. – ela me deu um longo abraço. – Zayn... Quero vocês dois lá em casa na semana que vem, sem desculpas, suas irmãs sentem sua falta, não dê esse desgosto a elas.
Ele assentiu acompanhando a mãe até a porta.
- Até logo meus queridos. Aproveitem a sobremesa por mim. – ela disse por fim. Sorri em retribuição.
Zayn fechou a porta e se virou para mim. Caminhei devagar até o pé da escada e encarei seus olhos, estavam negros, senti uma pontada de medo no peito.
- Zayn... Eu vou subir. Estou cansada.
Ele não disse nada. Me virei para subir a escada, mas um impulso pra trás me impediu. Senti uma dor intensa na cabeça. Zayn me puxou pelos fios e me jogou brutalmente contra a parede. Gritei desesperada, sua expressão mudara radicalmente. Tentei escapar, mas foi inútil, uma de suas mãos acariciava os meus lábios, a outra permanecia enterrada no meu cabelo.
- Ora, Lexy... Você não quer me beijar...? Ousa falar assim com o seu senhor? – ele apertou meu queixo com uma força demasiada. - Preste atenção Shokoland... Eu decido se você quer ou não me beijar. E sabe o que eu decidi... Que você vai implorar por mim, simplesmente porque eu quero.
- Zayn... Por f... – um tapa foi lançado contra o meu rosto. Senti minha visão ficar turva por alguns segundos. Minha bochecha queimava intensamente.
- Senhor... Senhor... Senhor... Repita comigo Shokoland
- Senhor... Se-nhor-r... Senhor... – repeti com dificuldade.
Mordi o lábio inferior reprimindo o choro, porém não consegui fazer o mesmo com as lágrimas.
- PARE DE CHORAR! – ele gritou. Minha respiração ficou ofegante quando tranquei o choro.
Zayn soltou meu cabelo e depositou mordidas leves no lado atingido. Foi descendo até encontrar minha boca, mordeu meu lábio inferior e voltou a traçar meu rosto com as mordidas. Meu pescoço se tornou seu alvo, mordeu mais forte em certos pontos me causando intensos arrepios. Puxou a alça do vestido e depositou leves chupões nos meus ombros. Enlaçou o braço em minha cintura e me puxou contra si. Arfei quando ele mordiscou o lóbulo de minha orelha.
- Resiste a mim agora... – ele sussurrou. Mordi o lábio inferior. – Diz que você não quer... – ele desceu até a divisa do ombro e pescoço e mordeu exatamente ali.
Um gemido escapou de meus lábios. Me odiei por não ter conseguido segura-lo.
- Você consegue me dizer? – ele continuou com sua tortura prazerosa.
Seus lábios foram de encontro aos meus com urgência, senti os mesmos ficarem dormentes pela quantidade de mordidas depositadas ali.
- Essa pele... – ele disse traçando desenhos paralelos com os dedos no meu ombro. – Assim não me basta. – ele me puxou agilmente e me lançou para longe de si.
Tive medo de entrar em contato com a dureza do chão, mas em vez disso pude sentir a textura macia do sofá amparar meu corpo. Zayn debruçou-se sobre mim esbanjando um sorriso malicioso. Fiquei sem reação, não queria estar naquela situação, mas também não poderia contestar, afinal, por mais que esteja sendo um castigo confesso que estava sendo prazeroso...
Zayn agarrou o tecido em meu corpo e rasgou sem esforço algum. Tapei os seios por extinto por mais que estivessem cobertos pelo sutiã.
- Por que esconde o que é meu?
- Senhor por favor nã... – minhas palavras se converteram em suspiros quando senti sua língua molhar o vale entre os meus seios.
Ele tirou minhas mãos lentamente e desabotoou meu sutiã. Seus olhos fitaram os meus seios expostos, tapei o rosto em vergonha. Sua mão deslizou por meu abdômen até a altura do seio. Tomou o mesmo com leves massagens que me fizeram arfar.
- O que tem a dizer sobre isso Shokoland... Eu faço as regras, você só tem de segui-las... – sua voz era melodiosa em um sussurro calmo e rouco.
Tentei formular algo em minha mente, mas foi inútil.
- Senh... – meu corpo se contorceu quando senti sua boca passear por entre meus seios.
Se já não bastasse isso, ele começou a estimular meu clitóris com dois de seus dedos por cima do tecido de renda. Meu corpo entrou em estado de euforia, senti um arrepio intenso atingir o profundo da minha alma. Da minha boca esvaía palavras desconexas.
Fiquei na incerteza se queria que ele parasse ou continuasse o processo, mas de uma coisa eu tinha convicção, prazer...
Tentei ao máximo conter por um tempo a sensação maravilhosa que pairava dentro de mim. Entretanto, o aumento da velocidade no estímulo me fez esquecer quem realmente era o responsável por me causar essas indescritíveis sensações.
- Ah, Z... Senhor... – Zayn sorriu vitorioso tomando os meus lábios, a excitação me deixou tão entorpecida que nem me dei conta de que estava retribuindo o seu beijo na mesma intensidade. Já sentia minha intimidade pulsar, molhada o suficiente para receber algo que agora eu tanto queria Zayn Malik dentro de mim...
Agarrei seu cabelo aprofundando o beijo, ele intensificou ainda mais a velocidade dos movimentos realizados por seus dedos, o que me fez gemer por entre seus lábios. Ele se afastou e foi de encontro ao pequeno tecido. Não rasgou como fez com o vestido, apenas deslizou a mesma lentamente pelas minhas pernas até joga-la ao chão. Zayn introduziu dois dedos na minha intimidade fazendo movimentos circulares, tentei conter meus gemidos, mas foi inútil, já não conseguia ter autocontrole sobre o expressar de minhas emoções. Zayn desceu os lábios pela região interna da minha coxa, meu corpo novamente se contorceu em prazer. Espalhou mordidas em cada centímetro de minha pele até estar perto o suficiente para eu sentir sua respiração bater contra minha intimidade. Ele descansou as mãos sobre os meus seios e começou a massageá-los.
- Você tem a pele de uma deusa Alexandra. Uma deusa a qual só eu posso tocar... – mantive meu silêncio. – Está apreciando o castigo... Lexy...?
Não respondi, permaneci quieta encarando o grande e belo lustre acima de mim.
- Por acaso o gato comeu a sua língua? – ele indagou antes de abocanhar meu seio direito.
Minha intimidade pulsou mais forte, nossos corpos colados roçava gostosamente nossas intimidades. Cravei as unhas em suas costas tentando controlar o prazer.
- Senhor. – disse dificultosa. – Eu não aguento tanta tortura, por favor acabe com isso logo.
Ele sorriu novamente.
- Repita cada palavra Lexy... – ele ordenou.
- Eu não aguento mais... Eu quero você dentro de mim agora. – disse em meio a suspiros.
Zayn sorriu e se levantou. Estranhei o fato de isso acontecer bem na hora H, mas não questionei, talvez ele fosse apenas buscar um preservativo.
Alguns minutos se passaram e nada de ele aparecer, meu corpo ansiava pelo dele. Vesti uma blusa social que encontrei no closet. Caminhei pelos corredores até me deparar com a cozinha, meus olhos estavam meio embaçados por conta do sono que o cansaço me transmitia, mesmo assim consegui enxergar um papel amarelo pregado no refrigerador com a seguinte escrita:
Deixando bem claro Shokoland que ninguém diz “não” a Zayn Malik...
Nunca pense em duvidar das minhas palavras, eu disse que você iria implorar por mim, ou seja, “eu” sempre estou certo.
Deve ter sentido minha ausência e por conta disso está neste exato momento lendo o que gastei minutos para escrever...
Não se preocupe... O que comecei com você vou terminar com outra...
Aproveite bem o seu castigo...
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