handporn.net
História Inverdades - Indícios - História escrita por Maelyss - Spirit Fanfics e Histórias
  1. Spirit Fanfics >
  2. Inverdades >
  3. Indícios

História Inverdades - Indícios


Escrita por: Maelyss

Notas do Autor


OLÁ, MEUS AMADOS! VOLTEI! Boa leitura para vocês <3
Agradecimentos especiais à @marihokage e à @strelitzia_. Vocês me ajudam demais <3

Capítulo 9 - Indícios


Eu estava passando de um lado para o outro do quarto, desviando da chuva de roupas que Ino jogava sobre a cama, procurando desesperadamente por alguma peça qualquer. Estávamos em seu quarto nos preparando para a festa de Kiba, a loira estava animada, ela sempre amou festas, mesmo que fosse a de Inuzuka. Já eu portava em meu rosto a minha melhor feição de enterro, perguntando-me a cada minuto o porquê de eu ter aceitado isso. Na verdade, ainda pior: o porquê de eu ter proposto isso.

Quando recebeu minha mensagem, a Yamanaka pensou que se tratava de uma brincadeira. Questionou até mesmo se eu estava sendo forçada a falar aquilo, tamanha a sua incredulidade. Eu devia realmente estar fora de mim naquele momento, não havia outra explicação.

— Testa! Esse vestido vai ficar perfeito em você! — Minha amiga possuía um sorriso gigante estampado em seus lábios quando virou-se em minha direção, segurando firmemente a peça verde floresta drapeada em seda, que reluzia contra a luz do ambiente. Era, de fato, linda. Porém não combinava em nada comigo.

— É muito bonita mesmo, porca, mas acho que é mais a sua cara do que a minha. — Sentei-me na ponta da cama, apoiando-me com as mãos ao lado do corpo. 

— Que nada, Saky! Você só não está acostumada com esse tipo de roupa! Fora que esse tom de verde não me valoriza muito, mas vai realçar totalmente os seus olhos! Você vai ficar igual uma princesa! — Ino parecia tão animada com seus pensamentos que fez uma pequena dancinha, enquanto dava pulinhos. — Tome! Vista! — Ordenou, jogando o vestido em minha cara.

Suspirei, revirando os olhos, e obedeci. Como eu já havia dito, há momentos em que a loira não aceita ser contrariada, conseguindo bater até mesmo eu na questão de teimosia. Quando o assunto era “looks”, era impossível lutar contra ela. Fui até o banheiro de sua suíte e vesti a peça. Olhando-me rapidamente no espelho, conseguia ver ainda mais claramente o quão deslumbrante era aquele vestido. O tecido era tão leve e macio que acariciava meu corpo, além de possuir um caimento esplêndido. O decote em coração valorizava meu pequeno busto, além das mangas longas trazerem um ar mais sério, escondendo parte da pele, para compensar a exposição das pernas, já que a peça terminava na metade da coxa. Isso tudo apenas confirmou o meu pensamento de que era lindo, contudo não combinava, em nada, comigo.

— Venha aqui, testa! Deixa eu ver como ficou! — Obedeci, com passos relutantes. Quando passei pela porta do banheiro, os olhos da minha amiga brilharam. — AI. MEU. DEUS. — Ela começou a bater palminhas. — Nós vamos ser as mais lindas da festa, com toda certeza do mundo!

Ino havia posto uma blusa de tecido rígido, o qual possuía um gola assimétrica reta, que pendia para o ombro direito, e mangas longas, pelo que eu podia ver. A tonalidade rosé contrastava com a saia tweed justa azul bebê com cinza gelo, harmonizando perfeitamente com a jaqueta, também de tecido tweed, cinza azulado. Ela estava estonteante, digna da capa de uma revista da Chanel. Na verdade, surpreendia-me Ino nunca ter sido chamada para ser modelo da marca, ela seria perfeita no papel.

— Porca, esse vestido… Não combina nada comigo. — Finalizei e recebi um olhar de pura descrença de Ino.

— Como você pode dizer ISSO? Está perfeito em você! — Ela sacudia as mãos, gesticulando de forma extravagante e exagerada. — Por favor, né, Saky? Essa cor harmoniza total com o seu tom de pele e destaca muito os seus olhos. Fora que: OLHA ESSAS CURVAS!

Yamanaka continuou falando e falando sobre como aquela peça de roupa me enaltecia e valorizava, com uma veemência de deixar qualquer um de queixo caído. Às vezes eu ponderava sobre como a loira seria uma ótima advogada, a sua lábia seria invencível em um júri.

— Está bem, porca. Está bem. — Dei-me por vencida rapidamente, desejando cortar o falatório da minha amiga.

— Eu sei que você ainda está insegura quanto a isso, testa, mas pode confiar em mim, você está parecendo uma princesa. — Deu-me um sorriso lindo e gentil, quase maternal. — Ou quase! — Exclamou, seu rosto tomando uma expressão que beirava a malícia. — Falta apenas uma coisinha… Ou melhor, duas! Cabelo e maquiagem! Seja bem-vinda ao salão de beleza, Ino Yamanaka, docinho. Você irá sair daqui a própria Afrodite! — Piscou um olho para mim, os lábios erguidos em um sorriso sedutor.

Segurei um suspiro. Precisava arcar com as responsabilidades sobre minhas escolhas: ser a boneca de Ino para que ela me vestisse, penteasse e maquiasse, como a boa futura estilista que seria. A loira tinha talento para isso, uma visão apurada e mãos de ouro. Talvez não fosse tão ruim assim…

Aproximadamente duas horas depois estávamos prontas. Ino com seu penteado majestoso e meticulosamente feito, um rabo de cavalo trançado nas laterais com grandes ondas nas extremidades e pequenas pérolas presas em pontos estratégicos. Precisei utilizar de toda a lábia que eu tinha para convencê-la a deixar o meu cabelo o mais simples possível, o que para ela era um ondulado feito com babyliss que havia demorado mais de meia hora para ser feito. Ambas havíamos decidido por uma maquiagem mais básica, Ino a contragosto, pois desejava pintar meu rosto com sombras coloridas e um batom escuro. Ao menos uma batalha que consegui vencer.

A parte mais complicada veio a seguir: precisávamos nos locomover da Casa Marie até a Casa Edward, um dos dormitórios masculinos, sem sermos vistas e com saltos altos que ressoavam a cada passo. Segurei fortemente a pequena bolsa de mão que levava, cortesia de Ino, com apenas o mais essencial dentro. Não importava quantas vezes eu o fizesse, toda vez que eu tinha que sair ou entrar escondida no dormitório, o medo se alastrava. O alívio bateu no momento em que pusemos nossos pés na calçada e caminhamos o mais discretamente sob as sombras até o local da festa. 

Para um olhar desatento, não era possível perceber qualquer coisa fora do lugar dentro da residência. Para aqueles que possuíam conhecimento prévio, a tonalidade das luzes claramente era mais forte do que o padrão e um som relativamente baixo do lado de fora também era identificável. Atravessamos o quintal até a porta dos fundos, a qual dava diretamente na despensa da casa, e batemos nela levemente. Um homem alto, de cabelos e barba branca que usava um pequeno óculos redondo foi quem abriu a porta para nós. Não conhecia os serventes do Instituto o suficiente, contudo podia apostar que aquele era o zelador do local. Eu tinha noção que Kiba subornava os cuidadores da casa para poder realizar suas comemorações clandestinas, todavia, não tinha ideia de quais absurdos ele usava para convencê-los. Ele mal bateu os olhos em nós e nos liberou a passagem.

Eu e Ino nos entreolhamos, ambas apreensivas mas extasiadas. Havia mais de ano que não colocávamos o pé naquele dormitório, tendo a última vez sido em uma ocasião muito semelhante; uma festa de Inuzuka. Yamanaka sentia muita falta de tais eventos, eu tinha completa noção de como ela andava ocupada e com sua agitada vida social quase que parada nesse último semestre. Já eu… Nem ao menos conseguia compreender meus sentimentos. Uma mistura nostálgica de sentimentos bons e tenebrosos me assombrou e tratei de colocar de volta em minha cabeça o único motivo que havia me trazido até ali.

Atravessamos o corredor, sentindo cada vez mais o aumento do volume da música, seguimos reto pela cozinha e, por fim, chegamos ao coração da festa, que ficava na segunda sala de estar da residência. O local já encontrava-se lotado de estudantes, diversas faces conhecidas, a minoria em estado de sobriedade. Segurei a mão de Ino e recebi um olhar determinado como recompensa. Adentramos a muvuca, cumprimentando e jogando conversa fora, porém com os olhos atentos a nossa presa.

— Sakura-chan! Ino! — A inconfundível voz de Naruto soou em minhas costas e nos viramos em direção a ela. — Uou, que surpresa ver vocês aqui. — Os olhos azuis levemente arregalados demonstraram que ele falava a verdade. O típico sorriso iluminado repousava em seus lábios conforme ele nos abraçava em cumprimento. No segundo que me afastei do gesto, percebi que o loiro não estava só. — Ah, garotas, esse aqui é o Sasuke-teme. Ele é novo aqui no Instituto. — Apresentou o suposto novo amigo.

O novato estava tão lindo quanto sempre. E eu senti grande vontade de me estapear no momento em que o pensamento passou pela minha mente. Não podia me culpar se o maldito ficava muito bem com uma jaqueta puffer e o cabelo bagunçadamente arrumado.

— Ah, sim. Nós já tivemos a graça de conhecê-lo antes, não é, Saky? — A loira falou, em um tom altamente sugestivo, cumprimentando o moreno.

— Não sabia que vocês eram amigos. — Comentei amargamente, pendurando um sorriso forçado no rosto.

— O idiota aqui está querendo entrar para o time de natação. É sempre muito bom conhecer um colega amante das piscinas! — Comemorou Uzumaki, dando tapinhas amigáveis nas costas de Sasuke, que olhava fixamente para mim.

— Você não tem cara de quem curte festas clandestinas. — Julguei, analisando seu rosto e, em resposta, sustentando o olhar que me encarava. 

— Você também não, princesinha. — O sorriso cafajeste de canto reinava em sua face. 

Senti uma leve cotovelada em minha costela, por alguns segundos pensei que alguém havia esbarrado em mim, porém, ao olhar de canto de olho para a minha amiga loira, pude perceber o riso que ela tentava segurar. Prendi o ar e fechei os olhos com força por questão de segundo, até retomar a minha melhor careta de indiferença. A habilidade que Sasuke tinha para me tirar do sério deve ser passível de ganhar um prêmio Nobel contra a paz mundial.

— Pois é, Sakura-chan! O que aconteceu para você estar aqui? — Naruto não pareceu perceber a provocação implícita, seu olhar carregado de inocência e curiosidade.

— Então… — Forcei um riso sem graça, torcendo para que não parecesse tão falso para o loiro quanto parecia para mim. Sabia que o Uzumaki participava de algumas das festas de Kiba, no entanto não havia me preparado para caso viesse a esbarrar com ele. Ou com qualquer pessoa próxima. Amaldiçoei-me mentalmente pela minha falta de preparo.

— Ae, Naruto! Sasuke! — Nara interrompeu, aparecendo ao lado de Naruto para o cumprimentar com uma batida de mão e fazendo o mesmo em seguida com o outro moreno. 

Ele usava um casaco bomber, o cabelo usualmente preso estava solto e bagunçado e um cigarro apagado pendia em seus lábios. Foi um choque vê-lo tão casualmente assim que precisei de alguns instantes para me recompor e de fato reconhecê-lo. Olhei de canto de olho para Ino e na hora que vi sua expressão pude ver que pensamentos impuros passavam em sua mente. Por breves semanas, a Yamanaka teve uma paixonite por Shikamaru, em nosso primeiro ano no Instituto, contudo ela nunca teve nenhuma atitude em relação a isso e acabou por deixar passar batido. Ela, Nara e Akimichi haviam sido colegas durante o ensino fundamental, o seu grupo tendo sido separado após chegarem aqui. Na época, recordei-me dela ter me comentado algo sobre ele ser aparentemente um preguiçoso e muito “correto”. Eu não havia compreendido muito bem o que ela queria dizer com aquilo, mas, no momento em que o vi nessa festa, o entendimento me veio como um estouro. E eu já sabia qual seria a segunda meta de Ino para a noite.

— Qual é, Shikamaru? Não esperava te ver por aqui! Essa está sendo uma noite de muitas surpresas! Quem será a próxima pessoa inesperada que vai aparecer por aqui? A Hina-chan? — Riu Naruto. Por alguns segundos, me perdi na possibilidade da Hyuuga estar de fato por aqui. 

— No dia em que os porcos voarem. — Brincou Ino, com uma risada contida, olhando discretamente para Nara.

— Yamanaka, Haruno. — Shikamaru aparentemente notou nossa presença após a fala da loira. — Realmente, essa noite está cheia de surpresas. — Comentou. Pude jurar que havia uma leve malícia no tom de voz do moreno, conforme o seu olhar perseguia Ino.

— Já fizeram alguma merda? — Questionou Sasuke, dando um gole no copo de bebida que eu não havia reparado na existência antes.

— O problemático do Choji, não consegue manter a  porra da boca fechada. E eu não estou falando só de comida. — A forma dura com que ele falou me pegou desprevenida, surpreendendo-me mais uma vez.

— O que deu? — Os olhos esbugalhados de Naruto falavam por si só.

— Aquele idiota do Kiba, vocês não sabem… — Nara pareceu recordar-se que eu e Ino ainda estávamos aqui, interrompendo a sua fala no mesmo instante. — Deixem para lá. Não é um bom assunto para se falar na frente de damas. — Um sorriso falso e preguiçoso surgiu em seus lábios. O olhar voltando para Yamanaka. 

Pela primeira vez, amaldiçoei o fato de terem reparado em minha existência em meio a uma conversa. No entanto, mesmo com o contratempo, meus olhos brilharam ao perceber que a minha tarefa talvez não fosse ser tão penosa quanto eu esperava. Foi a minha vez de cutucar Ino, que mal reparou na cotovelada, já que estava ocupada demais devorando Shikamaru com o olhar.

— Bom, vamos deixar vocês conversando então e vamos pegar uma bebida, não é, porca? — Uma grandiosíssima mentira, pois nunca iria colocar um gole de álcool em minha boca estando naquele ambiente. Cutuquei Ino novamente, esperando acordá-la do transe.

— Isso mesmo. — Concordou prontamente. — Até depois, rapazes. — Não precisei nem mesmo por meus olhos nela para saber que ela deu uma piscada para Nara. Era típico de Ino Yamanaka. Quando nos afastamos o suficiente do grupo deles, a loira abriu a boca: — Testa do céu, você viu o quão GOSTOSO o Shika tá hoje? Ulálá. — Abanou-se dramaticamente. Ao mesmo tempo, um cara passou por nós, esbarrando em meu corpo e quase derrubando sua bebida em minha cara conforme gritava coisas sem sentido e pulava.

— Por favor, não me abandone no meio dessa festa de malucos só para transar com Shikamaru Nara. — Implorei, tentando conter a feição de nojo ao olhar por cima de meu ombro para o estranho que havia passado. — E se for fazer isso, que seja para fazê-lo falar. — Trocamos um olhar de cumplicidade.

— Ai, ai, testa. Essa missão vai ser muito mais fácil do que o esperado…

 

[...]

 

Dito e feito, eu me encontrava tentando permanecer escondida em um canto, sentada sobre um sofá de couro, o único que não havia casais se agarrando ou bebida derramada em cima — encontrá-lo foi uma missão árdua, talvez a mais difícil até então, mas eu obtive sucesso. Enquanto isso, Ino havia me abandonado para dar uns amassos com Shikamaru em algum canto. Ao menos eu sabia que ela voltaria com a fofoca quentinha saindo do forno diretamente para os meus braços e isso quase me confortava. Quase. Se não houvesse o fato de que eu precisaria ficar mais uma hora naquela festa com bêbados espalhafatosos sem absolutamente nada para fazer. Suspirei, enrolando uma mecha de cabelo no dedo, quando uma movimentação ao meu lado me pegou de surpresa:

— Não dança, não bebe, não beija, só fica aí com uma cara feia… Me diz, rosinha, o que é que você faz para se divertir em  uma festa? — Sasuke escorou-se na parede a poucos centímetros de mim, tomando mais um gole de sua bebida. Era visível que ele já estava um pouco alterado, mas nada que afetasse o seu comportamento, pois ele estava tão insuportável quanto o normal.

— Eu perco meu tempo conversando com caras irritantes, é muito divertido. — Devolvi, revirando os olhos e cruzando os braços, na defensiva.

— E você gosta só de conversar?

Eu demorei alguns segundos para entender o duplo sentido da questão, tendo que encarar os seus olhos cheios de malícia para finalmente poder compreender. E na mesma fração de segundos que a realização bateu, senti o meu rosto queimar com a mera sugestão. Levantei-me na hora, parando frente a frente com ele. A diferença de altura relativamente menor graças ao salto alto me fazia mais confiante. Aproximei meu rosto de seu ouvido e espalmei a mão em seu peito, enquanto sussurrava:

— Com você, sim.

Empurrei-o levemente para trás, mas antes que pudesse me livrar totalmente de sua presença, senti-o segurar o meu pulso, puxando-me cuidadosamente de volta para onde eu estava. Segurei um suspiro ao sentir a sua mão quente em minha pele.

— E tem algo que eu possa fazer para mudar isso? — Perguntou suavemente, com os olhos cor de azeviche fixos em meus lábios.

Por alguns segundos, o meu cérebro ficou em branco. A proximidade de seu corpo quente e o seu cheiro picante e adocicado mexeram com meus sentidos. Mel e pimenta. O mesmo cheiro que eu havia sentido naquela noite. Forcei-me a regular minha respiração para, só então, conseguir responder:

— Nascer de novo, talvez? — Forcei minha melhor expressão de indiferença.

— Seria um pouco difícil eu nascer melhor do que já sou. — Riu presunçosamente, mas a malícia não sumiu de seus olhos.

— Eu posso discordar. — Virei o rosto para o lado, teimosamente, mas senti a sua palma quente, que outrora segurava meu punho, acariciar levemente minhas bochechas, virando meu rosto novamente em sua direção. Encarar o fundo de seus olhos negros me desconcertava, contudo, também me intrigava. Toda vez que eu os via, a mesma pergunta ficava estampada em minha mente. Dessa vez, resolvi fazê-la para o causador de toda a bagunça, com o fio de voz que me restava: — Nós já havíamos nos conhecido antes?

Ele negou prontamente.

— Seria difícil esquecer de você, coisa rosa.

Antes mesmo que eu pudesse raciocinar o que ele havia dito e pensar em algo para retrucar, a voz eufórica de Ino surgiu.

— ACHEI VOCÊ! — Afastei-me rapidamente de Sasuke. Ela nem ao menos parecia ter percebido a situação em que nós dois estávamos e, se havia percebido, estava exultante demais para sequer raciocinar. — Eu consegui. — Meus lábios copiaram o sorriso imenso de Yamanaka. O seu olhar me prometia grandes revelações.

Não esperei um segundo a mais para puxá-la pelo pulso para fora daquela festa.

 

[...]

 

O final de semana fora corrido. Nada novo. No entanto, um peso enorme havia saído de meus ombros com a descoberta de sexta. Eu não havia percebido o quão preocupada eu estava com toda aquela situação até me ver livre dela. Era realmente um alívio. Porém havia outra coisa que tomou o lugar recém vago em meus pensamentos. Uma coisa, talvez, muito pior.

Quando a semana recomeçou, eu sabia que o veria. Em algum momento, nos esbarraríamos e eu seria obrigada a lidar com o turbilhão de sentimentos que havia se criado em meu estômago – o qual eu tentava engolir e aquietar o máximo possível, sem sucesso. Tentei afirmar para mim mesma que passaria. Hora ou outra, passaria.

Até que o vi ontem, saindo de uma sala, poucos metros a frente, quando corria para o prédio adjacente onde teria minha próxima aula. A mera visão de seus cabelos negros e sorriso ladino foi o suficiente para – quase – me fazer querer enfiar a cara na lixeira mais próxima. Peguei a primeira saída que vi, antes que ele pudesse me ver, afirmando para mim mesma que eu só havia feito isso para chegar mais rápido ao meu destino. É claro, Sakura, dar três voltas a mais estando atrasada e sendo obrigada a passar pela frente de quinhentas câmeras do Reality é apenas para conseguir me adiantar, não para fugir de um garoto qualquer. 

O mesmo ocorreu hoje na ida para o almoço. Ino tagarelava sobre algo que descobriu na festa de Kiba – pelo visto, ela descobrira diversas fofocas naquela noite – quando olhos negros encontraram com os meus. Ele estava longe e havia me detectado antes que eu pudesse fugir. Instintivamente, segurei a mão da Yamanaka, virando para ela com um sorriso falso – na vã tentativa de esconder meu repentino nervosismo – e a puxei para as primeiras escadarias que encontrei, balbuciando coisas sobre encontrar uma papelada ou algo que eu nem me dei o trabalho de elaborar.

Por incrível que pareça, Ino não me fez nenhuma pergunta, apenas me entregou o seu melhor sorriso sabichão e me seguiu, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Aquilo seria uma bomba que eu tentaria desarmar outra hora. Naquele momento, eu só precisava de um pouquinho de paz.

Aproveitamos a caminhada para passar na confeitaria da minicidade do campus. Com a encomenda dos macarons feita, nós seguimos nosso caminho até encontrarmos o nosso grupo em uma das mesas do Borboleta, o restaurante dos Akimichi, o qual ostentava a melhor comida que eu já havia comido e uma estrela Michelin.

– Gatas, vocês não sabem o babado que eu descobri sexta. – Esse foi o cumprimento de Ino quando nos sentamos. Eu tentei dar um bom dia para elas, mas nossa troca foi interrompida pela mesma loira eufórica: – Envolve a nossa caipira “favorita” – A voz da Yamanaka transbordava malícia. 

Aquelas palavras foram o suficiente para atrair o olhar curioso das duas garotas, enquanto eu me segurava para não fazer o mesmo e delatar para Ino que eu não havia ouvido uma palavra sequer do “babado” que ela havia me contado no início da manhã. Flashes da minha entrada brusca na sala após um quase encontro com certo rapaz invadiram minha mente. Em minha defesa, quando encontrei minha amiga, eu não estava em condições para ouvir nada, isso se o meu cérebro já estava concatenando os pensamentos. 

— O que?! — Tenten quase se jogou por cima da mesa para ouvir melhor, estampando um gigantesco sorriso, o qual se desmontou em segundos: — Oh, não, eu não deveria estar querendo saber. Fofocar baixa a nossa vibração. Falar mal dos outros ainda mais. Eu deveria parar de ser tão enxerida. — Os olhos dela pareciam pensativos, quase distantes.

— Que nada, Ten! Fofoca é o que nos mantém vivas! Como vocês sobreviveriam aqui no Instituto sem saber que a Karin é apaixonada no Shika?! — Uma malícia quase que triunfante pairava em volta de Ino.

— O QUE? — Eu já não sabia se essa era a minha voz, a de Hinata ou a de Tenten que fazia a retórica indagação.

— SIM! EXATAMENTE! O QUE? — Repetiu Yamanaka, rindo. — Eu fiquei em choque também! Mas eu não culpo ela, o Shika é um pedaço de mal caminho que eu também adoraria estar trilhando…

— E você já não trilhou? 

— Aquela noite mal contou, Saky, eu queria ter aproveitado muito mais. — Choramingou.

— Inclusive, — A Hyuuga chamou nossa atenção, com os olhos espertos. — eu e a Ten só recebemos aquela foto de vocês na festa do Kiba e mais nada. O que vocês foram fazer lá? — O olhar inquisitivo dela caia discretamente sobre mim. Ela já sabia a resposta, mas o que me surpreendeu foi ver que ela na verdade queria ver eu me contorcendo para arranjar uma mentira. E mentir na sua cara. 

Aquela atitude já nem parecia mais dela. Ela já nem parecia mais ela mesma. Seria isso tudo essa convivência com o Inuzuka? Ele obviamente é uma péssima influência, mas nunca pensei que veria Hinata sendo corrompida.

— Kiba, Hina? — Questionou Ino, com uma cara confusa. — Você nunca chamou ele pelo primeiro nome. 

Essa indagação pegou tanto a Hyuuga quanto a mim de surpresa. Eu nem havia percebido que ela falou “Kiba” e não “Inuzuka”. O que tem acontecido comigo, que venho sendo tão desatenta nesses últimos dias?

— Eu com certeza já o fiz. — Retrucou, por mais que ela tentasse parecer normal, eu conseguia perceber que ela beirava a defensiva.

— Se você diz… — A resposta da Yamanaka mais parecia um murmúrio, mas os olhos azuis afiados estavam cravados em Hinata, sendo Tenten a única que não parecia perceber a troca que havia ocorrido.

— Enfim, garotas, eu preciso ir. Eu tenho reunião do clube da saúde… — Resolvi cortar a estranheza que pairava no ar, levantando-me da mesa e aproveitando para sair de lá. Verdade seja dita, eu deveria ter me retirado há uns dez minutos, se quisesse garantir que não me atrasaria um segundo. Eu sempre fui uma pessoa pontual. Sempre era.

— Não era reunião do clube de debate? — Perguntou Mitsashi.

— Pois é, testa, eu também achava que era.

— Não, gente, a reunião do clube de debate é às terças. 

— Mas hoje é terça.

O que? Dei um passo para trás.

—  Pois é, hoje é terça.

Como assim? Eu me perdi na semana? Senti meu corpo esbarrar em algo atrás de mim.

— Saky, está tudo certo?

—  Sim, sim, claro.

Sacudi a cabeça e retomei uns passos para frente, sem me importar de olhar para qualquer lugar que não fosse a minha agenda que pairava sobre a mesa. Eu estava esquecendo de colocá-la de volta em minha bolsa. Será que eu iria sair sem ela?

—  Você tem certeza?

— Sim. —  Apanhei a agenda. —  Vou para a reunião. Do clube de debate. —  Afirmei, dando as costas para elas. —  Até depois. —  Despedi-me, olhando fixamente o caminho para o qual eu ia.

A nuvem que pairava sobre a minha mente, nublando-a e trovejando-a com pensamentos intrusivos, fez o caminho até a sala do clube parecer segundos. Mal percebi quando entrei pela porta, toda a série de movimentos automáticos me trouxeram até o local. 

Balancei a cabeça e respirei fundo. Normal. Normal. Preciso voltar ao normal. Respirar. Sorrir. Cumprimentar. Pensar depois. 

E foi o que fiz. A minha agenda estava cheia demais para perder tempo.

 


Notas Finais


Considerações finais? Os comentários de vocês me animam demais!! <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...