"Uma cama de hospital é um taxi estacionado com o taximetro a correr."
Fazia algumas horas desde que Olivia havia chegado no hospital, estava na sala de espera esperando por alguma notícia de Anne.
Não tinha ligado para JJ e nem ligaria, da outra vez quando Anne foi parar no hospital, quem estava lá quando ela acordou foi JJ, mas agora seria Olivia.
Um médico saiu e pediu por parentes de Anne.
-Eu. -Olivia respondeu prontamente.
-O acidente foi bem sério, o caminhão bateu de frente com Anne, que apesar de o Airbag ter abrido, não a ajudou muito. Ela bateu fortemente a cabeça, quebrou a perna direita em três partes e perfurou o baço. A levamos para a sala de cirurgia, onde conseguimos reconstituir o baço e sua perna já está devidamente engessada. Mas Anne perdeu muito sangue, pelo corte na cabeça e da perfuração do baço, por esse motivo ela ainda está inconsciente e as próximas 24horas são extremamente importantes.
-Ok, doutor, obrigada.
Olivia sentou na cadeira e sentiu a preocupação tomar conta de si. Anne ainda estava inconsciente, poderia piorar e até mesmo morrer...
Ela simplesmente não conseguia e nem poderia imaginar a vida sem a melhor amiga.
JJ estava indo para casa, ainda preocupada com Anne, não tinha conseguido notícia nenhuma da irmã mais nova, não fazia ideia do que poderia estar acontecendo.
Assim que chegou encontrou Will e Henry brincando na sala, o filho logo correu para ela.
-Mamãe, cadê a tia Anne?
-Eu não sei, filho.
JJ disse e beijou a testa do menino, logo depois o abraçando fortemente.
Will olhou para JJ, olhou para o estado em que ela se encontrava.
-JJ, a Anne sumiu, não faço ideia da onde ela está.
-Henry, amor, por que você não vai lá em cima pegar um filme para nós vermos?
-Tá bom, mamãe!
Henry subiu as escadas alegremente, JJ esperou o filho estar longe para dar a notícia para Will.
-Anne sofreu um acidente de carro, Will.
-O quê? Quando?
-Ontem à tarde.
-Jennifer, ela foi para o hospital? -JJ assentiu- Eu sei onde ela está! Era só sobre isso que falavam hoje, mas não sabia que era Anne, ninguém sabia quem era a garota.
JJ olhou para Will e por um momento teve esperança de que a irmã poderi estar viva e bem.
Iria falar algo, mas Henry havia voltado.
Não queria deixar o filho sozinho, mas precisava saber sobre Anne e não poderia levar o filho.
-Henry, amor, você ficaria bravo se a mamãe saísse agora para procurar a tia Anne?
-Não, mamãe, mas só se você prometer que vai trazer a tia Anne de volta.
-Eu vou, filho.
JJ tomou um banho rápido, se despediu do filho e do marido e seguiu para o hospital.
Assim que chegou, pediu informações sobre Anne e disse que já tinha alguém na sala de espera com Anne.
JJ não fazia ideia de quem poderia ser, afinal, se ela conhecesse a pessoa que estava lá, com certeza ela teria ligado para Jennifer.
Assim que chegou na sala de espera, ficou furiosa quando viu Olivia.
-Você sempre soube do acidente de Anne? E não me ligou? E não diga que não tinha meu número, porque você tinha! Você não faz ideia do quanto fiquei preocupada com a minha irmã!
Olivia no primeiro instante, olhou assustada para JJ, mas depois sentiu a fúria pela loira estar se metendo na sua amizade com Anne.
-Você não ficou preocupada! Só se importa com seus casinhos, sua irmã sofreu por anos e você nunca soube e sabe por que? Porque você diz que se importa com ela, mas é tudo mentira. Anne é somente a culpa que você tem por não ter sido uma boa irmã!
-Não diga o que você não sabe, Olivia!
-Digo e repito, Jennifer! Aquele dia, era um médico bonito que estava interessado nela e o que você fez? Você o afastou, quando tudo que Anne precisa é de alguém ao seu lado!
-Quem ao lado dela, Olivia? Você? Ou um cara qualquer que só a queria por uma noite? Você mal sabia tudo que ela sofria, então não venha bancar a boa para cima de mim!
Olivia iria responder, mas um médico ao ouvir os gritos foi ver o que estava acontecendo.
-O que está acontecendo aqui? Quem é você?
-Eu sou a irmã da paciente.
-Paciente? Que paciente? Anne Jareau? -JJ assentiu- Mas Olivia disse que o único familiar vivo era ela.
-Ela disse o que? Eu sou irmã da Anne.
-Irmã?
-Sim, Jennifer Jareau.
-Bom, me desculpe, senhorita Jareau, mas tinha sido essa a informação que Olivia havia me dado.
JJ virou furiosa para a ruiva. Ela havia dito que Anne não tinha ninguém, quando claramente, tinha Jennifer.
-Eu não acredito que você teve a coragem de dizer isso, Olivia!
-Você não esteve presente por anos, Jennifer, não se faça de Santa.
-É verdade, Olivia, estive longe por anos, mas agora nada me distanciara de Anne. Entendeu?
As duas mulheres se encaravam furiosamente, o médico com medo de que ocorresse uma briga, logo se meteu no meio das duas.
-Olivia, você já passou horas aqui, vá para casa e descanse, deixe a irmã de Anne ficar com ela por um tempo.
A ruiva iria responder, mas preferiu ir embora.
JJ virou para o doutor e pediu informações sobre Anne.
Quando ouviu tudo, sentiu seu estômago afundar.
Ligou para Will e Henry e lhes contou as notícias, desejou Boa noite e desligou.
POV'S Anne Jareau
Eu morri?
Tudo estava escuro, eu ouvia os bips contínuos dos aparelhos, não sentia minha perna direita e nenhuma outra parte do meu corpo.
Só conseguia ouvir as vozes dos médicos, eu acho que eram médicos.
-O acidente foi horrível, será que ela conseguirá sair ilesa disso?
-Acho que sim...
-Você viu seus braços? Talvez ela não tenha tanta vontade assim de voltar.
-E é por isso que ela precisa voltar, para ver que ainda há coisas boas, ainda há alguém que a ama lá fora.
O doutor e o enfermeiro deixaram o quarto.
Tinha alguém que me ama lá fora?
Quem?
Quem seria o louco que me amaria?
Com essas cicatrizes, os roxos e os milhares de medos?
Não, ninguém nunca me amaria e por um momento não voltar seria ótimo.
Eu não conseguia abrir os olhos, fiquei apenas ali, sabendo que eles me tocavam enquanto arrumavam os aparelhos, mas não sentindo nenhum dos toques.
Acho que nesse momento, eu não me importaria de morrer, tinha minha trilogia publicada, havia feito as pazes com JJ, conhecido Henry, beijado Spencer.
Por aquele momento enquanto a mão dele estava na minha nuca e os lábios dele tocaram os meus, eu realmente me senti amada.
Me senti amada quando ele me abraçou enquanto eu chorava, quando ele dormiu ao meu lado naquela noite horrível no hospital.
No final das contas, Spencer fez eu me sentir amada, mais do que jamais senti na minha vida.
Talvez, eu esteja apaixonada por ele.
Oras, quem eu quero enganar?
Estou perdidamente apaixonada por ele, mas o pior disso tudo, é que provavelmente ele deve amar outra.
Então eu fiquei ali, pensando nele, no sorriso, nos cabelos bagunçados, nos lábios sobre os meus...
POV'S Spencer Reid
Novamente eu estava pensando em Anne.
Será que ela tinha morrido? Eu havia a perdido sem nunca a ter? Exceto por alguns segundos quando havíamos nos beijado.
Estava saindo de casa quando recebi uma mensagem de JJ.
"Não poderei ir para a UAC hoje, estou no hospital com Anne. Avise a equipe para mim, por favor."
JJ estava no hospital. Com Anne.
Então isso quer dizer que talvez ela esteja viva.
Senti uma onda de felicidade passar pelo meu corpo.
Nunca deixarei de amar Maeve, mas talvez não seja uma mal ideia ter Anne na minha vida.
Talvez ela seja a cura para todo o vazio que eu tenho.
Estava indo para a UAC, mas não achei tão ruim assim ir ver Anne no hospital, até porque JJ deve estar cansada.
Segui para o hospital, fui direto para a sala de espera, encontrando JJ lá sentada.
-Oi, JJ.
Ela se virou assustada para mim, mas assim que me reconheceu sorriu.
-Oi Spencer, o que está fazendo aqui?
-Vim te ajudar, você ficou aqui noite toda precisa descansar.
JJ sorriu, a ofereci um copo de café extra que carregava e ela aceitou.
-Obrigada, Spencer. Fiquei aqui a noite toda e ela ainda não acordou e os médicos disseram que essas primeiras vinte e quatro horas são muito importantes, já que ela pode entrar em coma.
Quando JJ disse "coma" senti meu estomago embrulhar e querer jogar fora todo o café que havia tomado, Anne poderia entrar em coma e ninguém saberia quando ela poderia acordar.
-Spencer? -JJ me chamou, virei para ela- Você sente algo pela Anne?
Eu poderia negar, realmente poderia, mas o que eu ganharia enganando JJ? Nada.
Contando ou não contando meus sentimentos por Anne, eles não iriam desaparecer, iriam continuar aqui de qualquer jeito e eu não queria que eles fossem embora.
-Sinto, JJ. Provavelmente estou apaixonado por ela, mas o que isso importa agora? Ela está em uma cama de hospital e deve me odiar, porque eu simplesmente não consegui ter coragem de dizer que eu havia adorado beija-la e que eu gosto dela, mas eu fui estupido e tive medo, e se ela entrar em coma, não sei o que vou fazer, porque já consigo sentir a culpa por não a ter dito tudo que ela merecia ouvir.
Falei tudo rapidamente e evitei olhar para JJ, eu havia dito que tinha beijado a irmã dela e que gostava dela, será que JJ vai ficar brava comigo?
-Espera! Vocês se beijaram? Está realmente admitindo que sente algo por ela?
Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, continuei evitando o olhar de JJ, mesmo quando sua voz saiu um pouco mais animada na última fala.
-Sim para as duas perguntas. -falei baixo e foquei o olhar no meu copo de café.
-E por que está evitando me olhar? Está com vergonha? -ela colocou a mão no meu queixo e virou meu rosto para o dela- Por que está com vergonha? Não sabe como estou feliz por isso, Anne precisa de alguém e você também, acho que ficarão lindos juntos.
Sorri, imaginei minhas mãos na pequena cintura de Anne a abraçando, ela colocando a cabeça no meu peito do mesmo jeito que fez aquele dia, imaginei seus lábios sobre os meus e seus sorrisos direcionados apenas para mim, aquilo parecia sonho demais.
Estava imaginando demais, Anne provavelmente me odeia. Eu a beijei, a levei para casa e não disse nada em momento algum.
Não a culparia por odiar.
-Anne provavelmente me odeia, JJ.
-O que? -JJ franziu o cenho- Impossível. Ela gosta de você, tenho certeza disso.
-Eu a beijei e não falei nada depois. Agi como se nada tivesse acontecido.
-Vocês são tão tímidos. -ela riu, iria falar mais alguma coisa, mas foi interrompida pelo médico que se aproximou.
-Senhorita Jareau, Anne está estável, não teve nenhuma hemorragia interna e está se recuperando, mas ainda não temos nenhuma ideia de que hora irá acordar. O que acha de ir lá? As vezes quando alguém importante fala com os pacientes, mesmo inconscientes eles ouvem e os ajuda a acordar.
-Você acha mesmo, Doutor?
-Sim.
JJ se virou para mim e sorriu feliz.
-Você vai lá, Spencer.
-Eu? JJ, ela vai querer ouvir você, não eu. -JJ colocou a mão no meu ombro e continuou sorrindo.
-Ela vai querer ouvir você sim e vai acordar depois disso e sabe por que? Porque você vai dizer a ela tudo que sente, a verdade, Spencer, se ela acordar você já sabe a resposta.
Ela continuava sorrindo e eu somente conseguia sentir o medo.
E se Anne não gostasse de mim da mesma maneira que eu gostava dela?
E se eu não for o cara certo para ela?
E se o médico estiver errado e ela não conseguir ouvir?
E se ela entrar em coma?
Era possibilidades demais, mas a última vez que eu tinha visto ela, não tinha dito nada por culpa e medo, não podia fazer isso novamente.
-Tudo bem, eu vou falar com ela.
Tentei soar confiante, mas tenho certeza que meu medo estava claro em minha voz, JJ me deu um sorriso confiante e um olhar de que ficaria tudo bem.
-Por aqui, senhor.
O médico disse e o segui. Paramos em frente a uma porta, provavelmente a do quarto de Anne, ele abriu a porta e assim que passei pela mesma ele a fechou.
Ela estava lá, cheia de tubos e agulhas enfiadas nela, tive que segurar o impulso de tirar todas aquelas coisas da pele delicada dela, mas não podia.
Seu rosto tinha alguns machucados, ela tinha pontos na testa e as partes que pareciam do corpo estavam roxas e não eram antigas, eram bem atuais, sua perna estava engessada.
Sei que ela estava viva, mas tudo que eu queria naquele momento era olhar nos lindos olhos dela e ter plena certeza de que ela está bem, porque eu sempre conseguiria ver tudo através de seus olhos.
-Oi, Anne...
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