"As vezes é facil dizer um simples eu te amo, mais o dificil é sentir ele quando você mais precisa.
As vezes é facil abraçar uma pessoa, o dificil é sentir o calor que ela traz para você."
Anne caminhou distraída pelo campus da faculdade, não conseguia esquecer o que havia acontecido no carro, o que poderia ter acontecido.
Ela quase disse que amava Spencer. Tinha certeza de tal coisa, mas seu maior medo era que ele dissesse que não sentia o mesmo.
Estar apaixonado sempre fora diferente de amar, esse era seu medo.
A paixão acaba, o amor não.
Enquanto andava pensando em tudo isso, Anne não notou duas pessoas com olhos fixos nela.
Seus sorrisos maliciosos e posturas confiantes deveriam assustar a pequena mulher, mas ela não tinha os visto.
Anne apenas seguiu para a sala, totalmente perdida nos últimos acontecimentos.
Sentindo-se inspirada, pegou o primeiro papel que achou e começou a escrever, precisava colocar isso no papel, precisava arrumar alguma maneira de colocar tudo em ordem na sua cabeça.
Prestava tanta atenção no que estava fazendo que não notou quando alguém se sentou ao seu lado, apenas notou quando ouviu uma voz sussurrando em seu ouvido.
-Bom dia, Anne.
Anne virou-se rapidamente e encontrou os olhos de Jay e seu jeito relaxado.
Apenas deu um sorriso e voltou a escrever, tinha achado que depois do acontecimento do dia anterior, o homem iria manter distância dela, até porque ela não queria aproximação.
-Não quero parecer intrometido ou algo do gênero, mas quem era aquele cara de ontem?
-Aquele cara era meu namorado.
Anne respondeu, um pouco brava pelo modo como ele tinha se referido a Spencer.
-Namorado? -Jay perguntou, se aproximando ainda mais dela- Os boatos dizem que você é solteira.
-E você só sabe escutar os boatos?
Anne perguntou, surpresa por estar conseguindo responder, sem gaguejar ou ficar com vergonha.
-Não, mas eles são o caminho mais rápido até você.
Ele respondeu charmoso, Anne não soube o que aconteceu, mas sentiu nojo daquele sorriso.
-Não pegue caminhos até mim.
Ela respondeu, ele iria retrucar, mas o professor entrou na sala, dando início a aula.
POV'S Anne Jareau
O que tinha acontecido comigo?
Eu nunca conseguiria o responder, não com tanta coragem e sem gaguejar ou ficar com as bochechas vermelhas.
Seja la o que estava acontecendo, de alguma maneira estava me fazendo bem.
Eu não sei o que aquele homem queria perto de mim.
Ele é bonito, admito. Mas não consigo achar o motivo pelo qual ele está falando comigo.
Jay é o tipo de cara que se apaixona rapidamente por pessoas como Mackenzie, até porque ele se encaixaria no grupo dela, então por que ele está falando comigo?
O professor chegou e ele não disse mais nada e eu agradeci por isso.
No intervalo, Spencer apenas me enviou uma mensagem.
"Oi, meu amor, estamos indo para Michigan. Qualquer coisa me ligue, estou sempre pensando em você."
Iria responder, minhas bochechas estavam vermelhas por causa do "pensando em você", mas eu não conseguia tirar o sorriso de felicidade do meu rosto.
Sempre escrevi romances e agora, estou tendo o privilégio de viver um.
De viver um com alguém que realmente gosta de mim e alguém que eu amo, não sei se poderia pedir mais alguma coisa além disso.
"Ok, pegue o elemento e por favor, cuide-se. Você é o dono dos meus pensamentos."
Respondi, por um segundo meus dedos se aproximaram do cancelar, eu iria clicar nesse botão, mas de repente, fechei os olhos e cliquei no enviar.
Em menos de um minuto, meu celular apitou novamente, não poderia ser Spencer, ele não teria respondido tão rápido.
Olhei para o nome de quem tinha mandado e vi que era Olivia.
"Oi, lindinha, estou indo te buscar hoje, ok? Beijinhos!"
Olivia mandou, sorri. Apesar de termos brigado, Olivia é minha melhor amiga e eu não queria perde-la.
Apenas respondi que estaria a esperando e continuei tomando meu chá e escrevendo em outro pedaço de papel.
Estava concentrada escrevendo quando uma sombra começou a tapar o sol, levantei meu rosto e encontrei Mackenzie com seu típico sorriso malandro.
-Oi Annezinha, andei ouvindo uns boatos e eles falaram que você está namorando, mas me diz uma coisa: quem seria o louco de namorar com você? Mas daí eu liguei os pontos rapidamente, você o inventou, não foi?
Ela sorriu. Seus olhos brilhavam em divertimento, eu nunca entenderia onde ela achava graça em fazer esse tipo de coisa com as pessoas.
Pensei em lhe responder, realmente pensei, mas eu ja passei tanto tempo da minha vida me importando com o que ela diz que responde-la agora seria perda do meu tempo.
Sei que tenho um namorado, sei que não o inventei. Não preciso convencê-la.
Eu não disse nada, apenas me levantei e segui para minha sala.
Ainda não estava entendo o que estava acontecendo, mas por algum motivo eu não sentia tanto medo hoje, por algum motivo, me sentia corajosa.
E eu faria de tudo para continuar assim.
POV'S Spencer Reid
Cheguei a BAU ainda pensando no que Anne quase tinha dito, não conseguiria parar de pensar nisso.
Enquanto andava totalmente distraído, tombei em alguém. Levantei os olhos para ver quem era e encontrei Morgan.
-Bom dia, PrettyBoy, por que está tão distraído hoje?
Ele perguntou rindo, eu precisava desabafar com alguém sobre o que Anne tinha quase dito, mas eu não sabia se Morgan seria a melhor pessoa, mas eu realmente precisava falar com alguém sobre isso.
Olhei para o lado, não queria que ninguém ouvisse, já bastava que eu tinha que falar para Derek, não precisava de todos do prédio falando sobre o assunto.
-Morgan, você sabe alguma coisa sobre amor?
Eu perguntei envergonhado, acho melhor eu retirar essa pergunta e ir ver meus relatórios. Morgan arqueou a sobrancelha, seu tão conhecido sorriso zombateiro apareceu e eu realmente iria retirar aquela pergunta, mas ele falou primeiro.
-Reid, aconteceu alguma coisa? Você e Anne brigaram? -ele agora estava preocupado.
-Não, mas eu acho que ela iria dizer que me ama.
Ele sorriu, parecia um sorriso feliz e isso me animou um pouco.
-Spencer, você está com medo daquelas três palavras?
-Não é medo, Morgan, é só que... -ele arqueou a sobrancelha para mim novamente, com um olhar de "não minta para mim"- Tudo bem, eu estou com medo sim, a única mulher que disse que me amava foi Maeve e mesmo naquela época quando ela disse eu não soube como reagir e Anne quase disse hoje de manhã e se tivesse dito eu provavelmente não saberia como agir, e isso poderia magoa-la. E eu não suportaria magoa-la.
Disse tudo rapidamente, era muito bom poder desabafar sobre isso. Derek colocou a mão no meu ombro, sorriu reconfortante e olhou para algum outro lugar, eu fiz o mesmo.
-Você nunca conseguiria magoa-la, Reid. E não acho que seja preciso dizer essas três palavras para perceber o que acontece entre vocês, pode estar cedo ainda, mas para mim sempre estivera obvio, desde o dia em que ela apareceu aqui e você não conseguia tirar os olhos dela, que iria acontecer algo entre vocês. Quando vocês se olham, se beijam ou se tocam, criam uma bolha envolta dos mesmos e uma felicidade que chega a ser palpável. Você faz bem a ela, do mesmo jeito que ela faz bem a você, porque eu sou testemunha do quanto você mudou desde que aquela escritora tímida entrou para a sua vida e também sei, que o nosso gênio a mudou e a ajudou, então para mim isso sim são as três palavras, não precisa dize-las, apenas senti-las.
Morgan deu um leve tapa em meu ombro e seguiu para perto de Garcia que parecia eufórica com alguma coisa, continuei olhando a janela, olhando a vida lá fora.
Será que Morgan estava certo? Será que já estava mais do que claro que o que eu e Anne sentíamos era amor?
Não conseguia parar de pensar nisso, de pensar no seu sorriso, nos seus olhos, no quanto eu adorava quando seu corpo pequeno se aconchegava no meu.
-Spencer?
Virei para a voz, um pouco assustado, olhei e vi JJ.
-Temos um caso. -ela disse, me olhando preocupada.
-Ah claro, já estou indo.
Respondi e a segui até a sala para ela nos falar sobre o caso.
Era em Michigan, alguém estava matando casais e deixando seus filhos vivos, mas arrumando alguma maneira de fazer eles lembrarem dele. JJ explicou tudo, Hotch e Dave soltaram alguns comentarios, mas não tinhamos muito tempo, ele demorava apenas um dia para matar de novo.
-Saímos em vinte.
Hotch disse e saiu para pegar suas coisas, estava me levantando quando uma Garcia eufórica me chamou.
-Reid, o novo livro da Anne está sendo lançado hoje, não é? Comprei o meu na pré-venda, chegou ontem, mas eu não consegui começar a ler porque estava morrendo de sono, mas hoje eu vou começar a ler e não vai ter sono que me impedirá!
Penelope sorriu animada, sorri junto com aquilo. Era bom ver que as pessoas gostavam dos livros de Anne, isso a ajudava.
-O que? A escritora já está publicando um novo livro? Vou comprar apenas para ganhar um autografo. -Morgan disse rindo e Garcia virou rapidamente para ele, apontando a caneta com penas coloridas para ele.
-Não ouse, Derek Morgan, a única pessoa que vai ganhar um autografo será eu! Você nem gosta de ler, então nada de pedir autógrafos para a Anne, me entendeu?
Garcia disse, naquele instante ela realmente pareceu ameaçadora. Todos na sala riram com aquilo, era impossível não fazê-lo.
-Calma, amor, por que toda essa agressividade?
-Porque ela é minha escritora favorita, eu fiquei quatro anos, quatro dolorosos anos sem saber quem ela era e agora que eu sei, não vou deixar alguém que nem gosta de ler roubar o meu momento de fã!
Garcia disse, suas bochechas estavam vermelhas e pela expressão no rosto de Morgan, ele estava com medo e com vontade de rir ao mesmo tempo, levantou os braços para cima, em sinal de rendimento.
-Tudo bem, amor, não irei roubar seu momento de fã.
-Acho bom mesmo, chocolate.
A expressão ameaçadora suavizou e depois disso todos seguimos para pegar nossas coisas. Alguns minutos antes de decolarmos, mandei uma mensagem para Anne, ela respondeu e aquela resposta fez crescer um enorme sorriso no meu rosto.
"Você é o dono dos meus pensamentos."
Foi isso que ela disse, eu não poderia estar mais feliz, não conseguia parar de olhar para a tela do meu celular com um sorriso bobo, que logo foi notado por Rossi.
-Falando com Anne, Reid? Não esqueça de dizer que mandamos um "oi".
Senti minhas bochechas ficarem vermelhas, desviei o olhar, estava começando a pensar na resposta que poderia mandar, mas Hotch me chamou porque o jatinho iria decolar.
Guardei o celular e segui para dentro do jatinho.
POV'S Anne Jareau
As aulas já haviam acabado. Eu seguia até o estacionamento, onde quando Olivia vinha me buscar ela me esperava. Geralmente ela dizia que eu caminhava muito devagar, então agora com a bota ela deve estar nervosa enquanto me espera.
Os boatos sobre eu ter namorando se tornaram viral, até uma professora minha perguntou se era verdade aquilo, não pude deixar de ficar com as bochechas vermelhas e assentir levemente, mas os outros alunos estão sendo insuportáveis, como sempre foram.
A maioria deles gritava enquanto eu passava.
-Ei, estranha, ele é tão estranho quanto você?
-Ele deve ser cego, surdo e mudo, não é? Ou estar muito desesperado, porque só assim alguém namoraria você.
Esses eram os que eles mais diziam, mas esses não foram os piores.
-Você não tem vergonha de dizer que tem namorado? Porque deve ser isso que ele sente ao namorar você, tentou se suicidar em um acidente de carro e não foi bem sucedida, ele deve ter ficado sabendo disso e ficou com pena de você. Porque vamos se realistas, ninguém nunca ficaria com você.
Depois que ouvi esse, fui para o banheiro. Comecei a chorar desesperadamente. Era proibido eu ter um namorado? Eu não podia ter alguém que me amava ao meu lado?
Eu não podia ser amada?
Olhei para o meu reflexo. Hoje quando acordei, pela primeira vez, eu havia gostado do que tinha visto, mas agora parece que tudo voltou, inclusive o ódio pelo o que vejo no espelho.
Desviei o olhar do objeto que refletia minha imagem, lavei meu rosto, coloquei os óculos de volta e segui para a sala de aula.
Enquanto ia até o estacionamento, eu mantinha os olhos presos no chão, sabia que enquanto eu passava algumas, ou melhor, a maioria estava rindo e tirando sarro de mim. Estava tão cansada daquilo, a manhã tinha começado tão boa.
Com Henry, Spencer me dando uma flor e nós tomando café como uma família, mas agora tudo tinha sido jogado no lixo, todas aquelas coisas boas que eu tinha sentido de manhã, haviam acabado e como sempre, tudo o que tinha restado fora a mágoa.
Assim que cheguei ao estacionamento, quase deixei meus livros caírem ao ver aquela cena.
Aquilo só podia ser alguma brincadeira de mal gosto, tinha que ser.
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