"Tão bom morrer de amor! e continuar vivendo..."
-Você entregou à ela?
A voz um tanto quanto histérica perguntou, em sua voz era possível perceber todo o nervosismo e angústia que sentia.
O homem ao seu lado que tentava parecer tranquilo, apenas afirmou com a cabeça. A cada Segundo que se passava, ele se arrependia de um dia ter feito negócios com aquela mulher.
-Ela não está gostando disso, nem um pouco.
Ele falou calmo, tentando convencer a mulher nervosa de que tudo aquilo era loucura, mas ela continuou agindo como se nada estivesse errado.
-Eu não preciso que ela goste, apenas que ele odeie, ainda estou guardando o melhor para ele e depois, ela perceberá que eu sou a única pessoa de confiança na vida dela.
A mulher disse, sorriu e no seu sorriso todo seu veneno escorria. Ela estava enlouquecendo.
O homem balançou a cabeça, sentindo pena de todos os envolvidos nessa história, mas sentindo raiva dele, por ter se deixado levar por uma boa quantia de dinheiro.
Como se o dinheiro fosse repor o estrago gigante que tudo aquilo iria causar, em várias pessoas.
-Ja parou para pensar no quão errado é isso que você está fazendo?
Ele perguntou, tentando e quase implorando para aquela mulher mudar de ideia, fazer outra coisa, desistir.
Mas ela parecia irredutível e ele sabia, no fundo ele sabia, que não poderia fazer nada.
Nada a Faria mudar de ideia, ela estava cega, enlouquecida.
-Não me venha com lição de moral novamente! Quantos vezes teremos que discutir sobre isso? Achei que estava do meu lado.
Ela virou para ele, seus olhos brilhavam de raiva, queria se livrar dele, mas era dele que ela precisava no momento e infelizmente, ela teria que continuar com ele ao seu lado.
O homem deu um passo para trás, com medo da aparência da mulher. Toda a beleza exótica e estonteante que ela tinha, havia sumido, sobrando apenas a loucura dela e o medo dele para aguentar isso.
-Eu não estou do lado de ninguém! Estou apenas dizendo que tudo isso que está fazendo é absurdamente errado!
Ela gargalhou e toda sua histeria fez ecos pelo ambiente, ele deu mais um passo para trás.
-Você está me falando sobre algo errado? Você? Justo você? Esqueceu do seu passado, lindinho? Pois eu não esqueci, então não venha me dizer o que está errado e o que não está!
Ele abaixou a cabeça, ela estava certa. Ele não era ninguém para julgar aquilo, mas também não deveria fazer parte do circo que estava para vir.
POV'S Anne Jareau
Depois que rimos até nossas barrigas doerem, Jack deu a ideia de vermos as nuvens e dizer o que elas pareciam.
Mantive meus olhos fixos no céu, sentindo aquela leveza ainda e agradecendo por senti-la.
No céu, tinha uma nuvem muito parecida com um livro e eu comecei a rir, três pares de olhos viraram para mim.
-Parece um livro.
Eu disse e apontei para a nuvem, eles viraram para ela e concordaram, logo depois rindo junto comigo.
Spencer passou os braços pelos meus ombros, aconcheguei meu corpo no dele e os meninos voltaram a brincar de pega-pega.
Reid me virou para ele. Ele sorria feliz e eu tenho certeza de que o meu sorriso era igual, era impossível não ser igual.
-Estou amando esse dia. Obrigada.
Ele disse e me deu um beijo na testa.
-Pelo o que?
-Por ter me livrado do meu vazio, do vazio que era minha vida.
Sorri emocionada e o puxei para um selinho. Segurando seu rosto com as minhas mãos e fazendo um carinho ali.
-Eca!
Henry e Jack disseram juntos, fazendo eu e Spencer gargalhar. Eles ficaram nos olhando com cara de nojo e eu me levantei, fingindo estar brava.
-Eca? Vocês disseram "Eca", é? Então se preparem para correr!
Eu disse rindo, os dois olharam para mim, se olharam e saíram correndo e logo depois, eu também.
-Eu vou pegar vocês! -Eu disse e eles riram como resposta.
-Quero ver você nos pegar, tia Anne.
Jack disse e Henry apenas gargalhou, continuei correndo, mas eles eram rápidos demais e eu sedentária demais.
-Tio Spencer, ajuda a gente!
Henry disse e depois tudo que eu senti foi braços segurarem minha cintura e me tirarem do chão.
Virei e encontrei Spencer com aquele sorriso de espertinho dele.
-Isso é um complô! -eu disse, cruzando os braços.
-Não é não, você queria nos pegar e ele nos defendeu. -Jack disse.
-Não fica brava com a gente, tia Anne. -Henry disse e eu me esforcei para não rir.
-Vai, meu amor, não fica brava com a gente.
-Não fico se me colocarem no chão.
Respondi, segurando muito a risada. Spencer me colocou no chão e eu logo comecei a rir.
-Então você não está brava? -Jack perguntou preocupado.
Me abaixei e passei os braços por Henry e Jack, os puxando para um abraço.
-Eu nunca conseguiria ficar brava com vocês. -Disse e dei um beijo na testa de cada um- Mas agora precisamos ir para casa, tudo bem?
Eles assentiram, começamos a arrumar as coisas.
Guardar as comidas, a toalha e quando tudo estava guardado, eu peguei a mão de Jack e Spencer de Henry e seguimos para o carro.
Reid estava guardando tudo no porta malas do carro quando uma senhora com um cachorro parou ao meu lado.
-Lindos seus filhos, sinto saudades de fazer esses tipos de passeio com os meus.
-Não são meus filhos, um é meu sobrinho e outro é filho de um amigo.
-Eles parecem gostar de você, será uma boa mãe.
Quando ela disse isso, senti minhas bochechas ganharem cor.
Nunca pensei que teria filhos, pois nunca pensei que encontraria alguém, mas agora tenho Spencer e foi inevitável não pensar nele como pai dos meus filhos.
Abaixei a cabeça, totalmente envergonhada com os meus pensamentos.
-Obrigada.
-Que isso, querida.
Ela respondeu e seguiu seu caminho com o seu cachorro.
Eu mãe?
Se eu fosse mãe, eu seria uma boa mãe? Eu deixaria meus filhos orgulhosos? Eu saberia cuidar deles? Ama-los?
-Tia Anne, -Henry me chamou, me tirando dos meus pensamentos- quando você tiver filhos, promete nunca esquecer a gente?
Me abaixei para ficar na altura daqueles dois meninos adoráveis, eles me olhavam com os olhos preocupados.
Como se eu tivesse coragem de os esquecer, como se eu conseguisse.
Passei minhas mãos em seus cabelos, sorri.
-Eu jamais irei esquecer de vocês.
Disse e sorri, vendo aqueles rostinhos sorrirem também.
-Vamos?
Spencer nos perguntou, apenas assentimos.
Coloquei os meninos no Banco de trás, colocando os cintos de segurança e depois seguimos para casa.
Assim que chegamos, achei um bilhete de JJ.
"Eu e Will fomos jantar na casa de uns amigos, voltaremos tarde. Confio em você, qualquer coisa nos ligue. Beijos."
Não acredito nisso.
Vai ficar somente eu e os meninos aqui. Eu. Cuidando de duas crianças. Eu.
Eu não vou conseguir cuidar deles, não vou saber os colocar para dormir e eles vão ligar para seus pais e dizer que sou uma péssima tia e que não sei cuidar deles.
Acho que Spencer notou meu desespero, pois pousou as mãos gentilmente no meu ombro. Ele procurou por meus olhos, mas eu estava tão preocupada que não conseguia os olhar.
Ele colocou a mão no meu queixo e levantou meu rosto, seu sorriso era reconfortante.
-Está tudo bem, eu vou estar aqui com você. Sempre.
Ele disse, passei meus braços por seus ombros e o puxei para um abraço. Apoiei minha cabeça em seu peito e sorri.
Spencer sempre arrumaria um jeito de me fazer sentir melhor, na verdade, só o fato de estar ao seu lado ja me fazia sentir melhor.
-Meninos, eu vou dar banho em vocês, enquanto a tia Anne começa a fazer o jantar, pode ser?
-Pode sim!
Eles gritaram animados e subiram as escadas correndo, Spencer sorriu, me deu um beijo na bochecha e seguiu para as escadas.
Eu prendi meus cabelos e segui para a cozinha, decidida a fazer uma lasanha. Enquanto cozinhava, cantarolava alguma música que eu tinha ouvido em algum lugar.
Senti quatro braços segurarem minhas pernas, olhei e encontrei dois seres adoráveis, ja de banho tomado e sorrindo.
Logo atrás deles, um homem com os cabelos mais bagunçado que o normal e molhado. Quando olhei seu estado, comecei a gargalhar.
-Não tem graça.
Ele disse emburrado e cruzando os braços, sorri mais ainda. Ele fica absurdamente lindo daquele jeito, me aproximei dele, lhe dei um beijo na bochecha e voltei para a lasanha.
Henry e Jack foram na sala brincar e assistir televisão, coloquei a lasanha para cozinhar e me virei para o cabeludo que me observava o tempo inteiro.
-O que foi? -perguntei.
-Nada, é só que você será uma ótima mãe.
Olhei para baixo, era a segunda pessoa que me dizia isso, no mesmo dia. Mas acho que não iria importar quantas vezes me dissessem, eu com certeza ficaria vermelha e envergonhada, afinal, esse tipo de pensamento nunca passou pela minha cabeça.
-Vamos fazer assim, você vai la tomar um banho, enquanto eu fico de olho neles e faço a sobremesa.
Spencer assentiu, me deu um selinho rápido e seguiu para as escadas.
Comecei a fazer um brigadeiro e um branquinho, ouvia os meninos rirem na sala enquanto viam algo na televisão. Terminei a sobremesa, coloquei na geladeira e fui ver o que eles estavam fazendo.
Henry e Jack estavam sentados no sofá olhando desenhos, eles garalhavam de tudo que os personagens faziam e ainda comentavam sobre eles.
Me apoiei no batente da porta, os ver assim, rindo e conversando, exalando animação e despreocupação, me deixou abalada.
Ficar esse dia com Spencer e os meninos tinha me ajudado a esquecer todos os problemas, ou melhor, todas as aparições inesperadas que estavam se tornando cada vez mais presente na minha vida.
Suspirei, teria que dar um jeito em tudo isso e eu nem sabia por onde começar.
Os meninos finalmente notaram minha presença ali, sorriram e me chamaram para sentar com eles.
Sentei no meio dos dois, que apoiaram as cabeças em mim e e continuaram com os olhos fixos na televisão. Logo, estávamos os três gargalhando e conversando sobre o desenho.
-Por que os super-heróis sempre vencem o mal, tia Anne? -Jack perguntou.
-É verdade, por que sempre a mamãe e o tio Hotch vencem o mal?
-Porque o bem sempre vencerá o mal, mesmo quando parecer que ele não vai vencer, ele vai.
-Então, se formos bons, vamos vencer?
-Vão sim, Jack, mas vocês tem que se esforçar e sempre fazer o seu melhor.
Respondi, bagunçando o cabelo dos dois que riram.
-E nós poderemos ser super-heróis que nem a mamãe, o papai, o tio Hotch e o tio Spencer?
-Vão poder sim e tenho certeza de que serão os melhores super-heróis que esse mundo ja viu, do jeitinho de vocês.
-Obrigada, tia Anne.
Os dois disseram juntos e cada um deu um beijo na minha bochecha ao mesmo tempo. Os abracei e beijei o topo de suas cabeças.
-O que acham dos meus super-heróis favoritos, me ajudarem a arrumar a mesa?
-Sim!
Eles disseram e foram correndo para a cozinha, chegando lá, nós arrumamos a mesa e eu coloquei a travessa na mesa, quando ia chamar por Spencer, ele apareceu.
Céus!
Tinha algum momento em que ele não estava lindo?
Se tinha, eu nunca iria saber.
Sentamos todos a mesa e começamos a comer.
Assim que terminamos o jantar, fomos para a sala ver filme e comer a sobremesa.
-Você fez brigadeiro!
-Fiz sim.
-Obrigada, tia Anne.
Nos sentamos no sofá para ver Detona Ralph, eu ja tinha visto aquele desenho várias vezes, mas precisava admitir, eu o adorava. Adorava Ralph, adorava Vanelope, ela me lembrava Penelope.
Estava tão entretida no filme, que não notei que os dois garotinhos ja estavam dormindo, cutuquei Spencer que ja estava dormindo também.
Ele acordou meio zonzo e estava tão fofo, apontei para os meninos e ele apenas assentiu e me ajudou a levá-los para o quarto de Henry.
O ajudei a levar os meninos, os colocamos na cama, os cobri, beijei a testa de cada um, encostei a porta e eu e Spencer seguimos para meu quarto.
-Vou tomar banho agora, fique a vontade.
Disse, estava indo em direção ao banheiro quando ele me puxou para seus braços.
Seus braços estavam envolta da minha cintura, sempre me sentia segura quando ele fazia isso.
Ele sorria para mim, eu sorria para ele e naquele momento, tudo pareceu perfeito.
Ele me beijou, era um beijo lento, só para sentir o que sentíamos um pelo outro, só para aproveitar o momento, só para nos declararmos em silêncio.
Mas infelizmente, ainda precisamos de ar, terminamos o beijo com vários selinhos.
Assim que nos soltamos, observei Spencer, ele estava cansado, tinha passado dois dias em um caso e depois passou o dia comigo. Ele deveria estar cansado.
O levei até a cama, deitei ele e o cobri com o meu edrodom verde-agua, dei um último selinho e o vi fechar os olhos que eu tanto amo, logo depois caindo num sono profundo.
Sorri, como não era de se esperar, ele era lindo dormindo.
Segui para o banheiro. Me despi, olhei para o enorme espelho que tinha no banheiro.
É, eu tinha mudado, não sei definir se foi muito ou se foi pouco, mas eu tinha a certeza de que tinha me mudado.
Meu corpo ja não tão magro e com roxos quase inexistentes e a pulseira que JJ tinha me dado cobriam as cicatrizes, definitivamente, eu estava melhor.
Segui para o box, onde eu esperava que a agua quentinha levasse embora todos os problemas.
"Precisamos saber quem ela é. Ela é a melhor escritora que conheço e simplesmente não sei como ela é, nós precisamos descobrir quem está por trás das siglas."
Não conseguia esquecer o que eu andava lendo na Internet. O novo livro tinha se tornado viral, todos tinham lido o livro e apararentemete todos queriam saber quem eu era, mas meu maior medo não era eles saberem, mas sim o fato de que eles iriam se decepcionar sabendo que era eu quem escrevia, afinal, quem gostaria de saber que idolatra uma perdedora como eu?
E isso estava me preocupando muito, porque eles estavam tão determinados a me descobrir que eu não sei o que faria se eles realmente fizessem isso.
Mas dos problemas que eu tinha, esse não era o pior.
"Ele não é o certo, eu sou. Você está perdendo seu tempo com ele."
"Eu poderia te mostrar muitas coisas que você ainda não viu.."
"Tem certeza de que ele é absolutamente sincero com você?"
Eu vinha recebendo essas mensagens quase todos os dias de Jay, estava começando a ficar furiosa, por que ele estava fazendo aquilo?
Por que estava se aproximando de mim? Quando tinha vária pessoas que queriam ser amiga dele, eu não queria.
Eu não sei o que tinha em Jay, mas eu não o queria perto de mim, de maneira alguma.
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