História It's Not Fine - Drinks and kisses.

Assim que Taeyong terminou de ler, soltou um gemido de frustração, e sentia as lágrimas molharem novamente suas bochechas. Jaehyun olhou para ele com certa pena, mas não disse nada e apenas começou a dirigir em direção à sua casa. 

Assim como a ida, a volta foi silenciosa, a não ser pelo barulho da chuva, agora um pouco mais intensa, batendo no vidro do carro. 

De volta ao quarto do maior, Jaehyun retirou o terno e se trocou, se deitando novamente na cama. Ele percebia que o outro não tinha soltando o envelope em nenhum momento desde que o maior entregou para ele. Nos primeiros minutos, Taeyong hesitou em se trocar, mas logo desistiu e percebeu o quanto estava cansado. Em um canto do quarto, o menor retirou primeiro o paletó, ficando apenas com sua a blusa preta de mangas compridas que Jaehyun tinha o emprestado. Em seguida se despiu da calça do terno, deixando suas pernas à mostra. Aquela cena quase fez com que o mais novo engasgasse. Vê-lo daquele jeito era tão... Provocante. Ah, ele não deveria pensar aquilo, já que eles tinham acabado de voltar do funeral do amigo deles.

Taeyong terminou de se trocar e foi se deitar na cama junto ao maior, que rapidamente puxou o cobertor para cobrir a ereção involuntária que sentiu crescendo no meio de suas pernas. Isso era muito... Errado? Ele estava tão vermelho que sentia as bochechas queimarem, mas agradeceu aos céus pelo menor não ter notado. 

— Que cara é essa, Jae? Aconteceu alguma coisa? – Talvez ele tenha notado, na verdade. 

— Nada – disfarçou, nervoso. 

Taeyong deu de ombros e se deitado virado de costas para ele. Parecia que não queria conversar no momento. Jaehyun suspirou e então se virou também. Talvez a carta de Ten tenha feito com que o outro refletisse sobre aquilo. Ele esperava que o menor melhorasse depois disso. 
O moreno apenas fechou os olhos e tentou esquecer de tudo.

...

Três semanas. De novo.

Três semanas haviam se passado desde o funeral de Ten. E, por incrível que pareça, tudo parecia estar indo bem. Taeyong tinha voltado a ir para a escola. Ele parecia mais... Animado. Não muito, mas já era um começo, comparado ao estado dela há algumas semanas atrás. Ele conseguia até rir das coisas estúpidas que saiam da boca de Jaehyun. Estava até tentando se socializar mais, conversava com alguns dos amigos do maior e parecia estar perdendo um pouco de sua timidez excessiva. Já Jaehyun se sentia satisfeito. E isso estava o fazendo se sentir culpado. Ele deveria se sentir assim mesmo após a morte do seu melhor amigo? Parecia ser tão errado... Mas ele sabia que era isso que Ten queria; que superasse aquilo rápido e que voltassem a viver suas vidas. 

Pela primeira vez em algum tempo, eles não estavam apodrecendo no quarto do mais novo. Os dois se encontravam na pequena praça perto da casa de Jaehyun. Taeyong olhava para a grama verde, sentando em um banco, e ao seu lado estava Jaehyun. 

— O que você gostaria de fazer amanhã? – Jaehyun perguntou, com as mãos no bolso. Embora o sol de fim de tarde estivesse no horizonte, ainda fazia frio. 

— Eu não sei... Talvez no seu quarto – respondeu, em um tom de brincadeira. Mas isso o lembrava sobre várias coisas e trazia tantos sentimentos à tona que ele desejou não ter falado aquilo. 

O maior revirou os olhos, mas teve uma ideia que fez seus olhos brilharem na mesma hora.

— Sim, nós podemos ficar em casa. Mas eu vou chamar Yuta, Mark e os outros, tudo bem para você? 

— Ah, claro. Mas... Para que, exatamente? 

— Não sei... Meus pais não estarão em casa amanhã. O que você acha que é? – Ele sorriu malicioso, fazendo com que Taeyong corasse rapidamente. — Ah, não é isso que você tá pensando! 

O menor soltou um suspiro de alívio. 

— Para que, então?

— Eu estava falando de bebidas, Taeyong. Você é tão pervertido. 

— Como se ficar bêbado na ausência dos pais fosse certo, não é?

Os dois riram, e ficaram por mais algum tempo ali, Taeyong com a cabeça encostada no ombro do maior, apenas observando o sol se pôr calmamente. Talvez eles pudessem mesmo ter um novo começo.

...

— Sem festas, sem bebida e sem garotas, entendeu? – A mãe de Jaehyun falou, mas ele pareceu distraído em seus pensamentos. — Jaehyun, você ouviu?

— Ah, sim, claro. Se divirtam – ele disse, antes de seus pais saírem. Na verdade, foi o maior que praticamente os empurrou para fora de casa. 

Já tinha anoitecido, porém não era muito tarde. Taeyong estava sentado no sofá, observando Jaehyun pegar o celular e ligar para alguém, enquanto andava de um lado para o outro. 

— Não esqueceu de nada, não é? – Perguntou, e assim que obteve a resposta, desligou o celular e o colocou no bolso de sua calça. — Tudo pronto, eu acho. É só esperar. 

Taeyong soltou uma risadinha. Era bom ver Jaehyun feliz, depois de tudo. Ele se sentou ao lado do menor e ligou a televisão. Eles assistiram um desenho infantil por alguns minutos antes de baterem na porta. Taeyong não sabia o porquê, mas se sentia um pouco tenso com aquela situação. Ele já sabia quem eram as pessoas que viriam, mas mesmo assim ficou nervoso. 

Assim que abriu a porta, ele ouviu algumas vozes gritando animadamente. Em seguida, as pessoas que estavam do lado de fora entraram. Taeyong reconheceu todos eles. Mark, um garoto loiro que estava sempre brigando com Donghyuck, que entrou atrás dele. O garoto já tinha o rosto emburrado, então Taeyong supôs que Mark já devia ter feito alguma coisa para o irritar. Não deixou de soltar um sorriso de canto. Os dois lembravam ele o Jaehyun.

Logo atrás deles, entraram Yuta e Taeil. Taeil carregava consigo duas garrafas de bebida. Todos os quatro cumprimentaram Taeyong com um aperto de mãos. Mark e Yuta e sentaram ao lado de Taeyong no sofá, e Donghyuck e Taeil no chão. Jaehyun trancou a porta e se aproximou deles, se sentando também no chão, de frente para todos. Ele percebeu que o maior segurava também duas garrafas de bebida alcoólica nas mãos, e sorria feito um louco. 

— Ok, por enquanto... Vamos só beber. – Disse, enquanto abria uma das garrafas. — Hã, Tae, você pode buscar alguns copos? 

Ele falou, e o menor assentiu. Se levantou e foi até a cozinha, buscando alguns copos descartáveis – do jeito que aquilo ia dar merda, ele ficou com receio de pegar copos que poderiam quebrar. Porém, quando voltou, todos já estavam revezando a garrafa, bebendo direto dela. Taeyong revirou os olhos e deixou os copos em algum canto, enquanto ia se sentar novamente no sofá. Assim que se aproximou, percebeu que eles conversavam sobre coisas que não interessavam à Taeyong. Então ele ficou só sentando observando os outros se divertirem. Não que ele estivesse totalmente entediado, até ria algumas vezes de quando Jaehyun falava alguma besteira. 

— Você é tão idiota – Donghyuck falou, empurrando levemente no ombro de Mark, que estava no chão. O loiro soltou uma risada, mas Taeyong não sabia o porquê de Donghyuck estar o xingando. 

— Vocês dois não prestam – Jaehyun sorriu, enquanto bebia mais um gole. A primeira garrafa tinha chegado ao fim. Taeyong tinha bebido pouco, já que não gostava muito de álcool. 

— Ei – Taeil chamou a atenção de todos, enquanto pegava a garrafa vazia das mãos de Jaehyun. — Podemos fazer um verdade ou desafio. 

Todos concordaram com a cabeça, e então se sentaram no chão, formando um círculo. Taeil colocou a garrafa no centro, e a girou uma vez. Taeyong tinha um pressentimento ruim sobre aquilo, mas mesmo assim concordou também. Ele estava sentando ao lado de Jaehyun. 

— Yuta pergunta para Jaehyun – falou, sorrindo de canto. 

— Verdade ou desafio, Jae? – O japonês perguntou, apoiando o queixo nas mãos.

— Hm... – O moreno pareceu pensar por alguns segundos. - Desafio. 

Acabou que Yuta desafio Jaehyun a ir lá fora sem camisa. Parecia ser simples, mas fora da casa estava parecendo que fazia -100 graus. O maior retirou a camiseta e rapidamente abriu a porta, saindo. Taeyong e os outros observaram pela janela o sofrimento do outro, rindo. Jaehyun tinha cara de que iria matar Yuta. Assim que entrou novamente, depois de congelantes dois minutos, ele colocou a camiseta e uma blusa de mangas compridas, tremendo. Taeyong não deixou de rir do estado dele. 

A próxima rodada foi Taeil que perguntou para Donghyuck. 

— Verdade ou desafio? – Falou, ansioso. 

— Verdade – o menor respondeu rapidamente, fazendo com que todos rissem. Ele fez uma cara emburrada. 

— Tudo bem... Você já beijou quantas pessoas, Donghyuck? 

Donghyuck pareceu surpreso e nervoso ao mesmo tempo. Ele esperou alguns segundos antes de responder de volta. 

— Eu já... Beijei muitas pessoas, hyung. 

— O que você quer dizer com muitas pessoas? Já beijou garotos também, Donghyuck? – Taeil retrucou, começando a rir do nervosismo do menor. 

— N-não! Quer dizer, eu já beijei muitas garotas. – Ele estava quase tremendo de tensão, e, ao seu lado, Maek gargalhava. Donghyuck só ficou com mais raiva ainda dele. 

— Tão mentiroso... – Mark murmurou, recebendo um leve soco do amigo.

A garrafa vazia foi novamente girada. 

— Verdade ou desafio, Mark? – Taeyong perguntou, o que fez com que o loiro parasse de rir na hora e o encarasse com uma expressão tensa. 

—  É... Desafio.

Taeyong refletiu por alguns segundos. Bom, como eles não tinham colocado nenhum limite naquela brincadeira, ele decidiu pedir algo arriscado, e que sabia que provavelmente resultaria em brigas – e, logo, em boas risadas para ele.

— Eu desafio você a... Dar um selinho em Donghyuck. 

No mesmo momento em que falou, Taeyong foi bombardeado de xingamentos, tanto de Mark quanto de Donghyuck, e gargalhadas dos outros. 

— Ok, Taeyong, aí você já está indo longe demais – o loiro falou, fechando a cara e cruzando os braços. Estava visivelmente infeliz com o seu desafio. 

— Desafio é desafio – Yuta disse. Todos pareciam estar ansiosos para aquilo, pareciam estar se divertindo com a situação dos dois.
— Eu não vou fazer isso. – Donghyuck falou, com os olhos semicerrados.

Os outros quatro começaram a incentivá-los, com gritos em uníssono. Quando percebeu que eles não iriam parar com aquilo, Mark desistiu. 

— Tudo bem. Mas é bem rápido. 

Ele respirou fundo e tomou um gole da segunda garrafa, que passava de mão em mão na roda. Virou para Donghyuck, que não tinha uma expressão muito amigável. O loiro segurou em seu pescoço, mas antes de realmente beijá-lo, ele riu, tenso, dizendo que não acreditava que estava fazendo aquilo. E então colou suas bocas por alguns segundos. O menor manteve seus olhos abertos durante todo o beijo. Taeyong tinha dito apenas um selinho, mas aquilo tinha parecido ser mais do que aquilo.

— Argh, que nojo! – Donghyuck exclamou assim que eles se separaram, limpando seus lábios desesperadamente. Mark parecia ter a mesma reação.

— Não precisa fingir, nós sabemos que vocês gostaram – Jaehyun comentou, arrancando xingamentos e palavrões dos dois. 

— Veja pelo lado bom, Donghyuck, pelo menos agora você já beijou alguém – Taeyong disse, fazendo com que o outro o fuzilasse com o olhar. 

Mais algumas rodadas se passaram com desafios e perguntas tão indecentes quanto a última. 

— Mark pergunta para Jaehyun – Donghyuck falou depois da garrafa parar de virar. 

O loiro soltou um sorriso tão malicioso que deixou Taeyong com medo. Algo o dizia que agora ele iria se vingar do maior. 

— Verdade ou desafio, Jaehyun? – Perguntou, com os olhos queimando de ansiedade. 

— Verdade – Jaehyun não era nenhum idiota, então ele escolheu obviamente o mais simples. 

— Hm, ok... Vejamos... – Falou, fingindo pensar, enquanto passava a mão pelo próprio queixo. Ao seu lado, Donghyuck tinha uma expressão entediada. — É verdade que você e o Tae já tiveram alguma coisa? 

Jaehyun revirou os olhos, mas estava nitidamente nervoso. Ele realmente estava preocupado nos últimos dias sobre essa questão, da sua sexualidade. Por que tinha que ser tão difícil, para todo mundo, se assumir? 

— É... Não, nós nunca tivemos nada. – Ele reuniu toda a sua coragem restante e disse a frase em um tom firme. — Por que pergunta isso? Nós não somos apaixonados igual vocês dois. 

Ele apontou para Mark e Donghyuck, que ficaram visivelmente irritados. Porém aquela raiva passou rapidamente, e Donghyuck deu um pequeno sorriso. 

— Então façam como nós... Deem um selinho. Não é, Taeyong? – O loiro disse. Ele parecia estar se divertindo tanto com aquilo.

Taeyong perdeu a respiração por alguns segundos. Ele sentiu seu coração ir acelerando cada vez mais. Uma ponta de raiva o atingiu, Mark era um idiota, de verdade. O moreno não podia fazer isso... Ele não estava preparado. Jaehyun, embora não tivesse discordado em nenhum momento da ideia, também se encontrava no mesmo estado. Em choque. 

Todos ao redor começaram a gritar pelo beijo, assim como fizeram antes, com Mark e Donghyuck. 

— Isso não é justo. Ele escolheu verdade – Taeyong protestou, porém eles continuaram pedindo pelo beijo. O menor bufou, e se virou para Jaehyun, que estava ao seu lado. 

Jaehyun colocou a mão no pescoço do menor, sem mais nem menos, e passou o polegar por suas bochechas. Os quatro, que apenas observavam, riram com aquilo. Jaehyun abaixou a cabeça e soltou uma risada nervosa, voltando a encarar Taeyong. Ele conseguiu ver o brilho nos olhos do maior. Parecia que ele sim estava esperando por isso. Taeyong apenas olhava para a boca levemente rosada do amigo, que ia se aproximando cada vez mais. Diferente do beijo de Mark e Donghyuck, que tinha sido rápido, o de Jaehyun e Taeyong foi um pouco quanto demorado demais. No começo, foi apenas um selinho, como era combinado, mas logo suas línguas estavam quase se encostando. Taeyong percebeu que o clima estava ficando estranho, e separou suas bocas, porém não se afastou e nem retirou a mão do maior de seu rosto.

— Jae? Agora não... – Sussurrou para apenas ele ouvir, e se afastou. 

Todos ao redor começaram a bater palmas, especialmente Mark, que ria como se fosse morrer. Taeyong pegou uma almofada e jogou nele, fazendo rir ainda mais com a frustração do mais velho. 

E no restante da noite, Taeyong ficou com o gosto dos lábios de Jaehyun em sua boca.