Se havia uma pessoa feliz naquele ônibus escolar em plena quarta feira, esse alguém era John. A noite passada foi uma das melhores da sua vida. Ao oficializar sua situação com Paul, sentiu que nada poderia dar errado em sua vida. Via todos entrarem no ônibus com um grande sorriso no rosto e isso não passou despercebido para seus amigos, que logo perguntaram:
George: O que houve, Johnny?
Ringo: Não tira o sorriso do rosto!
John: Quando chegarmos, vocês descobrirão.
George: Já tô curioso! Não pode contar agora, não?
Ringo: Credo, Geo! Larga de ser fofoqueiro.
George: Fofoqueiro, não! Só gosto de estar bem informado.
John: Só vocês dois mesmo. Segura teu homem, Ringo! - falou entre risos.
Ao parar de falar, viu Paul entrar no ônibus e, com isso, seu sorriso só aumentou. O viu andar até perto de si e sentou-se ali como sempre. Os dois sorriram um para o outro até Paul falar:
Paul: Bom dia, John!
John: Bom dia, Paul! Dormiu bem?
Paul: Sim! Tive um pesadelo, mas não abalou tanto o meu sono.
John: Quer me contar? Dizem que se você não conta um pesadelo, ele pode acontecer.
Paul: Acho que é meio impossível um homem com cabeça de ovo segurando uma morsa aparecer no meu quarto dizendo que quer me matar. Por que ele iria querer me matar?
John começou a rir ali tamanha era a incredulidade daquele pesadelo. Aquilo poderia dar uma excelente música, mas era bem ilógico. Parou de rir ao ver a expressão chateada do seu fixante:
John: Paul, não fique chateado! Só estou rindo porque esse pesadelo é bem ilógico. Não estou rindo de você.
Paul: Não mesmo?
John: Não, Macca! Eu nunca riria de você.
Paul: Posso te fazer uma pergunta sem ser essa que já estou fazendo?
John: Claro! O que quer saber?
Paul: Já posso juntar meu mindinho com o seu ou temos que esperar chegar no colégio?
Lennon, ao escutar aquilo, já entrelaçou seu mindinho ao de McCartney, vendo-o dar um sorriso. Sempre soube que o sorriso dele era uma das coisas mais bonitas que viu na vida, mas aquele estava mais iluminado:
John: Mais alguma pergunta?
Paul: Por enquanto não!
John: Caso queira saber de qualquer coisa não hesite em me perguntar.
Paul: Obrigado, John!
O moreno, ainda com os dedos entrelaçados, apoiou sua cabeça no ombro do acobreado quase tirando um cochilo. Ele não sabia, mas aquilo aqueceu o coração de John de uma maneira inimaginável. George e Ringo viraram-se um pouco e viram aquilo. Deram um sorriso para Lennon como se dissessem que entenderam, mas que iriam querer explicações.
Ao chegarem, Paul levantou-se e puxou John através do mindinho. Os dois andavam lado a lado com os mindinhos entrelaçados e sorridentes. Ringo chegou perto dos dois acompanhado de George e logo perguntou:
Ringo: Era por isso que estava sorridente de manhã?
John: Sim! Eu e o Paul somos fixantes agora.
George: Parabéns, caras! Ficamos felizes por vocês. E quando evoluirão para namoro?
Paul: Quando eu me sentir preparado pra isso.
George: Entendi!
John: Mas temos tempo pra isso. Não precisamos correr com nada.
Paul: O que correr tem a ver com namorar? - perguntou sem entender.
George e Ringo riram baixo daquilo. Ás vezes esqueciam que Paul não entendia algumas coisas que eles falavam. O casal saiu deixando os fixantes sozinhos com John tentando explicar aquela comparação.
Enquanto eles conversavam, Stuart e Pete passaram por eles e os lançaram um olhar de ódio. McCartney logo sentiu medo ao vê-los e sentiu quando John segurou na barra de sua camisa chamando sua atenção:
John: Está tudo bem, Macca! Eles não vão fazer nada com você. Eu não vou deixar!
Paul: John, pode me dar um abraço?
Lennon nem respondeu e já o abraçou delicadamente o segurando pela cintura. Deixou um beijo em seus cabelos e outro em sua testa. Olhou no fundo dos olhos de caleidoscópio de McCartney e perguntou baixinho:
John: Eu posso te beijar?
Paul: Pode!
John deu um selar de lábios nele ali mesmo sem se importar onde estavam ou se alguém via ou não. Stuart e Pete assistiam àquilo com olhos arregalados e com certa expressão de nojo. Um olhou para o outro e Best logo falou:
Pete: Eles estão juntos! Que nojo!
Stuart: Isso é nojento mesmo, Pete! O Lennon e o retardado. Temos que fazer alguma coisa pra acabar com isso.
Pete: Mas o quê? Nem pensar em bater nele. O John vira macho de verdade e bate na gente e sabemos o que ele pode fazer.
Stuart: Eu tenho um plano muito melhor. Vamos conversar sobre ele bem longe daqui porque essa cena já tá me dando vontade de vomitar.
Pete: Somos dois! Bora logo!
Stuart: Bora!
Alheios àquilo, John e Paul davam alguns selinhos nos lábios. McCartney estava encantando e totalmente feliz com aqueles beijos, mas tinha uma dúvida e logo perguntou ao fixante:
Paul: John, eu li ontem na internet que as pessoas botam a língua no beijo. É verdade?
John: Sim, é verdade!
Paul: E por que não fazemos isso?
John: Pensei que não se sentiria confortável mas, se você quiser, podemos tentar.
Paul: Eu quero tentar!
Paul já fechava os olhos quando ouviram o sinal tocar. Os dois sorriram um para o outro e John falou:
John: Podemos tentar depois lá no nosso lugar.
Paul: Lá no parquinho?
John: Isso mesmo!
Paul: Está bem! Vamos logo para a aula. Não podemos nos atrasar.
Os dois andavam calmamente com os dedos entrelaçados. O coração de Paul aqueceu ao perceber que já estava a bastante tempo com aquele contato e aquilo não o incomodava. Estar perto, tão perto de John como ele estava, ao contrário, gerou luz em sua vida.
***
Paul, George, Ringo e John estavam sentados em uma mesa no refeitório comendo tranquilamente. McCartney, observador como era, viu que Harrison e Starkey já se preparavam para ir ao banheiro como eles sempre iam e olhou para o relógio, falando com eles:
Paul: Já está na hora mesmo de vocês irem para o banheiro.
Ringo: Como assim, Paul?
Paul: Todo dia nesse mesmo horário vocês vão no banheiro. No início achei que era porque um de vocês estava passando mal, mas não é possível que passem mal todos os dias no mesmo horário. O que vocês fazem no banheiro?
Ringo ficou extremamente constrangido e George não sabia o que falar. John, segurando uma risada, chegou perto de Paul falando baixo:
John: Eles vão fazer a mesma coisa que faremos lá no parquinho.
Paul: E o que faremos no parquinho?
John: Vem que eu te mostro!
Os dois saíram deixando George e Ringo ainda totalmente constrangidos. Passaram pelos alunos em direção ao lugar que já era considerado como deles. Sentaram-se abaixo de uma árvore lado a lado observando o céu por entre as folhas. Lentamente os mindinhos se encontraram, fazendo nascer sorrisos bobos em ambos os meninos. Ao olharem no rosto um do outro, o sorriso ainda estava lá. John, aproveitando o clima, logo perguntou:
John: Lembra que eu disse que poderíamos tentar o beijo de língua aqui no parquinho quando chegamos ao colégio?
Paul: Lembro! Já vamos tentar?
John: Só se você quiser.
Paul: Eu quero!
John: Certo! Eu só preciso que você entenda que vai ter que abrir um pouco a boca e que não precisa se assustar quando sentir a minha língua.
Paul: Tá bom!
Lennon, então, se aproximou de McCartney. Simultaneamente os dois fecharam os olhos e encostaram os lábios. O moreno entreabriu os lábios junto do acobreado e sentiu a língua dele invadir sua boca. Se assustou um pouco, mas lembrou que John lhe falou sobre isso. Instintivamente pôs sua língua também e as duas línguas começaram uma dança deliciosa tanto na mente de John quanto na de Paul. Ficaram ali se beijando sem se ligar com o tempo ou qualquer outra coisa.
Ao sentir uma falta de ar, o moreno parou o beijo de qualquer jeito e começou a respirar um pouco mais fundo. O acobreado, assustado, arregalou os olhos e perguntou:
John: Paul, tá tudo bem?
Paul: Tá! Eu só senti um pouco de falta de ar.
John: Ah, sim! Desculpa!
Paul: Tudo bem! Eu já consigo respirar melhor. Desculpa parar o nosso beijo desse jeito.
John: Não precisa se desculpar… mas… você gostou?
Paul: Gostei… gostei, sim! Podemos fazer de novo?
John: Claro! Pode ser agora?
Paul aproximou-se de John e o beijou. Estavam no selar quando abriu a boca e percebeu que John também abriu a dele e, novamente, aquela dança de línguas prazerosa. Quando sentiu que faltava o ar, parou novamente, só que de maneira mais delicada. Afastou-se de olhos fechados e, quando os abriu, viu John sorrindo de olhos fechados como no primeiro beijo deles.
Assim que olhos âmbar se encontraram com os olhos castanhos esverdeados, os dois sabiam que aquilo seria para sempre e que nada nem ninguém os destruiria. Saindo daquele torpor, Paul perguntou:
Paul: Então é isso que George e Ringo fazem no banheiro?
John: Sim! Exatamente isso! - falou sorrindo.
Paul: Entendi! Então já que eles fazem isso no banheiro, podemos fazer isso aqui no parquinho. O que acha?
John: Acho perfeito… perfeito como você!
Paul: John, acho que podemos dar certo.
John: Eu não acho… eu tenho certeza. E acredite: eu farei dar certo. É só continuar confiando em mim.
Paul: Eu confio, John, eu confio!
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