Braços me puxavam para fora daquele cubículo. A pequena claridade incomodava os meus olhos. Levantei um braço colocando na frente dos olhos enquanto alguém me jogou como um saco de batatas. Minhas costas colidiram com o chão. Dor! Não escutava mais nada, ainda não consegui abrir meus olhos direito, meu corpo tremia, não tinha forças para me mover. Tentei me arrastar para saber onde estava. Sabia que não era o local onde as meninas ficavam, elas já teriam vindo ao meu encontro. Rastejei até que senti o chão meio úmido, eu estava no banheiro. Com o apoio da parede fui levantando devagar, liguei o chuveiro com dificuldade e caí no chão novamente. A água gelada caía pelo meu corpo, era doloroso.
Quanto tempo se passou? Quanto mais eu iria aguentar? Ainda com os olhos fechados, apreciando a água caindo em meu corpo, esperava que ela amenizasse tudo, braços me envolveram e me tiraram dali. Abri os olhos devagar e vi um enorme corredor ficando para trás. Eu estava voltando para o quarto das meninas. O homem abriu a porta e novamente me lançou no chão, não esperei muito até que braços me envolvessem. Elas estavam ali por mim.
- Meu Deus, o que ele fez com você? - Uma voz suave falava em meio a um choro baixinho. Eu reconhecia aquela voz. Não tinha forças para olhar. - Você está tão machucada.
- Por alguns dias nós achávamos que você tinha morrido, Lo....fala alguma coisa, por favor. - Eu até tentava, mas meu corpo estava exausto, eu não conseguia pronunciar nada. Eu adormeci ali, no colo das minhas companheiras.
Quando eu acordei meu olhos já estavam acostumados com a claridade, minha cabeça doía, quando tentei me mexer senti como se estivesse com algo quebrado. Me sentei com cuidado, estava em um dos colchões do quarto. As garotas não estavam ali, mas eu sabia onde elas estavam. Tinha dado tudo errado, eu estava ali novamente e logo tudo iria recomeçar. Estava começando a pensar que a Ashley tinha razão. Não existia uma outra forma de sair dali e por mais que eu não quisesse aceitar aquilo eu teria.
Não demorou muito para que a porta se abrisse e minhas colegas entrassem, haviam terminado mais uma noite. A expressão de sofrimento no rosto delas era visível. Assim como eu, elas odiavam aquele lugar. Dei um sorriso fraco quando Dinah veio em minha direção, ela estava com os olhos marejados e me abraçou e foi quando ela me soltou que eu vi a dona da voz que chorava ao meu lado quando cheguei.
- Mãe? Mas...Que porra ele fez? Eu vou matar esse filho da puta! - Minha mãe estava entrando no cômodo, olheiras, expressão cansada, visivelmente debilitada. Eu não estava acreditando que ele havia colocado ela ali. Me levantei mais rápido do que podia e senti uma zonzeira que precisei encostar na Dinah para não cair. Fui em direção a minha mãe e a abracei chorando. - O que a senhora está fazendo aqui?
- Eu..eu fiz isso por você. - Por mim? Que desgraçado!
- Lo. - Dinah me chamou. - Sua mãe entrou essa semana, tem dois dias. Antes dela entrar nós achávamos que você estava morta. Todas aqui pensaram isso. Até que ela contou o que tinha acontecido.
- Mãe..- Olhei para ela. - Porque você aceitou isso?
- Eu não consegui pensar em outra coisa, minha filha. Quando vi o estado que o seu pai estava. Ele convenceu o hospital inteiro que você era uma drogada perigosa, quando você finalmente saiu de lá eu já sabia o que ele ia fazer. Você não se lembra?
- Eu não me lembro de nada, mãe.
- Ele jogou você dentro da garagem sem nem se importar se você aguentava ficar em pé. Ele tirou o cinto e começou a te bater, ele te batia muito e você nem se mexia. Eu achei que estava morta. - Ela começou a chorar. - Ele gritava e xingava, perguntava se você iria repetir aquilo, mas você não respondia. Taylor chorava tanto - Naquele momento lágrimas também desciam do meu rosto. - Eu tentava chegar perto, mas o Chris me segurava então a única coisa que eu podia fazer era chorar. Até o momento que ele te levantou, colocou sentada em uma cadeira e começou a socar o seu rosto, eu não estava mais aguentando aquilo e não sei de onde tirei foras, mas me soltei dos braços do Chris e empurrei o seu pai. Ele me bateu algumas vezes e eu só repetia que ele poderia fazer aquilo comigo, desde que não fizesse com você. Foi aí que ele disse que se eu queria defender você iria viver por um tempo como você para aprender a dar valor ao que ele fazia por nós - Ela riu sarcasticamente. - O que ele faz por nós? Ele ta destruindo a nossa família.
- E aí ele te jogou aqui dentro. - Ela assentiu. - Você não podia ter feito isso.
- Sou sua mãe. Nenhuma mãe aguentaria aquilo, qualquer uma faria o mesmo.
- Ele está batendo na senhora? - Ela negou com a cabeça.
- Ele não me bate mais, apenas me forçou a passar essa semana aqui. Assim como todas as meninas eu trabalho. - Não acreditava naquilo. - Ele me quer apenas para os programas, não são muitos, quem vai pagar por uma puta velha quando tem todas vocês? - Aquele pensamento era ridículo. Ridículo também ela se colocar naquela situação por minha causa.
- Você precisa sair daqui, eu vou falar com ele. - Fui em direção a porta.
- Para, Lauren! Não vai adiantar.
- Lo, para de tentar ser a heroína. Você já tentou fugir e olha a merda que deu.
- Ela é a minha mãe, Dinah! Eu não posso permitir isso.
- Acontece que no momento nem você e nem ela estão em condições de permitir nada. Quem manda nesse caralho é o Michael. Se você aprontar mais uma vez será pior. - Eu não queria admitir, mas ela estava certa. Nada que eu falasse iria resolver e a punição seria maior. Fiquei abraçada com minha mãe até ela adormecer, Dinah e Kendall ficaram ao nosso lado.
Eu não queria que aquilo tivesse acontecido, jamais que eu iria pedir para minha mãe se colocar naquela situação por minha causa. Ela não tinha nada a ver com isso, não era justo. As meninas tentavam me consolar e tirar minhas ideias da cabeça. Conversamos sobre as garotas novas e Dinah as apresentou para mim. Uma em particular me deixou intrigada, Cara Delevingne. Seu olhar penetrante pairava em mim.. Enquanto Dinah nos apresentava ela me olhava com aqueles pequenos olhos azuis. Quando estendi minha mão ela sorriu de lado.
- Nossa..- Deixei escapar sem perceber. Cara ficou visivelmente sem graça e abaixou a cabeça enquanto colocava o cabelo atrás da orelha.
- Você está bem? - Ela perguntou. Um tom doce.
- Sim, na medida do possível.
- Ouvi falar sobre sua grande fuga. - Nós duas rimos.
- Não foi tão grande assim, eu já estou de volta - 5 minutos...cinco minutos foi o necessário para que eu me sentisse a vontade com a loira e um dia inteiro para eu ter certeza que estava brotando algo diferente. A segunda coisa que eu mais desejava no momento era beijar aquela boca. A primeira era sair dali.
Cara era incrível. Além de linda era despojada, seu sorriso era tão contagiante que era impossível não sorrir ao lado dela. Durante os dias que se seguiram ali dentro nos tornamos inseparáveis. Abraços, carinhos, conversas longas, nunca terminávamos o assunto. Estava estampado para todos ali que o desejo de ambas existia. Só não tinha ideia de como isso iria acabar.
Primeiro porque era algo novo para mim. Me interessar por uma garota? Nunca havia pensado nessa possibilidade, mas o desejo era tão forte, que isso martelava muito na minha cabeça. Segundo porque em meio aquele turbilhão de problemas eu estava pensando em ter um relacionamento ao invés de achar um jeito de sair? Idiota!
Era a última noite da minha mãe ali, eu estava com medo, mas feliz por ela. Eu tinha medo do que aconteceria quando ela saísse. Não queria que meu pai a maltratasse. A rotina começou, fomos nos preparar para começar os trabalhos.
Enquanto Cara colocava a roupa, nós trocávamos olhares, quando eles se encontravam nós sorríamos. Paixão avassaladora? Parecia que sim!
Assim que a porta se abriu e as meninas começaram a sair eu segurei na mão da minha mãe e saí junto com ela do cômodo. Os homens já começavam a entrar no lugar, a música já estava estridente e a mão da minha mãe suava de nervoso. Ela ainda não estava acostumada com aquilo, na verdade eu nem queria que ela se acostumasse. Ali não era o lugar dela. Eu queria que ela tomasse coragem e denunciasse o meu pai, mas sabia que isso não seria possível. Ela tinha medo que ele fizesse algo comigo ou com a Taylor.
Ele estava escorado na recepção juntamente com Chris, por impulso tomei uma decisão e antes que minha mãe impedisse eu já estava ao lado dele.
- Você não acha que está exagerando? - Ele se virou devagar e me encarou. Não esperava pela minha audácia.
- Não, eu não acho. Aliás, porque você está aqui e não fazendo o seu trabalho?
- Ela é a sua esposa, Michael!
- Ela fez essa escolha, ela queria experimentar a vida da filhinha dela.
- Era muito pensar que você não teria coragem, você não ama nem seus filhos quanto mais a esposa. - Ele bateu forte na minha cara.
- Como você se atreve? Eu amo meus filhos, mas nem todos merecem o amor que eu dou. - Se aproximou de mim. - Você é uma ingrata e sua irmã está indo pelo mesmo caminho, eu acho bom você se comportar se não quiser vê-la aqui também!
- Você não ousaria...que tipo de pai você é? - Antes que ele pudesse responder nós fomos interrompidos. Um homem bonito e muito bem vestido começou a conversar animadamente com ele. Ele não era velho como os outros e não tirava os olhos de mim. Quando Michael percebeu se virou para mim.
- Saia daqui! Vá fazer o seu trabalho. Aproveite que hoje é a última noite da sua mamãe ao seu lado. - Comecei a me virar quando ouvi a voz do homem.
-Eu quero ela! - Meu corpo tremeu por inteiro quando ouvi a voz grossa dele. - Aliás..quero as duas! - Duas? Que duas? Só então me dei conta que minha mãe estava perto de mim.
- O que? - Ouvi a voz surpresa de Michael.
- Sim..você disse que são mãe e filha, não é? Então pronto...quero um ménage com elas. - Eu não estava ouvindo aquilo, só podia ser mentira. Minha mãe tinha os olhos arregalados.
- Desculpe, mas deixa eu ver se entendi. Você quer essa garota e a mais velha? Tenho tantas garotas lindas para isso. Posso lhe apresentar outras e você escolhe uma para usar junto com a Lauren.
- Não, Mike. Eu quero as duas! - Senti ele se aproximando. - Ouvi falar dessa morena, me falaram que ela é uma delícia. Se a filha é assim a mãe também deve ser. - Ele tocou em meu ombro descoberto. - Eu quero as duas! Pago quanto você quiser. Você sabe que tenho dinheiro para isso. Pago até o equivalente ao que você lucrar hoje, mas quero as duas comigo. - Houve um silêncio, Michael não respondia, minha mãe já chorava e eu não conseguia olhar para trás.
- Isso é muita perversão.
- É sério, Mike? Você quer falar comigo sobre perversão? Você sequestra essas garotas, se diverte vendo elas foderem com desconhecidos. Tenho certeza que come uma por noite e agora colocou mãe e filha para trabalhar juntas e eu sou pervertido? Acho que não precisamos discutir isso.
- Você tem a mulher que quiser, porque vem aqui?
- Porque eu tenho dinheiro e o gasto como quiser!
- Eu...eu não sei se posso atender esse pedido. - O homem se afastou de mim e eu tomei coragem para me virar, queria encarar o meu pai.
- O que foi, Michael? Eu não estou quebrando nenhuma regra. Estou lhe oferecendo quanto dinheiro quiser. Não vou machucar elas. - Michael bufou, o homem viu que ele não iria ceder e colocou a mão dentro do terno, retirou sua carteira. - Tome isso. - Estendeu o dinheiro para Michael. Ele arregalou os olhos.
- Aqui tem muito dinheiro.
- UU$7.000, e é só a metade. Eu quero duas horas com elas e quando sair te dou o restante. É pegar ou largar. - Eu encarava meu pai, o olhava fundo nos olhos. Ele seria mesmo capaz de fazer isso? Ele coçou a cabeça e bufou.
- Tudo bem, mas com uma condição. - O homem assentiu com a cabeça. - As duas, elas não podem se tocar.
- Eu vou lhe pagar 14 mil, Michael. Acho que quem manda dentro do quarto sou eu.
- Não! É assim ou você pode procurar outro lugar. - O homem sorriu e deu um tapinha nas costas dele.
- Tudo bem! Vou tomar uma bebida, pode mandar elas irem para o quarto. - Passou por nós com um sorriso sacana.
Se eu achasse que ele não podia ser pior ele estava me provando o contrário. Ele não tinha escrúpulos. Ele não conseguia me encarar, apenas fez um sinal para que os seguranças nos levasse. Nem deixei que encostassem em mim, me virei e abracei minha mãe que ainda chorava.
- Vai dar tudo certo, será rápido.
Abriram a porta e nos colocaram para dentro, o quarto era um pouco maior dos que geralmente eu entrava. Minha mãe sentou na cama chorando muito e eu não sabia como faria para consolá-la. Não tinha jeito. Ficamos abraçadas até que o homem entrou no quarto. Tirou o terno e jogou no canto. Se aproximou de nós desabotoando a camisa.
- Vai funcionar da forma que eu quiser. - Ele começou - Engula o choro, coroa. Quero um sorriso enorme quando eu estiver fodendo você. - Eu lancei um olhar mortal para ele, ele se abaixou e tocou em meu queixo. - Você é muito linda. - Virei o rosto. - E arisca - Soltou uma risada. - Eu vou tirar minha roupa e quando terminar espero que vocês estejam sem roupa e ajoelhadas em cima da cama. - Virou-se e começou a tirar a roupa. Ele era bonito, mas eu não conseguia apreciar, já sentia nojo dele.
Ajudei minha mãe a tirar a roupa dela, o tempo inteiro tentando confortá-la. Retirei a minha rapidamente e nos ajoelhamos em cima da cama com as mãos entrelaçadas.
- Que cena linda! Aliás, que gostosas. - Ele se aproximou e subiu na cama engatinhando. - Vamos fazer assim, enquanto uma vai me beijar. - Se aproximou de mim, falando bem perto da minha boca - Bem gostoso...a outra vai chupar o meu pau, até eu gozar. - Olhou para a minha mãe. - Você já deve estar acostumada com o gosto da porra né, coroa? - Minha mãe não se conteve e bateu na cara dele. Ele reagiu imediatamente, a empurrou na cama e prendeu seus dois braços. - O que foi, hein? Eu estou pagando e acho bom você me tratar muito bem. Não é todo mundo que paga para comer uma velha. Eu estou aqui apenas para saber se será interessante você e aquela ninfeta. - Meu olhos estavam cheios de lágrimas, eu estava com os braços cruzados e não podia fazer nada. - Agora você vai me chupar bem gostoso. - Puxou minha mãe pelo cabelo e a colocou ajoelhada no chão. - E enquanto isso você vai se tocar para mim. - O olhei sem saber o que fazer. - Está surda, garota? - Gritou. - Comece a se tocar.
Os minutos que se seguiram foram horríveis, eu mal conseguia me tocar enquanto ele empurrava a cabeça da minha mãe em seu enorme pau. Ela engasgou algumas vezes, mas eu não podia nem chegar perto. Ele me puxou e pressionou sua boca contra a minha, tocava em meus seios e apertava forte. Ele gemia dentro da minha boca enquanto minha mãe o chupava. Me empurrou de repente dando um gemido mais alto. Levantou e virou minha mãe.
- Mudei de ideia. Venha gostosa! - Ele colocou minha mãe de quatro e me puxou para perto. - Vou gozar no seu cu enquanto chupo sua filha. - Começou a penetrar minha mãe, ela gritava e ele tentava me puxar. - Porra! Vem aqui, sua puta! - Eu não aguentei aquela cena, da forma como estava, sem roupa, saí do quarto correndo. Minha mãe não precisava passar por aquilo.
Passei pelos seguranças correndo e meus olhos só procuravam uma pessoa, ele estava no bar, cheguei esbarrando em sua bebida e ele me olhou com os olhos fumegando. Seus olhos pousaram em meu corpo nu e então ele se tocou que eu acabara de fugir de um programa.
- O que você est....
- Chega, Michael! - Eu gritei. - Já chega. - Em desespero eu comecei a socar o seu peito. Senti braços me segurarem me afastando dele. - Já chega, por favor. - Eu gritava chorando. - Faça o que quiser comigo, eu faço o que você quiser, mas deixe minha mãe fora disso. - Ele fez sinal para que os seguranças me soltassem.
- O que você quer, Lauren?
- Ele..ele está machucando ela. Eu não consigo vê-la sofrer, por favor. Eu faço o que você quiser. - Naquele momento eu me humilhei, me ajoelhei aos pés do meu pai e agarrei suas pernas. Vi ele ordenando os seguranças que fossem até o quarto e retirassem minha mãe de la.
- Eu converso com o cliente depois, Chris. Coloque um roupão nela e a leve para o meu escritório. - Chris me levantou e fez o que ele pediu. Eu chorava sempre que lembrava da cena que tinha presenciado. Eu faria qualquer coisa para tirar minha mãe dali. Eu ficava pensando que aquela tinha sido a noite que eu tinha visto, mas nas noites anteriores ela tinha feito o mesmo e eu não estava ali para ajudar. Não estava porque era uma idiota, eu tinha colocado ela ali.
Entrei no escritório com a cabeça baixa e o rosto banhado de lágrimas. Não sabia o que Michael tinha em mente, mas eu tinha uma proposta para ele. Eu faria exatamente o que ele queria de mim.
- Pode começar a falar. Já tirei sua mãe de lá e ela está em casa com Taylor.
- Como posso ter certeza disso? - Ele pegou o telefone e discou um número, em seguida colocou no viva voz. A voz de Taylor invadiu a sala.
- O que você fez com ela?
- Não tenho tempo para suas choradeiras, Taylor! Coloque sua mãe no telefone, sua irmã quer falar com ela.
- Lauren? Lauren está aí? Lauren, fala comigo.
- Taylor, me obedeça! - Ele ordenou e eu não ouvi mais a voz da garota.
- Lauren? Meu Deus, você está bem?
- Ela está ótima, Clara. É graças a ela que você está em casa.
- Mãe..- Ele desligou o telefone antes que eu continuasse. - Eu queria...
- Agora que já sabe que eu estava falando a verdade me diga o que pretende. Sem gracinhas.
- Olha, eu nem o considero mais meu pai. - Ele sorriu.
- Ótimo, também não a considero minha filha.
- Eu não achava que você fosse capaz de fazer essas coisas, mas...
- Se você veio aqui me fazer perder o meu tempo pode voltar, tenho muitos clientes querendo que você os satisfaça. - Fez menção de levantar.
- Não...espera, por favor.
- Adoro quando você se acalma e me trata com respeito. - Meu peito estava cheio de ódio.
- Eu tenho uma proposta para você. - Ele fez sinal para que eu continuasse. - Eu faço o que você quer, Michael. Serei sua puta. Trabalharei aqui para você, servirei de exemplo para as outras garotas, farei tudo certo sem reclamar ou fazer gracinhas. Prometo tratar os clientes com respeito e proporcionar o melhor sexo da vida deles. - Ele me olhou confuso. - Mas com uma condição.
- Você acha mesmo que pode pedir algo?
- Acho! Mesmo que você não me considere mais, um dia você me amou como sua filha. Um dia eu trabalhei desse lado assim como você, tenha um pouco de piedade.
- Diga...
- Em troca você não envolve mais minha mãe nisso. Nem ela, nem Taylor. Elas não vão trabalhar mais para você. Nem na administração e muito menos aqui dentro servindo como suas putas. Você vai deixar elas livres. Dê uma casa para elas, tire elas daqui. - Ele deu uma gargalhada alta.
- Você acha que sou idiota? Acha que não sei que você tramou isso com sua mãe?
- Não, eu não tramei.
- Vamos fazer assim, Lauren.. - Se levantou e veio em minha direção. - Eu prometo que elas não irão trabalhar para mim. Elas não terão envolvimento nenhum com a Jauregui's bawdy house, mas vão continuar morando comigo. Aqui onde é o lugar delas. Onde eu posso vigiar os passos. - Ele andava pela sala. - Em troca você faz isso que sugeriu, porém com um tempo determinado.
- Mas eu achei que se fosse a melhor durante um ano poderia ser colocada a leilão e..
- Sim, as outras podem! Com você será diferente. - Ficou de frente para mim. - Você irá trabalhar para mim, Lauren. Trabalhar direito, por 7 anos.
- 7 anos? É muito tempo.
- Quer desistir do acordo? - Neguei com a cabeça. - Você pode ficar aqui sete anos e ser a melhor prostituta que essa casa já viu e eu prometo que no sétimo ano se você for a melhor de todas coloco você para ser leiloada. - Eu não tinha outra escolha, era isso ou nada. - E então...
- Eu aceito. - Ele sorriu.
- Boa menina. Parece que me puxou em algo, sabe negociar. - Estendeu a mão para que eu apertasse. Quando fiz o gesto ele apertou bem forte e chegou bem próximo a mim. - Agora se você tentar alguma gracinha eu jogo sua irmã aqui dentro e mato sua mãe.
- Você a mataria?
- O que você acha, Lauren? Vocês se viraram contra mim, não tenho outra escolha. - Soltei a mão dele e me afastei. - Pode sair. - Ele começou a se virar. - Ah..só mais uma coisa. - Voltou o olhar para mim. - Quando você sair, se me denunciar, eu mato as duas e depois vou atrás de você e pode apostar, Lauren, que farei isso. - Engoli seco.
- Eu entendi.
- Espero mesmo. Agora volte, pode voltar para o seu quartinho. Amanhã você será uma nova pessoa.
Os seguranças me acompanharam até o cômodo onde eu ficava com as meninas. Eu sentei em um canto e comecei a chorar. Eu ficaria presa ali por longos sete anos. Minha mãe e irmã estariam salvas, mas e eu? E será que podia mesmo confiar em Michael?
Eu não sabia se ele realmente cumpriria sua parte no acordo, mas não tinha outra chance, não tinha outra escolha. Era isso ou morrer ali dentro.
Se passaram minutos, horas e eu estava ali pensando em tudo que estava acontecendo. Em como minha vida tinha mudado, no que eu me tornaria? Seria uma prostituta de verdade. Eu achava completamente idiota o que a Ashley tinha feito, mas agora eu seria a mesma pessoa que ela se tornou. O que as meninas pensariam disso? Será que apoiariam? Quem sabe até uma delas saísse primeiro e me tirasse dali. Não, elas não teriam coragem. E eu também não pediria para que elas fizessem isso.
A noite se findou e as garotas entraram, Cara me viu no canto do quarto e foi em minha direção. Enxugou minhas lágrimas em silêncio e me abraçou forte. Eu estava me sentindo suja e nem tinha começado a nova vida ainda.
- Vai ficar tudo bem, vamos sair dessa. - Ela tentou me consolar.
- Sim, depois de sete anos. - Falei em tom irônico. Cara não entendeu. - Fiz um trato com meu pai. Farei o que ele quer, serei o exemplo de puta aqui dentro. Darei muito dinheiro para ele e em troca ele não envolve mais a Taylor e minha mãe.
- Ótimo, não serão sete anos. Em um ano você sai daqui. Eu sei que será difícil, mas você consegue, Lolo. - Sorri com o apelido.
- Não, baby. Para isso também terei que ficar aqui por sete anos. - Cara me olhou horrorizada e me abraçou novamente.
- Sinto muito. - Sorri fraco. - Mas, se você acha que foi a melhor opção.
- Sim, foi. Minha mãe não merece tudo o que passou aqui. Não quero ela nesse mundo.
- Então levanta a cabeça, linda. - Ela tocou em meu queixo me fazendo olhar para seus lindos olhos azuis. - Você está sendo uma heroína, Lauren. Está salvando sua família. - Sorri, era verdade. Por mais triste que fosse a forma para conseguir isso, eu estava salvando elas. Isso era o que mais importava.
- Você é incrível! - Ela sorriu envergonhada e tocou em meu nariz. - O que acha de Michelle? - Cara me olhou com a sobrancelha levantada. - É meu segundo nome. - Ela abriu um sorriso.
- Acho lindo, assim como você. - Ela se aproximou.
- Vida nova, nome novo.
- Para mim não importa como você vai se chamar, Lauren Michelle. O importante é isso aqui. - Tocou em meu peito. - É o que você é aí dentro. E eu vejo alguém maravilhoso. - Segurei sua nuca de leve e olhei no fundo dos seus olhos antes de finalmente beijar aqueles lábios. Cara retribuiu o beijo e aquilo foi a melhor coisa que me aconteceu depois de dias de tormenta.
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