Near era de longe, uma criança perspicaz, não era preciso pensar muito sobre isso para perceber sua superdotação. Uma criança altamente avançada, não que as outras crianças que moravam no mesmo orfanato de Near fossem inferiores, muito longe disto, ninguém de lá era nem um pouco inepto. Também, não eram o tipo de crianças que davam trabalho, afinal, elas sabiam do quanto elas eram “especiais” para os moradores locais, no entanto, isso por si só era um, sutil, muito sutil, gatilho para uma arrogância gratuita entre todos. Era apenas algo infantil de início, porém, tinha crescido tanto, que acabou ficando mais sério do que deveria ser, como um “ranking”, tendo espaço para um placar de “inteligência”, e aparentemente, L, o motivo daquele orfanato ser daquele jeito, adotou a ideia sem a mínima relutância. Wammy's House é um dos vários orfanatos fundados por Quillsh Wammy, mais conhecido como Watari, um famoso inventor e filantropo. Localizado na região Sul da Inglaterra, era inicialmente um centro de treinamento para crianças superdotadas, a qual a mais talentosa das crianças era ‘L Lawliet’. Após o seu sucesso como detetive, o objetivo da Wammy's House passou a ser criar um sucessor para L. E era este o maior motivo de L ter gostando da ideia, era algo competitivo, e L adorava coisas assim. Um ranking, e os maiores colocados seriam os candidatos para o suceder.
Near era o primeiro lugar, o intocável, criança com maior probabilidade de herdar o título de ser o próximo “melhor do mundo”. Apático e indiferente, ele nunca foi de mostrar oque sentia, nem fraqueza, nem orgulho, e claro, nem inveja, ele apenas mostrava, inconscientemente, sua parte superficial, apenas uma pele alva e olhos vazios e frios. Mello era o segundo lugar, ele era conhecido por suas tendências um tanto ‘violentas’, apenas algumas falar rudes, nada fisicamente erróneo, uma personalidade forte e expressiva. Extremos opostos, tão distantes, porém, mesmo assim, tão próximos. Nunca tinham tido uma longa conversa, sem ser consideravelmente “inteligente”, diferente daqueles papos sem sentido, que ninguém sabe como começou, e muito menos como acabou. Tudo sobre Near era friamente calculado. Por serem tão diferentes, tão complexos, não foi difícil boatos surgirem, como:
— Mello certamente deve detestar Near, afinal, ele sempre está atrás dele, nada que ele faz nunca é o que falta para alcançar Near. —Eles pensavam.
E Near discretamente, era agradecido por esses rumores. Afinal, o ajudavam a influênciar sua própria mente, de que ele era muito melhor e superior ao Mello, levando o fato do orgulho bem escondido de Near funcionar em função de julgamentos externos. Mello para Near era tudo oque ele não era, sociável, amável, esportivo e comunicativo, tudo oque Near queria ser. Mello contornava todos esses comentários, dizendo que não tinha absolutamente nada contra Near, no entanto, por sorte, Mello sabia mentir sobre algo. Mello não sabia o porque de tanto cobiçar o posto de L, mesmo assim, algumas vezes, ele se pegava pensando como seria estar no lugar de Near, como o grande e incrível ‘número um’.
Enquanto Near tinha tudo oque Mello mais queria ter. Mello tinha tudo oque Near mais queria também. Mas Mello não guardava rancor nem inveja de Near, entretanto, Near guardava. Era uma atitude desesperada e ignorante, ele sabia disso, Mello não tinha culpa de absolutamente nada. Na realidade, Near sempre se comparava com Mello, inconscientemente, juntando todas as qualidades de Mello, e todas as suas também, ele calculava que, mesmo sendo o primeiro, estava muito mais abaixo do que Mello.
Near já falou de jeito seco, curto e bruto, que odiava Mello, ironicamente, diretamente para Mello, sem nenhuma relutância, deixando Mello atônito. A voz de Near falando daquelas palavras amarguradas, não carregava nenhum tipo de ódio, não carregava nada, foi como qualquer outra coisa que ele diria pra qualquer um, mas talvez, apenas talvez, não que Mello fosse perguntar, sua voz estivesse carregada de inveja, ou talvez ciúmes também. Isso não fazia o menor sentido na cabeça do loiro, era irreal para ele, porém, ele compreendeu Near mentalmente.
E era isso que deixava sem lógica, sem sentido, totalmente abstrato. Mello sabia que Near não gostava de si, então, não era nem um pouco lógico, toda madrugada tempestuosa, Near sentir do calor de Mello em sua cama. Eles concordaram mentalmente que ambos estavam de acordo, mesmo sem palavras concretas, nenhum deles nunca exigiu explicações lógicas e bem calculadas. As vezes, em dias de chuva, Near preparava sua cama um pouco mais sedo, mas iria mentir até a sua morte, sobre não estar esperando Mello ansiosamente. Eles deitavam com as costas roçando, sem um barulho sequer, apenas o impacto das gotículas fortes batendo no telhado de madeira do orfanato, e as eventuais trovoadas que faziam Mello estremecer no mesmo edredom de Near. Apenas naqueles momentos, eles tinham uma relação ‘decente’, mesmo que no silêncio mútuo, eles apenas se entregavam para o sentimento do edredom que os protegia do frio, do travesseiro que ficava em suas cabeças, o colchão que os segurava, apenas.
Mas quando a manhã chegava, e a luz do sol ultrapassava a janela de Near, tudo acabava. E eles voltavam para sua rotina comum, como se não significasse nada, mesmo significando .
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.