História Jogos Sanguíneos - Jikook (em revisão) - Uma vingança ou uma solução?

-Onde vocês estavam? –Perguntou Jisoo quando chegamos no andar que iríamos nos hospedar, ela, Yoongi, Sook e eu.

-Pergunte ao Min, que quer que eu morra antes que os Jogos Sanguíneos comecem! – Exclamei irritado. Eu quase morri minutos atrás e Yoongi agia como se nada tivesse acontecido.

-Do que ele está falando, Yoongi? –A vampira franziu a testa se aproximando dele.

-O garoto é exagerado... –Resmungou, sentando-se no sofá da sala e ela suspirou impaciente.

-Me diga você, Jimin, o que aconteceu? –Ela se voltou para mim.

-O vampiro, quase sugou meu sangue todinho! E eu não sou exagerado! –Berrei.

-Qual deles? –Sook se intrometeu.

-Vá para seu dormitório, Lee. – Ordenou Yoongi sério.

-Por que...? – Começou ela, mas foi interrompida.

-Porque temos que conversar. Não discuta. – Ela bufou, mas não discutiu. Sempre muito obediente. –E nada de ficar escutando, Yoon saberá se estiver.

Ficamos observando a garota entrar em um cômodo no final do corredor e em seguida Yoon começou a falar.

-Você é muito imprudente, Yoongi! –Ela andava de um lado para o outro, o barulho de seu salto no assoalho ecoava. -Ele está falando do Jeon, não é? – Ninguém ousou responder, mas para ela foi o suficiente. –Jimin não tem nada a ver com sua vingança! Ela morreu Yoongi, morreu! E o filho dela vai matar Jimin se você continuar com essa brincadeira!

Eu nunca havia visto a vampira tão brava, senti que até Yoongi havia sido intimidado por ela.

-Do que ela está falando? –Tentei entender, me virando para Min.

Yoongi me respondeu com um solitário suspiro.

-Conte para ele, já que ele virou uma isca, ele no mínimo merece saber. –Jisoo então saiu, e foi em direção ao quarto de Lee.

Ele deixou ela sumir de nossas vistas para então me explicar:

-Eu conheci o pai de JungKook alguns anos atrás, na verdade, eu conheci a mãe dele. –Ele mirava o chão com os olhos, como quem se lembrava de algo. –Ela era sim uma vampira, mas era diferente de todos os outros... ela se preocupava com a gente, se preocupava com as pessoas, ela não queria aquela vida. – Suspirou. -E mesmo assim, ela foi escolhida para participar dos Jogos Sanguíneos.

“Ela estava com sede e eu era seu amado de sangue, ela se alimentava de mim, sem que me matasse. Eu ficava fraco, ela se preocupava, e então me defendia dos outros vampiros, e isso fez com que eu ganhasse os jogos. Esse foi o grande truque. Quando ela voltou para a Capital, tinha um casamento arranjado e não pôde dizer não. Ela se casou, mesmo muito nova, e teve o garoto, mas nós tínhamos uma ligação entende? E além disso, ela me amava. Então Jeon a matou e disse que simplesmente ela teve uma parada cardíaca. -Eu sentia pelo seu tom de voz e pela sua expressão o quão doloroso era para ele falar sobre isso”

-Vampiros morrem assim? – Indaguei automaticamente, sem perceber que eu podia estar sendo insensível, mas quando as pessoas morriam, eu nunca sabia o que dizer.

-Raramente. –Respondeu monótono.

No fundo acho que eu havia ficado um pouco abalado, afinal, Yoongi sempre estava bêbado ou de cara fechada, ninguém imaginava o verdadeiro motivo, não era somente por ter passado por uma experiência traumatizante como os Jogos, e naquela hora pude ter certeza disso. Ela era o motivo de ele beber tanto, ele queria esquecer.

-Eu sinto muito, Yoongi-hyung, de verdade. Mas você não pode arriscar a minha vida para se vingar do pai do garoto.

-Você não está entendendo! Não é uma vingança, é a sua salvação! Você tem que conquista-lo, Jimin!

-Como assim "conquistá-lo"? De mentirinha? –Franzi a testa, desacreditado.

-Sim! O que eu sentia por ela, era real, mas o que você sente... não me interessa. Quando acabar os jogos, você vive sua vida.

Comecei a rir, mas não estava achando graça alguma. Não era possível que ele estava falando sério.

-Você é maluco! O álcool afetou seus neurônios!

-Por que? Você não entende como isso pode te ajudar?! -Ele parecia estar se irritando comigo.

-Você quer que eu dê meu sangue para ele? –Ele assentiu. –Eu não deixaria ele encostar suas presas em mim, é nojento, é horrível!

-Não dói muito e não é tão ruim quanto parece...

-Não, Yoongi. Não! Você ainda queria que eu fingisse ter uma afeição amorosa por ele! Imagina o quão bizarro é beijar uma boca cheia se presas... 

E claro, era totalmente babaca enganar alguém dessa forma, mas ele era um vampiro, tudo bem que alguns vampiros até podiam não ser tão horríveis, tipo Jisoo... eu até gostava dela, mas a maioria, não tinham sentimentos além de crueldade e egoísmo, então não tinha porque eu me preocupar com o coração dele, certo?

-E ele é um garoto, uma criança! Isso é tão errado de tantas formas! - Completei.

-O povo da Capital não tem esse tipo de preconceito...

-Não sou da capital. Nem você. – Rebati.

-Está assim porque ele é um vampiro e um garoto, ou por que já tem alguém especial no Distrito 12? -Seu tom era cheio de acusação.

-Não tenho ninguém...

-Não minta... eu sei do garoto. – Me lembrei do selinho que Taehyung me deu e isso me causou um aperto no coração. - Mas se quer voltar para ele, sugiro que faça o que eu estou mandando, e faça ele gostar muito de você. – Completou saindo do cômodo, como as duas haviam feito recentemente, e me deixando sozinho de vez.

....

Eu não sabia conquistar alguém, mal conseguia ser simpático, quando prometi para minha irmã tentar ganhar os jogos, achei que dependesse das minhas habilidades com armas e caçar, não com minhas habilidades quase nulas de sedução. Era mais fácil manipular um arco e flecha do que jogar indiretas e piscadelas.

No Centro de Treinamento eu via todos os tributos treinando, o que era um bom momento para pegar informações, porque, de certa forma, eles treinavam mais para nos matar do que para matar vampiros, afinal enquanto o último tributo não morresse o jogo não acabaria.
Os vampiros estavam sendo testados no fim da fila, eles seriam esgotados até a última gota de suor - se é que vampiros suam, eu acredito que sim - antes que dos Jogos começarem. Revirei os olhos, como se isso deixasse mais justo.

Nesse momento, eu pensava em como conseguir atravessar todos aqueles vampiros para ver JungKook e pior, como eu falaria com ele sem que ele queira me matar.

Não é como se eu tivesse aceitado a ideia de Yoongi, a questão é que talvez eu não precisasse conquistar ele ou nada do tipo, talvez eu só pudesse oferecer uma troca. Eu só precisava saber qual era desse tal de JungKook primeiro.

Yoongi percebeu meus olhares na direção do vampiro e se aproximou de mim.

-Sabe que os caras que patrocinam vocês na arena estão os observando agora, não? -Disse.

-E por que isso te interessa? -Perguntei desconfiado.

-É de meu interesse que você ganhe, certo?

-Na verdade, tanto faz para você... -Dei de ombros, pegando o arco e flecha do Centro de Treinamento e analisando-o, não era um material barato que eu estava acostumado.

-Acerte uma flecha próximo a Jeon, mas não o acerte. Acerte a taça. -Sussurrou para mim.

-Não acha um pouco difícil e arriscado? Ele vai vim correndo me matar.

-Vi você treinando, parece que é muito bom de mira. –Ele sorriu com sarcasmo. – Ou não consegue? 

Eu odiava ser desafiado, era mais forte do que eu.

JungKook tomava vinho em um cálice. Não. Aquilo era sangue. Isso me enojou automaticamente.

Mirei bem na taça, que foi de sua mão direita para cima de uma mesinha ao seu lado, então lancei a flecha. (N/A: Cuidado Jimin, ela é Bumerangue)

Pude, mesmo de longe, escutar o barulho prazeroso do vidro se quebrando e os berros de alguns vampiros. Me permiti soltar uma risadinha quando Yoongi deu um soco no ar em comemoração, mas minha pequena felicidade acabou quando o pai de JungKook parou na minha frente. Eu tinha me esquecido como eles eram rápidos.

-Olhe aqui, garoto. -Disse chegando muito perto de mim. E tem como não olhar? -Eu não posso encostar um dedo sequer em você, mas meu filho pode. Quando você estiver na arena, ele vai esmagar os seus ossos um por um, porém se for um pouco menos burro de ficar nos provocando, ele fará sua morte ser menos dolorosa. –Sibilou cada palavra. Tentei não me encolher, mas não tenho certeza se obtive êxito.

-Eu quero conversar com ele. –Disse com a voz firme, tentando endireitar a postura.

-Sinto em te dizer que ele não está disponível. 

-Do que tem medo? -Eu não sei da onde surgiu a coragem de enfrentá-lo. -De que ele me mate, como está tentando não fazer agora e desde que chegou? –Olhei para o garoto agarrado a uma mesa, com feições de quem está sentindo dor. –Ou de que ele se apaixone por mim como sua esposa fez uns anos atrás?

Naquela hora eu achei que ele fosse me matar, ou no mínimo me bater. Se eu tinha medo de morrer? Até tinha, mas ele ficou lá no Distrito 12. Apertou meu pulso com força, e ergueu seu braço como se fosse me dar um grande soco, mas alguém segurou seu braço, não, não era Yoongi, ele não tinha força para isso. Era Jeon JungKook.

-Não vale a pena. Estão todos vendo. –Ele disse baixinho e eu pude ver que todos os tributos e vampiros nos olhavam. –Se ele quer falar comigo, então deixe.

-Mas Jung...- Ele tentou rebater.

-Está tudo bem, pai, acabei de me alimentar. – Sua expressão continuava sofrida, contida, mas parecia mais calmo.

-Por que não vão até nosso apartamento, Jimin? –Sugeriu meu instrutor, que tinha um sorriso no canto dos lábios. Eu pude entender o que ele quis dizer, queria dizer que tudo ficaria bem.

-P-pode ser...

Jeon nem deixou eu terminar a frase e já saiu andando até o elevador, fui atrás.

Eu realmente não sei porque inventei isso, eu não tinha o que dizer, não sabia o que dizer. Eu só espero ser bom em improviso.

Ao entrarmos na grande caixa metálica –como eu gostava de chamar – minhas mãos começaram a suar, pela primeira vez, senti um pouco de medo . Yoongi não me colocaria em perigo, certo?

Jeon começou a ir para trás, ficando longe de mim. Parecia sofrer muito.

O elevador parou no meu andar, porém não abriu as portas, pelo jeito, tinha parado de funcionar. A sorte não gosta muito de mim.

-O que está sentindo? –Perguntei tão baixo, que se ele não fosse um vampiro, nem me ouviria. Eu me sentia como se fosse um deles agora, parecia que eu estava torturando-o. Eu realmente estava ficando um pouco preocupado, por que de alguma forma, parecia que eu estava sentindo sua dor. - Não queria que você sentisse isso... não sei se é dor ou...

-Por que está fazendo isso? –Me cortou, dizendo entredentes e se apoiando em uma das paredes do elevador.

O garoto não respirava, mas seu corpo se sacudia, sua expressão era de puro desespero, eu me perguntava se ele realmente tinha acabado de se alimentar. 

Tentei fazer com que o medo não transparecesse meu rosto.

-Eu só quero conversar. - Sussurro.

-Você sabe que é meu amado de sangue, então por que está aqui?! – Gritou. - Quer que eu beba seu sangue para alguém vir te salvar e eu ir morto? -Ele falava cada palavra com dor e dificuldade.

-Você vai me matar na arena, não vai? -Perguntei baixinho, eu me sentia um idiota falando o óbvio.

Não ouve resposta. O garoto olhou para baixo com expressão tristonha.

-Não pense que eu quero te machucar, ou machucar o resto... Eu nem sei se conseguiria..., mas você... eu quero seu sangue.

E então seus olhos se escureceram ainda mais.