Tori
Assim que me despeço de Jade pego uma bala, passo perfume e desço correndo, abro a porta e me deparo com a Clara encostada, mexendo no celular.
- Oi, mil desculpas, me atrasei muito.
- Imagina! Me ocupei jogando – Ela solta um sorriso lindo e me checa, eu fico constrangida e sorrio para disfarçar – Você está linda, esse vestido fica ótimo em você
- Obrigada... – Digo tímida, logo lembro da Jade levantando meu vestido e coro
- E fica mais ainda corada. Desculpa, não queria te deixar com vergonha – Ela diz e eu rio baixo, mal ela sabe porque corei. Quase sinto pena, mas lembro quem essa pessoa.
- Imagina – Digo sorrindo – Vamos?
- Sim, claro. Você está sozinha em casa? – Ela pergunta e eu sinto um arrepio nada prazeroso em minha coluna
- Er... agora sim, mas meus pais falaram que voltam, então provável que de noite já estejam chegando
- Ah, que bom, ficar sozinha é perigoso.
- Sim, não sou muito chegada... Quando eu... ficava com a Jade... ela ficava comigo para não ficar sozinha – Minto fingindo tristeza, não foi 100% fingimento, eu ainda estou magoada com a Jade e algumas coisas teriam que mudar....
- Ei, não fica assim. Ela foi, com todo respeito, a pessoa mais idiota do mundo. – Ela diz segurando com delicadeza meu pulso, luto contra a vontade de retrair meu braço – Estou falando sério.
- Hum... obrigada, Clara. De verdade... E não ofenderia falar mal dela, ela realmente fez a única coisa que eu não perdoaria.... Mas enfim, vamos mudar de assunto... – Digo desviando do rumo que a conversa estava levando.
- Claro, me desculpa. Vamos tomar o sorvete. Eu pago.
- Imagina, não precisa. – Digo corada e ela sorri, me permito compara-la a uma sereia mitológica, bonita por fora, atraente e feia e mortal por dentro...
- Sem discussão. De que sabor você gosta?
- Hum... pode ser uma casquinha mista.
- Além de bonita, tem bom gosto – Coro e desvio o olhar, sabia o que ela estava sabendo, mas não posso impedir, caso eu impeça, estragaria todas minhas ideias.
- Obrigada... – Digo e ela sorri e se aproxima do sorveteiro.
- Dois mistos, por favor. – Ela diz e entrega o dinheiro, vejo uma tatuagem de um símbolo alpha e um número romano: α ll....
- Que bonita sua tatuagem, o que significa? – Pergunto e ela cobre sua tatuagem com a mão e se encolhe um pouco sorrindo...
- Ah, fiz quando era pequena e me arrependo um pouco... cubro ela normalmente... Não significa nada... – Ela fica na defensiva e eu sorrio inocentemente e concordo rindo baixo...
- Gostei dela... Não deveria cobrir – Digo sorrindo e ela sorri forçado e pega os sorvetes, me estende um e eu sorrio e pego.
- Então, estava pensando... Que tal estudarmos aqui? Está bonito o dia e eu trouxe minhas coisas.
- Ah, acho legal. Está realmente gostoso aqui – Falo aliviada.
- Você parece aliviada... – Ela diz me analisando e eu travo
- Er... realmente estou um pouco.... Não me leve a mal, Clara... Mas a Jade me falou dos ex-namorados dela... e eu realmente não quero ficar no meio dessa briguinha idiota... Além disso, mesmo que eu esteja com muita raiva dela e não queira nem a olhar na cara, eu não superei 100%. E achei que você poderia tentar alguma coisa... – Nunca menti tão rápido na minha vida, vou me lembrar de me parabenizar depois. – Ela sorri e segura no meu queixo, puxando para olhar para ela.
- Tori, a Jade não mentiu, temos essa disputa idiota.... Mas cada vez que te conheço mais, mais percebo o quão especial você é. Você não é qualquer uma para mim, quero que saiba disso e fico feliz de a Jade ter contado, para nunca ter nenhum segredo entre nós.
Sorrio e percebo que ela olha para minha boca, luto contra engolir em seco e me forço a olhar para a dela, ela percebe e se aproxima lentamente de mim, cada segundo é uma tortura agonizante, me sinto péssima e com nojo, fecho meus olhos e a beijo. Um beijo normal, ela beijava bem, mas a aflição apertava meu peito. Nos afastamos e ela sorri, eu retribuo do jeito mais convincente. Desvio o olhar e coro.
- Er... Vamos estudar? – Falo ajeitando meu cabelo atrás da orelha, ouço uma risada e vejo de relance um aceno com a cabeça.
Estudamos até umas 19:00, ela me leva até em casa e me dá um selinho roubado de despedida, me enjoo, mas retribuo, ela sorri e vai para seu caminho, eu tranco minha casa e mando mensagem para Sam:
V: Oi, Sam. Tudo bom?
S: Oi, Princesa. Melhor agora – Ela manda em resposta e eu sorrio revirando os olhos.
V: Você pode me fazer um favor?
S: Você quer que eu avise a apaixonada que quer falar com ela e saiu de seu encontro com a assassina?
V: Por que apaixonada? – Pergunto sorrindo
S: Deus, vocês duas são péssimas, eu falo do encontro com a assassina e você pergunta disso. Ela não parava de perguntar se chegou uma mensagem e está toda contente. Então, pedi que a criança me avisasse o que estava acontecendo.
V: Kkkk, entendi.... Você pode avisar para ela que já pode vir?
S: Claro, Princesa.
V: Obrigada, Sam.
Saio do celular e subo para tomar banho, tomo um banho longo e quente, escovo meus dentes, coloco meu pijama, que se tratava de uma regata cinza longa e um shorts pequeno. Seco meu cabelo com a toalha de maneira precária e preguiçosa e saio do banheiro. Encontro a Jade tranquila deitada na cama e mexendo no celular.
- Folgada – Digo ainda secando o cabelo, ela dá um pulo e deixa o celular para o lado, me olhando de cima a baixo com admiração e desejo, o que faz com que eu me arrepie, de um jeito totalmente diferente de como é com a Clara. Com a Jade o arrepio é gostoso e quente.
- Desculpe – Ela diz meio corada e eu luto contra sorrir, tentando fazer com que ela não me derrote com um simples ato tímido – Você está linda. – Ela diz e pronto. Eu me desarmo e sorrio bobamente, quase reviro os olhos com o quão boba eu consigo ser quando se trata dela. Procuro as duas coisas que me puxam automaticamente para ela, como dois imas cintilantes seus olhos verdes azulados me prendem. Ficamos nos encarando sem dizer nada, por segundos, talvez minutos.
- Precisamos conversar – Digo por fim e ela desvia o olhar.
- Sim... Posso falar? – Concordo com a cabeça a incentivando a continuar – Eu sei que te magoei, eu sinto isso cada vez que você me olha, tem o mesmo brilho, só que com uma pontada de tristeza, isso é a coisa que mais me dói. Eu fiz aquilo pensando em você, mas não achei que doeria tanto te magoar, que sua dor seria tão estendida... Por favor... – Ela diz desviando o olhar e me roubando um sorriso, claro que ela ainda não gosta de pedir nada – Me perdoa... Odiei te magoar, odiei mentir para você... odiei te perder... Por favor, não me olha com essa tristeza nos olhos... – Ela implora e me olha. Me surpreendo com a visão, seus olhos brilham e vejo desespero neles, me dá vontade de abraça-la e protege-la, o que não é muito comum quando se trata da Jade... Sem resistir, me aproximo dela e coloco a minha mão na sua.
- Eu te perdoo – Digo e seus olhos brilham – Mas algumas coisas têm que mudar. – Digo e ela revira os olhos, me fazendo sorrir. Mas fico séria depois. – É sério, Jade. Em primeiro lugar, você não esconde mais nada de mim, eu fui a ultima a saber e me irritei profundamente com isso. Minha vida, minhas decisões. Feito? – Ela revira os olhos e bufa
- Feito
- Ok... Preciso te contar duas coisas... – Falo receosa e de repente a antiga e impaciente Jade volta com tudo.
- O que houve, Vega?
- Bem... eu tenho uma ideia, se eu me aproximar da Clara, eu posso descobrir coisas...
- Tori, você não pode... – Ela tenta me cortar e eu não deixo
- Jade, minha vida. Eu quero e vou ajudar. Se eu me aproximar dela, posso conseguir algumas informações, que ajudem a prende-la. Eu vou fazer isso e já comecei. – Digo e ela bufa irritada – Tem mais uma coisa.... – Digo receosa
- Fala logo, Victoria. – Ela diz firme e impaciente...
- Er... A Clara me beijou.
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