A manhã lentamente vai se levantando em Jujutsu High e Itadori se encontra confortavelmente deitado sobre sua cama da forma mais bagunçada possível.
—Ahhhh... Não Jennifer... Para sua bo... Bobinha... — Dizia ele durante seu sono com uma voz arrastada e um sorriso bobo.
—BOM DIA ITADORI-SAN!!!!! — Gojo adentra o quarto arrombando a porta com um chute e carregando uma caixa em suas mãos.
Itadori repentinamente acorda com o susto e acaba caindo de sua cama enquanto sacode os braços e pernas, tentando, inutilmente, se segurar em algo.
—Aiiii... B-bom dia sensei... — Ele se senta no chão, esfregando a mão em sua nuca. — Que horas... Que horas são...?
—Sete da manhã! — Ele responde animado e deixa a caixa sobre a cama.
—E-e o que é essa caixa aí?
—Isso, meu jovem, são os seus uniformes, um kit com 3 conjuntos de roupa, customizados do jeitinho que você pediu! Eeeeeee ainda tem mais uns outros 6 a caminho ainda essa semana!
—Seis...? — Itadori se levanta. — Porque tantos?
—Hora, não vou deixar meus alunos usando roupa suja, e também é bem normal suas roupas sofrerem algum tipo de dano durante as missões, então quanto mais uniformes disponíveis tiver, melhor! — Respondeu Gojo, entusiasmado. — Se arrume logo, vamos sair em 15 minutos.
Yuuji abre a caixa e puxa uma das fardas, notando as diferenças em relação a dos outros alunos, parecendo mais folgada e com um capuz vermelho.
—Eai, curtiu? Mandei fazerem do jeitinho que você pediu, tudo sob medida. — Comenta o professor, se apoiando na porta.
–Mas... Eu não pedi nada... Mesmo assim ele parece bacana, não esperava que fosse ficar tão diferente do que o Fushiguro e o Kobayashi usam.
—É, eu que pedi, queria arranjar algo especial pra você. Na verdade é que apesar de termos um padrão, os uniformes podem ser customizados, por exemplo, a Saki usa um modelo masculino feito precisamente pra ela, os uniformes femininos geralmente costumam vir com uma saia, mas a Maria-Macho se recusou a usar uma, também têm o problema dela ser um avatar com aqueles quase 2 metros... O Kaito também costumava vestir um uniforme personalizado com um sobretudo e um lenço branco, super vergonha alheia, mas a maioria foi destruído em missão então até lá ele tem usado os normais. — Gojo dá uma pequena batida na porta antes de sair. — Se arrume logo, os outros já estão te esperando, e o café da manhã a gente compra no caminho pra lá.
*****
Na movimentada Harajuku, ao som das multidões de jovens andando de um lado a outro, Saki, Megumi e Itadori estão encostados contra um guarda-corpo de metal, logo à frente de uma estação de metro.
—Minha barriguinha... Nhaaa... — Itadori se joga contra o guarda-corpo em um ato dramático.
—Cadê o Kaito!?! Poha, eu tô morrendo de fome, ele só tinha um trabalho! — Resmunga Saki.
Justamente nesse momento que Kaito vem caminhando até o 3, carregando 2 crepes em cada uma de suas mãos.
—E eu estava concentrado em fazer ele, obrigado! Filas existem, sabia?! E tava enorme! — Ele responde, tentando manter a compostura. — Deixando isso de lado, aqui, carne e queijo pro Itadori-san, queijo e legumes por Megumi, e, na honestidade, Saki? Chocolate e creme de chantili às sete e meia da matina?
—Eu tenho metabolismo acelerado, preciso manter o nível de açúcar estável, sábia?! — Ela toma o lanche das mãos dele.
Kaito apenas revira os olhos e se junta aos seus colegas. E por alguns segundos os 4 ficam em silêncio tomando seu "café da manhã improvisado", até a voz de Itadori lhes chamar atenção.
—Ae, eu queria saber uma coisa, tipo, a gente veio buscar a quarta aluna hoje certo...? Porque quarta se eu me matriculei ontem?
—Porque a transferência dela tá feita já faz 3 meses. — Respondeu Kaito.
—Ahhh tá... Tendi... Mas aí, outra dúvida que eu tive no caminho pra cá era de que, só cinco não é pouco pra fechar uma classe não? — Pergunta Itadori de boca cheia.
—Ahhhh muleque, 5 tá até muito. — Diz Saki virando seu olhar para o garoto. — Nós somos, literalmente, a sala com maior quantidade de alunos dos últimos 30 anos, só pra você ter uma ideia.
Megumi leva alguns segundos mastigando para em seguida complementar a resposta da loira.
—Você já conheceu outras pessoas além de nós que são capazes de enxergar assombrações?
—Não...
—Exato. Xamãs são minoria, não são necessariamente raros, mas ainda é algo de 1 em entre mil pessoas. — Fushiguro finaliza.
—Geralmente xamãs ou feiticeiros, chame como quiser. — Saki termina seu crepe e joga o papel que o enrolava fora. — São filhos de outros xamãs, como eu, ou pertencentes a clãs, como o Fushigas, e claro, tem gente igual ao Kaito que tem nada de Jujutsu na família e mesmo assim desperta técnica do mais absoluto nada.
—Ainda com raiva que eu cheguei no rank 1 mais rápido que você? — Kobayashi provoca, sorrindo para ela.
—Vai toma no centro olho do teu cu, primeiramente. Mas continuando meu raciocínio, até você chegar, eram apenas nós 3 durante esses cinco meses, mas já ouvi falar de classes que eram compostas de apenas 1 pessoa.
Enquanto conversavam, Gojo vem de uma pequena loja de conveniência ainda no metrô, carregando uma sacola de compras consigo.
—Opa, tô de volta! Mal aí pela demora. — Ele acena para seus alunos enquanto se aproxima. — Olha só, o uniforme ficou muito bom em você Itadori, tá charmoso hein?
—Sim, ele é bem bonitinho. — Responde Yuuji levando uma das mãos ao capuz vermelho.
—Bem, se precisar de qualquer mudança, só falar que eu mando ajeitarem pra você.
—Agora falando sério, porque Harajuku como ponto de encontro? — Pergunta Megumi.
—Kaito, sua deixa... — Gojo apenas puxa uma caixinha de suco da sacola e joga a responsabilidade pro aluno.
—Eu? Cê tá de saca- urf... Tá, tá... Ela queria ver umas coisas a respeito de agência de talento ou algo assim aqui em Tokyo antes de encontrar com a gente, e aqui em Harajuku tem dessas a rodo… — Ele sacode um pouco a cabeça e joga o papel de seu crepe numa lixeira próxima.
—Olha! Ahhh! Eu quero uma pipoca! — Itadori se distrai durante a conversa e se separa do grupo.
—Tsc, isso aí tem rima lá de onde meu pai veio... Deixa que eu busco ele. — Saki desencosta do guarda-corpo e vai atrás de Yuuji.
Os outros três vão logo em seguida na mesma direção, um pouco menos apressados.
—Mal lhe pergunte, sensei, mas... Cadê o Geto? — Questiona Kaito.
—Ele foi investigar a bagunça que você causou ontem a noite, tava parecendo tão estressado, tadinho, dava até pena. — Gojo responde em um tom brincalhão
—Minha? Mas foi a maldição! — Kobayashi retruca, mas logo é interrompido por Megumi.
—Desiste, você sabe que não vale a pena, só vamos acabar logo com isso.
Enquanto os 3 continuavam a caminhar, Saki retorna segurando Itadori pelo ombro, que por sua vez está carregando um balde gigante de pipoca.
—Ele me fez pagar por essa porcaria... — Ela comenta, o soltando.
—Eu disse que ia devolver o dinheiro, não disse?
Gojo continua andando e bebendo seu suco de caixinha tranquilamente, Megumi apressa o passo para acompanhar a velocidade de seu professor.
—Como é essa caloura? Sem uma descrição vai ser difícil achá-la no meio dessa multidão.
—Ah, fica tranquilo, eu já tenho algumas dicas pra saber quem ela é, e se não der certo a gente usa o Kaito como radar. — Satoru responde, e volta a beber seu suco.
Enquanto isso, em outro ponto das movimentadas ruas de Harajuku, um homem vestindo terno, pelos seus 40 e poucos anos, incomoda uma jovem que está apenas caminhando.
—Olá, senhorita, está muito ocupada no momento?
—Não tô.— Respondeu a garota de forma rápida e fria.
—Bem, é que eu estou procurando jovens como você, querida, que estariam interessadas em ser modelo, aqui o meu cartão, caso este-
—Não tenho interesse. — A garota novamente responde da mesma forma e acelera seu passo
O senhor tenta continuar a seguindo, pelo menos até uma voz feminina e sombria vem de trás, junto com a sensação de uma mão repousando sobre seu ombro, lhe espantando.
—E eu aqui, hein...? — O homem se vira lentamente, tremendo de medo com o que poderia encontrar, e sente uma mão pousar sobre seu ombro. — Samerda aí é trabalho como modelo né? Pois é, eu tenho interesse, então diz aí oque que tu acha de mim.
O homem, suando frio, se vira e vê uma jovem garota de mais ou menos 1,60, magra, curtos cabelos alaranjados com uma mecha que cobre parte de sua testa, vestida em uma jaqueta abotoada semelhante a uma farda escolar, uma saia, ambos de cor azul marinho.
—E-eh, v-você...? S-sinto muito senhorita, mas é q-que eu acabei de lembrar que tenho que i-
Ele tenta passar pela jovem, que relativamente o puxa de forma agressiva pelo colarinho do terno.
—Nem pensar! Vai fugir não! Tu vai falar agora o que que tu acha de mim.
Ao longe, Gojo e seus alunos assistem a cena, Itadori usando um óculos ridículo no formato da palavra "ROOK" e com uma casquinha de sorvete em cada uma de suas mãos, outra coisa que ele fez a Saki comprar no caminho.
—Aquele coisa ali é quem a gente tá procurando? — Questiona Megumi.
—Que vergonha alheia. — Comentou Yuuji.
Saki dá um leve peteleco na nuca dele e cruza seus braços.
—Meio hipócrita da sua parte meter essa usando uma merda dessas aí na cara.
—Ei! Eles são bacanas, tá legal! — O garoto se vira, ainda sentindo uma pequena ardência onde foi acertado.
Megumi move o seu olhar um pouco para trás deles, ouvindo algumas garotas comentando sobre os uniformes e o novo óculos de Itadori.
—Ei! Olha aqui ô! — Gojo grita, acenando com ambos os braços e não só chamando a atenção da garota, como a de praticamente todo mundo.
Kaito, Megumi e Saki estapeiam o próprio rosto, já estão acostumados com as peripécias de seu professor, mas nunca conseguem levar a sério.
A garota se distrai e acaba por soltar o engravatado, que por sua vez corre o mais longe possível, ainda aterrorizado.
Alguns minutos se passam e a novata aproveita para alugar um armário e guardar sua bagagem para assim poder se apresentar de forma apropriada.
—E então? Pode nos dar o ar da sua graça? — Pergunta Gojo com um sorriso no rosto, e levemente inclinado a olhar sentido a posição de Kaito.
—Me chamo Nobara Kugisaki... E pelo que tô vendo eu sou a única garota nesse grupinho mixuruca.
—Agora eu me senti pessoalmente atacada. — Comentou Saki, já perdendo a compostura e apontando pra si mesma com uma feição óbvia de raiva. — Única o caralho tá, querida! Tenho muito orgulho da minha xa-
Megumi rapidamente reage e acerta uma cotovelada no quadril da loira, impedindo que a mesma solte mais barbaridades em público.
—Pelo amor de Deus, Saki!
Itadori tenta ignorar a situação constrangedora e se apresenta de volta, com seu típico ar animado.
—Eae! Meu nome é Yuuji Itadori, e eu sou lá de Sendai!
—Megumi Fushiguro...
—Saki Yanomi... E pra tua informação eu sou fêmea sim! Má educada!
Nobara estreita os olhos e levanta uma sobrancelha, observando o grupo.
"—Hurr... Esse primeiro tem uma baita cara de lerdo, certeza que comia meleca quando criança... E esse Fushiguro ein? Tem mó cara de que se acha o bonzão, odeio gente convencida assim, e essa gigantona... Pura falta de educação, isso aí é um ogro se passando por mulher." — O olhar de Nobara para em direção a Kaito por alguns segundos, mantendo um olhar de julgamento. — Você...!
—Ah, agora tu me nota né?! — Responde ele com as mãos no bolso.
A garota anda até ele em um passo intimidador e cutucando seu peito.
—Você só tinha um trabalho e mesmo assim não respondeu nenhuma das minhas mensagens ou ligações, seu idiota!
—Meu celular foi literalmente torrado ontem! Que culpa eu tenho!?
Saki revira os olhos e interrompe os dois, os pegando pelo ombro e separando um do outro.
—Deixem a D.R pra depois, ninguém merece essa palhaçada aqui não!
Mesmo em meio ao caos, Gojo permanece sorrindo.
—Olha que coisa mais linda, todos os meus alunos finalmente reunidos, e os novatos ainda por cima são do interior, dá pra ver que vão se dar muito bem! — Comentou ele batendo uma palma.
—Tá, acabamos aqui ou você planeja ir pra outro lugar? — Questiona Fushiguro. — Não tenho saco pra lidar com seja lá o'que a química desses dois vai fazer aqui, quanto antes acabarmos com essa idiotice, melhor.
—Ah, mas isso é de boa, vou levar nossos novatos pra dar um passeio por Tokyo. — Responde o professor olhando para Nobara e Yuuji.
*****
Em paralelo, Suguru Geto ronda pela gigantesca cratera deixada pela maldição que lutou contra Kaito na noite passada, parado próximo a ele, Ijichi observa segurando sua prancheta contra o peito e tomado por um nervosismo descomunal.
—Você tem certeza de que não havia nenhuma informação a respeito de um grau especial nas informações do contrato? Nada que não foi passado para mim ontem? — Pergunta o feiticeiro.
—Não senhor... Tudo que tínhamos era sobra a dupla de maldições de grau 2...
—Não foi o que Kaito me contou ao chegar da missão. Uma delas era de grau 1, e estava portando um dos dedos do Sukuna... — Os olhos de Suguru sondam o solo arrasado, atrás de qualquer coisa, qualquer que seja. — Ele também disse algo sobre a grau especial levar o amuleto para uma supervisora...
—O senhor acha que pode ter alguém por trás disso...? — Ijichi continua nervoso, tentando ajustar seus óculos.
—Em partes, sim. Em todos esses anos eu tive tempo de estudar o comportamento de maldições, e apesar de parecer anormal, aquelas mais racionais podem estabelecer alianças entre si... O'Que poderia ser o caso... — Ele se abaixa, apoiando-se sobre um dos joelhos e levando a mão contra o solo. — Estranho...
—O-oque, senhor Geto?
—Quando algum espírito amaldiçoado deixa um rastro tão intenso de destruição, é normal sobrar resquícios de sua presença ou energia, mas... Nem mesmo com minha técnica eu consigo detectar algo dessa maldição elétrica...
Suguro fecha os olhos e balança a cabeça em negação, inconformado com a situação na qual se encontra, mas seu foco logo é quebrado quando ouve, não muito longe, o motor de um carro e o som de suas portas abrindo e fechando.
Tanto ele quanto Ijichi se viram, e nos limites da cratera eles avistam uma viatura da polícia, uma oficial de polícia desce do veículo e vai até eles, um olhar cansado e curtos cabelos negros com um típico chapéu policial, integrando restante do uniforme.
—Bom dia senhores... Creio que... Não tenham notado as faixas amarelas ao redor do terreno... Mas farei a gentileza de explicar isto de forma breve: O acesso de civis está proibido.
Geto se levanta, mantendo uma feição calma e uma postura amigável, com sua típica feição de olhos fechados enquanto dá alguns passos até a policial.
—Olá, bom dia para você também, oficial. Bem, temo que haja um engano, porque veja bem, eu e meu colega não so-
Ijichi impulsivamente interrompe Geto, ainda nervoso.
—N-não somos civis, somos... Err... Parte da equipe de controle de danos! Sim, do controle de danos.
A mulher arqueou uma sobrancelha e fez uma expressão de descrença, olhando os dois a sua frente de cima a baixo, os encarando por alguns segundos.
—Controle de danos, é...?
—S-sim, viemos aqui investigar a explosão de ontem, aparentemente ela foi causada por um curto circuito.
Enquanto Ijichi tenta manter uma desculpa nada convincente, Geto tem observado o desenrolar da cena completamente confuso. A polícial mantém o olhar de desconfiança, e gesticula, circulando a mão pelo arredor.
—Tá vendo isso daqui? Tem um raio de 1 quilômetro. E quer mesmo que eu compre essa conversinha fiada de curto circuito!?
Geto toma a frente novamente, levando a mão ao ombro do diretor-assistente e o puxando para trás.
—Que tal nos apresentarmos primeiro e discutirmos a respeito do que ocorreu? Posso lhe garantir, oficial, que somos sim qualificados e temos permissão para investigar o local.
—Hunf... Tá certo... — A policial leva a mão direita para o próprio ombro da mesma direção, o apertando algumas vezes, em seguida pegando algo em seu cinto e mostrando seu distintivo. — Tsuyu Ashido, detetive-chefe da D.P de Tokyo. E você? Quem seria para ter tal autoridade?
—Pode me chamar de Geto, sou professor e f-
A moça o interrompe, apontando o dedo e com uma feição pensativa.
—Ahhhhh, já sei, já sei, já sei! Vocês são aqueles malucos que lidam com os casos sobrenaturais e que volta e meia mencionam lá na D.P! Como é que era mesmo...? Mágico? Magos Jiu-jitsu...? Tsc, era algo assim.
—Feiticeiros... — Respondeu Geto em um tom já impaciente e abrindo um pouco seus olhos.. — Feiticeiros Jujutsu...
—Isso! Essa coisa aí! — A policial retoma sua compostura mais séria. — Mas enfim... Se vocês estão aqui, então quer dizer que foi coisa do que? Alguma assombração? Poltergeist? Cryptid...? Et...?
—O termo correto é maldição, e sim, vim aqui descobrir algo a respeito da que foi responsável pela destruição gerada ontem mas... Não restou nenhum tipo de pista. — Comenta o feiticeiro.
—Pode ser só impressão minha mas olhando ao redor, isso já era meio que de se esperar né…? Ah, espera, olha, não temos muito, mas, alguns dos detetives sob minha supervisão falaram com os moradores dos arredores e conseguiram alguns relatos e até mesmo fotos que foram tiradas durante o incidente.
—Eu poderia pedir permissão para ter acesso a tais documentos? — Geto pede, de forma singela.
—Bem... Primeiro, preciso de uma confirmação de que você é mesmo um desses Jujutsu, e não algum maluco. — Diz Tsuyu, cruzando os braços e batendo o pé.
Geto suspira, levando a mão ao bolso e puxando um pequeno cartão branco com sua foto, nome, e algumas informações, então o mostrando para a oficial.
—Suguru...Geto... Graus especial...? Mas ein? Ah, aqui, o nome dessa coisa de Jiu-jitsu!
—Jujutsu...
—É, isso daí que tu falou. Bem, pode vir, não estou com todas elas, pro seu azar, mas tenho algumas dentro da viatura, podem vir.
Tsuyu caminha até seu veículo, seguido por Ijichi e Geto. A mulher abre a porta e de dentro retira uma pasta de documentos, a levantando até o feiticeiro.
Geto abre a pasta, e de fato haviam algumas fotos, um clarão gigantesco visto à distância, parte do céu, supostamente acima da usina, tão claro que parecia quase dia naquela região, a terceira era praticamente uma sequência, mostrando em poucos segundos, o raio saindo dentre as nuvens.
—Essas fotos foram tiradas por uma moça, logo depois do seu filho reclamar uma forte interferência na televisão, e uma instabilidade na energia da casa, foram tiradas pela janela. — Comentou Tsuyu, recostada no carro.
—Sim, dá pra ver que foram tiradas a uma distância considerável... E a questão de mesmo assim darem uma visão tão clara do que aconteceu aqui, é ao menos assustador...
—Com toda certeza... Quando tive acesso a essas primeiras, eu jurava que era montagem ou alguma coisa do tipo, quero dizer, mesmo a quilômetros ela ainda conseguiu um conjunto tão bom de imagens, uma explosão desse tipo é praticamente algo de filme! Ah, sim, ainda tem mais algumas, elas podem ser interessantes.
Geto continua a estudar as imagens, notando de cara algo de interessante na quarta foto, era um vulto, cruzando uma estrada, azul e recoberto por um brilho amarelo, a quinta já era mais preocupante ainda, esse mesmo vulto cruzando rapidamente em uma trilha, extremamente próxima de quem tirou foto, sua silhueta quase visível, mas impossível de se distintinguida.
—Essas que estão mais pra frente ou são ângulos diferentes ou só borrões inúteis, as mais interessantes ficaram lá na D.P, para sua infelicidade. Tiveram muitos relatos na verdade, gente dizendo que essa coisa simplesmente atravessou seus carros, ou que cruzou a estrada numa velocidade surpreendente, Pessoas descrevendo uma criatura alta e de olhos amarelos, parada em seus quintais,alguns campistas também informaram que foram atacados por algo invisível, tudo isso na mesma noite. Acha que pode ter mais de uma?
—Desse tipo, não, ao menos não com o conhecimento que tenho sobre maldições, o'que significa que... — Geto fecha seus olhos e devolve a pasta. — Obrigado pelas informações, senhorita Ashido, vão ser de grande valia pro começo das investigações.
—Ora, disponha, eu vou admitir que não tô muito afim de trocar tiro com algo que foi responsável por... Isso... — Ela comenta, gesticulando em círculos para a cratera. — E que conseguiu ultrapassar carros em alta velocidad- Ah, claro, já ia me esquecendo. Os campistas atacados, eles estavam no Monte Takao, talvez vocês possam trabalhar mais tendo conhecimento de sua última localização.
—Monte Takao... Bem, mais uma vez obrigado, oficial.
—Bem, é minha função, não é? Até breve, Suguru Geto... Tenho o bom pressentimento de que, iremos nos reencontrar novamente no futuro. — Tsuyu recolhe a pasta e entra em seu carro com um sorriso no rosto, ligando o veículo e deixando o local.
—Você ouviu Ijichi, Monte Takao.
—M-mas senhor, você tem certe-
—Sim, não podemos deixar um grau especial com esse nível a solta, sabe-se lá quais estragos a mais ela pode causar, e na condição em que estamos, qualquer informação é valiosa.
*****
No fim das contas, o tour de Gojo, nada mais era do que levar os novatos para Roppongi, apenas para cumprirem uma missão. Nesse momento ele está sentado frente a um prédio abandonado, já em condições precárias, junto a Megumi, Kaito e Saki.
—Já se passou meia hora... — Comentou Fushiguro.
—Tem certeza...? Me pareceu menos tempo. — Complementa Kaito, mexendo em seu celular
—De certa forma. É mais uma estimativa do que uma certeza. — Megumi responde, notando que Saki batia o pé incessantemente.
O quarteto permanece em silêncio ante a insatisfação mencionada por alguns segundos, até a garota quebrar o gelo.
—AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!! — Ela se levanta da cadeira dobrável em que estava, dando um pisão na parte do acento com que faz o objeto levantar do chão, ainda no ar a loira a segura pela perna e arremessa aos céus de forma violenta, convenientemente, uma maldição coberta em pelos e em um dos braços pula por uma das janelas e ser atingida em cheio, quase que instantaneamente explodindo com espinhos de aço emergindo de seu corpo. — Mas que po-
—Olha só! Então é isso que a Shoko vive chamando de sincronia feminina? Mal se conhecem e você e a novata já viraram uma ótima dupla hein! — Brinca Gojo, vendo a maldição se dissipar em fumaça no ar.
—Mas hein?! — Saki se vira, ainda confusa. — A novata fez isso?
—Claro! Aqueles espinhos que saíram de dentro da maldição são efeito da sua técnica amaldiçoada, bem da hora né? — O professor responde.
Dentro do prédio...
—FOI POR ISSO QUE EU FALEI QUE IR SOZINHA ERA PERIGOSO!! — Reclama Itadori. A seu lado, um garoto um pouco mais novo que ele, de cabelo preto e estilo bob cut.
—VOCÊ NÃO FALOU NADA DE QUE ERA PERIGOSO SEU PASPALHO!!! — Nobara responde apontando seu martelo para o garoto.
—Eu... Eu não disse?
—Não! E além do mais, que diabos é o seu problema hein!? Quem quebra uma parede de concreto com as mãos assim!?!
—Que!? Mas ela nem era de aço reforçado! É normal ela ter caído tão facilmente assim! — Exclama Yuuji.
—Não! Não é normal!!!! COM OU SEM AÇO REFORÇADO!
Itadori fica alguns segundos sem reação, pensando no que ela havia lhe dito e olhando pro buraco que ele mesmo havia aberto mais cedo para atacar a maldição.
—Olha, se não for problema, eu queria te perguntar uma coisa... É mais porque já me fizeram esse tipo de pergunta um monte de vezes, mas porque você veio pra escola Jujutsu?
—PORQUE EU ODEIO AQUELA BOSTA DE INTERIOR FUDIDO E QUERIA VIVER EM TOKYO! — Nobara responde em um tom como se a mera pergunta lhe tivesse ofendido.
Tanto Itadori quanto o garoto reagem com um pouco de choque, incrédulos com uma motivação tão rasa. A garota retoma a sua compostura, agora falando em um tom mais amigável e dócil.
—E essa era a única forma que eu tinha de morar aqui sem ficar me preocupando com trabalho ou dinheiro.
—E tu arriscaria sua vida por esse motivo besta...?
—Sim. É o meu jeito de fazer as coisas. — Ela responde com um sorriso meigo no rosto e se virando para o garoto ao lado de Itadori. — De qualquer forma, obrigado por me salvar, quanto a você, moleque, não fique entrando em lugar abandonado pra brincar, pode ser perigoso, com ou sem monstro.
O garoto fica em silêncio por alguns segundos, até decidir falar.
—N-não foi pra b-brincar que eu vim aqui…
Voltando ao exterior do prédio, Saki permanece naquela mesma posição de arremesso, ainda processando o que aconteceu.
—É, acho que ela quebrou. — Comentou Kaito, guardando seu celular.
—Oh Saki! Eu acho que chegando em casa vou dar uma bisbilhotada na sua estante de livro! — Diz Gojo acenando para a loira.
No mesmo momento ela se recompõe e avança contra seu professor, rosnando como um animal.
—VOCÊ NEM SE ATREVA A MEXER NA MINHA MINI BIBLIOTECA! EU ATÉ HOJE PROCURO AQUELA MALDITA EDIÇÃO DE PALEONTOLOGIA QUE VOCÊ DIZ TER PEGO EMPRESTADO!!!!
Megumi assiste a cena com certa estranheza e se vira para Kaito.
—Pra quê o Gojo iria querer um livro de paleontologia?
—Eu sinceramente prefiro ficar sem saber a resposta. — Diz Kaito, com um olhar preocupado.
O discurso enfurecido de Saki logo é interrompido pela voz de Itadori saindo do prédio, junto a Nobara e a criança. Gojo, mantendo a postura calma, acena para a dupla.
—Haha! Bom trabalho vocês dois! Gostei de ver hein! Pera um poco... — O feiticeiro nota a terceira figura.
—Ah, sim... Esse garoto... — Respondeu Nobara, percebendo a reação de seu professor. — Então, a gente precisa falar sobre isso...
—O garoto foi lutar contra as maldições. — Itadori diz, indo direto ao ponto, mas logo recebe um tapa de Kugisaki.
—DEIXA EU EXPLICAR, SEU BOCÓ!!!
Enquanto isso, os 3 alunos originais de Gojo se entreolham, desconfiados da situação.
—Fushigas... Kobaya... Vocês dois não acham que... — Saki sussurra para os garotos.
—Tomará que não... Mas conhecendo o Sensei... — Diz Kaito enquanto desvia o olhar.
—Que seja apenas uma coincidência... Gojo tem a péssima mani-
Megumi é interrompido quando a conversa dos 3 é quebrada pela voz animada de Gojo.
—Um feiticeiro! Olha só que coisa!
O trio permanece olhando a cena, incomodados e falando em coro: "Fudeu".
—Que aue todo é esse? — Nobara arqueia uma de suas sobrancelhas ante a reação de Satoru.
O garoto, até o momento quieto e assustado, decide tentar se comunicar.
—F-feiticeiros...? O-oque é isso...?
—Sim, feiticeiros, Jujutsu pra completar. — Diz Gojo com um sorriso. — Em resumo, baixinho, tem pessoas que nascem com um dom especial, tipo super poderes, as vezes é puxado dos pais, outras é por sorte, e só essas pessoas conseguem ver esses monstros.
—Huh... P-por favor, me ensina! — A criança suplica, quase se colocando de joelhos.
Megumi volta seu olhar para Kaito e Saki, vendo a mesma cara de "premonição" que ele mesmo está fazendo
—Ele vai fazer de novo né...? — A loira sussurrou.
—Eu juro que ainda vou socar a cara dele... — Diz Fushiguro.
O garoto continua a pedir, quase chorando diante de Gojo.
—P-por favor! Me ensina a lutar com esses monstros! S-Se eu nasci com esse tipo de poder então eu quero saber como usar.
O feiticeiro cruza os braços e leva uma mão ao queixo, fingindo que estava ponderando a respeito, seus 3 alunos iniciais bem sabiam que ele já tinha sua opinião formada, e justamente por isso, Saki vai até ele batendo o pé, e consequentemente arrastando Kaito e Megumi que tentavam lhe segurar.
—Olha aqui seu projeto mal feito de Buda! Tu nem pensa nisso! Isso aqui não é festa pra tu puxar o primeiro que encontra pra aquela maldita escola!!!
—O'Que a Yanomi tá tentando dizer, é que seria melhor não sobrecarregar o primeiro ano desse jeito, ainda mais considerando os riscos que corremos. — Megumi tenta explicar, desistindo de segurar sua amiga.
Gojo não dá a menor atenção aos dois e muito menos muda sua posição, se mantendo da mesma forma por alguns curtos segundos.
—Qual o seu nome mesmo, garoto?
—S-Shigeo... Shigeo Kamado...
—Ha, bacana, e quanto anos você tem mesmo?
—T-treze anos.
Dessa vez até Nobara e Itadori que estavam seguindo a maré parecem congelar. Kaito é o primeiro a sair da reação de choque.
—Não é possível que você tá considerando lev-
—13 né...? — Gojo simplesmente ignora, e fala por de cima das palavras de seu aluno. — Saquei... É, isso é meio complicado, você ainda é muito novo, mas eu consigo dar um jeito, não resisto ao pedido tão determinado de um jovem.
—Jovem...? — Saki dizia entre os rosnados e ranger de dentes. — ISSO É A DESGRAÇA DUMA CRIAN-
Kaito e Megumi finalmente conseguem a puxar, cobrindo a boca dela antes que pudesse completar a frase. Com a interrupção feita, Gojo que, continuava a ignorar, continua.
—Bem, com a sua idade eu não posso de fato te transferir pra escola Jujutsu como um aluno definitivo, mas dá pra inserir como aulas de um curso curricular juvenil, e aí, topa?
Shigeo fica em silêncio por um tempo, afirmando com um balançar de cabeça e um sorriso tímido.
—Perfeito! Agora vamos te levar pra casa e quando suas aulas estiverem prontas eu te aviso! — Gojo abre um largo sorriso e põe sua mão no ombro do garoto. — Agora vamos, não queremos deixar sua coroa preocupada né?
Satoru e Itadori saem para levar o garoto de volta a sua residência, Megumi e Saki levam um tempo discutindo antes de entrarem em consenso e segui-los, deixando Kaito e Nobara um pouco mais atrás do grupo.
—Como foi lá...? — Pergunta o rapaz, seguindo lentamente o mesmo caminho que os outros.
—Foi bem de boa. Tiveram uns imprevistos aqui e ali, mas tudo deu certo. — Ela responde, sem olhar muito pra ele e se movendo em um passo um pouco mais rápido.
—Olha... Foi mal pela parada do celular, ele realmente foi queimado, no sentido literal da palavra... Não queria te deixar preocupada mas...
—Kaito, eu te conheço desde pirralho, não me vem com esse papinho furado não que não cola. — Nobara continua o tratando com certa indiferença. — Eu não acho que celulares são carbonizados por mágica.
—É, você tem razão. São carbonizados por raios, tipo os que eu levei ontem, sua ignorante! — O garoto já perdeu a paciência com o comportamento dela ante a uma coisa simples, e acelera sua caminhada, passando por ela.
—Raios? Não não não, pode parar aí! — Kugisaki tenta acompanhar o ritmo e o alcançar. — Que história é essa de raios!?
—Raio, trovoadas, tempestade, aquilo que o Pikachu solta, o'que é tão difícil assim de entender!? — Kaito rangia os dentes e tentava manter seu tom de voz o mais baixo possível para não chamar a atenção dos outros.
—Você... Você tá bem, né? Não se machucou?
—E você algum dia se importou com isso? — Kobayashi pergunta sem sequer olhar para ela.
Nobara permanece pensativa por um tempo, e o puxa pelo braço antes que se afaste demais.
—Sempre... Mas você sabe como eu sou grosseira, só não... Sei demonstrar isso, tá... Olha, foi mal por agir de forma tão... Assim...! Por causa de um motivo besta...
—Cinco meses sem se ver... — Dizia Kaito enquanto ainda tentava manter o passo. — E a primeira coisa que rola com a gente é uma D.R... Olha, sinceramente...
—Pois é, somos a química do desastre, né não? — Ela tenta amenizar a situação com uma leve risada
Gojo e os outros finalmente deixam Shigeo em seu bairro.
—Ou, os 5 aí, tão afim de bate um rango? — Pergunta Satoru, se aproximando dos outros jovens.
Itadori e Nobara rapidamente se levantam empolgados, e fazendo pose.
—Picanha!
—Sushi!
—Pra mim tanto faz! — Respondeu Gojo, fazendo um sinal de joinha pra dupla. — E vocês 3 aí, hein?
—Tsc, que se exploda... Primeira sorveteria que eu achar já tá servindo. — Diz Saki, cruzando os braços e fazendo cara feia.
—Bem, um churrasco de vez em quando não é má ideia né Saki, para de cara feia. — Brinca Kaito enquanto cutuca o ombro da loira para a irritar ainda mais, pelo menos até Nobara gritar apontando o dedo pra ele.
—TRAIDOR! ERA PRA VOCÊ TER ESCOLHIDO MINHA OPÇÃO! NÃO A DO ITADORI!
Megumi ignora toda a situação e fica apenas mexendo em seu celular, o que Gojo trata com pouco caso.
—Tão tá, fica aí mesmo.
–Cara feia pra mim é fome mas o Fushiguro deve ser exceção, provavelmente. — Diz Kaito antes de seguir os outros.
—Nada, tá bravinho porque não deixei ele entrar no prédio. — Gojo abre outro dos seus sorrisos enquanto andava. Nobara e Yuuji riem da situação.
Arquivo-----
21 de julho de 2018. Cidade de Nishio, Estado de Tóquio.
Centro Reformatório Eishuu
Flutuando no céu, acima do pátio de exercícios
Avistamento de um feto amaldiçoado de uma maldição especulada como grau especial
Devido às circunstâncias, os 5 calouros do primeiro ano foram enviados.
Dois estão feridos. Um deles se encontra em estado crítico.
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