//Aquele barulho irritante de alguém batendo na porta quando você está dormindo, ou praticamente em coma//
Penso em esperar meu ódio por essa pessoa que está batendo na porta passar, mas é nulo.
Consigo ver por um puto reflexo meu estado deplorável, que nojo de mim mesma e da decadência. Mas foda-se, quem diabos vêm bater aqui, não é mesmo?
A pessoa não me encara com aquela costumeira cara esquisita que todos fazem ao ver alguém de ressaca – aliás, é super chato e clichê isso, odeio. Só entrega um pequeno embrulho e logo depois sai. Que coisa, não? Deixo o embrulho em cima da mesa mesmo.
Provavelmente ou obviamente, estou atrasada.
Ou estaria se fosse ao colégio, mas não estou com vontade. Lembrar que a minha bolsa ficou em casa, e bem, talvez eu tenha algo lá que precise durante as aulas, ou arriscar que esteja tudo no armário.
Como estou curtindo essa vida arriscada – tão arriscada que a única coisa que fiz foi conhecer um par de olhos azuis, cujo dono é um porre nomeado: Jeremy. Mas enfim -, tenho de fazer isso, arriscar mais um pouco e ficar mais foda-se do que já sou.
[...]
Então, sabe aquela história de arriscar? Hum, bem, vamos dizer que estou indo para o colégio com uma bolsa de sair! Na verdade, sempre quis essa bolsa, mas por diabos estou levando o que preciso nela; quase nada.
Sobre tudo isso, eu ainda chego com todos me olhando, eu odeio isso. Fico completamente irritada. O que tenho de errado? Hein?!
Claro, não vou ter nada de certo, eu acho, todos acham, é.
Consigo fixar meus olhos de um jeito sério nos olhos de quem cochicha quando estou passando. Isso só aumenta. Que bom, não é? Aumento o assunto.
– Ei, Fraya! – congelo ao ouvir a voz.
Olho para trás e lá está ela, Loren. Com sua jaqueta jeans e olhar desafiador, o ar continua mesmo: ‘’Diga quem você é logo, nos conhecemos’’.
Ela dá passos em minha direção enquanto diz:
– Soube que deu uma passada no fórum. – sorri, e eu engulo em seco. – Mas... Ah! Na inauguração você chegará comigo, grudado no meu braço. – ela olha para os dois braços. – Acho que o direito. – diz, sorrindo.
Um tanto alta e seu cabelo na altura do ombro, um tanto bagunçado, aquele ar lésbica bem encantador – não que eu esteja a fim dela, mas, hum, tenho que ver os detalhes.
Solto a respiração, ainda pensando no que dizer e não fixando na aparência de Loren e o que transmite.
Sem gaguejar, Fraya.
– É... Bem, o fórum pareceu peculiar.
– Eu e June a vimos, eu mesma reparei na sua afeição.
(Como Loren fala, não?
Pisco os olhos e quando vejo ela está rindo. E sua namorada aparece interrompendo, Loren costuma deixar o braço sobre o ombro de June, quase sempre, e também sussurra algo em sou ouvido.
– Mas, se está sem palavras, podemos voltar a conversar quando as palavras voltarem a si. – e dá uma piscadela, sua namorada nem se importa, o que me faz pensar que ela faz isso sempre de um modo bem “zoax”. – Au revoir. – termina imitando um sotaque típico de francês (que garota), e sua namorada apenas dá um tchau forçado.
Quando dou um “tchau” elas já estão de costas e indo embora.
Volto a caminhar até o colégio, sem qualquer preocupação. Tirando o fato de eu odiar a roupa que estou usando. Pra quê mostrar meu próximo uniforme? Como se estivesse mostrando minha próxima profissão. Ridículo.
Respiro fundo.
Que cansaço, e eu nem me esforcei muito.
Merda!
Por andar com o olhar em um lugar e o pensamento em outro, esbarro contra alguém. Levanto o olhar e é Elizabeth. Seu costumeiro cigarro entre seus lábios, aparência deprimida, é.
Ela segura meu pulso, me ajudando a me estabilizar. Sorri gentilmente.
– Seu sapato está desamarrado, Fraya. – diz, me deixando um tanto (?).
Olho para o pé direito e nem me importo muito, quando dizem, eu apenas dou de ombros e os deixo desamarrados.
– Gosto assim – dou de ombros, mas me abaixo e amarro-o. – Obrigada.
–Gosta do modo como ele te faz esbarrar em outras pessoas? – pergunta – Uau.
No tempo que eu tento formular uma respostas, ela solta:
– Não foi nada, vou-me.
Eu não faço a mínima ideia de como ela estava por ali e não vi, mas... E ah! Como ela sabe meu nome? Que puta coincidência.
Já a vi outras vezes com alguns punks, não sei se ela é – não aparenta ser –, porém hoje está sozinha.
[...]
Aconteceu alguma coisa, porque a entrada do colégio esta uma confusão, e tem alguém querendo zoar comigo a algum tempo.
Ei!
Depois de escutar duas vezes acabo cedendo e procurando quem está fazendo isso, eu vejo o garoto da ponte. E o olho esperando que ele visse que não estou entendendo. Ele faz sinal para que eu vá até lá.
– Como?! – grito num sussurro.
Puta merda! Lembro como ir lá.
Talvez ninguém se importe com o fato de eu estar saindo do tumulto, ou só agradecendo por um a menos ali.
Em poucos minutos estou subindo a escada até a parte alta do colégio, no ultimo degrau da escada, e lá está ele, olhando para o horizonte, não fiz nada para tirar sua atenção e dizer que estou aqui. Apenas aproximei-me com passos longos, e surpreendentemente (ou não) quando fui sentar ele virou-se para mim.
– E aí? – sorriu.
Ajeitei-me ao seu lado.
–É, e aí?
Não sei se foi impressão minha que não demorei a chegar até aqui, mesmo relutando, os olhos de Jeremy parecem de tristes e como se ele tivesse se acabado de tanto chorar.
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