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História Just kiss him - Amigãozão - História escrita por akakios - Spirit Fanfics e Histórias
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História Just kiss him - Amigãozão


Escrita por: akakios

Notas do Autor


OIOI~
esse capítulo não era para vir tão rápido. mAS EU TIVE QUE
QUERO DIZER
GENTE
ASJYATF78A9SOAKFAS MUITO OBRIGADA AAAAAAAAAAAH VOCÊS FORAM UNS PERFEITOS ANJINHOS E EU TO HIPERVENTILANDO. Obrigada por darem tanto carinho a essa história, eu fiquei realmente surpresa!!!
O.k., agora, sobre esse capítulo: é aqui onde as coisas começam a complicar, sim? Aqui até que está mais suave ahuaua é um capítulo de transição, e, francamente, eu nunca escrevi de forma mais estranha do que essa #triggered
eu espero que vocês nao estranhem tanto oahsuasoas serio, tomara que nao tenha ficado incompreensível aaah
acho que eu tava bebada quando escrevi isso (sério)
ENFIM EU TO MUITO SOFT OK
NAO ESPERAVA UMA RESPOSTA DESSAS AAAAAAAAAAH

de qualquer forma, espero que gostem! <33
Boa leitura~

Capítulo 2 - Amigãozão


Fanfic / Fanfiction Just kiss him - Amigãozão

Um irônico comentário:

a segurança que ele trazia lhe causava medo.

 

Chwe Hansol descobriu muitas coisas desde que conheceu Boo Seungkwan. Descobriu coisas sobre seu novo amigo, mas também descobriu coisas sobre si mesmo.

Primeiramente, para esclarecer: Chwe Hansol nunca teve um amigo como ele. Nunca. Era diferente, era tão óbvio - Seungkwan não era um bocó viciado em corpos femininos, oh, não. Ele respeitava as garotas, gostava delas e às vezes fazia tranças nos cabelos de algumas “garotas legais” do colégio.

Aliás, havia coisas a serem ditas sobre Boo Seungkwan, mas elas serão organizadas daqui a pouco, seja paciente. Seungkwan gostava de falar sobre questões políticas, sociais, filosóficas; gostava de discutir sobre o universo, falar sobre como os seres humanos eram burros e limitados.

Podiam discutir desde Aristóteles até as doces tangerinas de Jeju, sem problemas, acabando sempre falando em como Hansol sentia falta da torta maravilhosa que a mãe de Seungkwan havia feito.

Quero dizer, ele não tinha essa liberdade com nenhum outro amigo seu. Todos eles eram idiotas, ele conseguia perceber isso. (Aliás, foi um alívio tão grande quando Seungkwan não enviou links suspeitos para ele numa madrugada de sábado em que conversavam, oh Deus). A liberdade que tinha com Seungkwan era diferente da liberdade que tinha com outros garotos… Podia ser ele mesmo quando estava com o Boo, não sendo obrigado em nenhum momento a elogiar uma atriz pornô ou rir das piadas sem graça sobre pênis de um dos bocós.

Eles se falavam por um tempo relativamente curto, somente um mês e meio, mas por se falarem diariamente, feito loucos viciados, o amontoado de conversas já era o suficiente para superar todos os diálogos que tivera com seus amigos em seis meses - e também porque Seungkwan falava um pouquinho demais, mas esse já é outro assunto. Quando ainda estava com o braço engessado e trancafiado em casa, Hansol gostava de olhar no relógio, sorrir malévolo ao ver que era aula do professor cruel de biologia, senhor Min, e bombardear seu amigo com mensagens idiotas, mas apenas para que Seungkwan fosse pego usando o celular e levar, talvez, alguma punição. Um grande exemplo:

 

Hansol [09:45 am]

hey

hey

hey

hey

hey

hey

heyo

letsgo

hey

hey

Hansol [09:46 am]

hello

hey

hey

hi

high

hi

hey

hey

seungkwannie

nie

ufuf

fuf

ufu

ufu

Hansol [09:47 am]

fu

gufu

gudi

ofdi

hey

hio

seunghi

booboo

boo

bo

bu

buu

buubu

boo

m

bbboo

bu

 

Seungkwan [09:48 am]

ey twr odeip

 

É, definitivamente, eles eram muito amigos.

(Hansol rolava pela cama de tanto rir só ao imaginar um Seungkwan extremamente frustrado, digitando às pressas e desesperadamente, escondido, abaixando o volume de seu celular, tentando matar ou Hansol ou a si mesmo - oh, e a cara que o senhor Min faria, aquele bode velho? Hilário.)

Quando ambos estavam em casa, falavam por horas, sem parar, ininterruptamente. Sempre que tinha a chance, Seungkwan passava pela casa de Hansol, cumprimentava sua família com seu sorriso simpático e deixava todas as suas anotações na mesa de estudos do Chwe, que convidava-o para jogarem uma partida de Overwatch, o que era bem injusto, visto que mesmo com um braço a menos, Hansol sempre ganhava.

Às vezes, Seungkwan ajudava o garoto a se trocar, dando uma geral em seu quarto logo em seguida. Quero dizer, sendo o viciado em limpeza que era, o Boo não conseguia deixar o quarto do Chwe daquele jeito, parecendo uma zona de conflitos. Ele claramente fazia isso com resmungos, salientando que Hansol tinha quebrado um braço, e não as duas pernas. “Você pode ao menos dar uma varrida por aqui, Hansol! Seu imundo!”.

Talvez o fato de os dois terem se mudado de um local que era tão familiar e enfrentar os grandes lobos de Seul fosse um ponto positivo para a amizade deles - podiam falar sobre as coisas que se lembravam de sua cidade natal por horas, mesmo que Hansol tivesse pouco para falar, visto que saiu de New York bebezinho. No fim, só ouvia ou lia tudo o que Seungkwan falava ou digitava com exímia atenção, sabendo que o Boo gostava de se abrir com ele.

Agora, coisas que Chwe Hansol aprendeu sobre aquela criatura:

a) ele era falante. Caso deixassem, Boo Seungkwan falaria o dia inteiro, sem parar, sobre todos os assuntos possíveis, puxando assunto com todos, provocando risadas em qualquer um.

b) ele era engraçado. Muito engraçado. Hansol não conseguia ficar sério com Seungkwan, era simplesmente impossível - ele conseguia cativar qualquer um com seu riso fácil e humor ácido.

c) apesar de demorar um pouquinho para se soltar, Seungkwan não era nada tímido, apenas discreto (quando queria). Porque, ele mesmo já havia admitido ao garoto: ele atraía problemas. Era desastrado e atrapalhado na maioria das vezes, mas jamais ficava embaraçado de verdade, e tudo por conta de sua excelente comunicação.

d) Boo Seungkwan era o novo queridinho da escola inteira, e o malditinho havia chego lá há um mês, apenas. Todos o conheciam e ele conhecia a todos, mas, ele jurou de dedinho: seu único amigo verdadeiro era Hansol. Todos adoravam o jeito estranho do Boo, às vezes pedindo para que ele falasse com dialeto, de um jeitinho bem fofo.

e) sua mãe gostava mais dele e Sofia vivia perguntando o porquê de ter Hansol como irmão, e não o Boo. “É, acho que ninguém consegue o que deseja às vezes. A vida é injusta, oppa”, ela dizia com verdadeira tristeza na voz.

f) ele era um geniozinho do mal.

g) seu corpo era espetacular. Principalmente quando vestia jeans - era ridículo como seu corpo era moldado perfeitamente pelo tecido. Seungkwan tinha uma bunda magnífica; era arrebitadinha, redonda e perfeita. Suas coxas eram grossas, volumosas, aparentemente perfeitas ao toque.

h) ele conseguia fazer de Hansol o que bem entendesse, mas não fazia a menor ideia disso.

 

Chwe Hansol era um palerma.

Quando ele retirou o gesso e voltou para a escola, fora recebido por sua classe com uma salva de palmas sarcásticas e abraços de seus colegas (no entanto, o único abraço que realmente gostou foi o de Seungkwan, já que era quentinho e confortável).

Além de se falarem pessoalmente ou por mensagens, todos os dias, eles podiam, agora, também se falarem no intervalo ou no meio da aula mesmo, mas por bilhetinhos fofos que Seungkwan descolava de seu bloco de post-its rosas. Hansol se sentava ao lado de Seungkwan, encostado à parede, na frente da trupe de idiotas que chamava de amigos, enquanto o Boo se sentava ao lado das garotas.

 

estamos falando sobre sistema reprodutor e adivinha quem está apontando para a foto de uma vagina no livro e está rindo que nem um idiota?

 

Seungkwan leu o bilhetinho que Hansol tinha acabado de o enviar, revirando os olhos enquanto se virava para trás, olhando com julgamento para os idiotas perto de Hansol. Retirou uma caneta roxa e, logo abaixo da mensagem do Chwe, escreveu a sua, enviando secretamente o bilhetinho para a mesa vizinha.

 

fico me perguntando o que há na cabeça dessas garotas para sairem com um cara desses, que nojo

aliás, hansol, que letra feia!!

 

Ele quase riu alto, tampando os lábios antes que o senhor Min levantasse o olhar de seu livro, avaliando a classe. É, o.k., talvez tivesse uma letra feia, mas todas as caligrafias eram feias se comparadas a de Seungkwan, certo? Ele tinha uma desculpa bem plausível! Não era todo mundo que tinha feito curso de caligrafia, o.k.?

 

stop bullying me

 

Foi a vez de Seungkwan de quase rir. Ao ver que o bilhetinho já estava em seus últimos dias, guardou-o em seu estojo, destacando outro de seu bloquinho.

 

diga algo bonito em ingles que eu goste e que entenda!

 

Hansol pensou sobre. Pensou, mesmo, de verdade. A caneta preta se fez presente sobre a roxa, a caligrafia caprichada de Seungkwan o distraindo um pouco.

 

something beautiful?

you

 

Parou.

Espera, o quê?

Chwe Hansol já havia passado por isso antes: quando se escrevia as coisas, seus sentimentos verdadeiros transbordavam, tornando-se evidentes. Era quase apavorante como nunca percebia as coisas quando elas já estavam acontecendo, e se odiava todos os dias por causa disso. A caneta era apertada com força contra o papel, tinta manchando o ponto de interrogação enquanto Hansol olhava para o que havia escrito. Suspirou, olhando para um Seungkwan expectante ao seu lado.

Apenas sorriu forçadamente antes de dizer, sem som: “eu manchei o papel”, amassando o bilhetinho e enfiando-o em seu estojo, dando de ombros de forma culpada. Seungkwan apenas revirou os olhos, não surpreso de verdade.

Hansol prestou atenção nos detalhes. Sua pele possuía algumas pintinhas localizadas até mesmo no pescoço e têmpora, macia ao toque. Os fios de cabelo eram lisos, mas alguns deles ondulavam-se nas pontas de forma fofa, as unhas curtas e bem tratadas completando seus dedos compridos, delicados, até a forma como segurava a caneta - vez ou outra girando-a nos dedos - lhe sendo encantadora.

O Chwe realmente prestou atenção nos detalhes, em cada um deles, de forma atenta e focada, quase como se Boo Seungkwan fosse um quadro que tivesse de criticar - mas a verdade é que não havia imperfeições, apenas um sorriso contagiante, bochechas salientes e afogueadas, boca com lábios macios, bicos indignados ao não acertar uma questão que achava fácil, caligrafia perfeita, pele suave, olhos acastanhados mais doces que qualquer outra coisa, risada escandalosa e piadas infalíveis.

Talvez, tivesse sido naquele momento em que Chwe Hansol começara a observá-lo de forma atenta, mesmo que não percebesse - o corpo de Seungkwan atraía seus olhos, como magnetismo. Poderia observá-lo por horas, e se isso não era assustador e um pouquinho arrepiante, Hansol não sabia o que era.



 

- Hansol, estes aqui são meus amigos! - Boo Seungkwan alegou com um grande sorriso, seus dedos envoltos na mão calejada do Chwe, arrastando-o até um grupinho estranho de garotos. Quando ouviram a voz de Seungkwan, todos eles se viraram, sorrindo para ele. - Eles gostam de ser malvados comigo, mas eu bato em todos eles quando isso acontece.

O Chwe sorriu de lado, apertando a mão de Seungkwan mais forte quando se aproximaram, tendo vergonha para se apresentar a estranhos.

- Hyungs, esse aqui é o Hansol. - Seungkwan apresentou com um sorrisão, acariciando o tórax do garoto no processo.

- Oh, então ele quem é seu namorado? - Um garoto à esquerda apontou, sorrindo de forma malévola para os dois. Hansol quase engasgou com a própria saliva, tossindo quando o mesmo garoto estendeu uma mão. - Prazer, namoradinho do Seungkwan, meu nome é Soonyoung.

- Ele é o babacão, Hansol, não ligue para ele. - O Boo revirou os olhos, querendo, internamente, matá-lo.

- Hey, eu pensei que a função de ser babacão era minha! - Um outro garoto que estava ao lado de Soonyoung exclamou com indignação, aparentemente ofendido.

- Seokmin, você é um outro nível de babaca, o.k.? - Seungkwan puxou Hansol, obrigando-o a se sentar no chão ao lado dos outros.

- Ah, o.k. - Seokmin gracejou, fazendo eles ali rirem. Estendeu uma mão ao aparentemente confuso Hansol, querendo fazê-lo se sentir confortável. - Bem-vindo ao grupinho, Hansol-ah. Sou Seokmin. - E então, sorriu de um jeito espetacular, quase como se refletisse a luz do sol, iluminando todo o local.

- Hm, é um prazer conhecê-los também, hyungs. - Hansol assentiu de forma tímida, sentindo quando Seungkwan aproximou-se, encostando suas costas em seu peito, praticamente se deitando sobre seu corpo.

- O antissocial que está comendo é o Wonwoo hyung, Hansol. O idiota perdido que está querendo um pedaço do lanche dele é o Mingyu… - Foi apontando para todos eles, mas o Chwe não conseguia prestar atenção direito, porque o cabelo de Seungkwan cheirava tão bem, era injusto. Era macio, os fios tocando em seu queixo, atiçando seu olfato, e tudo o que ele queria fazer era enfiar o rosto em seu pescoço e senti-lo por horas, bem abraçadinho a ele. Era uma mistura de morango e cereja, e era simplesmente hipnotizador. Antes que se parasse, uma mão pousou num dos lados do quadril de Seungkwan, acariciando o local com calma, aproximando-o mais de si. - …. Hansol?

Chwe Hansol piscou devagar, a voz de Seungkwan chamando-o ao longe. Quando se focou no mundo em que estavam, e não no mundo que gostaria que estivessem, ele percebeu algumas coisas. Primeira delas: não havia percebido, mas tinha abraçado Seungkwan por trás e, assustadoramente, enfiado seu rosto entre os fios cheirosos de seu cabelo. E, segunda: todos estavam olhando para ele. Soonyoung olhava para Seokmin de maneira suspeita, os olhos quase sumindo por causa de seu sorriso ainda mais suspeito, e os dois olhavam juntos para Hansol como se fossem dois delegados, julgando-o fortemente.

- Você usa essa expressão que fez quase agora para conquistar as garotas, não usa? - Seokmin sorriu arteiramente, ondulando as sobrancelhas de um jeito patético. Expressão?! QUE EXPRESSÃO ELE HAVIA FEITO?! Oh, Deus…

- Do que você está falando? - Wonwoo jogou um papelzinho em Seokmin, rindo em seguida, sua voz grave retumbando por todo o grupinho.

- Oh, hyung, você não sabe sobre o Hansol? Ele é o DiCaprio daqui, praticamente todas as garotas mais velhas adoram ele. - Contou com um sorriso astuto, utilizando-se de muitos jeitos a palavra “adoram”. - Na minha sala o nome dele rola solto, sinceramente.

Ah, se eles soubessem.

Se eles soubessem metade das coisas, provavelmente estariam rindo de Hansol agora, e não olhando-o como se ele fosse um típico fuckboy - na realidade, Chwe Hansol estava longe de ser algo parecido com esse termo. Sinceramente, caso Hansol conseguisse, desde o início, ser do jeito que ele realmente era, com todos os pensamentos aleatórios, paixão por Harry Potter, filosofias profundas e jeito tímido, ele jamais seria notado por todos. Provavelmente ficaria na biblioteca, ouvindo música, lendo poesias e pensando em coisas para fazer com sua irmã no fim de semana - parque ou cinema?

Provavelmente os pensamentos que tinha sobre seu próprio corpo apareceriam depois, e talvez ele conseguisse lidar com isso de um jeito melhor, e não se odiar por causa de tais problemas, como acontecia agora. Na realidade, Hansol queria agradecer a todas as coisas possíveis por ter a chance de se encontrar com Boo Seungkwan, porque agora estava mais tranquilo consigo mesmo - não se encontrava com mais nenhuma garota, e não sabia exatamente se deveria se preocupar com outros tipos de pensamentos que assolavam-o, às vezes.

Exatamente o que você está pensando agora: era difícil de entender. E, acredite, ficaria difícil até ele conseguir se entender. Seria difícil até ele entender que não havia nada de errado com ele, nem com o seu corpo, e nem como se sentia. Não havia nada de errado com ele, e enquanto isso não entrasse em sua cabeça, nada iria se resolver.

Seungkwan afastou-se com um sorriso magnífico, seus orbes brilhando ao encará-lo, apertando uma de suas bochechas com carinho.

- Hansolie não é isso o que vocês pensam que seja. - Ele murmurou, acariciando com esmero o rosto chocado de seu amigo. - Ele é gentil com as garotas, por isso elas gostam dele. - Murmurou a última parte, e só dizia isso porque sabia que era isso mesmo, afinal, conversava com todo mundo; as garotas que já haviam ficado com Chwe Hansol diziam a mesma coisa: lábios macios, corpo áspero. Não olhava para elas, corava e pedia desculpas. “Ele é um fofo, Seungkwannie”. O Boo, então, sorria e acreditava, porque era a cara de Hansol fazer isso. - Hansolie é só um cachorrinho, seu depravado! - Continuou, virando-se para apontar um dedo acusatório para Seokmin.

Hansolie.

Oh.

O Chwe não conseguia mais pensar em nada; não respondeu a mais ninguém, focando-se apenas na sensação dos dedos cálidos de Seungkwan moldando seu rosto com todo o carinho do mundo.

Oh.

Talvez eles não fossem amigos, caso parasse para pensar. Afinal, seus amigos jamais o entenderam como Seungkwan o entendia.

 

Oh.

 

Chwe Hansol não dormiu naquela noite. Enfiou o rosto no travesseiro e não respondeu a nenhuma mensagem. Não respondeu nem mesmo a Seungkwan, que fez questão de travar seu celular com a quantidade de mensagens que enviava, meio desesperado. Não respondeu a uma das garotas mais gentis do colégio, que convidou-o para passar uma tarde em sua casa. Só ficou deitado, o corpo imóvel, pensando arduamente em todas as coisas que flutuavam sobre sua cabeça.

E lá estava ele, novamente, pensando nos assuntos que um dia jurou se esquecer.

Às cinco da manhã, minado de sono, cansaço e dor mental, Hansol rolou pelo colchão, pegou seu notebook debaixo da cama, ligou-o e olhou, com olhos cansados, para a barra de pesquisa de seu navegador. Digitou, então, com dedos doídos e cansados, o endereço do site pornô que seus ex-amigos sempre navegavam por. E então, colocou uma mão sobre o rosto, tentando conter as lágrimas que já se formavam no canto de seus olhos. Movimentou o touchpad e, devagar, clicou na categoria “gay”.

Gay.

Não acreditava no que estava fazendo, não podia acreditar. Afundou-se no colchão, a visão embaçada por conta das lágrimas quentes que já escorriam por seu rosto afogueado, clicando no primeiro vídeo que apareceu.

Não conseguia acreditar, não conseguia nem ao menos pensar direito. Chorava como uma criança que acabara de perder os pais, soluçando e tentando ao máximo conter tudo aquilo, mas lá estava ele: uma bagunça de lágrimas realmente doídas, um choro sentido que consumia sua respiração, a garganta tão seca e os lábios úmidos, dizendo a si mesmo para não sentir nada, não querer nada, que aquilo tudo era um grande engano, uma grande mentira, um mal entendido.

Os garotos na tela se beijavam apaixonadamente, e Hansol queria sentir nojo, queria recriminar aquilo, mas, quando tocou a superfície de sua bermuda, sentiu absolutamente tudo que jamais sentiu ao ver todos aqueles links enviados por seus amigos.

Sentiu, sim.

Ele sentiu, e aquele momento estava o consumindo, estava o culpando, estava o matando suavemente.

Fechou a tela com um baque surdo, olhando para o escuro com dor, chorando como jamais havia chorado antes, o membro dolorido na cueca. Ele havia se excitado ao ver aqueles dois caras se beijando, se amando; havia gostado, por mais que abominasse isso em si mesmo, em ver seus troncos nus, sem seios, apenas um tórax liso, como o seu próprio ou de Seungkwan.

Afastou o notebook, abafando todos os seus soluços no travesseiro, sentindo-se desamparado, quase arruinado. Escute, descobrir coisas sobre si mesmo era uma coisa difícil, e todos lidavam com suas respectivas dores do modo em que havia sido lhe ensinado. Às vezes, não era necessariamente sua culpa sentir dor ao perceber que é homossexual. Na realidade, a dor de descobrir que era homossexual vinha depois (se você escondesse isso de si mesmo, doía; se escondesse dos outros, doía; se decidisse mostrar quem é, de verdade, doía também, mas não psicologicamente, e sim fisicamente, e era uma dor que era, na maioria das vezes, causada por outras pessoas).

Chwe Hansol, naquele momento, não sentia dor ao descobrir quem era, nada disso. Sentia dor porque já sabia, há muito tempo - quanto mais tentava esconder, esquecer, mais aquilo o absorvia. O medo que tinha de si mesmo estava o destruindo aos poucos, mas ele não se importava.

Não se tocou, apesar de ter uma dolorosa ereção em suas calças. Não acalmou aquilo, tentando sugar cada segundo daquela excruciante verdade, que era exposta em forma de um prazer pecaminoso, cruel.

Às cinco e cinquenta da manhã, sua mãe bateria três vezes na porta de seu quarto, acenderia a luz e sorriria para desejá-lo bom dia, assim como fazia todos os dias. No entanto, ao acender a luz, a senhora Chwe assustou-se profundamente ao encontrar seu querido filho sentado na cama, fios de cabelo bagunçados, olhos inchados e vermelhos, rosto completamente afogueado.

- Han? O que aconteceu?! - Ela se aproximou com pressa, sentando-se perto do garoto perdido ali, acariciando a pele quente de seu filho.

Hansol não disse nada, zonzo demais para qualquer coisa. Seus orbes cansados de tanto chorar focaram-se no rosto desamparado da mulher que mais amava em toda a sua vida, não tendo forças para falar nada.

- O que foi que aconteceu, Hansol? - Ela insistiu, afagando com carinho cada fio de cabelo, olhando-o com tanto amor que o Chwe desistiu daquilo.

Inspirou fundo e, com a garganta seca e voz embargada, perguntou numa voz tímida e fraca:

- Você me ama?

A senhora Chwe agarrou seu filho pelos ombros, puxando-o para perto e dando-o um abraço apertado, quase como se quisesse sugar dele todos os seus medos, todas suas aflições, todas suas dores.

- É claro que eu te amo, Hansol. Você e a Sofia são as coisas que eu mais amo. Nunca se esqueça disso, nunca duvide disso. - Sussurrou contra seu ouvido, acariciando sua cabeça com todo o amor do mundo, apertando-o bem forte contra si.

Hansol acreditou. Acreditou em cada palavra, cada gesto. Abraçou-a de volta, as mãos presas às costas da mulher, enfiando o rosto na curva de seu pescoço, sentindo o aroma confortável de seu corpo, embalado naquela sensação de que, de fato, era amado. Não conseguiu conter, no entanto - soluçou, as lágrimas novamente tomando seu rosto, agarrando-se mais a ela enquanto chorava. Chorava sentido, alto, derramando lágrimas por sua camiseta, sentindo-se tão bem por simplesmente tê-la ali, perto de si, batendo em suas costas devagar, murmurando “está tudo bem, Hansol. Chore o quanto quiser”.

Era óbvio que ele iria explodir, eu avisei.

 

Chwe Hansol explicou-se a sua mãe. Disse que estava passando por um momento de tensão, onde tudo estava muito confuso, e que acabou por entrar em combustão. Sua mãe fingiu acreditar, porque, eu só vou dizer uma coisa: as mães sabem.

Sempre.

Não há dúvida alguma, as mães sabem. E, caso ela jamais tenha comentado isso com você, é porque ela sabe, mas tem medo de admitir. Não para você, mas sim para ela mesma - se preocupe, o.k.? Ela vai explodir um dia desses, então, caso um dia a encontrar chorando escondido no quarto, é porque ela está pensando em você. Todas as mães amam seus filhos, só que de jeitos e formas diferentes. Algumas amam mais seus filhos do que tudo, porque, para elas, a vida delas está na vida de suas crias (o que não é verdade). Algumas amam mais algo que elas não conseguem imaginar o que é, e pensam que, caso seguirem o que elas ainda não têm certeza, seus filhos irão ficar bem. Algumas pensam que seus filhos precisam enfrentar as coisas sozinhos, e, às vezes, são brutas ao olhá-los (chamam algumas coisas de “frescura”, e pensam que “já vai passar” ou “é só uma fase”, porque eles crescerão e se tornarão fortes).

Para um grande resumo: há algumas mães que amam através do coração. Outras amam através da fé, e algumas amam através da vida. Simples, certo?

O.k., tudo bem, chega de falar sobre mães.

Chwe Hansol não foi à escola naquele dia. Por insistência de sua mãe, ficou em casa, tomando um calmante e dormindo durante o dia inteiro.

Boo Seungkwan compareceu à casa dos Chwe com suas duas irmãs, todos eles segurando um doce diferente - Seungkwan tinha consigo a milagrosa torta de tangerina, e as duas seguravam bolo de chocolate e torta de maçã. Pediram desculpas pela aparição repentina, mas era claro que nem Sofia ou a senhora Chwe iriam reclamar daquela visita maravilhosa.

Seungkwan, pé ante pé, entrou no quarto de Hansol, olhando com preocupação para o garoto adormecido. Inspirou fundo, fechando a porta atrás de si e se aproximando devagar, sentando na beirada da cama. As mãos, então, flutuaram em direção à testa do garoto, afagando devagar seus fios macios de cabelo, o rosto tão bonito parecendo plácido num sono profundo.

- Você ainda não confia em mim plenamente, não é? - Ele sussurrou, aproximando-se daquela criatura afundada num sono delicioso. - Você pode contar qualquer coisa pra mim, Hansol. - Ele continuou, deixando um selo demorado na bochecha do garoto, continuando a fazer um cafuné em seu cabelo. - Você é meu amigo, e eu te amo, o.k.? - Continuou a falar, mesmo que Hansol não estivesse o ouvindo.

Antes de se afastar, retirou alguns fios de cabelo da testa de Hansol e, devagar, deixou outro beijo carinhoso na têmpora de seu amigo, torcendo para que ele ficasse melhor logo. Foi embora junto com suas irmãs, rindo e recebendo um forte abraço de Sofia, que pediu para que ele os visitasse mais vezes.

Era claro que Boo Seungkwan os visitaria mais vezes, os amava.

 

Uma desconcertante (e previsível) conclusão:

eles não eram só amigos.


Notas Finais


eu vou ficar muito feliz se alguem tiver chorado com esse cap
(nao sou sádica, eu sou é bem soft isso sim)

ah, sim: as imagens têm relação com o capítulo.... nao sao escolhidas aleatoriamente hajsausia se quiserem, podem tentar adivinhar qual ligação eu fiz pra escolhê-las hehe
ademais, essas pequenas coisas no começo e no fim foram inspiradas do livro "A menina que roubava livros". achei interessantíssimo, quis fazer algo assim <3
a situação entre os dois vai piorar ta

de qualquer forma, muito obrigada por lerem isso aqui. de verdade. até o proximo!!
beijoos <3


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