{Febatista}
Mike está em seu quarto com o Pac. Jogando ou gravando algo, como o usual. Ah, é, eles são youtubers, gravam para um canal deles, Tazercraft. Eu gosto da interação de ambos, uma amizade divertida que eu gostaria de ter com o João Victor. Ele fez tanto por mim e parece uma pessoa legal. Além disso, ele é muito lindo...
-Febatataaaaa! - chamou-me Tarik.
-Oi, cara! Tudo tranquilo? - dei um abraço de lado nele.
-Estou bem, parece que você também. Ei, o Mike disse que você está apaixonadinho... Vai lá e liga para ela!
-Na verdade...
-É ELE! - gritou, Mikhael, de longe.
-Ahhhh, 'tá!!! Então conquiste um coração masculino com sua masculinidade! - zoou de mim.
-Vou fazer isso para você ver minha capacidade fodástica.
-Anda logo! - ele ria.
E decidi. De uma vez, iria ligar para o rapaz que não sai de minha cabeça.
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A ligação estava preparada, o número foi discado e o mais jovem esperava pela resposta do João. Atendeu, já vendo que o contato era de Felipe Batista.
-Olá, Felipe!
-Oi... - o rapaz estava determinado em terminar o assunto que começou, sem desistências.
-O que deseja de mim, Fe?
-Saia comigo.
-O quê?
-Vamos num encontro. Amanhã, às três e meia da tarde, na praça aqui do lado.
-Mas... - a ligação foi encerrada, deixando um Jv estático com o celular na mão. -Mas o que caralhos acabou de acontecer aqui?
Tremendo. Era assim que Felipe Batista estava. Nervoso demais para conseguir gritar as notícias e envergonhado de si mesmo pelo que acabou de fazer. Mal acreditava que aceitou a ideia de Pactw e ainda menos que havia dado certo. Agora era esperar e lidar com as consequências.
-E aí, garanhão! Deu certo? - perguntou Tarik, com um sorriso sarcástico no rosto. Tinha escutado tudo ao lado de Mike.
-Deu, na medida do possível. Obrigado! - ele estava brigando consigo mesmo dentro da mente, reclamando da educação desnecessária com o ser que o desafiou a chamar crush para sair sem acreditar que ele conseguiria.
Quando o dia seguinte amanheceu, o garoto Felipe estava nervoso, ansioso, talvez em pânico. Nunca foi assim, mas também nunca fez algo do tipo. Já teve alguns casos com ficantes e tudo mais, mas ele queria algo além disso com esse homem e não conseguia explicar.
Estava com uma roupa bonitinha e tinha até uma flor em sua mão, uma linda margarida. Gostava dessa planta, singela e básica, delicada e bonita. Talvez procurasse dizer ao outro que comparava-o à flor que carregava.
Não aguentava mais. O tempo parecia passar mais lento, "impossível!", pensava ele. Ah, o amor confunde e machuca. Mas, o mais importante, ele traz felicidade.
Era a hora. Com vinte minutos de antecedência, tomou um copo d'água e de dirigiu ao lugar "combinado".
Ficou lá por quinze minutos, num banquinho. Por mais que soubesse que tinha saído adiantado, estava ansioso, já se desesperando ao pensar que o rapaz não viria, afinal, não havia, de fato, esperado uma resposta.
A perna chacoalhava ritmicamente, enquanto o pé acompanhava, galopando parado no chão. Estava sentado e já eram três e vinte e sete. Três minutos. Três míseros minutos! Cento e oitenta segundos...
Onde estava o moreno de óculos por quem Felipe havia se encantado? Batista o queria para si, seria seu homem e nada o faria desistir dessa ideia.
A margarida estava começando a ficar cansada de aguentar aquele calor sem uma água para cuidar dela.
Quase desistindo, uma voz chamou por Batista. -Febatista! - foi o que ouviu. E olhou. Era ele, ali estava João, o lindo rapaz que o consquistou por meio do Uber.
-Febatista?
-Você já estava indo embora, então eu queria chamar você da maneira mais rápida! - João Victor esclareceu.
-Eu gostei! Pode me chamar assim ou como você achar melhor! - corou um pouco, não era um costume ser tão carinhoso com um crush (até porque não tinha muitos deles).
-Tudo bem. - assustou-se. Febatista se assustou com o toque amoroso e delicado que o dedo de João Victor deixou em seu queixo. E o sorriso que deu quando o encarou.
A verdade toda era que os dois estavam dando mole para si mesmos. Dois tapados e cegos pela beleza de cada um. Talvez a paixão fosse tão grande que nem sequer davam-se conta disso.
-Ah! Aqui... - estendeu a flor de pétalas brancas em direção ao outro, o mais velho. Ele aceitou, segurando com delicadeza a plantinha. Inalou o aroma, suspirando.
João Victor não sabia de onde aquele sentimento acolhedor apareceu, do nada ele tomou conta de sua mente. Oras, o que aquele garoto estava fazendo consigo? Um mero cliente, um passageiro bêbado que precisou ir ao hospital por baixa tolerância... Uma loucura. De fato, não conseguia aceitar a realidade.
Como se algo tivesse tomado conta da cabeça do jovem adulto, devolveu a margarida ao outro e foi embora a passos largos, simplesmente ignorando os chamados alheios.
{Febatista}
O que tinha acabado de acontecer? Eu fiz algo errado, talvez? Não me parece, ele aparentava estar tão feliz quanto eu... Outras oportunidades virão, creio. Mas é horrível. Horrível a sensação de ter sido semi-rejeitado... Acho que é a primeira vez que me vejo tão atraído por alguém, dessa maneira. Estou ansioso para tê-lo só para mim.
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O vento levava as folhas das árvores para passear. As pétalas da margarida balançavam à beira da janela, num copinho que Febatista havia utilizado como recipiente para a frágil flor recusada. Pobre flor, não merecia tal destino. Ao menos não foi pisoteada de maneira brutal e violenta.
Era uma brisa gelada, fazendo Felipe se sentir sozinho e um pouco triste. As bochechas e a ponta de seu nariz estavam avermelhadas por conta do frescor gelado do clima.
O corpo do rapaz estava cansado. Decidiu deitar-se à cama, repousando seu corpo e descansando sua mente, logo fechando seus olhos ao abaixar suas pálpebras.
Nenhum outro daquele apartamento ousou entrar naquele quarto pelo resto da tarde. Nem mesmo abriram a porta para chamá-lo para comer um doce que haviam preparado somente para animá-lo.
Felipe Batista estava arrasado. João Victor estava confuso.
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