História Kallon - Acerto de Contas

Jimin ficou sentado no sofá da sala, exatamente no mesmo lugar, sem saber quanto tempo se passou. Yoongi jamais falaria assim consigo se estivesse são, e saber disso não ajudava em nada. A dor daquelas palavras, daquelas lágrimas, só mostrava o quanto foi dolorido para ele todo aquele tempo.

Taehyung desceu as escadas lentamente, foi até a cozinha e preparou um chá. Sentou-se ao lado de Jimin, oferecendo a xícara. 

— Ele já… 

— Nunca. Ele já bebeu com a gente até apagar no sofá, mais bêbado do que ele está hoje, mas nunca… 

— Ele não devia…

Taehyung se levantou prontamente.

— Beba o chá — disse um tanto frio.

— Taehy…

— Se as palavras dele não o fizeram pensar além de si, Jimin, nada fará. Wooyoung destruiu a sua vida, mas não foi só ela. Han foi usado e jogado fora, a Sol teve a casa dela destruída. Não é sobre você, é sobre nós. Se você fizer merda e ser destruído, vamos todos perecer. 

— É claro que não.

— Você não sabe o que é ter uma família, Jimin — disse Taehyung, bem mais sério — Você não sabe o que é estar disposto a não existir mais pelo outro. A abrir mão da longevidade, das suas escolhas, pro outro ter as dele. Coloque sua dor e seu ego nesse chá, e veja o que sobrou de você aí dentro.

Taehyung deu as costas e o deixou sozinho, para refletir. E se ele já tinha sentido dor nas palavras de Yoongi, as do Kim doeram ainda mais.

Por dois dias ele não viu o Mestre. Usava em seu pescoço o lenço de Cashmere que Yoongi havia prendido em seus olhos no treinamento. Passava um bom tempo do seu descanso assim, com o nariz escondido no tecido.

Yoongi fez uma despedida para Christopher e Minho, uma mesa cheia de comidas, vinho e sangue, onde lembraram de momentos felizes que passaram junto do Mestre, ou juntos dos outros membros do Clã. O Min também suspendeu os treinamentos e os deixou livre para passar mais tempo juntos.

Yoongi mudou toda a sua rotina para ficar mais tempo com eles. Meditava de manhã com os Namjin, cozinhou algumas coisas com Jin para os meninos e Solar, até mesmo dançou com a moça, mas sobre Jimin, ele não disse mais sequer uma palavra.

Naquela tarde de sexta-feira, Yoongi se sentou na escadaria com uma garrafa de vinho, bebendo diretamente no gargalo. Demorou pouco mais de meia hora até Jimin notar e ir se sentar ao lado dele.

— Posso? — perguntou ele.

— Sim — confirmou Yoongi, ainda olhando o horizonte. 

— Me desculpa. Por ter sido tão duro e idiota com você. Me desculpe por ter colocado todas as frustrações que eu estava sentindo sobre você, e por não ter aprendido a lidar antes com os meus sentimentos. Eu só… queria que a dor parasse.

O Mestre não disse nada, ele olhou para Jimin e ofereceu a bebida para ele, que aceitou prontamente, bebendo um longo gole.

— Não morra de novo essa noite, e a gente conversa quando amanhecer.

Foi tudo que ele disse. Yoongi não queria falar sobre, se estressar sobre, ou mesmo ficar muito feliz com seu pedido de desculpas. Agora, era hora de se concentrar na batalha. Vestiram-se apropriadamente, pegaram suas armas e rumaram para o local escolhido, a floresta.

— Antes que me perguntem; eu não previ a morte de ninguém — disse num sorriso, abraçando o irmão com carinho— Prontos? 

— Toma cuidado, por favor — disse Taehyung, abraçando Jimin que sorriu para ele.

— Vamos todos ficar bem, de acordo com o Hyunjin — declarou Park, tentando tranquilizar o amigo. 

— Sei que muitos de vocês tem motivos para matá–lo, mas lembrem que o real motivo não é vingança e sim proteção ao Han, Jimin, Solar, que foram quem mais sofreram nas mãos desse monstro — disse Hwang — Solar e Seungmin, como estão?

— Ele conseguiu dominar bem a minha habilidade com o fogo — disse a Kim.

— Ótimo, não saiam de suas posições. Seungmin, consegue tirar a dor dos outros e nos proteger mesmo tacando fogo em todos que lançamos em sua direção? — perguntou Hwang.

— Claro. Tudo sob controle — disse num lindo sorriso. 

— Ok, em suas posições então, como planejamos. 

Hyunjin já havia participado de muitas batalhas como aquela no exterior, não era algo que lhe assustava, mas ter seu Clã, seu irmão e o homem que amava em campo de batalha, o deixava muito mais alerta. 

O trio ficou no centro da floresta, com Solar no meio. Do lado de Fallon, escondidos pelas árvores, o Clã Hwang, do outro lado, lado de Kallon, escondidos do mesmo jeito, o Clã do Min. Yoongi e Hyunjin estavam mais perto do Clã, e o caçula sentiu o exato momento em que eles chegaram.

— Chegaram — disse num sussurro, ouvido pelo trio e por seu irmão.

Ali estava ele, Wooyoung, com o sorriso bonito no rosto, acompanhado de seus fiéis escudeiros. 

— Olha só… e não é que o garoto conseguiu se transformar? Qual é seu nome mesmo? Joosung?

— Jisung. Han Jisung — Era visível o quanto o rapaz estava desconfortável em encarar o ex namorado o desprezando novamente.

— Oh, claro, claro! Que bonitinho — ele abriu mais um sorriso — Ainda continua tão pequeno… como eu havia dito, nem para um vampiro você serve.

Jisung chegou a se mover, mas Jimin rapidamente segurou-o pelo braço. O movimento fez Wooyoung olhar para ele, reconhecendo-o.

— Você… eu também conheço você. Como vai a família?

— Vai bem, e você vai se arrepender de ter perguntado.

— É a garota da floresta — disse um dos rapazes, o que fez Solar rir. 

— Eu não era uma garota nem quando você pensava que era um garoto  – disse de forma ríspida. — Acredite, eu sou bem mais velha que você.

A resposta dela chamou a atenção de Wooyoung, que logo abriu um grande sorriso ao se lembrar com clareza de quem ela se tratava.

— Uau, o veneno lhe fez muito bem — disse num sorriso — Bom, pelo o que me parece vocês três me deve muito, eu os aceito em meu Clã, não precisam implorar. 

— Não queremos fazer parte do seu Clã de merda, Wooyoung — respondeu Jisung, sua forma ríspida irritou o outro vampiro.

— Não possuem outra escolha, pertencem a mim — declarou sério — Eu os criei… e por isso devem me obedecer.

— Opa, não tinha coleirinha com o nome, então eu peguei — disse Hyunjin, surgindo na frente do trio, tendo seu irmão ao seu lado. — Ninguém te deve porra nenhuma, mas te dou a chance de sair sem briga, mas os três você não leva. 

— Imaginei… — ponderou Wooyoung — ter sentido cheiro de velho. 

— Eu devo ser uns quinhentos anos mais novo que você, troca o perfume, talvez ajude — respondeu num sorriso gentil. 

— Não era pra ser algo pacífico? — perguntou baixinho o Jisung.

— Era, mas o Mestre Jin não tá muito a fim, não — respondeu Solar.

— Ninguém precisa provar nada, Wooyoung. — disse Yoongi — Nem mesmo território. Vocês estão caçando nessas áreas por meses e nós ainda não falamos sobre isso. Fallon e Kallon são nossa propriedade e esse é o nosso único gentil pedido: saiam. Não vamos pedir de novo.

— E se eu não quiser?

— Vou falar mais devagar pra ver se você entende alguma coisa. Você sai, sem os três e vai caçar na puta que pariu de onde veio, ou vamos te mostrar porque nesse território só existem esses dois Clãs, entendeu? Eu posso desenhar, se você quiser, sou ótimo desenhando — declarou Hwang, ainda com um sorriso no rosto. 

— Eu não gostei de nenhuma das duas opções – disse se aproximando, mas assim que se aproximou um pouco mais de Hwang recuou ao sentir uma forte dor em seu abdômen. Era Félix. 

— Então temos um problema? – perguntou Hyunjin.

— Temos, um grande problema — confirmou Wooyoung. 

— Ótimo, então podemos resolver todos juntos — disse olhando para o seu irmão – Porque agora os três não vão sair, mas vocês também não, apenas carbonizados, e sem as cabeças. 

— Matem eles. Não quero ninguém inteiro quando isso acabar — foram as ordens do Wooyoung.

— Minhas ordens são as mesmas — disse Yoongi — Não quero que sobre ninguém.

Hyunjin riu da ousadia de Wooyoung, pois desde o início estava trazendo lembranças perturbadoras à mente de um de seus homens, eles não  pareciam lá muito preparados. Quando a ordem foi dada, Hwang apenas olhou para o rapaz e bateu o pé no chão com força fazendo com que ele se assustasse.

— Buh! — declarou, rindo da reação do rapaz — Olha que time preparado em. Rapazes, divirtam-se. 

Jungkook saiu do seu esconderijo com Taehyung, em suas mãos, as adagas que ele gostava de usar. Namjoon e Jin também se apresentaram, e aos poucos, Chris e Minho, Seungmin e Innie, cercando os vampiros de Wooyoung.

— Olha só, trouxeram companhia — disse o líder do outro Clã.

— Conhece a frase. “Não se traz uma arma para uma luta de espadas. A não ser se for escondida.” — declarou Hwang — Avança um passo em cima dos três e vai se arrepender de não ter morrido na transformação. 

Assim que ele ameaçou, Yoongi e Hyunjin tomaram partido atingindo o líder para que ele perdesse os outros três de vista em meio a floresta que estava cercada de vampiros.

Solar e Seungmin ficaram próximos, ambos tinham chamas saindo de suas mãos. O primeiro corpo a cair sobre seus pés foi jogado por Taehyung, que sentia que tinha uma dívida pendente com seu antigo líder e a pagou matando o primeiro que pulou em sua direção, antes mesmo que ele chegasse até Hyunjin. 

— Esse é o melhor dia da minha morte — declarou Yang rindo, enquanto tinha alguém em sua mão sendo eletricitários — Uma pergunta moço: em uma escala de está doendo a está doendo para um caralho. Como o senhor se sente? 

Questionou curioso, vendo o rapaz cair morto no chão, com a cabeça para um lado e o corpo para o outro.

— Poxa, nem me respondeu! — disse frustrado. 

Jimin e Taehyung cercaram Mingi, um dos mais fortes; enquanto a mente do homem era completamente bagunçada por todos os estímulos que o Kim jogava nele, Jimin conseguiu apagá-lo com um poderosíssimo soco. Assim que conseguiram, jogaram para Solar e Seungmin terminar o trabalho.

Hyunjin ouviu de longe o pensamento de um rapaz de San, que corria freneticamente na direção de Félix, que até então não estava usando sua habilidade de gerar dor, se defendendo apenas com seus conhecimentos no taekwondo. Hwang agiu rápido, parando na frente do rapaz, antes dele chegar no Lee.

Mesmo não tendo habilidades de ataque, Hyunjin tinha uma grande experiência em batalha e sabia muito bem se defender. San tinha uma habilidade com a terra, mas a mesma planta que ele tentou usar para sufocar Hwang, o líder utilizou para sufocar ele e arrancar sua cabeça com toda a raiva que dominava seu coração depois de ouvir os pensamentos do rapaz. 

Arrastou seu corpo até Solar e Seungmin, que queimaram ele em instantes. 

— Jungkook — Changbin chamou o amigo, apontando para um rapaz alto, Seonghwa. Em instantes o Jeon entendeu. Ambos tinham uma força sobrenatural, acabando com o rapaz em instantes. 

Taehyung parou um instante, ouvindo seu coração acelerar. Olhou para Jungkook e viu que ele estava bem, mas em seguida olhou para seu irmão, vendo que um dos homens de Wooyoung estava indo em sua direção.

— JEONGIN! — gritou, deixando Seungmin em alerta e fazendo Yang ler seus pensamentos, intervindo o rapaz de atacar Seungmin. 

A corrente elétrica atravessou bons metros, agarrando a cintura do rapaz e trazendo ele age Yang, que esboçou um lindo sorriso enquanto depositava sua outra mão no pescoço do rapaz até que a cabeça saísse de seu corpo. 

Félix percebeu que sua ajuda com as habilidades de taekwondo não eram o bastante naquela situação, ao ver Hyunjin enfrentando dois de uma vez só depois de ter lhe protegido ele não pensou muito e apenas fez o mesmo, fazendo com que os dois rapazes caíssem de dor no chão, facilitando que Hyunjin fizesse a parte que ele não tinha coragem, retirando suas cabeças e jogando seus corpos para queimar no fogo juntamente aos outros.

Hwang olhou para o Lee, com o corpo todo ensanguentado, agradeceu num sorriso que foi prontamente retribuído. 

Yoongi viu uma movimentação estranha, além dos dois que Felix tinha tirado de cima de seu irmão. Encontrou uma lança no chão e a pegou, mas não foi rápido o suficiente para parar o vampiro pular nas costas do seu irmão. O Min pulou logo depois, acertando a lança nas costas dele e o puxando para longe do irmão. Rapidamente, torceu o pescoço, mantendo o outro sem movimentos até que pudesse levá-lo para a Solar.

— Caralho, mas que cisma desse povo comigo. Puta que pariu — declarou Hwang, ajeitando suas roupas que estavam um pouco amarrotadas. 

— Não mando ser bonito — riu Yoongi — Com essa são… trezentas e quarenta e duas vezes? É, eu acho que sim.

— Perdi as contas já — declarou ajeitando seus cabelos, vendo de longe Jisung acabar com dois sozinhos. Hyunjin colocou os dedos nos lábios e assobiou — Wooyoung, aquele lá não é o fraco que você abandonou à própria sorte? Acho que fez uma má escolha de quem entraria para o seu Clã, hein — debochou, rindo em seguida. 

BangChan e Minho se divertiam juntos, unidos até naqueles momentos, atuaram lado a lado, acabando rapidamente com que ousava a atingi-los. Namjoon e Seokjin foram na mesma estratégia, mas ninguém tinha muita coragem de enfrentá-los tendo aquele tamanho, mas alguns arriscaram e acabaram queimados. 

Quando Solar viu que Seungmin dava conta sozinho de queimar os corpos, ela foi em direção de quem mais queria, já que a luta estava chegando ao fim, mas Jimin chegou primeiro, deixando as honras para ela. Hoseok fez questão de deixar o caminho livre para que ninguém interrompesse o momento da Kim. 

— Solar! — Chamou ele, enquanto prendia Wooyoung contra seu corpo.

Mais do que rápido, ela pegou suas adagas e cortou sua cabeça com um movimento perfeito. Tudo parecia ter acabado, se não fosse uma única pessoa. Yunho estava se arrastando pelo chão, com muita dificuldade se colocou em pé e, usando toda a sua força restante, desferiu um golpe de faca contra o Park.

— JIMIN! — gritou Taehyung, porém, não foi ele que caiu no chão. Yoongi correu mais rápido do que qualquer olhar dos outros vampiros e levou o golpe no lugar do seu amado.

— YOONGI! — gritou Hyunjin. O olhar de vermelho sangue foi para um vermelho escuro em questão de segundos, Hwang sabia que alguém iria acudir seu irmão, desta vez ele iria direto em quem havia atingido o Min.

Hwang pulou sobre o corpo de Yunho, passando suas pernas ao redor de seu pescoço e puxando sua cabeça com toda a força. Quando aterrissou no chão, em uma mão segurava a cabeça do rapaz, enquanto o corpo caía em sua frente. 

— Eu faço questão de colocar fogo nesse filho da puta — declarou, pegando a tocha da mão de Seungmin e jogando sobre o corpo do rapaz que queimou rapidamente — Pronto! Podemos ir pra casa. Achei que ia demorar mais, hein. 

Disse, correndo em seguida para perto do irmão, colocando a cabeça dele em seu colo. 

— Se você morrer nos meus braços de novo, eu juro que te mato, Yoon — declarou, Min era o único que sabia que seu irmão estava assustado com a situação, só ele precisava saber disso. 

— Eu cheguei até aqui… se eu morrer de novo, pode deixar minha existência ir, porque porra…

— Se você for, eu vou junto de novo! — disse sem exitar. — Da outra vez eu não sabia porra nenhuma, dessa vez eu sei, vou cuidar de você, irmão, prometo — sussurrou, o carregando com a ajuda do Park. — Crianças, limpem a bagunça. 

— Jin, cuida deles.

A faca que fora usada era de prata, o ferimento demorava mais para cicatrizar porque chegava a ser tóxica para os vampiros. Yoongi não dizia nada, mas estava doendo muito mais do que deveria.

O Min foi levado de novo para sua mansão, em um quarto onde ficou sozinho com Namjoon, Hyunjin e Seungmin que garantiria que a dor que ele estava sentindo, parasse durante o procedimento. 

— Sabe que não deveria fazer, certo? — disse Namjoon, vendo Hyunjin concordar com a cabeça.

— Eu só me formei em medicina para poder cuidar do Yoongi quando ele precisasse, então eu vou fazer isso — declarei, e o Kim logo concordou, dando total ajuda para que nada acontecesse de errado naquele momento. 

Demorou mais do que deveria, mas graças às habilidades de Yoongi e o conhecimento dos outros presentes no quarto, a faca saiu de seu corpo, e qualquer lesão feita por ela, foi controlada. Foi um alívio para Hyunjin, e para todos dos dois Clãs também. Quando ele saiu do quarto, notou todos os vampiros dos Clãs do lado de fora.

— Ele está bem? — disparou Jimin.

— Está estável, ele vai ficar bem. Vão poder perturbá-lo chamando ele de Mestre por mais bastante tempo — brincou Hyunjin, 

Todos respiraram aliviados com a notícia. Agora, outros problemas precisavam ser resolvidos.