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História Kiss With a Fist - Kiss - História escrita por Jungie - Spirit Fanfics e Histórias
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História Kiss With a Fist - Kiss


Escrita por: Jungie

Notas do Autor


GENTE, PERDÃO. A vida aconteceu e eu acabei deixando de lado a vida de ficwriter, mas ontem encontrei o cap quase pronto e resolvi concluir. Espero que curtam, apesar da demora absurda!

Capítulo 2 - Kiss


Com uma mão no volante, Seungwan relembrava pela última vez as diretrizes da missão enquanto sua parceira, Joohyun, estava no banco de trás digitando freneticamente em um laptop. Yerim, que estava do seu lado, olhava para a tela fascinada pelos códigos que apareciam e sumiam com velocidade.

- Estaremos o tempo todo na escuta, se precisarem de algo. Joohyun consegue manter o sistema de vigilância desligado por 45 a 50 minutos, mas minha estimativa é de que levem em torno de meia hora. Yeri, recomendo que relaxe e vá sem medo – Seungwan virou a cabeça na direção de Yerim com um sorriso e o polegar levantado. – Joy, tome conta da garota.

Sooyoung apenas assentiu sem mais comentários. Yerim estranhou um pouco o silêncio da outra, que durava desde quando deixaram a agência; não foram poucas as vezes em que esperou por uma de suas ácidas respostas, mas elas nunca vieram.

- Tudo pronto – Joohyun soltou um suspiro aliviado e ajeitou os óculos que escorregaram de seu nariz enquanto trabalhava incessantemente em sua tarefa.

- Hora do show. Boa sorte, Yeri-ah, estaremos torcendo por você! – Seungwan levantou o punho em um sinal de encorajamento e Joohyun concordou com a cabeça. – E você também, Joy.

Yerim sorriu e fez uma breve reverência a Seungwan e Joohyun. O medo de cometer um deslize capaz de comprometer o andamento da missão ficava cada vez mais distante. Ela botou nas costas uma pequena mochila preta, como todo o resto de seu vestuário, e juntou-se à Sooyoung fora do carro, olhando o veículo se afastar rapidamente.

- Estarei logo atrás de você – Sooyoung apontou o caminho a seguir e amarrou os cabelos longos em um coque arrumado. Antes de seguir em frente, Yerim fez o mesmo, seu penteado um pouco mais embaraçado que o de sua parceira.

A dupla andou por quase dois quarteirões até chegar ao local demarcado em seus smartwatches – chegar à pé levantava menos suspeitas do que de carro, disse Seungwan através da escuta quando Sooyoung questionou a ideia. Estavam bem próximas do lugar quando pararam para cobrir o rosto com balaclavas, deixando apenas a região dos olhos à mostra.

Com o auxílio de uma corda que Yerim levava na mochila, conseguiram pular o muro alto que circundava a mansão. Sooyoung o fez com destreza, enquanto Yerim encontrou dificuldades.

- Não acredito que a Kid Leader não te ensinou a subir paredes – Sooyoung sussurrou após certificar-se de que não havia alguém por perto. – Isso é o básico!

- Ela ensinou! – retrucou Yeri também com um sussurro.

- Aish! – Sooyoung balançou a cabeça. – Não achei que seria assim quando escolhi você para essa missão.

- Peraí, o quê? – Yerim não conseguiu controlar o volume de sua voz com a surpresa. Sooyoung havia a escolhido?

- Fale baixo! – Sooyoung tapou a boca de Yerim com a mão.

Yerim estava prestes a questioná-la novamente quando ouviu o aviso de Seungwan de que restavam 35 minutos. As duas se entreolharam e seguiram caminho, movendo-se o mais rápido possível sem que chamassem atenção. Tudo teria ido de acordo com o planejado se Yerim não tivesse tropeçado em um anão de jardim no exato momento em que passavam perto demais de um segurança.

Aconteceu tudo rápido demais: um homem alto e ameaçador veio em sua direção, porém Sooyoung o atingiu com um chute certeiro no rosto. Provavelmente fez um belo estrago. Ele segurou o nariz por um instante e então mandou um aviso pelo rádio, o que fez Sooyoung puxar Yerim pela mão e correr em uma velocidade que ela quase não conseguia acompanhar.

- Yeri, entre na mansão! – disse Sooyoung ofegante através da escuta. Yerim seguiu a ordem e Sooyoung continuou a correr em linha reta. – Vou despistá-los!

- O que está acontecendo? – Yerim ouviu a voz exaltada de Seungwan em seu ouvido.

- Explicamos depois! – respondeu Sooyoung, já não mais no campo de visão de Yerim.

Para não correr o risco de atrair mais atenção, Yerim resolveu permanecer calada. Ela redobrou a cautela, conseguindo passar despercebida por dois seguranças que apontavam luzes de lanternas para todos os lados. Devido à distração de Sooyoung, a residência em si não estava bem vigiada, o que a permitiu entrar por uma porta aos fundos que dava para a cozinha.

- Estou dentro – após checar que estava sozinha, Yerim contatou as outras e retirou a balaclava de seu rosto, enxugando a testa encharcada de suor frio. Conseguia ouvir as batidas do próprio coração e sentir a adrenalina pulsando em suas veias. – Vim pela entrada da cozinha, na direção de nove horas. Temos uma localização exata?

- Gostaria de poder ajudar nisso, mas não há nenhuma pista. Sugiro que comece a procurar o mais rápido possível. Se possível, dividam-se e tomem caminhos diferentes – a calmaria na voz de Joohyun era dissonante do momento de desespero que atravessavam.

- Joy está lá fora distraindo os seguranças. Sabem que estamos aqui – Yerim tirou da mochila uma lanterna e não perdeu tempo em vasculhar possíveis localizações para uma entrada secreta, começando pela cozinha em que estava.

- Isso não deveria ter acontecido! – Seungwan levantou a voz. – Essa pode ser sua primeira missão, mas não há espaço para erros de principiante, Yeri!

Yerim congelou por um instante, um frio incômodo subindo pela barriga. Saber que cometeu um erro tão ridículo em sua primeira missão após todo o treinamento que recebera de Taeyeon a fez sentir-se terrível. Se aquilo virasse notícia pela academia, receava que não olhassem para sua mentora da mesma maneira. Isso a incomodava ainda mais do que a possibilidade de ser piada entre os aprendizes.

- Foi culpa minha – disse Sooyoung pela escuta, menos ofegante do que antes. Yerim arregalou os olhos, surpresa. Por que Sooyoung botaria sua reputação brilhante em jogo para salvar sua pele? – A missão é fácil demais, então acabei me descuidando. Acontece.

- Ok, só... prossigam com cuidado, tá bom? – Yerim ouviu um suspiro entre as palavras de Seungwan. – Há um motivo para sermos chamadas de agentes secretas.

- Afirmativo – disse Yerim, tentando lutar contra o nó que formou em sua garganta. Sooyoung disse o mesmo do outro lado da linha, o que a levou a imaginar onde estaria ela. Não era algo que admitiria em voz alta, mas queria estar acompanhada de sua parceira naquele momento.

Tendo vasculhado toda a cozinha inutilmente em busca de alguma pista, Yerim partiu para outros cômodos da casa. Decidiu tentar a sorte nos quartos, já que deveriam ser bem menos espaçosos do que a enorme e ampla sala de estar. A procura seria mais rápida e dinâmica.

E então, no meio do caminho, ouviu um barulho indiscernível que definitivamente não havia sido causado por ela mesma.

Yerim rapidamente desligou a lanterna e botou a balaclava de volta na cabeça, encolhendo-se em uma aresta formada pelas paredes. De lá tinha a visão de quase toda a sala de estar, parcialmente iluminada pela lua e a luz artificial dos postes no jardim. Debateu consigo mesma se deveria voltar para a cozinha ou seguir para os quartos que, de acordo com o mapa fornecido por Seungwan, estavam no segundo andar.

25 minutos, ressoou a voz cada vez mais preocupada de Seungwan. Não havia mais tempo a perder. Yerim seguiu para o segundo andar em passos rápidos, alerta para qualquer movimento ao seu redor. Ela decidiu que foi uma péssima ideia prosseguir com a lanterna desligada ao ser surpreendida no topo da escada por uma luz cegante em seus olhos, seguido por um soco bem acertado em sua bochecha esquerda.

Yerim ficou desorientada por alguns segundos, sentindo imediatamente o gosto metálico de sangue na boca. Ao recobrar plena consciência e checar que todos seus dentes estavam no lugar, percebeu que um homem trajado de maneira semelhante ao que havia encontrado no jardim perguntava-lhe quem ela era enquanto apontava uma arma em sua direção.

- Vou perguntar mais uma vez – disse o homem em um tom ameaçador. – Quem é você e o que está fazendo aqui?

Silêncio. Yerim desviou o olhar para não encarar a luz de lanterna seu rosto, desafiando seu próprio medo ao permanecer calada. Seu corpo inteiro tremia descontroladamente, porém parecia faltar-lhe o ar suficiente aos pulmões para poder emitir qualquer som.

Quando estava certa de que algo muito desagradável estava prestes a acontecer consigo, a luz desviou de sua direção. Seus olhos ainda não haviam se acostumado novamente com a escuridão, porém conseguiu ver a silhueta de uma pessoa atacando o homem com golpes ferozes. Yerim aproveitou para pegar a lanterna que havia caído e aponta-la na direção do conflito, conseguindo ver os olhos de Sooyoung descobertos pela balaclava. Logo o homem estava no chão, provavelmente desacordado.

- Me dá a mochila! – pediu Sooyoung.

Yerim acatou imediatamente. Sooyoung vasculhou a mochila apressadamente, tirando de lá uma seringa que nem sequer sabia que estivera carregando aquele tempo todo. Ela espetou a agulha em um só movimento no segurança jogado no chão, injetando o conteúdo da seringa aos poucos.

- Vamos nos dividir, o tempo é pouco – Sooyoung levantou-se e jogou a mochila de volta para Yerim, pegando uma das lanternas e seguindo em frente sem mais palavras enquanto arrastava o corpo flácido do segurança. Yerim seguiu na direção oposta e notificou às monitoras que já haviam se reunido novamente e que moveram a busca para o segundo andar, recebendo como resposta a informação de que restavam 22 minutos.

O primeiro cômodo que Yerim entrou, espaçoso, organizado e cheio de pôsteres de boybands nas paredes organizados de forma harmônica, não guardava o que estava procurando. Rapidamente seguiu para o próximo, sua ansiedade crescendo pela falta de resultados e o silêncio de Sooyoung.

Os quartos pareciam intermináveis. Estava no último do corredor, que parecia ser a suíte do casal que chefiava a família: era notavelmente mais elegante, melhor arquitetado e equipado com utensílios e sistemas de alta tecnologia. Procurou por todo lugar. Nada.

Yerim entrou no banheiro da suíte e retirou a balaclava da cabeça, olhando seu reflexo no enorme espelho da pia com a ajuda da luz da lanterna que segurava. Seu cabelo estava desgrenhado, com vários fios soltos grudados na testa empapada de suor. A visão do lado esquerdo de seu rosto inchado a fez lembrar-se do golpe que levara minutos atrás. Ainda não sentia o hematoma doer muito; estava anestesiada pela adrenalina.

- Não decepcione Taeyeon unnie – murmurou Yerim, encarando fixamente sua própria imagem no espelho.

Após mais algumas palavras de encorajamento, deu batidinhas de leve em todas as paredes do local, procedimento que havia realizado em todos os outros cômodos até então. Foi quando sentiu outro frio na barriga, desta vez de alívio.

Havia uma parede oca ao lado da banheira.

Não demorou muito para que descobrisse um teclado numérico ao abrir um compartimento em que deveria estar o sabonete. Iluminou-o com a lanterna e deu soquinhos no ar pela possível conquista, sentindo-se como se tivesse descoberto um outro continente.

- Acho que encontrei! – disse Yerim pelo aparelho, mal conseguindo esconder a alegria em sua voz. – Banheiro da última suíte do corredor. Há uma parede falsa e um teclado aqui. Há algum código específico?

- Ah, então foi isso que me fez quebrar a cabeça antes – disse Joohyun. – Não consegui liberar este sistema, mas acho que deu para resetar o código para o padrão. Tente botar quatro zeros.

Yerim inseriu a combinação dita por Joohyun e viu a parede abrir-se, revelando uma pequena sala totalmente branca e vazia. Havia uma pequena abertura na parede diretamente à sua frente, que guardava um pequeno baú trancado.

- Nosso alvo é esse baú pequeno? – perguntou Yerim, um pouco desapontada. Achava que toda esta confusão seria por um objeto mais grandioso.

- Sim! – Seungwan quase gritou na escuta. – Bom trabalho, Yeri! Agora retornem para...

- Merda! – interrompeu Joohyun. Yerim assustou-se; não era comum para a gentil e serena Joohyun falar um palavrão. Algo deveria ter dado terrivelmente errado. – O sistema de vigilância reiniciou! As câmeras estão funcionando novamente!

- Tem alguma maneira de desativá-lo de novo? – Sooyoung adentrou o banheiro naquele momento, cruzando olhares com Yerim. Ambas dividiam a inquietação que viera com o anúncio de Joohyun.

- Tem, mas vocês precisarão permanecer onde estão por mais algum tempo enquanto eu tento entrar de novo. Torçam para não serem descobertas.

- Quanto tempo? – perguntou Sooyoung.

- 30 a 45 minutos, talvez? Não há garantias.

- Certo, estaremos esperando – Sooyoung revirou os olhos e gesticulou para Yerim aproximar-se. Ela logo adquiriu um semblante de preocupação quando a garota chegou mais perto. – O que houve com seu rosto?

- Falta de sorte – Yerim deu de ombros.

- Não acredito que aquele filho da mãe fez isso – Sooyoung estendeu a mão em sua direção e tocou o local machucado com a ponta dos dedos. Yerim recuou com o toque, sentindo o que parecia uma pequena corrente de eletricidade em seu rosto.

- Dói? – Sooyoung franziu o cenho.

- Ainda não – Yerim torcia para que a escuridão e o hematoma disfarçassem o rubor que sentira aparecer em suas bochechas. – Mas tenho certeza de que daqui a algumas horas estará bem pior.

- Aquele cara deveria encontrar alguém do tamanho dele.

- Tipo você? – Yerim soltou uma breve risada. – Ele só estava fazendo o trabalho dele, como estamos fazendo o nosso.

- Pare de ser sensata, Yeri-ah. E guarde esse baú na mochila – Sooyoung empurrou levemente o ombro de Yerim, que obedeceu a ordem. – Vamos fazer algo enquanto estamos presas aqui. Que tal verdade ou desafio?

- Está falando sério? – Yerim arqueou uma sobrancelha. Parecia-lhe uma sugestão bem estranha para a situação em que se encontravam.

- Por que não estaria? – Sooyoung sentou-se no chão. – Se você está com medo de chamar atenção, não há motivo. Os guardas já voltaram aos seus postos por acharem que fugimos e eu escondi o cara desmaiado. Só nos encontrariam aqui se entrassem e vasculhassem a mansão, já que não há câmeras nesse quarto em particular. E eu tranquei a porta, o que nos dá algum tempo para sair daqui caso sejamos descobertas.

- Você planejou tudo isso só para que pudéssemos jogar verdade ou desafio no chão do banheiro de um magnata desconhecido?

- O jogo é um bônus.

Yerim riu e sentou-se à frente de Sooyoung; essa definitivamente seria uma história engraçada para se contar a Taeyeon depois. Apenas notou que Sooyoung ainda tinha a seringa que havia usado para desacordar o segurança quando ela botou o objeto no espaço entre as duas.

- A agulha significa que você terá que responder. Não é permitido escolher verdade duas vezes seguidas. E sem desafios que possam vir a comprometer a missão, é claro.

Yerim assentiu e girou a seringa sobre seu próprio eixo. Ao parar, a agulha apontava para o pé direito de Sooyoung.

- Escolho verdade – disse ela antes que Yerim pudesse abrir a boca.

- Achei que você fosse mais ousada que isso – provocou Yerim com um sorriso travesso. – Por que você me escolheu para esta missão?

- Não posso ser ousada quando você me faz uma pergunta tão entediante – Sooyoung fingiu um bocejo. – Porque você treina com a Kid Leader, é óbvio. Ajuda no status de qualquer aprendiz tê-la como parceira, mesmo que você ainda seja um tanto desajeitada.

Yerim sentiu-se desapontada. Então a única razão por ter sido escolhida fora o nome de sua mentora? A familiar sensação desconfortável no estômago se fez presente quando concluiu que Sooyoung não confiava plenamente em suas habilidades e sequer tinha um pingo de interesse nela. Não sabia por que aquilo a incomodava tanto, não era como se precisasse da aprovação de Sooyoung para qualquer coisa. Ela deveria odiá-la afinal, não é?

Foi então que caiu a ficha de que não, Yerim não a odiava, e sim, ela procurava pela aprovação de Sooyoung desde o início. Não havia outra razão para que a outra a irritasse com tanta frequência, mesmo pelos motivos mais irrelevantes. Se Sooyoung realmente não tivesse importância para ela, sentiria nada mais que uma profunda apatia.

Perdida em seus pensamentos, Yerim quase não notou que a agulha da seringa estava apontada para si. Tentou mascarar a decepção e prosseguir com o jogo.

- Verdade – murmurou.

- Tem alguém na academia por quem você se interesse? – Sooyoung mexeu as sobrancelhas sugestivamente.

- Que tipo de pergunta é essa? – Yerim resmungou com os olhos semicerrados. – Não deveríamos nos envolver com gente do trabalho.

- Não estou falando de se envolver com ninguém. É normal as pessoas terem quedas umas pelas outras, oras – Sooyoung deu de ombros. – E você sabe o que aconteceu entre a Kid Leader e a Jessica, não é?

- Isso não é da sua conta e nem da minha. E não, eu não me interesso por ninguém na academia – Yerim se esforçou ao máximo para que seu tom parecesse firme e convincente.

- Hmmm – Sooyoung desviou seu olhar para um ponto distante e suspirou, parecendo desconfiada da resposta. – Tudo bem. Sua vez.

Yerim girou a seringa e a agulha parou em sua direção novamente. Teria de fazer o desafio. O sorriso nada inocente de Sooyoung a fez recear a ordem que receberia.

- Eu desafio você a me beijar.

O quê?

Yerim não conseguiu esconder a surpresa dessa vez. Seus olhos se arregalaram imediatamente e seu coração parou por um instante, voltando a bater com um ritmo acelerado. Aquilo só poderia ser uma brincadeira de Sooyoung.

- Isso só pode ser piada – Yerim balançou a cabeça.

- Não é. Vai amarelar? – Sooyoung ergueu as sobrancelhas, o sorriso ainda em seu rosto.

- Eu... – Yerim estava sem reação. Qual era o objetivo de Sooyoung, afinal?

- Ok, não precisa fazer se não...

Yerim não sabia dizer de onde havia tirado a coragem e o ímpeto. Só sabia que o aroma dos cabelos de Sooyoung era tão intoxicante, que seu coração nunca estivera tão acelerado em toda a sua vida e que a sensação dos lábios dela nos seus era completamente indescritível.

Sentiu a mão de Sooyoung em sua nuca, trazendo-a para mais perto de si. Yerim descobriu o desejo que insistia em se esconder debaixo das provocações trocadas, das reclamações feitas e do respeito que faltava quando se dirigia àquela que deveria ser sua unnie. Todos os sentimentos dúbios que tinha em relação a Sooyoung foram esclarecidos naquele momento.

Não era seu primeiro beijo – este havia sido atrás da arquibancada do colégio, com um garoto mais velho cuja reputação não correspondia à sua inexperiência – mas todas as sensações que Sooyoung provocava em si eram inéditas. Sentiu os pelos de seu corpo se arrepiarem quando ela capturou seu lábio inferior entre os dela e uma pulsação no baixo ventre quando as línguas finalmente se tocaram, intensificando o beijo de tal maneira que Yerim nunca havia experimentado antes.

Yerim estava quase montada no colo de Sooyoung, os corpos separados apenas pelas camadas de roupa que vestiam. O coque de Yerim logo foi desfeito pelas mãos de Sooyoung, que passeavam pelos cabelos agora soltos. Certamente poderiam ficar um longo tempo nos braços uma da outra, não fosse o chamado repentino em suas escutas:

- Meninas, vocês estão bem? – perguntou Seungwan. – Não falam nada há um tempinho.

As duas se separaram, levemente ofegantes. Sooyoung deu um suspiro pesado, como se fizesse questão de demonstrar a Yerim sua insatisfação com a interrupção de Seungwan.

- Estamos bem – respondeu Yerim. – Um pouco... entediadas, apenas.

- Joohyun está trabalhando duro para resolver a situação o mais rápido possível.

- Não precisa ter pressa, tomem seu tempo – interveio Sooyoung. – Nós nos viramos aqui.

- Acho que levarei mais uns 15 minutos – disse Joohyun com um pingo de incerteza em sua voz.

- Tudo bem, nos avise quando tudo estiver pronto.

Ao fim da conversa, veio o silêncio. Yerim voltou ao lugar que estava sentada anteriormente e evitou o olhar de Sooyoung, passando a mão pelas madeixas agora soltas. Tentava convencer a si mesma de que aquilo apenas acontecera por causa do jogo e de sua estranha coragem repentina, porém se encontrava sentindo falta do beijo de Sooyoung. Resolveu deixar quieto; ainda estavam no meio de uma missão, afinal.

- Ainda vamos continuar? – perguntou Sooyoung.

- O quê? – Yerim perguntou cautelosa.

- O jogo.

Sooyoung apontou para a seringa que continuava no mesmo local. Yerim ponderou antes de responder. Temia os tipos de desafio que Sooyoung seria capaz de propor, porém ainda gostaria de fazer uma última pergunta. Sem dizer nada, Yerim apenas girou a seringa, observando-a até que ela parasse com a agulha na direção de Sooyoung.

- Ok... Eu desafio você a falar o motivo real pelo qual você me escolheu para a missão.

- Isso é trapaça! – exclamou Sooyoung, balançando a cabeça negativamente.

- O desafio é meu e eu faço o que quiser com ele – Yerim mostrou a língua para Sooyoung.

- Tá bom – Sooyoung bufou. – Eu... Bem, desde que você chegou na academia, chamou bastante a atenção de todo mundo.

- Nem me fale – Yerim desviou o olhar para o alto, relembrando o desconforto em ter dezenas de olhares recaindo sobre si em suas primeiras semanas. Ser treinada pela própria Kim Taeyeon era certamente uma das maneiras mais fáceis de atrair atenção dentro da agência.

- E então eu... comecei a notar você de uma maneira... er, diferente.

Sooyoung coçou a nuca e esfregou as mãos cobertas pelas luvas, claros sinais de nervosismo. Aquilo estava tomando um rumo diferente do qual Yerim imaginava. Sentia algo muito bom ao ouvir as palavras de Sooyoung, pensando no quanto ela parecia adorável daquela maneira.

- Eu acho você... – Sooyoung pigarreou. – Eu gosto de você, Yeri. Essa é a razão pela qual pedi para Tiffany unnie nos colocar nesta missão juntas. E foi por isso que eu passei a agir da maneira que ajo, sabe? Para chamar sua atenção – admitiu, com uma voz mais firme. – E porque me disseram que você gostava do Taeyong, e aquele garoto é um poço de arrogância.

- Ei, eu nunca gostei do Taeyong! – protestou, rindo.

- De quem você gosta então? – perguntou Sooyoung timidamente, parecendo uma garota do Ensino Fundamental que se deparou com a sua primeira queda.

- Você é uma idiota, Joy – Yerim abriu um largo sorriso.

A expressão deliciosamente confusa e vulnerável de Sooyoung levou Yerim a apoiar-se sobre os próprios joelhos e capturar seus lábios outra vez em um beijo empolgado.

Torcia para que Joohyun demorasse um bom tempo para desativar o sistema de vigilância.

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- E então?

O olhar curioso de Taeyeon trouxe de imediato um sentimento de vulnerabilidade a Yerim. A força do hábito a dizia que a aprendiz quem deveria olhar sua mentora daquela maneira, e não o contrário.

- E então o quê? – Yerim mexeu seu chocolate quente com a colher pelo o que deveria ser a centésima vez. Normalmente não hesitaria em relatar a experiência da primeira missão de campo, não fosse o pequeno imprevisto que ainda trazia rubor ao seu rosto uma semana depois.

- A missão! – Taeyeon levantou um pouco a voz, empolgada como Yerim nunca vira antes. – Ouvi dizer que você e Joy trabalharam bem juntas. Estou orgulhosa de você, Yerim-ah!

- Eh...  Acho que dá para dizer isso – Yerim bebericou seu chocolate quente. – Obrigada, unnie.

- Você não parece muito animada – Taeyeon franziu o cenho. – Aconteceu algo? Joy te tratou mal?

- Não, não! – Yerim levou novamente a xícara à boca, tentando prolongar o gole pelo maior tempo possível; já podia sentir as bochechas queimando.

- Então…? - Taeyeon arqueou uma sobrancelha, lançando um olhar confuso.

- É complicado - resmungou Yerim por trás de sua bebida. - Podemos falar disso depois?

- Claro, como você quiser - Taeyeon assentiu com a cabeça e segurou a mão de Yerim que repousava sobre a mesa, olhando para sua discípula com uma expressão compreensiva.

Ambas permaneceram em um silêncio confortável, e Yerim sentia-se satisfeita pela conversa não ter tomado rumos fora de seu controle. Não estava preparada para receber um sermão sobre o quanto era arriscado envolver-se com alguém em uma carreira como aquela. Quando tomou um fôlego para mudar o assunto entre elas, porém, sentiu seu telefone vibrar freneticamente sobre a mesa.

Ela deu um vislumbre da tela: SY está ligando.

- Com licença, unnie, preciso atender essa ligação - Yerim rapidamente puxou o celular e levantou-se desajeitada, quase arrastando uma cadeira junto ao se afastar da mesa que dividia com Taeyeon.

Enquanto Yerim andava em círculos em uma área vazia do café, Taeyeon analisava a expressão boba apaixonada de sua pupila. É claro que ela sabia o que estava acontecendo. As escapadas de Yerim durante a noite, o surgimento repentino de flores no quarto da garota, seus longos períodos de ausência no fim de semana. Tudo parecia um tanto óbvio para uma pessoa observadora como ela.

Taeyeon tomou um gole de seu cappuccino e sorriu.



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