— COMO ASSIM ENVIARAM SHIKATSU? — o Hokage batia sobre a redonda mesa do Conselho da Corte. Esculpida em mármore, suas laterais formavam frases do Livro Primordial adornados em prata. — Uma Missão SS requer uma experiência que Shikatsu não tem!
Os Monges observavam com canto de olhos o monólogo do Ninja. Alguns deles sequer direcionavam o olhar ao Kage, os que se permitiam dar atenção, preferiam preservar o silêncio. O único a ter um ínfimo esforço de dialogar foi Ikon, sentado a lateral de Shikatsu, o quarto grão-mestre da Corte ponderou:
— Em primeiro lugar, peço que o senhor Juunidaime se acalme. Em segundo lugar, na reunião que definimos a equipe, o conselho conclui que as habilidades de Shikatsu eram essenciais para a missão.
Os olhos de Shikazan se fixaram ao único ser falante na reunião, prolongando a respiração, comentou:
— Uma reunião sobre missões sem a minha presença?
— Não queríamos incomodar o Senhor. Sabemos como o trabalho de Hokage é maçante. — exclamou Ikon, enquanto leves sorrisos de canto de boca elegiam de alguns Monges. — Sem contar que se tratava de uma missão emergencial, encontrar Itachi Uzumaki é nossa maior prioridade. Agora por favor, sente-se. Temos assuntos mais importantes para tratar.
Shikazan puxou a cadeira um tanto desconsolado. Seu semblante preocupado se destacava entre os olhos sádicos dos Monges. O Monge ao centro da mesa puxou uma caixa retangular feita de couro com um estofamento azul marinho, dentro desta caixa três pergaminhos de diferentes colorações. Udon, segundo grão mestre da Corte e o mais velho entre os Monges apanhou o pergaminho amarelo, e discursou:
— O Mizukage reafirmou o desejo de Realizar o Exame Chunnin na Vila da Nevoa. — O Grão-Mestre falava olhando diretamente para o Kage. — Creio que está de acordo, Décimo Segundo Hokage. Devido aos nossos últimos problemas com o País da Água, acho nada mais do que justo eles solicitarem a prova em seu território. Vide que nossos ninjas não tem a capacidade de garantir a segurança dos nossos convidados.
Os olhos cerrados dos Onze Monges se fixaram em Shikatsu. Vinte dois globos oculares miravam para seu chapéu do Kage, que apesar de nenhuma palavra, sabia muito bem o que aqueles semblantes significavam.
— Sim. Mas enquanto ao garoto? O filho do Senhor Feudal do País da Água. — questionou Shikatsu repetindo um pouco da pressão.
— O que tem ele? — reiterou Udon.
— Eu imaginei que ele já servisse como uma garantia de Paz. — falou Shikatsu ansioso pela resposta do Monge. — Os Exames Chunnins sempre aconteceram aqui, salvo em raras exceções. É uma tradição Ninja.
— FODAM-SE AS TRADIÇÕES! — Um homem robusto de cabelos enrolados se levantou, surpreendendo a todos na reunião. Seus olhos brancos, eram rodados por veias saltadas pulsando entre os dois lados da cabeça.
— Acalme-se, Hanzo. — ordenou Udon, enquanto observava o homem se sentar um tanto contrariado. — Juunidaime, o senhor deve ter percebido que desde a morte do Décimo Mizukage, nossas relações com o País da Agua ficaram muito estreitas. A Corte da Nevoa vem nos pressionando diariamente. Nos fizemos a troca entre crianças, simplesmente para evitar uma guerra imediata. Isso não elimina nossos erros, conflitos podem acontecer. Não me vejo no direto de recusar esse pedido. O senhor tem alguma outra objeção?
— O garoto pode ser selecionado para o Exame? Ele é um dos nossos alunos mais promissores.
— Era exatamente aí que eu queria chegar. — suspirou O grão-mestre dando o primeiro sorriso visível em toda reunião. — Eu preciso de uma proteção especial ao garoto. Nosso acordo entre as crianças vale por mais seis anos, preciso que mantenha o garoto vivo até lá. Não quero que leve junto com os outros alunos para a prova, sua segurança é a nossa prioridade.
— Pode deixar. Nos não permitiremos outro atentado da Eccdise. — disse Shikatsu endireitando a coluna.
— Eu sei disso. — Udon falava enquanto abria o outro pergaminho, um tanto maior que o primeiro e de cor alaranjada. — Eu também preciso que integre um novo aluno a Academia... Na verdade uma aluna.
— Desculpe. Mas acho que as inscrições estão fechadas. — Shikazan foi capaz de ver o rosto do Monge se fechar progressivamente, conforme as palavras saltavam de seus lábios. — Os times já estão fechados. Nós os enviaremos a missões nos próximos meses.
Mantendo uma voz cativante, o Monge retirou um carta dos embrulhos do pergaminho, arrastando até o Hokage. Shikazan delicadamente retirou o selo da carta, e forçou seus olhos no conteúdo da correspondência, ao tempo que Udon recorria seu discurso:
— Recentemente, nos fizemos um acordo com a Vila da Fumaça, e precisamos agrada-los de alguma forma. Eu só estou te pedindo um favorzinho.
O cenho de Shikazan descia pelo papel delicadamente, abstraindo detalhe por detalhe da ficha da Ninja forasteira.
— Vila da Fumaça? — perguntou o Nara ironicamente. — Os ninjas de lá são uma piada. Admira-me muito aquela Vila ainda existir.
Os monges o olharam friamente. Era o único exibindo um sorriso naquele momento da reunião. Certamente nenhum deles entendia o que aquele comentário significava.
— Garanto que essa garota é diferente. Ela foi muito bem recomendada pelo quinto grão-mestre. — Udon explicava colocando o pergaminho sobre a mesa. — Você pode ver na ficha dela, que existem muitos elogios ao seu Taijutsu e Ninjutsu. Os Monges acreditam que o potencial dela pode ser mais bem desenvolvido aqui na Vila da Folha.
— Clã Ibuki? — Shikazan questionou em vão ao ler o relatório da jovem ninja. — Eu nunca ouvi falar nesse Clã.
— Você poderia fazer isto por mim? — indagou Udon elevando as sobrancelhas e entrelaçando os dedos. — O Hokage é palavra final em assuntos ninjas. “Daí tudo em que vossos filhos merecem, e receberá o presente de seus feitos”, dizia Saori Ao.
O clima entre os monges tomou uma inflexão um tanto cômica com a última frase do monge ancião. Os Monges Primordiais eram pacatos em sua essência, mas isso não os impedia de constantemente desdenhar dos outros.
— Eu vou dar um jeito. — confirmou o Juunidaime.
Os olhos comprimidos em Shikazan relaxaram. Os outros monges retiraram a atenção às palavras de sua autoridade.
— Ótimo. — exclamou Udon. — Ela deve chegar em uma quinzena. Encontre um Jounin que desenvolva o seu potencial. A Corte tem muitas esperanças nela.
Shikazan sentia a impotência de o seu cargo pular novamente em suas costas. Causava-lhe um fagueiro estranhamento, A Corte o convidar para um conselho. Tão estranho quanto um grão-mestre primordial saber tanto sobre a estrutura ninja. Era de conhecimento geral que Udon tinha sido um ninja no passado. Ele fora nomeado conselheiro-Mor do Oitavo Hokage, acompanhando-o durante seu conturbado mandato. O que teria o levado para a Fé Primordial era algo que poucos sabiam responder.
O Segundo grão-mestre, retirava o terceiro pergaminho da caixa, com sua delicadeza de praxe. Leu calmamente o conteúdo do pergaminho. Antes de pronuncia-lo a todos de uma profunda vislumbrada ao Hokage, e fez um sorrateiro comunicado:
— Acho que nossos assuntos acabaram, Juunidaime.
O suor desceu pelas rugas da face de Shikazan. Um repentino ódio tomava-lhe o fronte. Estava sendo expulso de uma reunião de forma tão explícita, que nem o seu bom senso foi capaz de frear as palavras.
— Tenho certeza que existem mais pendências sobre a Vila que eu possa ser útil. — O aspecto de sua voz perdia o tom calmo enquanto as palavras formavam a frase.
Os onze pares de olhos voltaram a encara-lo, lembrando faróis a beira de uma estrada escura. Muito deles expressavam um semblante raivoso, visivelmente com os xingamentos e maldições pulsando em suas gargantas. Ikon foi o primeiro e único a ponderar algo. Pacato como de costume deu um sorriso eufêmico, escondendo os dentes frontais:
— Grande parte do funcionamento da Vila necessita de nossas decisões. Elas precisam de um sigilo para acontecer. A minha passagem preferida de Saijin Ao diz: “O conhecimento do homem apodrece tanto quanto sua carne.”
Foi com a passagem de Saijin Ao que o Kage se levantou. Olhando para o pergaminho misterioso nas mãos do Monge ao centro da Mesa de Reuniões, recolocou a cadeira em seu lugar, e em seguida tomou o rumo da saída, comentando durante seus passos obstinados:
— Agradeço a todos pela recepção. Se precisarem de mim estarei na minha sala.
Girou a maçaneta banhada a ouro branco, o ranger das portas cobriram seus baixos murmúrios. Fechou a gigantesca porta de carvalho com uma firme batida. A porta exageradamente polida refletia o distorcido de rosto de Shikazan. O homem admirou por algum tempo aquela imagem, contemplando em cada detalhe o que o homem refletido havia se tornado.
Desceu a escada em espiral em direção a saída da Torre de Ao, edifício sede da Corte. Deu alguns curtos passos em direção a rua e se perdeu entre as pavimentações de Konoha.
Vagavam calmamente, refletindo a cada passo, sobre a Konoha que cresceu em baixo de seu nariz. A cada rua deixada para trás, memórias de um passado pouco distante em anos, mas muito distante em sensação confrontavam-lhe. Cruzava pela Rua Satori, em direção a Avenida Sayuki, quando parou para observar uma Loja, Flores Yamanaka e seu letreiro roxo, grafado com letras floridas. A entrada era acompanhada de quatro sentinelas, tais figuras...
...Fizeram no voltar ao passado...
“O pequeno Shikazan se apoiava as costas do pai, Shikadai, com um tanto de dificuldade devido suas pequenas mãos. O homem abaixo dava largas passadas em direção a multidão que se aglomerava em frente ao terraço da Sala do Hokage. Uma imensidão de pessoas se reunia para ver a posse do Nono Hokage. A Kyuudaime hava sido escolhida poucas semanas antes, logo após a renúncia do Oitavo Hokage.
— Me admira muito tantas pessoas reunidas, só para ver uma pessoa colocar um Chapéu. — emergia um homem robusto de cabelos loiros, um tanto compridos na parte de trás da cabeça, sua franja era dívida em pequenas pontas que chegavam até metade da testa, seu cenho era redondo, corado com dois grandes olhos azuis. Vestia uma manta preta que cobria quase toda parte superior do corpo. Falava enquanto virava o rosto para Shikadai e seu filho as costas. — Como o Shikazan está grande, nem parece com o fracote do pai.
Ambos riram em uníssono, até um menino surgir de trás das pernas do homem loiro, o pequeno se agarrava nas altas pernas do pai, assustado pelo imenso barulho da multidão. O garoto de cabelos loiros, um pouco mais escuros que os do pai, trajava uma camisa branca com um símbolo de redemoinho rubro as costas. O mais curioso em seu visual, era uma faixa que cobria horizontalmente seus dois olhos.
— Você não devia estar com a Sarada? — indagou Shikadai ainda não percebendo o garotinho encolhido.
— Eu não suporto cerimônias Hokage, desde pequeno eles fazem a mesma droga. O antigo Hokage vai lá pega o Chapéu e passa para o outro, e todos aplaudem sem motivo nenhum. — disse o loiro.
O Nara se surpreendeu ao olhar para a criança agarrada a perna esquerda do amigo. A faixa atravessada no pequeno rosto do menino causavam-lhe muitos olhares excêntricos.
— O que é isso nos olhos dele? —dizia Shikadai enquanto o homem loiro se virou para o filho. Pegando-o pelas coxas e o apoiando em seus ombros igualmente ao amigo. — A visão dele ainda não apareceu?
Shikazan olhava atônito, e um tanto assustado para o garoto enfaixado a sua frente, o pequeno de olhos enfaixados se encolheu após uma rítmica salva de palmas da multidão.
— A Doutora Haruno disse que deve demorar mais algum tempo, existe muita mistura de Dojutsus no sangue dele, é comum a visão tardar a funcionar.
Ao som de gritos ensurdecedores, a mais nova Hokage subia ao palanque em frente à rua principal de Konoha, olhos maravilhados cerravam a mulher de cabelos negros que adentrava ao palco, travestida com o manto branco de Kage. Olhos fixos e esperançosos, menos para o pequeno Shikazan, que olhava perplexo aquele menino indefeso, procurar abrigo entre as mantas do pai, a cada salva de palmas mais prolongada, enquanto sua mãe se emocionava ao receber a Nona Sombra de Fogo. ”
O Kage passou pelo último degrau da escada, se apoiando aos corrimãos, seu último passo rangeu em melancolia junto ao joelho que flexionava. Retirou as chaves do bolso, abrindo a porta da sala. Afrontou as pilhas de papel por alguns segundos, ao mesmo tempo em que pendurava seu traje de Hokage. Puxou a cadeira, e sentou-se.
Pegou uma caneta tinteira em sua mesa, e recomeçou seu trabalho como Hokage. Intermináveis assinaturas e vistos, sobre assuntos tão enfadonhos, que o permitiam dar ligeiras piscadas de sono durante a leitura. Assinava um protocolo sobre um carregamento de vinagres, quando estranhamente focou seus olhos em direção às prateleiras.
— Você não vai me enganar com esse truque duas vezes. — anunciava sua voz a sala, aparentemente sozinha. — O que você quer, Sensei?
A figura encapuzada ascendia das prateleiras ente as sombras. Usava uma capa que cobria apenas o lado esquerdo de seu corpo. Deu alguns passos em direção a mesa.
— Boa tarde, Shikazan. — disse enquanto relaxava o corpo, se sentando na cadeira estofada. — Você está ocupado?
— Eu sou o Hokage. Estou sempre ocupado.
Os dedos do ninja sobre o capuz tamborilavam, pela superfície da madeira da mesa. Deu um olhar pacato ao Juunidaime, e tomou a fala:
— O Exame Chunnin acontecerá daqui a um ano e meio, Certo?
— Sim, senhora. Mas não como os anteriores. — As palavras de Shikazan saiam enquanto, pegava um papel em sua gaveta. — Ele vai acontecer em Kirigakure.
O olho solitário do ser a frente, expressou um olhar surpreso. Como se o seu ex-aluno a tivesse ofendido.
— O que disse Shikazan? — As veias dos seus olhos se saltaram, enquanto cravava suas vistas no Kage. — Isso é uma afronta à Konoha. Fazem mais de cem anos que o Exame Chunin é realizado aqui.
— Eu não posso fazer nada. — O Juunidaime dizia jogando as costas para trás. — É um pedido direto do Mizukage. Precisamos manter boa relação com eles desde aquela merda generalizada. Como nos não tivemos sinal da Eccdise, muito menos do maldito do Mitsuki, eu optei pela diplomacia.
O lábio da Ninja experiente se distorceu em um fino sorriso irônico de sobrancelhas torcidas. Cruzou os dedos das mãos antes de se por a falar com o Kage:
— Preciso que faça um favor para mim.
Shikazan recusou as costas, apoiando os cotovelos pela mesa com que aproximasse um pouco seu rosto da figura.
— Isso depende. — cravou Shikazan.
— Eu gostaria que você matriculasse um aluno para mim.
— Nem pensar. — respondeu Shikatsu de imediato. — Como vou saber que ele está preparado? É arriscado demais, ele pode morrer em missão.
— Eu garanto que ele não morrerá. — O rosto da Ninja brilhava em sua metade desenfaixada ao modo que falava. — Não se esqueça de quem está o treinando sou eu.
— A questão não é essa. Eu não posso inscrever um aluno no Exame Chunnin com apenas um ano de academia, é loucura.
O sorriso no rosto enfaixado aumentou ainda mais com a resposta do Nara, um curto som de riso ressoava da sua boca:
— Creio que sua obrigação seja recrutar talentos para a Academia. Se ele estiver pronto até lá, não vejo o porquê de não inscreve-lo —exclamou coçando a faixa em seu rosto. — É um grande garoto. Ele tem muitos erros de fundamento, mas é muito esforçado, até me lembra alguém quando era mais jovem.
Os dois deram um estreito sorriso nostálgico, até Shikatsu olhar para a foto ao lado.
— Você não faz ideia de como eu queria voltar a ser aquele garoto cheio de defeitos. — comentou Shikazan pegando a foto nas mãos e admirando. — Tudo era tão mais simples, quando o Time 7 só tinha que escoltar pedreiros até a Cidade Portuária.
— Nos não podemos mudar nossos erros do passado, Shika-san. — falou a Shinobi se levantando. — Mas nós ainda temos tempo de acertar o futuro. Você é o Hokage, é a palavra final dos Ninjas, e eu acredito nisso. Eu acredito no Décimo Segundo Hokage da Vila Oculta da Folha.
A figura sobre a capa quase chegava a porta quando uma pergunta, a fez diminuir o passo.
— Só por curiosidade... — exclamou o Kage — Qual o nome desse garoto, Sensei?
A Ninja virou o corpo, dando um grande sorriso para responder a pergunta de seu ex-aluno.
— Acho que você já o conhece. Chama-se Kubo Kodoma.
O Hokage de um estranho sorriso, como se já soubesse a resposta para sua pergunta. Uma linha tênue entre a raiva e a alegria tomava o rosto do Juunidaime.
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