A situação não era nada boa para a Akatsuki. O dia já amanhecia e a Aliança Shinobi rendia resultados significantes na guerra, onde o time Ino-Shika-Chou estava perto de converter todo o Exército de Ningyo a seu favor e os Kages exterminavam os integrantes mais poderosos da organização sanguinária.
Chojuro, o Mizukage, estava no final de uma luta cerrada contra Kisame. Ambos os espadachins estavam esgotados e seus golpes consequentemente se tornaram mais lentos, então aquele que mais ágil e esperto fosse traria vitória à sua espada e ao seu povo. O tubarão não poupava movimentos e agressivamente atacava seu adversário como se este fosse o único corpo a quem devesse focar atenção. Sua impaciência para findar de uma vez esta luta e sua fúria por um garoto três vezes mais jovem dar-lhe tanto trabalho o cegava de percepções exteriores. E foi assim que cavou a própria cova. Quando finalmente deferiu um golpe mortal no Kage de Kirigakure, viu o mesmo se desfazer em água, e sem demoras o verdadeiro Mizukage o decapitou na sua retaguarda.
A primeira perda significativa da Akatsuki não seria a última. Darui tinha uma grande vantagem sobre seu oponente Pain. Na verdade, a própria existência dele já estava fadada a perder para o Raikage, pois relâmpago era a sua especialidade e o ferro um ótimo meio de eletrocussão. Um raio comum não seria páreo o suficiente para derrotar um oponente tão poderoso como Pain, mas havia uma espécie desse elemento que Darui garantia tal eficácia. Herdado do Terceiro Raikage, o Relâmpago Negro fluiu de seu corpo e o envolveu num cobertor negro com feixes reluzentes por todo lado. O poderoso jutsu correu pelo braço do seu receptáculo e, sob ordem do mesmo, disparou contra um dos seis corpos, mais especificamente, contra aquele que gerou os outros cinco cadáveres. Quando o Relâmpago alcançou o corpo de Pain, este não teve a menor chance, bem como suas reencarnações que agora recebiam igualmente toda a descarga que o caminho principal sofria. Os receptores de ferro, por onde eram controlados e recebiam ondas de chakra, agora compartilhavam simultaneamente a descarga elétrica do Relâmpago Negro. Em um só ataque, Darui derrotou os Seis Caminhos da Dor.
~
A formação Ino-Shika-Chou, agindo, desta vez, ao contrário, cuidadosamente extraía informações de Konan, a qual tentava expulsar Ino de sua mente e retomar o controle do seu corpo possuído pelo Kage Mane de Shikamaru. E enquanto ambos trabalhavam na salvação do Exército de Ningyo, Chouji os protegia dos homens ludibriados pela Akatsuki que tentavam a todo o custo libertar a mulher.
- Ino, como está indo? – o Nara indagou ao ver que Chouji não aguentaria muito tempo.
- Estou quase lá! – respondeu ela, usando as cordas vocais de Konan. – Eu já disse a vocês. É impossível recuperar a memória deles. – desta vez a verdadeira dona da voz quem disse.
Para a Yamanaka estava sendo um desafio encontrar algo que pudesse desfazer o jutsu manipulador, pois sem dar trégua Konan disputava o domínio de seu próprio pensamento. Se permitisse uma intrusa usa-la a seu favor, não seria digna de vestir o manto da Akatsuki ou sequer continuar viva, então precisava agir rápido contra o time de Konoha.
Uma vez executando o jutsu de Transmissão de Corpo e Mente, Ino bloqueou outras transmissões para que a inimiga não ouvisse os planos de Konoha. E desta forma não pôde captar a mensagem que seu pai, na tenda de Inteligência, enviou a todos da Aliança Shinobi. No entanto, Shikamaru estava lá e não poupou informações que, segundo sua concepção, pudessem gerar efeitos. “Ninguém é isento de sentimentos”, ele pensou e logo prosseguiu. – Parece que o vento está ao nosso favor. – o estrategista debochadamente sorriu perante Konan. – Kisame e Pain foram derrotados.
Os olhos alaranjados da Akatsuki se esbugalharam ao ouvir o nome do homem cujo sua infância inteira conviveu. Pain era a sua paixão oculta e sua inspiração. Adorava-o desde muito pequena, mas ambos nunca evoluíram para algum relacionamento amoroso. Ele não parecia interessado e ela tampouco demonstrou o mesmo. Sua timidez era gritante. De qualquer forma, sempre o admirou e silenciosamente esperou pelo dia em que pudesse lhe dizer o que sente. Agora, essa espera havia chegado ao fim, porém não da maneira que esperava. Pain estava morto e ela sentiu falecer junto dele. Por suficientes segundos, ela perdeu o foco da disputa e a autoridade sob sua mente pendeu para o inimigo.
- SHIKAMARU! – a voz de Konan saiu sem sua permissão. – Boi, cavalo, tigre, rato! – Ino recitou os selos e consecutivamente o companheiro realizou os movimentos que espelharam na mulher dominada. – Hakkai no Jutsu!
Do manto negro desmembrou centenas de papeis, número este igualado a quantia de homens que meses atrás passaram pelo mesmo jutsu. Não havia, exatamente, uma solução que trouxesse todos eles ao que era antes. Konan foi sincera quando afirmou ser impossível trazê-los de volta, todavia, Ino encontrou um jeito de amenizar consideravelmente o problema. Se for impossível recupera-los por completo, então que fosse para ambos os lados. O Jutsu que a Yamanaka encontrou era usado no primeiro estágio em cada prisioneiro recém-sequestrado. A destruição das memórias. Contudo, agora, eram as falsas e implantadas a serem exterminadas. O papel que carregava demasiado poder encontrou a fonte de cada Ningyo e nela adentraram para destruir os errôneos conhecimentos.
- NÃO! – Konan exclamou furiosa e retomou o controle de seu braço esquerdo com uma força que Shikamaru não esperava vir dela.
Debaixo do véu Akatsuki a mulher retirou uma kunai e a usou contra o próprio coração.
Ela fracassou com Uchiha Sasuke.
E puniu-se com a morte.
- INOOO!
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Não se avistava mais o majestoso Susanoo ou a famosa Raposa de Nove Caudas quase tocando o céu. As casas próximas ao combate reduziram-se a uma camada no solo de meros escombros espalhados. Restou apenas uma cortina de poeira e a dúvida nos espectadores que a esperavam, lentamente, descobrir um vencedor. O líder da Akatsuki ou o Hokage de Konoha? Claramente dois títulos poderosos em julgamento. Mas não se tratava apenas de títulos. Era muito mais do que isso. Dois homens cujo um dia tiveram laços e lutaram lado a lado. Numa época onde ultrapassar as habilidades um do outro e tornarem-se excelentes ninjas era o principal objetivo. Naruto e Sasuke já foram assim. Duas crianças com grandes superações e um histórico familiar manchado de sangue. Entre eles a rivalidade nunca deu trégua, e prova disso é o próprio presente, mas houve um tempo em que trabalharam duro no mesmo time e conciliavam a necessidade de vencer junto da amizade. Isso antes de Orochimaru envenena-lo com cobiça e alimentar sua sede por vingança. Sasuke rompeu qualquer laço criado naquela vila antes de partir em busca de poder, e os dois homens, cujo agora guerreiam entre si, poderiam estar desfrutando de um delicioso ramém do Ichiraku na companhia de Sakura e Kakashi.
O time Sete... O destino não foi tão generoso com eles.
- Isso tudo é passado agora. – murmurou aquele que levantava. – Não há motivos para poupar sua vida. – Pé por pé, ele cambaleava até o corpo quase inconsciente do derrotado.
Não existiam mais dúvidas quanto a qual deles possuía mais força agora. Ainda que a luta tenha sido árdua para ambos, no final somente um conseguiu se erguer. Na mão direita do vitorioso jazia uma lâmina, a qual pretendia cravar no peito de seu oponente e acabar de uma vez por todas essa briga entre irmãos. Ele merecia a morte.
O Hokage de Konoha ajoelhou-se, esgotado, ao lado do corpo imóvel de Sasuke, que apenas assistia-o com seus dois orbes negros mal abertos, e nada saia de sua boca além da respiração falha. A mão armada do Uzumaki tremulou e os olhos azuis encheram-se de água. Claramente hesitante.
- Você é fraco como uma garotinha. – o Uchiha lhe zombou de voz rouca. – Acabe logo com isso.
- Por que Sasuke? Por que precisa ser desse jeito? – inconformado, o loiro estourou. – Você não se importa com sua vida?! Não se importa... – apertou os dentes. – Com ela?
- Em quem você acha que eu estou pensando agora? – Sasuke responde mansamente.
- Renda-se então, Teme. – proferiu mais calmo. – Os sentimentos dela são reais. Os seus também são, eu posso ver! Esse poder que você busca não irá lhe trazer paz, nem tampouco satisfação. Além do mais, você tem um novo propósito agora, não é mesmo? – Naruto sorriu.
- Como pode ter tanta certeza?
- Você me mostrou.
De fato, Sasuke recordou de quando compartilhou com o Hokage uma visão sobre seu futuro. Ainda que relutante em aceitar as palavras de Naruto, ele admitia não estar mesmo tão vidrado naquele plano sanguinário. O sol atravessando o horizonte para levitar no topo do céu atraiu sua atenção. A sensação era quente, viva e agradável, como quando estava perto de Sakura. – Aquela mulher... – murmurou, levando a mão de encontro a sua testa e delineando um sorriso derrotado. – Ela finalmente conseguiu.
Naruto admirava o nascer do sol, junto do homem que novamente podia chamar de amigo. – Vamos para casa... Sasuke.
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O chão gélido estava desagradável ao acordar, seguido do latejo em seu estomago onde Sasuke a golpeou. Correu o olhar pelo recinto lotado de pessoas amedrontadas, abraçando umas as outras, e reconheceu aquela que confortava sua cabeça nas próprias pernas. – Misu... – Sakura sussurrou.
- Sakura-chan! – a garotinha se encheu de alegria. – Você está bem? Está sentindo dor?
A rosada elevou a coluna, sentando-se a frente da menina, e balançou a cabeça negativamente. – Eu estou bem querida. Por quanto tempo adormeci?
- Sasuke a trouxe aqui já faz um tempo e me fez prometer não deixa-la sair. – a pequena mirou as pernas com tristeza. – Mas eu vou entender se você precisar partir.
- Obrigada, Misu. – Sakura segurou as mãos da ruiva. – Não se preocupe, seu irmão e eu voltaremos em segurança. – Envolveu-a num abraço caloroso e logo depois deixou a caverna que abrigava toda a população de Otogakure durante a guerra.
As lembranças do genjutsu ainda estavam vividas na sua memória, quase misturando realidade e ilusão. Sasuke era incrivelmente bom nisso, mas nada fazia sentido para a Haruno. O que significava aquelas imagens? Onde é aquele lugar? Quem eram aquelas crianças? Não havia explicação alguma, não havia sentido algum, mas era bom. Ela estava feliz, como num sonho. Em uma das cenas, era noite e a mesa estava servida com um delicioso jantar. As cadeiras estavam preenchidas pelos membros da Akatsuki, porém nenhum deles vestia o manto negro ou portava qualquer arma. Algumas crianças corriam pela casa, animadas, e Sasuke segurava sua mão por baixo da toalha da mesa. Depois disso ficou claro para ela que o Uchiha também via a Akatsuki como uma família. Sasuke queria uma esposa, um filho, amigos, uma casa para descansar e uma família para cuidar. Ele deixou tudo isso muito claro.
Sakura estava feliz e ansiosa para reencontrá-lo, independente de ele a ter prendido num genjutsu. Seu coração era sua bússola naquela mata desconhecida.
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