“Hoje completam-se duas semanas desde que Emeraude Houston falou sobre sua Obra de Ouro, e desde então mais nada foi dito. Na verdade, todo o mundo do entretenimento se mantém silencioso desde sua vinda. Pode-se esperar algo grandioso!”
- Texto via site de fofocas; fim do primeiro semestre de 2020.
— IZUMI-SAN, ESSE É o melhor que pode fazer?
Mitsuki franziu a testa ofegante, confuso com tamanha tranquilidade do segundo.
— Não está... cansado, Natsume-san? — perguntou, parando por um momento e suspirando.
Minami fez o mesmo, lhe lançando um meio sorriso e deixando as armas falsas que segurava em cima da mesa ali perto.
Mitsuki inclinou a cabeça para o lado, se questionando sobre a energia do mais pálido.
— Como você não está cansado? — repetiu a pergunta.
— Cresci nos estúdios de filmes, Izumi-san. — Minami respondeu com simplicidade — Já estou acostumado com coreografias como essa.
— Mesmo de lutas tão graves? — o menor arqueou as sobrancelhas — Essa vai ser uma das cenas mais fortes, Fuga vai ficar entre a vida e a morte.
— Está preocupado que sua atuação não convença o público?
— Não...!
Mitsuki gemeu frustrado, passando uma das mãos pelo cabelo. Caramba, pensou. Viscoso como uma cobra, exatamente como Yamato disse.
A sala de treinos estava relativamente cheia, com várias das equipes treinando as cenas de ação entre si. Os coreógrafos observavam as interações de longe, intervindo apenas quando necessário.
Olhando para sua esquerda, Mitsuki observou seu irmão e Tenn fazendo o mesmo que Minami e ele. O rosado segurava uma vara de pvc, usando-a como a arma de seu personagem. Aquela cena — a luta de Vida e Kabane — seria uma das últimas a serem gravadas e requereria mais efeitos especiais do que as outras, no entanto, ambos já ensaiavam duramente.
A porta da sala se abriu, fazendo todos olharem para a funcionária que acabara de entrar com uma prancheta em mãos.
— Os figurinos chegaram — disse — Todos estão sendo chamados para a primeira prova.
Todos assentiram em concordância, deixando a sala e se dirigindo para os quatro vestiários separados para cada grupo.
(...)
— Haru, saia daí.
Touma viu os pés de Haruka baterem fortemente no chão enquanto ele proferia:
— Não vou sair desse provador!
Inumaru gemeu frustrado, passando a mão na nuca com certa força. Já se passavam poucos minutos desde que Haruka dissera que não sairia vestido em seu figurino, sem dar quaisquer detalhes da roupa que usava. O máximo que sabiam é que ele estava descalço e com algo longo o suficiente para que pudesse ser visto da fresta da cortina do provador.
— Não tem como ser tão ruim — Torao proferiu, se aproximando de onde o mais novo estava escondido — Venha aqui.
Ele lançou as mãos por entre a cortina, balançando os braços no ar até que sentisse e agarrasse os pulsos de Haruka.
— Achei! — disse, começando a puxá-lo — Venha, Haruka, não pode ficar aí dentro para sempre.
— Posso sim! — Isumi exclamou, batendo um dos pés nos do maior.
Mediante o impacto, Torao o soltou bruscamente, e a única coisa que ouviram depois foi o que seria o caçula caindo no chão.
— O figurino está inteiro? — Minami perguntou, soltando um riso anasalado.
— Mina! — Touma reclamou — Devia estar preocupado se Haru está bem, e não o figurino.
— Que seja.
— Sim, infelizmente o figurino está inteiro — Haruka resmungou — Essa droga é mais resistente do que pensei.
Os outros o ouviram se levantar e passar a mão no tecido, e pouco depois o batuque de um dos pés contra o chão era o único som audível. Mesmo após várias insistências, ele continuava irredutível em não sair do único provador ocupado.
— O que está acontecendo?
— Tenn? — Touma arqueou as sobrancelhas.
Ele esperava que qualquer outra pessoa estivesse no batente, menos o centro do TRIGGER, em roupas pretas e vermelhas, logicamente o figurino de Vida. O casaco vermelho em seu tronco se assemelhava ao que Torao usava, com exceção dos rasgos propositais na metade das mangas longas.
No entanto, não era o Vida ali presente. Ainda era Tenn. Com as roupas de Vida, mas ainda Tenn.
— O que esse cara quer? — Haruka questionou.
— O que está acontecendo? — o rosado repetiu a pergunta.
— Por motivos desconhecidos Isumi-san não quer sair do provador. — Minami respondeu, apontando para a cortina.
Tenn semicerrou os olhos, reprimindo um suspiro forte. Mesmo depois de tudo, ele continuava a não levar o trabalho a sério.
Isumi Haruka, ele pensou. Você está esgotando minha paciência antes mesmo de começarmos as gravações.
Sem dizer nada, o Kujo marchou em direção ao provador e puxou as cortinas, o que fez um grito assustado de Haruka ecoar no vestiário, entrando em seguida.
— O que pensa que está fazendo? — questionou — Como pensa em atuar estando aqui dentro?
— Isso não é da sua conta, Kujo Tenn! — o mais novo exclamou — Tire suas mãos de mim agora!
— Não vou te tratar como criança! Seja profissional e saia desse provador!
Os outros observaram o sacudir da cortina, sem realmente saber o que pensar a respeito.
Logo os demais idols — todos caracterizados com seus próprios figurinos — se aproximaram do batente, ouvindo a discussão que se seguia dentro do provador.
— Está tudo bem ali? — Sogo perguntou com incerteza.
— Sou-chan, o que Tenn-Tenn está fazendo com Isumin? — Tamaki inclinou a cabeça para o lado em confusão.
— Talvez eles estejam fazendo...
— Cale-se, idiota — Touma resmungou — Tem gente de menor aqui. E o Riku também.
Torao apenas deu de ombros. Mais ruídos foram ouvidos, e logo Haruka foi empurrado para fora do provador. Tenn saiu em seguida.
Com exceção do rosado, de Momo, Yuki e Nagi, todos arregalaram os olhos ou suspiraram em espanto ao ver o figurino do mais novo. A cor preta era predominante, com apenas uma faixa verde, além do diversos detalhes em tecido e tinta própria dourados. E era um vestido com um manto.
Um vestido com um manto.
— Calem-se! — Haruka gritou, apontando para os demais.
— Nem falamos nada. — Nagi murmurou, estendendo os braços para os lados — Além do mais, sua roupa é parecida com a minha.
— Não me importa! — o menor proferiu — Trocaram a minha roupa com a do Minami, eu sei!
— Como essa — ele perguntou, pegando na saia do figurino — poderia ser minha roupa, se Fuga tem cenas de luta e anda com armas na mão?
O Isumi abriu e fechou a boca várias vezes, tentando, em vão, encontrar algo bom o suficiente para refutar o questionamento do Natsume. Vendo que não chegava a lugar nenhum, se contentou em encarar os demais enquanto rangia os dentes.
— Touma... — murmurou entre dentes, fechando as mãos em punhos — Pare de rir!
O ruivo levou ambas as mãos à boca, suspirando pesadamente ao tentar evitar a careta parcialmente coberta que se formava em seu rosto.
— Foi mal, Haru. — sua voz saiu abafada por risos, antes de sair do vestiário — Vou esperar aqui fora.
Haruka bufou, novamente cruzando os braços na frente do peito.
— Idiota.
Murmúrios com pedidos de “com licença” foram ouvidos pouco depois, revelando a mesma funcionária de antes. Ela se curvou antes de dizer:
— A equipe espera por todos no segundo andar para a sessão de fotos com a caracterização dos personagens.
Ela saiu logo em seguida, como um pequeno ratinho assustado que aparecia e desaparecia sem muitos avisos prévios.
Isumi suspirou frustrado, arrumando uma parte do figurino que deveria ficar preso em sua cabeça, mas estava caindo constantemente. Pelo menos é confortável, pensou. Mas ainda é um vestido.
— Vou precisar andar por aí com isso? — questionou.
— Vai hesitar agora, grande protagonista? — Tenn questionou, puxando a enorme gola da regata de couro que usava e cobria parcialmente seu rosto.
Aquilo foi suficiente para o mais novo bufar e inflar as bochechas, lançando-lhe um olhar perigoso.
— Não vou hesitar. — afirmou — Eu sou o mais importante nesse drama, é claro que querem tirar fotos minhas.
— Eu acho que as fotos seriam do personagem, Isumi-san. — Minami opinou — Do Arme e sua expressão de inocência e gentileza.
— Ah...
— Isumin não é tudo isso. — Tamaki comentou entediado, parado na porta do vestiário — Só o vi assim uma vez, quando estávamos com a Aya-chan.
— Aya, é? Uma menina? — Torao perguntou, lançando olhares para o menor — Pelo visto você está crescendo, hein? Já tem até uma namoradinha.
— E-Ela não é minha namorada! — Haruka gritou, sentindo o rosto esquentar enquanto falava — Só tivemos algumas aulas juntos, e a comida dela é horrível!
— Não fale da comida dela! — Tamaki reclamou.
— Você já provou? — Isumi questionou, abrindo os braços e arqueando uma sobrancelha — Até uma receita de biscoitos ela consegue estragar com a originalidade dela!
— Pelo visto você conhece bem ela — Torao comentou, continuando a lançar olhares para o centro de seu grupo — Se quiser algumas dicas, venha falar comigo.
— Ela me usou como cobaia das maluquices culinárias dela! — Haruka exclamou se virando para o maior — Por que você acha que eu como tanto doce? As comidas da Acchan sempre são amargas.
— É só uma amiga, então? — Minami perguntou com uma expressão neutra no rosto.
O garoto assentiu veementemente, mas ainda corado.
— Mas você deu unicamente à ela um apelido fofo. — o mais velho observou, soltando um sorriso em seguida.
Haruka grunhiu, pisando forte no chão ao sair do vestiário, olhando para trás apenas para dizer entre dentes:
— Ela não é minha namorada.
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