Marinette P.O.V
"Respira... Inspira... Respira... Inspira..."
Flashback ON - Verão, 05 de julho, Sábado, Paris - França.
04:02 da manhã
Chegamos na mansão Agreste um tempinho depois. Tiro os meus saltos antes de descer do carro. Adrien abre a porta lentamente e nós dois subimos as escadas em silêncio. Ele me guiava segurando minha mão. Eu estava tremendo de frio. Era verão mas o inverno noturno não dava férias. Assim que entramos no quarto de Adrien, ele tranca a porta e liga o aquecedor.
- Nossa, você deve estar congelando! - ele diz enquanto fuçava seu guarda-roupa.
- Agora nem tanto... - falo, explorando seu quarto com os olhos.
Era tão grande. Era quase maior que o meu apartamento inteiro. Ele tinha dois andares. Dava para morar o resto da minha vida nesse quarto.
- Aqui! - ele entrega roupas limpas e secas para mim
- Adrien, não precisa!
- Você quer dormir com que roupa, então?! Com o seu vestido? - ele debocha.
- Dormir?!
- Sim ué?! A não ser que você queira fazer outra coisa...
Sinto minhas bochechas queimarem ao ouvi-lo. Jurava de pés juntos que ele ia me levar para minha casa assim que chegássemos aqui. "Meus pais vão me matar...".
- O banheiro é logo ali. Quer que eu ligue a água quente para você?! - Adrien pergunta
"Tomar banho?!". Bom, eu precisava de um bom banho quente.
- Não precisa! - digo pegando as roupas limpas de sua mão e dando um beijinho em seu nariz.
A hora que entrei no banheiro de Adrien senti uma enorme vergonha dele já ter tomado banho no meu. Aquilo devia ser três vezes maior. Tirei o vestido ensopado de meu corpo e pude sentir uma leveza em minha coluna. Reparo várias bolhas e calos em meu pé. "Ouch...". Quando entro no boxe reparo quatro registros. "Qual eu devo ligar?!". Um arrependimento muito grande toma conta de mim por ter falado para Adrien que ele não precisava ligar a água quente. Tento girar um deles e antes de colocar meu corpo inteiro na água, testo com as mãos a temperatura. Estava morna. "Sorte de principiante...". Conforme molhei meu corpo, as gotas começaram a esquentar.
- AÍ! - gritei.
Olhei para a minha pele. Estava vermelha.
- Mari, tá tudo bem?! - Adrien pergunta na porta.
- Adrien... Eu preciso da sua ajuda...
Pego a toalha que ele me emprestou e a enrolo em meu corpo. Dou a permissão para ele entrar. Percebo que ele se distrai um pouco quando me vê.
- Eu perguntei se você precisava que eu ligasse a água quente! - ele ri.
- Só que eu não sabia que você tinha quatro registros em um só chuveiro!
Sua risada só aumenta.
- Espera alguns minutinhos para a água esquentar!
Ele checava meu corpo, mas não me senti tão desconfortável quanto achei que ficaria quando alguém fizesse isso comigo. Só pude ver seu rosto se avermelhando.
- B-Bom... E-Eu tenho que ir...
- Tudo bem! - respondo.
Ele sai do banheiro e eu volto para baixo do chuveiro. A água estava muito boa agora. Molhei meus cabelos e tomei um banho completo o mais rápido possível para que Adrien também pudesse tomar o seu. Coloquei as roupas que ele me deu. Tinha uma cueca que servia como um shorts para mim. "Meu deus..." - pensei só de imaginar. Tinha uma calça moletom cinza e uma blusa preta com algumas estampas coloridas. Assim que vesti, procurei um pente para pentear meu cabelo, mas não encontrei, então achei melhor escovar os dentes e depois desembaraça-lo. Peguei a pasta e coloquei em meu dedo. Assim que terminei, abri a porta e vi Adrien sentado na cadeira de sua escrivaninha mexendo em seu celular. "Meu celular..." - pensei. Tinha o deixado em casa, não teria como avisar meus pais que passaria a noite fora.
- O banheiro é todo seu! - falo com a toalha na cabeça.
- Obrigada! - ele pisca e se levanta, já com o seu pijama em mãos.
Enquanto estava sozinha naquele quarto gigantesco, fiquei observando detalhadamente cada canto. Adrien tinha uma prateleira cheia de videogames. Fiquei lendo os títulos. Nem reparei ele sair do banho. Só senti um abraço em minha cintura por trás.
- Você sabe jogar? - ele fala no pé de meu ouvido e me faz arrepiar.
- Sei... - respondo.
- Podemos jogar, depois!
- Depois?! Por que? - me viro para ele.
- Porque eu sei que você tá com sono, princesa! - ele pisca.
- Não tô não! - digo emburrada, cruzando meus braços.
- Tá na hora do neném dormir! - ele brinca.
- Ah, é sério?! - debocho e puxo sua blusa deixando nossos rostos bem próximos.
Minha intenção não era essa, mas Adrien me puxa pela minha cintura e junta nossas bocas. Eu nunca ia me cansar de beijar esse homem. Ele me levanta em seu colo. Não sabia como ele tinha tanta facilidade em me levantar. Continuamos o beijo sem desentrelaçar nossas línguas. Ele me coloca delicadamente na cama e tira a toalha de meu cabelo.
- Posso pentear?! - pergunta.
Dou risada. Estávamos literalmente em um clima e ele me pergunta isso.
- Pode!
Ele abre uma gaveta de seu criado mudo e tira uma escova. Sobe na cama e se senta atrás de mim. Ele tinha a mão tão leve.
- Se eu puxar você me avisa?!
- Aviso!
- Você tá sem seu celular?! - ele pergunta.
- Estou!
- Quer falar com alguém?! Eu te empresto o meu!
- Sério?! - falo, desacreditada.
Eu queria avisar meus pais que ia passar o dia fora. Eu sabia que usar o número de Adrien para isso ia ser constrangedor. Eu ia pedir para Alya mandar uma mensagem se passando por mim, falando que eu estaria com ela. Provavelmente, Alya estava com o Nino fazendo sei lá o que e só me responderia de manhã. Não me importava, porque era pelo menos alguma coisa. Mandei a mensagem e Adrien acabou de pentear meu cabelo.
- Prontinho, M'lady!
- Obrigada, gatinho! - me viro e dou um selinho nele.
Ele passa a mão pelo meu pescoço e me puxa para deitar com ele. Estava deitada em seu peito enquanto ele fazia um cafuné em minha cabeça.
- Eu já te disse que você é muito linda?!
Dou risada e faço uma trilha de beijos, do seu pescoço, ao seu maxilar, ao seu queixo e finalmente sua boca. Eu particularmente odiava casal grudento, mas agora eu entendia eles. Aquilo era como drogas, quanto mais e com maior frequência, melhor. Ele apaga a luz pelo interruptor atrás da cama enquanto ainda nos beijávamos.
- Você vai querer dormir aqui ou no quarto de hospedes?! - ele pergunta entre um beijo e outro.
Me distancio de sua boca, surpresa com a sua pergunta.
- Você tá brincando né?! Já esqueceu que já dormimos juntos?!
- Tá, mas eu precisava garantir a sua vontade! - ele se aproxima de minha boca de novo e inicia outro beijo.
- Adrien, acho que é bom nós dormimos! Você viu o horário?! - me afasto dele novamente.
- Ah... Só mais um pouquinho... - ele pede, já vindo em minha direção.
- Não, não, moçinho! Hora de neném dormir! Você mesmo disse! - sou sarcástica.
- Tá bom... - ele reclama.
Deito em seu peito e ele puxa o cobertor em mim.
- Boa noite, minha princesa! - dá um beijo em minha cabeça.
- Boa noite, meu príncipe! - murmuro, me aconchegando ainda mais em seu corpo.
12:32 da tarde.
Eu acordei meio desnorteada. Vi Adrien ao meu lado e não pude evitar um sorriso surgindo em meu rosto. Ele tinha uma beleza dos anjos. Parecia estar tão confortável. Ainda deitada em seus braços, passei a mão pelos seus fios dourados, os ajeitando.
- Eu estou acordado! - ele sussurra.
Levo um susto. Dou uma cotovelada proposital em sua costela, me vingando.
- Hey! - ele levanta seu tronco e fica sentado na cama - Não pense que eu esqueci que você merece ser punida por ontem a noite!
- Ah... tenha piedade girafa capa de revista modelinho adolescente!
- É assim?! - ele indaga ironicamente.
Em um pulo, Adrien estava encima de mim fazendo cosquinhas em minha barriga. Estávamos em uma briga de quem fazia mais cocegas e de quem falava mais "Para!". Assim que consegui virar o meu corpo para cima dele, o dei um selinho demorado, o que o fez parar o que estava fazendo e levar suas mãos em minha cintura.
- Eu sou um jogador, Bugboo, eu sei as suas táticas! - ele me vira de volta para baixo dele e volta a fazer cocegas.
Somos interrompidos por batidas na porta.
- Adrien, seu pai deseja falar com você! - Nathalie diz.
Ele bufa e se senta no canto da cama meio cabisbaixo. Vou até ele e o abraço pelas suas costas. Sua respiração estava ofegante. Ele segurou minha mão em seu peito e nós ficamos assim até ele se levantar e ir ao banheiro.
- Você espera uns minutinhos?! - ele me pergunta - Eu quero tomar um banho antes de falar com o meu pai! Depois nós podemos ir almoçar em algum lugar.
- Claro! - o respondo.
- Pode ficar mexendo! - ele joga seu celular para mim - Tem uns joguinhos bem legais aí!
- O-O q-que?!
- No meu celular! - ele responde.
- Você vai deixar o seu celular comigo?!
- Sim ué! Não tem nada pra esconder! - ele fecha a porta do banheiro depois de me responder.
Depois de algum tempo, ele saí do banho já com uma calça jeans e uma blusa preta. Antes de sair para ir falar com o seu pai, ele dá um beijo na minha testa. "É muita fofura para uma pessoa só!".
- Se você quiser, pode tomar outro banho e escolher qualquer roupa!
- Você é muito liberal, sabia?! - brinco.
- Vou levar isso como um elogio... - ele dá risada e sai do quarto, me deixando sozinha.
Encarei para a tela do celular onde estava jogando um jogo de um pinguim. Pensei seriamente em fuçar um pouco em suas mensagens. No fundo, sabia que iria me arrepender ao ver várias garotas em sua lista de contatos, mas não me contive. Tive uma surpresa quando vi que ele tinha somente sete contatos em suas mensagens. Eram eu, Alya, Nino, seu pai, Nathalie, um garoto chamado Félix e um fotógrafo. Alya tinha respondido as mensagens que eu enviei hoje de madrugada.
- Okay Mari! Lembre-se, use proteção ;) - Alya
Só pude revirar os olhos ao ver o que ela respondeu. "Que o Adrien não leia isso, amém!".
Me levantei e fui até o banheiro tomar um banho. Tinha visto como Adrien ligou os registros. Só esperava acertar de primeira. Assim que terminei, me enrolei na toalha que usei ontem e fui até o seu guarda-roupa procurar algo para vestir. Seria difícil achar algo que não ficasse extremamente grande para mim.
- Marinette?! - escuto a voz de Nathalie na porta atrás à mim.
- Nathalie?! - questiono, segurando ainda mais a toalha que tinha enrolada em meu corpo.
- Adrien me pediu para te deixar algumas roupas femininas... - ela fala meio constrangida - Elas são de Emilie, então podem ficar fora de seu tamanho!
- Tudo bem! Obrigada, Nathalie! - digo um pouco vermelha pela situação.
Ela saí do quarto e me deixa só. Desdobro a peça de roupa. Era um vestido amarelo com pequenas margaridas brancas espalhadas por ele. O coloco no corpo e prendo meu cabelo em uma trança lateral. Os sapatos que Nathalie tinham trazido, eram sapatilhas pretas. Estavam um pouco largas para o meu pé, mas, tirando isso, eram perfeitas. Fui até o espelho me encarar por alguns minutos e conferir se estava tudo certo. Me sentia perfeita. Quando saí de onde estava e voltei para o quarto, Adrien já estava lá, olhando o céu pela sua janela. Ele vira seu olhar para mim. Vi no fundo de seus olhos que algo tinha acontecido. Algo ruim. "Talvez uma discussão...".
- Uau, princesa, você está perfeita!
- Obrigada, gatinho! - dou um abraço nele - Se você quiser conversar sobre qualquer coisa eu to aqui!
Desencosto somente minha cabeça de seu corpo e fixo profundamente em seus olhos. Ele fez o mesmo. Eles estavam brilhantes. Dessa vez eu não estava conseguindo ler seus pensamentos. É como se ele estivesse distante de mim e desse mundo.
- Obrigado, princesa! Eu não sei o que faria sem você! Nem consigo imaginar com eu conseguia viver há um mês atrás...
- Nem eu! - toco no seu nariz de forma divertida e saio de perto dele - Eu to morrendo de fome!
- Então vamos comer! - ele diz, pegando a chave de seu carro e vindo até mim.
Saímos de seu quarto de mãos dadas e fomos até a escadaria. Quando estávamos descendo, a porta do escritório de Gabriel se abre e ele sai de dentro do cômodo. Sr. Agreste estava sério. Nos olhou de cima para baixo.
- Quero que você esteja em casa até as três da tarde. - ele diz rígido.
Adrien, por sua vez, o ignora e me puxa para perto de seu corpo. Ele passa seu braço pela minha cintura e nos guia até a porta. Assim que já estávamos do lado de fora, resolvi abrir a minha boca:
- O que foi aquilo?!
- Meu pai merece um tratamento de silêncio!
- Mas... Por que?
- Quando nós entrarmos no carro, eu te conto!
Entramos em um de seus automóveis. Ele liga o motor e abre o portão da garagem. Só estava esperando ele começar a se explicar. Segundos depois, já estávamos na rua. Adrien ainda estava quieto. "Vou dar um tempo para ele! Adrien vai me contar quando se sentir confortável!".
- O que você quer comer? - ele pergunta secamente.
Eu não o via tão grosseiro assim desde a semana passada quando ele perguntou na minha frente "O que ela está fazendo aqui?!".
- Tanto faz! - cruzo os meus braços meio descontente.
Não era porquê ele estava magoado que eu iria deixá-lo descontar sua raiva em mim.
- Princesa... Me desculpa, tá legal?! Eu só não to me sentindo em um bom humor...
- Eu te entendo, gatinho! Eu não quero ser um fardo para você! Pode me deixar em casa! Eu me viro depois! - tento demonstrar empatia.
- Não, Mari! Eu preciso de você! Faz companhia para mim?! Por favor...
- O que você quiser, meu príncipe!
Ele me olha provocativo pelo canto dos olhos. Adrien coloca uma de suas mãos em minha coxa. Sinto um arrepio subir em meu corpo em reação ao seu toque. Eu não sabia se queria agarra-lo aqui e agora ou se queria deixá-lo desta forma, apertando a minha pele contra a sua mão. Ele subia seus dedos e descia. Tirava sua mão para trocar a marcha, mas voltava para o lugar que estava antes. Enquanto isso, eu ficava tentando controlar as borboletas em meu estômago e os calafrios que sentia.
- Você gosta de frango frito? - ele pergunta
O encaro por alguns segundos. Eu estava tendo vários pensamentos um tanto quanto exóticos, mas fui interrompida pela coisa que eu menos esperava acontecer: "Você gosta de frango frito?". Comecei a dar risada. Não conseguia parar. Adrien tinha uma interrogação estampada em sua cara.
- O que foi?
-N-Nada... - digo tentando recuperar o ar.
- Você me assusta de vez em quando!
Sem que eu pudesse responder a sua pergunta, ele entra no drive-in do KFC e para o carro para esperar na fila. Ele me olha ainda indignado pelas risadas.
- Me fala! - ele implora - Por que você tá rindo?
- E-Eu já disse que não é n-nada!
- Mari... Por favor...
- Tá bom, Adrien! - digo tentando me manter séria - É que você tava com a mão na minha perna e... meus pensamentos... sabe?! Aí você pergunta se eu gosto de frango frito e corta o clima... - hesito.
- Ah... - ele fica vermelho - Se eu soubesse que ia corta o clima, eu não falaria... - ele provoca e vem em minha direção.
- Mas agora você já cortou! - falo, o empurrando de volta ao seu banco enquanto dava risada.
- Você come frango frito? - ele pergunta novamente.
- Sério?! - volto a rir - Como!
A fila de carros anda e chega a nossa vez de fazer os pedidos. Adrien pede um balde tamanho "Big" para nós. Enquanto esperávamos ficar pronto, ele conversava sobre os videogames que jogaríamos quando voltássemos para a sua casa. Particularmente, eu achava que ele me deixaria em casa assim que terminássemos de comer, mas já que queria minha companhia, não ia negar.
Pegamos nossa encomenda e saímos de lá. Voltamos para sua casa e no momento que eu ia abrir a porta para sair do carro, Adrien puxa a minha mão, o que me faz cair de volta para dentro. Ele passa sua mão em meu pescoço e me dá um beijo caloroso. Com um movimento, começou a vir para cima de mim e fechou a minha porta que estava aberta. Eu segurei o seu rosto com as minhas duas mãos, tentando o trazer para mais perto. Ele agarrou minha cintura enquanto eu estava encostada no vidro da janela do carro.
- Dessa vez eu não vou estragar o clima... - ele sussurra.
"Me de forças...". Volto a beija-lo, procurando mais do seu toque. Um calor gigante toma conta do ar aqui dentro. Não sabia se era por conta do ar condicionado estar desligado, se eram nossos corpos que nos aquecia ou se somente eu sentia esse calor.
- Aliás, - Adrien Para o beijo ofegante - Os brincos ficaram perfeitos em você!
- Fica quietinho e me beija, vai! - resmungo.
- Quer que eu coloque uma musiquinha? - ele provoca.
- Faça o que quiser! - digo o puxando para mim novamente.
Ele liga o rádio ainda me beijando. Uma música nada haver com a situação começa a tocar. Ele fica trocando de estações procurando algo, mas por fim desliga a música.
- Acho que nós não estamos dentro de um filme clichê romântico... - ele brinca e eu dou risada.
Voltamos a entrelaçar nossas línguas. Ficamos um bom tempo dentro daquele carro. Se Gabriel percebesse, estaria ferrada e Adrien também. Minutos mais tarde, resolvemos ir ao seu quarto e comer logo a comida que já devia ter esfriado. Ele tranca a porta e pega em sua estante dois controles de videogame.
- Credo, Adrien, NÃO! - falo.
- O que foi?
- Primeiro nós comemos, depois nós jogamos. Quer engordurar todo o controle é?!
- Ah... eu não tinha pensado nisso...
Ele coloca o pacote encima de sua escrivaninha e desembrulha o balde. Depois, sentamos no chão e ficamos conversando enquanto comíamos. Assim que terminamos, lavamos nossas mãos e fomos jogar videogames. Adrien era bom, mas não tão bom quanto eu. Venci ele inúmeras vezes em quatro jogos diferentes, o que só o deixava cada vez mais irritado e competidor. Eu mantinha a calma. Adrien fazia exatamente como o meu pai quando perdia. Estava acostumada a lidar com isso. Deviam ser cerca de seis horas e pouco quando resolvermos parar de jogar e fazer outra. Íamos ler um livro juntos mas me lembrei de meus pais e de que não tinha falado com eles desde ontem. Eles devem estar preocupados.
- Gatinho, acho que está na hora de eu ir embora... - falei passando a mão em seu rosto.
Nós estávamos deitados em sua cama. Um de frente para outro, somente existindo. Sua pele era tão macia. "Ele precisa me passar a skincare que ele faz!" - penso enquanto admirava seus traços.
- Mas já, princesa?! - ele murmura fechando os olhos.
- Já, meu príncipe! - continuei acariciando seu rosto.
- Eu já disse que amo quando você me chama dessa forma?! - ele fala com seus olhos fechados.
- Não... - dou uma risada leve - Mas eu também adoro os apelidos que você dá para mim.
- Que bom, minha princesa, porque eu não pretendo parar! - ele abre seus olhos e dá um beijo em minha testa antes de se levantar e pegar as chaves do carro novamente.
Saímos de sua casa e em alguns minutos já estávamos na frente da padaria de meu pai. Eu sentia um aperto no peito de deixar aquele carro, de não ter a sua companhia essa noite, de ficar sozinha. No fundo, eu não queria largar esse momento, com medo de que ele só me beijou para eu ser mais uma de suas milhares de ficadas, para ele me abandonar, bloquear meu contato, não me ligar mais e me esquecer. Alias, agora que eu tinha terminado as peças para o seu pai, ele não tinha mais o compromisso de vir até a minha casa e de conviver comigo. Ele estava livre para fazer a decisão que quisesse, eu estando nela ou não.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.