Bufei mais uma vez, encarando a tela do notebook e tomei mais um gole do meu café, esperando que com isso todas as lindas palavras acadêmicas brotassem da minha cabeça. Pois é. Tente acordar em um sábado de manhã e fazer um trabalho de Semiótica. No mínimo você vai morrer.
Enquanto eu pensava na diferença entre os signos e os símbolos, vi Ester passar do lado da mesa, indo direto para a cozinha. Fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando me lembrar se era ela ou a Bia que não falava com ninguém até comer e Ester me fez o favor:
— Bom dia — cumprimentou, pegando uma xícara no armário, me fazendo virar pra ela e rir.
— Ah, então é a Bia — falei como se fosse óbvio tudo que eu estava pensando – Bom dia.
— A Bia o quê? — ela perguntou me olhando com uma cara confusa. Okay, né, senhorita Stefany, ninguém é obrigada a ler mentes.
— Que não fala com ninguém antes de tomar café — respondi, voltando pra tela do note.
— É, é ela — Ester falou entre risos.
Escutei o café ser colocado na xícara e ela mexer na sacola de pão que eu tinha deixado ali mais cedo. Ela terminou de passar manteiga e colocou em um prato, vindo até a mesa.
— Fazendo trabalho? — perguntou, se sentando na cadeira da frente.
— Pois é, vai vendo — respondi sem muita coerência, encarando o note tão concentrada e encucada com aquele texto sem nexo que eu tinha escrito — E olha que esse é o segundo parágrafo que escrevo — comentei, tirando um pouco os olhos da tela e olhando pra ela.
— Nossa — ela riu e depois bebeu um pouco do café — Tá quase igual meu trabalho com o Lysandre — disse logo depois e eu ri.
— Foi difícil é? — perguntei, digitando mais algumas linhas no texto e olhei pra ela que fez um gesto de “mais ou menos” com mão enquanto mastigava — Mas também, ele é tão de boinhas, não tem como dar muito problema mesmo — respondi normalmente e voltei pro trabalho.
— Quando foi que vocês se conheceram? — escutei ela me perguntar.
Parei de digitar e olhei pra ela.
— Lembra o dia do barraco com o Castiel? — falei e ela concordou com a cabeça — Então, foi ele quem parou a confusão e prometeu que faria ele abaixar o som.
— Hãã... — a vi abrir a boca em uma expressão engraçada.
— Bem, — olhei rapidinho pro note, mas resolvi conversar direito com ela — Depois disso encontrei com ele no domingo na padaria e a ele me pediu desculpas de novo e tal — abaixei a tela, podendo ver o rosto de Ester melhor — E depois disso, nos vemos no café nos dias que os meninos tocam lá — terminei de falar, pegando minha xícara e bebendo o restante do café que já estava praticamente frio.
— Hummmm, entendi — ela fez e comeu mais um pedaço do pão dela — Vocês conversam bastante né? — soltou essa — Achei que vocês fossem amigos, sabe... — comentou e bebeu o café enquanto me encarava.
Eu dei uma risada.
— Ah... não acho que somos amigos — disse e ela levantou uma sobrancelha.
— Bem, vocês ficaram se chamando por apelidos ontem... — ei, espera aí! — Daí achei que vocês eram.
Será que esse interrogatório todo é o que eu tô pensando?
— Okay, — eu escorei meus cotovelos sobre a mesa e uni as mãos — Entendi onde você quer chegar — abri um sorriso malicioso.
Tá, acho que conviver com o Castiel tá me estragando.
— Onde eu quero chegar? — Ester me perguntou surpresa.
— Não se preocupe, madame, o caminho tá livre, se é isso que quer saber — dei uma gargalhada e pisquei pra ela — Eu não tenho nada com ele não.
Ester me olhou em um susto e começou a mexer as mãos na xícara.
— Não, não é isso que você tá pensando não — disse com a voz um tanto nervosa e suas bochechas estavam vermelhinhas — É-é só curiosidade mesmo.
Que fofa!
— Ham Ham — resmungei, cruzando os braços — Sei — falei divertida, enquanto ela continuava achando a xícara mais bonita e legal que minha cara — Beeem, já que é pra satisfazer sua curiosidade, — disse meio sarcástica, meio zueira — Nos tratamos assim porque eu falei com ele que todo mundo me chama de Stelfs e fiquei insistindo pra ele me chamar assim — comentei, reabrindo o meu notebook.
Acho que ela vai me agradecer por não ficar olhando pra ela assim.
— E aí ele me disse que podia chama-lo de “Lys” se eu achava mais “confortável” — fiz aspas com as mãos, imitando a voz de Lysandre e Ester riu da minha bobeira — Só isso — terminei, fingindo que o meu trabalho maravilho (lê-se: mau feito) de Semiótica era mais interessante que ficar vendo ela corada.
— Ah, entendi — escutei ela falar.
Parabéns, Stefany, agora a menina tá totalmente sem graça! É, conviver com Castiel não tá sendo boa coisa.
...
— Para Caio — eu disse ríspida entre risos, enquanto ele tentava me fazer cosquinhas por trás do balcão e eu segurava o pulso dele.
— Ê vocês dois — Nívea chegou de repente vindo do salão com uma bandeja na mão.
— É ele que não me deixa trabalhar — comentei, apontando pro caixa e ele começou a rir descaradamente.
— Tá bom, eu paro — falou sério, se ajeitando no caixa de forma teatral, me fazendo gargalhar.
— Seu ridículo — soltei e começamos a rir junto com a Nívea que voltava com a bandeja e os pedidos dos fregueses.
Nesse sábado, a noite estava sendo agitada. Rodrigo pediu que mais meninas viessem trabalhar no salão, enquanto eu me esforçaria pra dar conta do balcão sozinha. Vamos ver no que vai dar. O show dos meninos chamou muito a atenção do povo e o café tem enchido bastante. Isso é ótimo, aliás!
— Olha lá quem tá chegando — escutei Caio me dizer e olhei para a porta automaticamente, percebendo Lysandre e Castiel vindo na direção do balcão.
— Boa noite, Stelfs — Lysandre, como sempre, um amor.
— Boa noite, Lys — o cumprimentei, enquanto ele arredava o banquinho e se sentava no balcão — E Castiel — completei por educação, olhando o ruivo que se jogava no banco ao lado do amigo.
Ele cruzou os braços e revirou os olhos, bufando. IIIIII, alguém tá com a macaca!
— Então, vamos lá — falei, pegando uma KS no freezer e a abrindo na frente do Castiel — Sua Coca — comentei com meu clássico sorriso garçonete e tirei um copo do armário — Com gelo e limão — coloquei dentro do copo e recebi o olhar surpreso do ruivo.
Inclinei minha cabeça e abri um sorriso satisfeito.
— E pro Lys... — me virei pra ele — Suco de maçã pra limpar as cordas vocais, certo? — apontei a caneta pra ele e ele se assustou com minha fala — Só um minuto que eu vou preparar — disse com simpatia, dando as costas para os dois e me voltando para a bancada dos fundos.
Já estava lavando minhas mãos para começar o suco do Lysandre, quando um cliente me chamou.
— Pois não? — respondi, me virando de repente e enxugando minhas mãos no pano de prato quando vi que era Marcelo — Ah, não... — soltei de repente, tentando manter uma distância dele.
— Não vai me atender hoje? — ele me provocou, se debruçando no balcão e abrindo um sorriso galanteador.
Suspirei.
— E o que você vai querer? — me aproximei um pouco do balcão segurando meu bloquinho na mão com a caneta.
— Eu quero você — ele soltou, pegando minha mão de repente e me assustando.
Dei um solavanco nele, fazendo até mesmo Lysandre dá uma olhadinha discreta pro lado.
— Olha aqui, Marcelo! — senti os meus nervos borbulharem — Eu não tô te dando mole! — falei em um tom alto, apontando a caneta na cara dele, chamando a atenção de Castiel e Lysandre — Então você quer parar de me encher a paciência? — perguntei, percebendo que Caio tinha saído do caixa e vinha na nossa direção.
— Algum problema aqui? — ele perguntou, me encarando.
— É só esse imbecil — xinguei, batendo a mão com o bloco e a caneta no balcão e cruzando os braços.
Caio olhou para mim e depois para Marcelo e pediu que ele se retirasse. Tentei ignorá-lo, enquanto ele continuava me olhando e soltei um suspiro, quando o vi ao longe.
— Saco... — soltei, ainda com raiva, vendo que o caixa ainda me encarava — O que eu faço com ele, Caio? — perguntei, torcendo a boca.
— Vamos tentar falar com o Rodrigo ou algo assim — ele indicou.
— Não imaginava que você era tão disputada — escutei aquela voz e levantei os olhos, fazendo uma expressão de tédio.
— Nem começa — falei ainda nervosa, olhando pra Castiel e depois pra Lysandre, que me encarava um tanto preocupado.
Soltou sua típica risada.
— Podia ter dado uma chance pro cara — comentou com zombaria, bebendo da Coca-Cola dele com gosto.
— Será que você não entende? — eu me virei pra ele de repente com o tom de voz alto — Ele vem todos os dias. TODOS — enfatizei, mexendo minha mão quase na cara dele e ele me olhou com espanto — Pra me torrar a paciência e me pedir pra ficar com ele — comentei, bufando de novo e sentindo que eu ia chorar a qualquer momento – Isso é um saco Castiel. Será que ele não entendeu que eu NÃO QUERO NADA COM ELE?! — falei pausadamente e ele ficou me encarando um tanto assustado.
— Essa situação é preocupante — Lysandre interviu, percebendo o meu desespero.
— Por isso acho que a gente deve avisar pro Rodrigo — Caio ainda estava parado lá acompanhando o diálogo — Qualquer coisa, ele vai proibir esse cara de voltar aqui — disse sério.
— Um soco na cara dele já resolvia — Castiel me saiu com essa, fazendo cara de indiferente.
— Ah, claro! — comecei a ser sarcástica — Como se um soco meu na cara dele desse algum resultado — respondi, revirando os olhos e fazendo um bico.
Ele soltou uma risada alta e um novo gole da coca foi tomado.
— Se bem que com essa sua altura, ia ser colocada no saco rapidinho — comentou debochado, me olhando de cima a baixo e eu balancei a cabeça — Mas se quiser dá um sacode no sujeito — disse parecendo sério apesar de ainda exibir um sorriso no rosto — Pode me chamar — completou, saindo da bancada e batendo no ombro de Lysandre que se levantou também, me deixando ali com a maior cara de tacho.
Pera, ele tava me oferecendo ajuda? É isso mesmo, produção?
...
Bem, depois da confusão de hoje à noite, o Rodrigo foi avisado pelo Caio do acontecido e eu reclamei também junto com a Nívea que foi me dar apoio moral. Quase chamamos o Lysandre pra dá depoimento dessa noite, mas não precisou. O Rodrigo me liberou de não o atender mais e me permitiu ser um pouco mais “rigorosa” com ele daqui pra frente. Pronto. Espero que com isso, eu esteja salvo desse maluco.
— Até mais, gente — me despedi da Nívea, Caio e Armin depois de trancar a loja e fui para o outro lado da rua em direção ao meu ponto de ônibus.
Arrumei a alça da minha bolsa direitinho no ombro e comecei a andar mais rápido, enquanto olhava para os lados pra ver se não tinha ninguém suspeito na rua. Foi nessa hora que senti alguém puxando meu braço com força, me virando em uma rodada.
— Então é assim, né? — agora imagine meu espanto quando me deparei com o Marcelo me encarando com todo o ódio do mundo.
— Me solta, seu... seu... — eu tentei me soltar dele e até de esbofeteá-lo como Castiel havia me sugerido, mas ele prendeu meus dois pulsos com violência — SOCORRROOOO! — comecei gritar em meio ao desespero daquele momento, me debatendo com fúria e ele me sacudiu várias vezes — ME SOLTA, MARCELO! — eu gritei ainda mais e ele me puxou pra ele, tampando minha boca com a mão enquanto me trancava entre os braços dele.
Ai, que nojo... Me debati com toda a força que eu podia, mas ainda assim não consegui me soltar dele. Marcelo aproximou seu rosto do meu, me fazendo soltar um muxoxo baixo.
— Agora você vai ficar comigo... — sussurrou, me olhando nos olhos e eu os arregalei, murmurando ainda mais e me remexendo com mais força e rapidez.
— Ei seu imbecil! — uma voz ecoou atrás de Marcelo e ele virou o rosto de repente, me fazendo ver quem era.
Castiel?!
Antes mesmo que alguém pudesse ter alguma reação, vi o Marcelo ser arrastado pela gola do casaco e quase jogado contra a parede de um estabelecimento ali perto. Lysandre se adiantou na minha direção, colocando as mãos no meu ombro, enquanto eu encarava a cena meio... perplexa?
— Está tudo bem? — escutei ele me perguntar e assenti com a cabeça.
Na mesma hora, Castiel prensou Marcelo na parede, escorando o tórax dele com o braço. Senti a raiva percorrer o olhar do guitarrista e ele juntou Marcelo pela camisa, tirando ele da parede e voltando na mesma velocidade.
— Castiel! — eu gritei, tentando ir até eles, mas Lysandre me deteve, me empurrando delicadamente para trás e foi ele mesmo até os dois.
— Será que não deu pra entender que ela não quer nada com você? — perguntou de maneira intimidadora e se preparava para bater na cara dele, quando Lysandre o deteve, segurando seu pulso.
— Vamos para casa, Castiel — ele disse com seu tom habitual e suave, olhando tão incisivamente pro outro que ele largou a camisa de Marcelo com uma bufada.
Lysandre soltou seu pulso e lançou um olhar sério para Marcelo, que olhava para os dois com uma expressão cheia de medo.
Marcelo me olhou em um susto e saiu dali correndo de tão espantado que tava. Abaixei minha cabeça, fechando os olhos e praticamente respirando direito porque depois de toda essa tensão, quase não respirei, né? Castiel passou por mim com raiva.
— Vamos embora — me disse e eu olhei pra Lysandre, arqueando as sobrancelhas — A não ser que você queria ficar aí e ser assediada de novo — completou, enquanto caminhava mais à frente.
Comecei a dar passos assustados na direção dele, sendo acompanhada por Lysandre. Andamos algum tempo em um silêncio mortífero, até que me manifestei:
— Hã, obrigada, Castiel — disse com um pouco de vergonha, virando meu rosto pro lado e encarando o chão.
— Eu te disse que podia me chamar pra bater nesse idiota — respondeu com seu tom normal.
Andamos mais um pouco e senti Castiel parar. Ele estava próximo da única moto que estava ali, despertando minha atenção. Olhei pra aquela máquina maravilhosa e COM CERTEZA abri a boca em espanto, porque Castiel me encarou, abrindo o riso sarcástico dele.
— É falta de educação andar com a boca aberta — me sugeriu, vaidoso, jogando um dos capacetes pra Lysandre.
— É uma Harley Davidson... — falei meio sonhadora, meio bobada e ele me olhou com surpresa — Meu Deus...
Castiel gargalhou.
— Então, a princesinha aqui saca de motos? — me perguntou, começando a encaixar o capacete na cabeça.
— Ah, não muito — respondi, ainda admirada com aquela maravilha na minha frente — Só... aprecio — falei com um sorriso, quando senti Lysandre me empurrando o capacete que era dele — Ei! — falei de repente, me dando conta do que tava acontecendo — Você vai levar nós três nessa moto? — perguntei, olhando pro Castiel com cara de “Não é possível”.
— Ah não ser que você não queira andar nela, claro — disse, me desafiando e me fazendo soltar um muxoxo.
É a primeira vez que eu vejo uma Harley assim ao vivo e a cores. Além disso, o último ônibus para casa havia acabado de passar, então... Não dá pra desperdiçar, né? Enfiei o capacete na cabeça logo e Castiel riu com gosto da minha atitude.
—Tá tudo bem pra você, Lys? — me virei pra ele, pensando que o pobre coitado vai ser esmagado na viagem e ainda sem capacete.
— Está sim, não se preocupe — ele me respondeu com um sorriso.
— Ei, Lysandre — Castiel o chamou e um capacete passou voando quase na minha cara, sendo pego por ele, que respondeu com um olhar intrigado — Chega de perdas de memórias, okay? — advertiu (?) o amigo e ele respirou se dando por vencido e botando o capacete.
— Creio ser mais coerente que a Stelfs vá entre nós — escutei Lys falar enquanto abotoava o negócio na cabeça — Está de acordo, Castiel?
— Ah, vocês se virem aí — o ruivo respondeu — Eu preciso ir na frente — respondeu, subindo na moto.
— O que acha? — Lysandre me perguntou.
— Por mim, tudo bem – falei dando de ombros — Já tô nessa chuva mesmo — respondi, subindo na moto logo atrás de Castiel e senti Lysandre se sentar logo depois.
E seja o que Deus quiser!
Fiz um em nome do Pai, pedindo a Deus perdão por todos os meus pecados já cometidos nessa vida (inclusive esse), quando ouvi o barulho do motor. Castiel subiu o escoro da moto e torceu o acelerador, fazendo ela “cantar” pela rua e saiu, me fazendo tombar pra trás e agarrar as costelas dele em um impulso. Eita, pleura... esse negócio não vai dar certo.
Ele me olhou com um riso.
Revirei os olhos e ele riu ainda mais, voltando a prestar atenção na estrada. Percebi que Lys estava um pouco mais afastado de mim, prendendo as mãos sob os bancos pra se segurar. Ele tentava evitar todo e qualquer contato físico entre a gente. Não é um amor? Em contrapartida, eu tentei me equilibrar sozinha entre ele e o Castiel, mas não consegui e tive que me segurar na jaqueta do ruivo, que se divertia pilotando a moto. Até que de repente...
Uma escuridão tomou conta da estrada.
— Mas que diabos é isso? — escutei Castiel gritar, tentando olhar o farol da moto que havia se apagado de repente.
— Olha pra estrada, Castiel! — briguei com ele ao ver que ele nem tava prestando atenção.
— Calma, garota — ele respondeu meio debochado, me olhando rápido — Deixa de ser desesperada — comentou e deu uns tapas no farol, fazendo ele acender de novo — Pronto, agora foi — disse pra si mesmo.
— Cuidado! — eu gritei de repente ao ver um cachorro que atravessava a rua naquela mesma hora e Castiel olhou depressa pra frente, jogando a moto na direção contrária do cão.
Escutei um palavrão ser solto por ele e em questão de segundos, a moto virou com tanta velocidade, que lançou eu e Lysandre longe. Saí derrapando na estrada, machucando um dos braços e pernas. Lysandre rolou alguns centímetros, caindo no jardim de alguém. Outro barulho foi escutado por mim e tentei me mover, sentindo meu corpo doer, principalmente os arranhões que eu tive.
— Ai, caramba... — soltei, me escorando num poste ali perto pra me levantar e vi Lysandre se levantar também com dificuldade, desabotoando o capacete e respirando aliviado — Lys, você tá bem? — gritei, agradecendo por ainda poder andar.
Ele me olhou e concordou com a cabeça, vindo em minha direção. Eu vi que ele segurava um lado das costelas.
— Ah, meu Deus, cadê o Castiel? — perguntei olhando pro lados e vendo a moto alguns metros longe de nós.
Corri (q?), bem, da maneira que eu podia, até lá e Lysandre me alcançou, me ajudando. Nos aproximamos da moto, vendo Castiel caído alguns centímetros mais à frente. Fomos até ele, que se remexeu, soltando um urro de dor.
— Inferno... — xingou, se esforçando pra virar de barriga pra cima.
Mas no momento em que tentou pegar impulso com o braço, soltou um grito agudo, assustando eu e Lysandre, que nos olhamos ao mesmo tempo.
— Chama uma ambulância — eu sugeri e o outro concordou com a cabeça.
Vi Lysandre pegar seu celular dentro do bolso e discar, enquanto Castiel sentava no asfalto se apoiando com um dos braços. Me abaixei ao lado dele, observando aquele braço jogado.
— Como tá as coisas aí? — perguntei.
— Sei lá — respondeu meio ríspido, fechando e abrindo os olhos com tanta força que eu o olhei com piedade.
— Espera aí — comentei e sai arrastando minha perna até onde minha bolsa tinha sido lançada.
A abri, tirando de lá minha blusa de frio. Quando voltei, vi que Lysandre já tinha terminado a ligação e estava perto do Castiel.
— Estarão aqui em breve — o ouvi dizer e assenti com a cabeça.
— Pronto — disse, me abaixando de novo ao lado dele e lhe mostrando minha blusa.
— Quê? — ele me olhou nervoso — Eu não tô com frio.
— Não é isso, idiota — respondi, dando um nó nas mangas do casaco e passei no pescoço dele — Tenta colocar o braço aí dentro — falei e tanto ele quanto Lysandre me olharam — Vai ajudar até o socorro chegar — comentei, me sentando ao lado dele na beirada do asfalto.
Lys fez a mesma coisa. Claro, escorando a parte da costela que, segundo ele, bateu em algum lugar na queda. Castiel tentou colocar o braço na tipoia improvisada e conseguiu depois de algumas tentativas e gritos de dor.
A ambulância chegou logo depois e fomos pro Pronto – Socorro. Como o caso do Castiel parecia mais complicado, ele entrou direto, enquanto eu e Lysandre ficamos na recepção esperando para sermos atendidos. Eu não quis me sentar. Estava tão preocupada com o braço do Castiel que nem conseguia pensar em mais nada. Lysandre estava taciturno e silencioso. Até que olhei no relógio da recepção e me dei conta de uma coisa: já era quase uma da manhã! As meninas devem estar preocupadas comigo...
Tirei o celular da bolsa, vendo que ele não tinha arranhado. Glória a Deus! E tentei ligar pra Bia. Chamou, chamou, mas ninguém atendeu. Suspirei, chamando a atenção de Lysandre.
— Ai, a Bia não me atende — falei com ele com cara de preocupação — Deixa eu tentar a Ester — disse logo em seguida, discando pra ela e esperando a ligação ser atendida.
Depois alguns segundos, escutei uma voz meio sonolenta do outro lado da linha.
— Alô?
— Ester, é a Stefany — falei desesperada.
— Ah, oi Stelfs — ela me respondeu ainda lerda pelo sono — Que foi?
— Ester — eu mordi os lábios de apreensão — Eu sofri um acidente.
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