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História Legacy Of The Devil, Interativa - 04. Mercenários - História escrita por Ariel_Martin_ - Spirit Fanfics e Histórias
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História Legacy Of The Devil, Interativa - 04. Mercenários


Escrita por: Ariel_Martin_

Notas do Autor


((☽.˚‧₊❝)) — Olá, destacamos de antemão que esse capítulo é focado totalmente para os testes do time Murder Inc, se a ficha do seu personagem não está como sugestão o time citado anteriormente, não cobre a aparição dele.
((☽.˚‧₊❝)) — Os capítulos serão lançados mensalmente a partir de hoje.
((☽.˚‧₊❝)) — O banner será adicionado depois. Agradecemos à @SkyWriter e @Space_Off pela betagem.
((☽.˚‧₊❝)) — Boa leitura.

Capítulo 5 - 04. Mercenários


Malditos abutres. — Júpiter resmungava, apressando seus passos para chegar logo na escola.

Ela havia pedido permissão à diretora Morgana para sair por algumas horas naquele sábado, em prol de comprar algo para levantar o ânimo de Electra, já que ela faria o teste para entrar em um grupo que nunca teve como membro uma mulher.

Pensou que deveria ser algo estressante demais, então saiu com a amiga para fazer compras, mas Thalyta parecia totalmente calma em relação ao teste — o que deixou Júpiter intrigada, afinal, Electra era um verdadeiro poço de estresse mas naquele dia em particular ela parecia totalmente relaxada.

— Eles ficam rondando toda a escola atrás de um furo grande para alegrar suas vidinhas patéticas. — Novamente ela soltou um comentário maldoso em relação aos jornalistas que aglomeravam-se na entrada da Legacy Of The Devil, fazendo perguntas sobre o incêndio de dois anos atrás, sobre os alunos mortos e suas famílias.

Toda aquela situação era estressante para todos, principalmente para aqueles cujos nervos estavam à flor da pele após a expulsão misteriosa de uma aluna do terceiro ano.

— Seria bom que chovesse bem agora, como na semana passada. Eles iriam sair daqui rápido. — Electra soltou uma risada ao finalizar a sua frase, sendo acompanhada por Júpiter.

— Óculos, querida. — Avisou a Morningstar, balançando as sacolas de compras quando pegou o seu óculos e o pôs logo após jogar o cabelo para trás, sendo acompanhada por Electra.

— O que vocês tem a dizer sobre o incêndio de dois anos atrás? — Um dos jornalistas aproximou-se com um gravador, sendo acompanhado pelos outros.

Mesmo que Electra e Júpiter quisessem usar seus poderes para assustar, ou no mínimo afastar todos os abutres ao seu redor, elas apenas se mantiveram de cabeça erguida, dizendo vez ou outra entre as inúmeras perguntas:

— Sem comentários.

E isso irritava muito os jornalistas que esperavam todas as manhãs de sábado na frente dos portões da Legacy, como se fosse um lembrete de que o acidente aconteceu exatamente em um sábado como aquele. Isso perturbava os alunos, mas também os deixavam com uma sensação de segurança pois nenhum dos jornalistas e fotógrafos que tiraram diversas fotos das amigas, com direito a Júpiter parando somente para posar em cada “click” que as câmeras faziam.

— Senhorita Morningstar! É verdade que você é filha do diabo?

— Claro.

— Garota! — Uma das jornalistas chamou, puxando o pulso de Electra. — Qual é a sua ligação com o incêndio?

— A única ligação que eu vou ter… — Electra encarou o seu braço e o rosto da mulher em sua frente, totalmente irritada com a invasão de espaço. — vai ser do meu punho e o seu rosto se não soltar meu braço agora, caralho.

Júpiter soltou uma risada, puxando a garota totalmente aliviada quando as pessoas que cuidavam da segurança da escola reconheceram as garotas em meio à multidão de jornalistas e as ajudaram a entrar — não sem antes, para ter confirmação, pedir suas credenciais de estudantes, que segundo Júpiter era algo fodidamente estúpido.

Jane comentava em risadas que não desejava ter seu rosto nos jornais de Basin City caso sua companhia socasse o rosto daquela jornalista.

— Ao menos eles teriam alguma matéria. — Foi o último comentário de Electra sobre o acontecimento recente.

Elas foram em direção aos seus respectivos quartos, Júpiter agradecia por elas serem do terceiro ano escolar e por isso seus dormitórios encontravam-se no mesmo andar, facilitando que elas se encontrassem.

Quando o relógio marcou meio-dia os estudantes que se inscreveram para os testes no Murder Inc, incluindo Electra, vestiram-se com o traje entregue pelos monitores do time — Galen e Raphel —, e seguiram rumo à sala indicada. O único som na escola deveria ser o dos passos dos alunos apressados para não se atrasar, e dos clubes que faziam suas atividades naquela tarde.

Ao contrário do que muitos esperavam não saíram luzes e uma música inspiradora quando eles chegaram ao local: parecia somente mais uma das salas de treino, com prateleiras de armas, uma iluminação estranhamente assustadora dando foco apenas nos professores em pé encarando todos os alunos com desdém e pena.

Theodore reconhecia alguns dos rostos daquela sala: havia a professora Lady Shiva, o Mercenário, até mesmo alguns dos membros da Liga dos Assassinos, porém seu corpo tremeu quando ele cruzou olhares com seu avô.

Ra’s estava o encarando com desdém, como se esperasse que ele fracassasse totalmente no teste, dando mais vergonha para a família.

Théo havia chegado confiante naquela sala, foi criado entre assassinos, mas foi somente ver o semblante de reprovação de Ra’s Al Ghul que qualquer sentimento de coragem se esvaiu dentro dele e seu estômago embrulhou.

— Tudo certo com você? — Perguntou Raphael, atrás dele ao tocar o seu ombro. Théo lembrava de tê-lo visto com Maxine, então sabia que ele era confiável para falar sobre o que o incomodava.

Balançou a cabeça positivamente em resposta.

— É só que… — Começou, tentando achar a forma certa de contar sobre seu parentesco com Ra’s, porque ele não queria que achassem que ganhou um lugar no Murder Inc só por ser filho do líder da liga dos assassinos. — Tendo seu avô te olhando, fica difícil relaxar.

Raphael concordou com a cabeça, sabia da ligação entre Ra’s e Théo, e também sabia como era importante para o garoto se mostrar suficiente para o avô dele, segundo o que escutou de Maxine.

O Allerdyce sorriu de forma encorajadora, Théo sabia que deveria estar achando o momento de apoio fofo, mas só conseguia pensar em como aquele homem ficava mais sexy sorrindo.

— Fique tranquilo, ficou em terceiro nos treinos desta semana, vai passar pelo teste num piscar de olhos.

— Obrigado, Raphael.

Antes de se virar para acompanhar os professores e convidados da escola, Raphael virou-se, fechando o punho e colocando o polegar para cima em um gesto de encorajamento:

— E ah, boa sorte.

— Valeu.

Embora não fosse essa a palavra que Theodore queria dizer, ele sorriu, pensando que se Raphael soubesse que aquele simples gesto na Itália, por exemplo, significava “sente-se no meu falo”, não o usaria novamente ou Théo iria aceitar o convite de bom grado.

As portas da sala se fecharam quando o último dos alunos, Patrick Poindexter, entrou encarando todos e sorrindo. Como alguém poderia estar animado e trocando sorrisos com seus adversários, era algo que Théo gostaria de saber.

— Agora que todos estão aqui podemos começar. — Lady Shiva se pronunciou na sala, ordenando que os alunos ficassem um ao lado do outro.

Após o discurso dela sobre todos os riscos que era fazer aquele teste e talvez entrar no Murder Inc, teve dois alunos que desistiram dos testes e saíram da sala.

O discurso do Mercenário foi inspirador, de certa forma, e ele também explicou todas as restrições e regras como “não pedir ajuda a nenhuma outra pessoa, o teste seria individual”, “o Murder Inc aceitará apenas cinco finalistas”, “o conselho decidirá se seu desempenho foi bom no final”, e por último, “o time é restrito para garotos”, essa última regra foi um aviso para Electra e Vênus, as duas únicas garotas que ousaram querer fazer os testes.

Felizmente, ninguém desistiu nessa hora.

Porém, foi somente quando Ra’s Al Ghul tomou a palavra e começou a explicar sobre a missão que doze alunos saíram de uma vez só. Ra’s indicou que para cada aluno que fez a inscrição um alvo foi separado, que iria testar as suas habilidades e capacidade de ser um verdadeiro mercenário. Mas a verdadeira missão não seria somente encontrá-lo, e sim o executar, fotografar o cadáver e voltar para a escola sem deixar pistas ou rastros de seu crime, até a meia-noite daquele mesmo dia.

Vênus sorriu, presunçosa. Estava certa de que aquela missão seria totalmente fácil, já havia matado mais pessoas e tinha uma certa fama fora da escola, poderia muito bem acabar com aquilo tão rápido quanto um estalar de dedos é executado.

Os assassinos de Ra’s aproximaram-se com o envelope, entregando-os aos dez alunos restantes. Um deles, em especial, sussurrou um “estamos torcendo por você” para Theodore, fazendo o garoto recordar-se bem daquele rosto, era um dos assassinos que ele conheceu quando era mais jovem. O Al Ghul sorriu por isso, estava confiante novamente ao saber que seus conhecidos tinham fé nele.

Além disso, seu olhar também cruzou com as orbes verdes de Maxine, que sorria discretamente para ele ao lado dos professores. Ela deveria ser a única pessoa que torceu por ele desde o início, e ele era grato por toda essa torcida.

— Boa sorte, Théo. — Patrick sorriu, colocando uma mão no ombro do rapaz e o fazendo sair de seus devaneios. — Eu sei que vai conseguir, mas é sempre bom dar algum apoio.

— Obrigado. Boa sorte para você também. — Théo respondeu, totalmente animado esboçando um sorriso.

— Deveria sorrir mais, é melhor que a sua cara séria. — Patrick piscou para o rapaz, saindo de perto dele em seguida para ver o seu alvo longe dos outros, afinal, nas regras não constava que era proibido sabotagem, e Patrick estava determinado a entrar no Murder Inc jogando limpo, esperando isso dos outros.

Théo abriu o seu envelope ali mesmo, arregalando seus olhos quando leu as informações do seu alvo e percebeu que iria matar o atual prefeito de Basin City. Seria complicado, levando em conta que ele andava mais protegido que Deus, mas Théo já havia pensado em um plano de imediato.

Guardou as informações do seu alvo, sorrindo. Atravessou as portas da sala com o seu ânimo transparecendo, ele lembrava-se de uma notícia no jornal que relatava o fim de semana de “férias” que o prefeito havia se dado.

Sendo assim, Théo supôs que ele deveria estar em sua casa, não aquela luxuosa cheia de seguranças e papéis, mas a sua casa antes de tomar posse da cidade. E não foi difícil de encontrar o endereço já que existia algo milagroso chamado jornalistas invasivos, e internet, claro.

Depois de pesquisar o endereço em uma matéria do jornal local, Théo trocou a sua roupa em seu dormitório, guardando o traje do teste em sua mochila e saindo da escola.

Foi parado por alguns jornalistas cansados que persistiram em ficar lá, mas ele conseguiu sair do meio da multidão rapidamente e prosseguiu o seu caminho pelas ruas pacatas de Basin City. Odiava não ter permissão para pedir ajuda de outras pessoas, ou ele teria pedido para Brandon levá-lo até o local, com sua motocicleta mesmo sabendo que o garoto provavelmente berraria algo do tipo “eu tenho cara de motorista particular?”.

Enquanto desviava seu olhar dos becos ocupados por alcoólatras e fumantes, ele só conseguia pensar em como aquela tarefa seria fácil já que sua atividade extracurricular era jornalismo, e isso despertou uma curiosidade tremenda no garoto, tal curiosidade o fez pesquisar a fundo sobre o prefeito da cidade, descobrindo que ele era corrupto e desviou boa parte do dinheiro do povo para si próprio e para projetos particulares, o que não era surpresa, afinal, que tipo de prefeito não era assim? De qualquer forma, ele agradecia ter lido sobre isso, assim saberia que não estava prestes a matar um bom homem.

Não demorou muito para ele chegar em seu destino, entretanto, tinha mais uma parada para fazer antes de visitar a casa do prefeito. Ele foi em direção a um beco, trocar a sua roupa casual pelo traje de missão. Théo não gostava da idéia de não usar o seu uniforme, e sim aquele padrão que lhe foi entregue.

Estava surpreso por não encontrar nenhuma pessoa com cigarro ou drogas naquele beco, já que era uma vista totalmente normal na cidade. Isso o ajudaria, assim ninguém veria Théo se trocando e colocando a roupa de quem, em breve, matará o prefeito.

“Ao menos é preto”, pensou, antes de se olhar de cima a baixo quando saiu do beco já vestido para matar, literalmente.

Ele olhou a frente da casa vitoriana com desdém, suspirando quando notou alguns seguranças na entrada do local. Theodore não esperava tê-los ali. Olhou mais em cima e notou um modo de entrar: a janela na lateral da casa estava aberta, ele só teria que encontrar uma forma de distrair os seguranças da frente.

Seu olhar caiu sobre um dos jovens que passava pela rua, exalando o cheiro da bebida que havia ingerido. Ele poderia ser a sua distração.

Théo aproximou-se do rapaz discretamente, oferecendo-lhe dinheiro para distrair os seguranças de qualquer forma. Ao contrário do que ele imaginou, o garoto não questionou o porquê de um estranho estar querendo distrair os seguranças do prefeito, a sua única pergunta foi:

— Por que ‘cê ‘tá vestido de ninja, maluco?

E então ele andou despreocupadamente até o gramado da casa, escutando os seguranças mandá-lo se afastar, mas como esperado, o garoto continuou a andar pela grama, parando em frente às flores do jardim e abaixando as suas vestes. O grito dos seguranças foi alto quando ele começou a urinar no local, os fazendo se afastar da porta assim como Theodore queria, e ir deter o rapaz despido que corria sem parar pelo gramado.

Se houvesse mais tempo, Théo teria gravado a cena, mas precisava se apressar. Correu para a lateral da casa, conseguindo subir sem muito esforço na varanda do lugar. Por sorte, não havia ninguém lá dentro, parecia ser somente uma sala cheia de livros que precisava de algum ar.

Andou com cautela para não fazer nenhum barulho, parando e voltando para a sala quando avistou a sombra de um segurança no final do corredor.

Théo ficou atrás da porta, esperando que o segurança apenas seguisse para outra sala qualquer. Mas ele teve o azar de entrar onde Theodore se encontrava, olhar o garoto e ser nocauteado antes que pudesse anunciar o intruso no lugar.

Théo acomodou o corpo desacordado do homem de modo que ele não fosse visto até a hora certa. Sussurrou um “desculpa” e seguiu pela casa, atrás do prefeito, escutando atrás das portas antes de entrar com cuidado nas salas vazias, até chegar em uma, em especial, que havia o som de resmungos de alguém falando sobre uma reforma. Supôs que fosse o prefeito.

Abriu a porta com cuidado, e ao entrar foi surpreendido com o prefeito Adams já apontando uma arma em seu rosto. Théo fechou a porta atrás de si, colocando os braços para cima.

— Se veio roubar alguma coisa… — O prefeito Adams começou, e Théo o interrompeu segurando o seu pulso para cima com a mão direita, e com a esquerda nocauteando o rosto do prefeito que cambaleou para trás, soltando a arma.

Théo retirou as balas que havia dentro dela e jogou ao lado, se aproximando do homem. Nunca foi de fazer cerimônia para matar alguém, mas por um momento hesitou ao notar o estado do prefeito: o cheiro de bebida era notável, suas vestes se encontravam sujas de ketchup e outra coisa que Théo não soube identificar, a sua barba também se encontrava com migalhas de comida. Era um verdadeiro desastre, prefeitos não deveriam ser apresentáveis e formais?

Em meio aos seus pensamentos notou também que ele não havia gritado até o momento, essa não era uma ação prudente tendo em vista que um garoto invadiu a sua casa e te desarmou em um piscar de olhos.

Théo retirou a sua tantõ das costas, se preparando para dar o golpe final quando o prefeito Adams finalmente decidiu revidar, chutando a perna de Theodore e o fazendo cair no chão. Ele correu em direção à porta mas Théo o impediu ao jogar duas shurikens na saída, assustando-o e o fazendo recuar.

Foi em sua direção e pôs a adaga que havia trazido consigo no pescoço do homem apavorado.

Ainda precisava saber de algo, então não o matou de imediato.

— Por que não gritou?

Houve alguns minutos de silêncio antes de Théo apertar a adaga em seu pescoço, e o prefeito soltar um grunhido de dor, sentindo o sangue quente correr por seu peito.

— Eu já esperava por isso. — Respondeu. — Não sou um homem cheio de amizades, e sim de inimigos. A morte é algo inevitável, e você com certeza deve ter algum motivo bom para se arriscar a estar aqui. 

Theodore não respondeu nada, parando para pensar, ele não tinha motivo algum para matar o prefeito, e Adams parecia desejar aquilo mais que ele depois do seu discurso de auto-piedade.

— Eu fiz coisas horríveis, acho que mereço. Então se for para... — Sua frase não foi finalizada devido a Théo o ter virado para si e, olhando diretamente em seus olhos, inseriu a adaga no peito, no exato lugar onde seu coração se encontrava.

— Tem razão, você merece isso. — Foi o que disse por fim, enquanto limpava a sua arma e olhava o homem sangrar no chão perto da porta. Verificou se não havia deixado alguma prova de quem matou o prefeito Adams, suas digitais não haviam ficado em nenhum lugar graças às luvas, a arma estava consigo e não havia qualquer resquício de gravadores, apenas uma câmera que foi quebrada assim que Théo entrou na sala e jogou uma shurinkei nela.

Pegou seu celular no bolso, fotografou o cadáver do Prefeito Adams, suspirando. Esperava algo mais desafiador que aquilo, isso deveria ser chamado de teste? Saiu pela janela, assim como entrou, trocou-se em um beco e voltou para a escola.

Andou confiante pelos corredores, parando em frente à sala do teste e entrando. Seu espanto não foi escondido quando ele viu Electra sentada em uma das mesas. Como ela havia chegado primeiro que ele?!

— Você acabou há quanto tempo? — Questionou, olhando seu celular novamente e vendo que eram exatas cinco e trinta e sete da tarde.

— Há, faz uma hora e meia, não foi muito difícil. — Ela soltou uma risada, pegando o seu celular e mostrando a foto de uma mulher decapitada. — Foi muito fácil, na verdade. — Acrescentou, guardando o objeto em seu bolso novamente. — A vadia era pirocinética, havia queimado uma base nossa há algum tempo, ao menos é isso que diz nas informações. Ela tentou me incinerar, e graças a Zeus este traje é a prova de fogo, e balas. Não me feri, mas me irritei. A desgraçada era boa mesmo em combate corpo-a-corpo, tinha técnicas diferentes, mas consegui usar meu mimetismo muscular para atingir ela e usar a espada da guerra que ganhei para cortar sua cabeça.

Théo ficou estático, por alguns instantes, Electra era uma adversária e uma aliada em potencial que ele não havia notado. Pensava que o seu jeito explosivo e irritado iria fazê-la fracassar, mas aparentemente, a sua determinação era maior que a ira e ela estava focada em entrar naquele grupo.

— E quando à sujeira?

— Matei, limpei, fotografei e vazei de lá.

Théo conversou com Electra sobre a sua missão, eles começaram a rir já que após duas horas ninguém havia chegado além deles, ambos seriam cogitados com certeza para serem líderes do grupo pela facilidade no teste.

A torcida de ambos também estavam lá, mas não poderiam conversar e dar os parabéns a eles ainda. Júpiter queria dizer o quanto estava orgulhosa de Electra e que ela pisou nos machos escrotos daquele lugar, e Maxine, por sua vez, queria abraçar Théo e lhe dizer o quanto estava feliz por ele ter conseguido completar o teste. Mas eles ainda seriam avaliados pelo conselho, e não poderiam comemorar ainda.

A tarefa que para Theodore e Electra foi totalmente fácil, estava se complicando com Kai. Cujo alvo era em outra localidade — não muito longe — porém mais protegido que todos os outros. Devido a esses detalhes, Raphael o acompanhou como monitor somente para ajudá-lo em último caso pois ninguém queria a fúria dos familiares do alvo em cima dos vilões caso o culpado do assassinato fosse descoberto.

Eles precisaram pegar um transporte público para chegar no local onde o alvo de Kai estava localizado. Chegaram por volta das cinco horas da tarde, ficando em frente à residência que o dito-cujo iria estar naquela noite. Esperaram por mais duas horas, conversando e comendo batatas fritas que haviam comprado devido à demora.

Kai compartilhava de gostos parecidos do de Raphael, inclusive o desgosto por comidas amargas que eles descobriram compartilhar quando compraram acidentalmente um chocolate amargo naquela tarde e fizeram careta ao dar a primeira mordida.

De fato eles tinham muito em comum, até mesmo o modelo de suas motos eram idênticos com variação apenas de cor. Em meio a toda a conversa deles, Kai também demonstrou ter um interesse por cachorros quando observou um shih-tzu passear sozinho perto dele, fazendo Morgan se abaixar e acariciar o animal, afinal, quem diabos não fazia carinho em um cachorro quando o via? Era lei que cachorros deveriam ganhar carinho sempre.

— Encontrou sua namorada nova, Silver? — Perguntou Raphael em um tom sarcástico, recebendo um olhar de desaprovação de Kai que o fez rir.

— Só não vou socar a sua cara porque estamos diante de um bebê. — Apontou para o cachorro, rindo.

Em pouco tempo uma garota loira se aproximou dos dois, estava ofegante e parecia ter corrido bastante. Enquanto Raphael pensava se ela deveria estar em apuros ou algo do gênero para ter se aproximado justamente deles, Kai só conseguia olhar o decote na roupa da garota, que dava vista a seus seios fartos.

— Precisa de algo? — Kai levantou-se com um enorme sorriso malicioso esboçado em sua face, colocando o cachorro em seus braços enquanto o acariciava novamente. Havia aprendido da melhor forma possível que as mulheres gostavam dele em dobro quando Kai tinha algum animal em suas mãos.

A garota respirou fundo, apoiando-se nos joelhos enquanto recuperava o ar para falar.

— Tipo o meu número? — Morgan acrescentou alguns minutos depois.

— Meu cachorro. — Ela respondeu, depois de revirar os seus olhos, totalmente incrédula por ter escutado isso em pleno fim de semana.

— Perdão? — Kai não entendeu muito a resposta dela, pensou que talvez fosse algum fetiche envolvendo coleiras que ela queria que ele realizasse, mas a garota irritou-se mais, tomando o shih-tzu de suas mãos e jogando o cabelo para trás.

— Eu queria meu cachorro. — Repetiu, pausadamente como se Kai fosse alguma criança que não entendesse bem as palavras dela. — E o número do seu amigo. — Acrescentou, fazendo o chão de Morgan cair. Como ela poderia rejeitá-lo assim?

Raphael estava a beira de um ataque de risos quando a garota estendeu o seu celular, pedindo para que Raph adicionasse o seu número no aparelho dela.

— Por que ele? — Kai perguntou no final, colocando a mão no peito como se estivesse magoado.

— Ele não olhou para os meus peitos desde que eu cheguei, escroto. — Ela pegou o seu celular, sorrindo para Raphael e andando com o seu cachorro sussurrando algo que pareceu um sermão para o animal doméstico.

Raphael não conseguiu controlar as suas risadas ao olhar para a cara incrédula de Kai.

— Eu não acredito no que aconteceu aqui.

— Claro, porque nenhuma garota no mundo rejeitaria você, né? — E novamente, Raphael gargalhou, apoiando-se em seus joelhos em meio às risadas. — Na próxima tente não assediar ela de cara, gênio.

— Você vai me dar dicas agora, é? Roubou a minha transa.

— Pelo que eu escutei ela não era sua transa. Na verdade ela queria com certeza mandar o cachorro te atacar.

— Cala a boca, Raphael. Ela queria sim. — Retrucou Kai, fazendo Raphael parar as risadas e respirar fundo.

Por um segundo recordou-se de quando discutia do mesmo jeito com Caim sobre coisas banais. Kai lembrava Raphael de seu antigo amigo, e isso o deixou com um leve aperto no peito. Ele sentia falta das risadas de Caim, e de seus momentos bebendo juntos ou socorrendo o outro em plena cinco da manhã em alguma boate. Sentia falta de ter algum amigo que não o olhasse com pena, e Kai estava se tornando esse tipo de pessoa.

— Ela saiu. — Kai falou, apontando para o jardim da mansão, onde a latina filha do empresário Bruce Wayne estava.

Ela aparentava estar irritada com alguma coisa, resmungando sem parar e mandando algumas mensagens.

— Que pena que tenho que matar ela. Porra, a garota é gostosa pra caralho.

Raphael desferiu um tapa na nuca de Kai, fazendo-o grunhir e o olhar, confuso.

— Eu já avisei para parar de assediar as mulheres, não foi? — Perguntou, revirando os olhos, mas até mesmo Raphael precisava admitir que a latina tinha conseguido prender a sua atenção, principalmente pelo fato do seu vestido deixar notável suas curvas.

Kai não sentia vontade de matar daquela forma, sem motivo, e iria fazer isso com uma jovem, ou pior, com uma colega de sala sua. Não havia conversado muito com Frida porque ela sempre estava na defensiva, com sua face mal-encarada e comentários sarcásticos porém bom desempenho em sala de aula.

— Vem cá, eu preciso mesmo decapitar ela e levar a cabeça para o conselho? — Questionou antes de dar qualquer passo, fazendo Raphael esboçar confusão em seu olhar. — O tal de Ra’s Al Ghul disse “tragam a cabeça de seus alvos até a meia-noite”.

Raphael estapeou a sua testa, suspirando com a idiotice de Kai.

— Claro, traz os dedinhos em um recipiente de gelo também para pegarmos as digitais. — revirou os olhos, entendendo que o Thurman só fez o comentário para irritá-lo e descontrair o clima.

Kai se entristecia por fazer aquilo, mas sabia que era a única forma de entrar no time que queria, então colocou a máscara do traje e correu até o jardim da casa. Havia usado, na mesma hora, um dispositivo que desativou qualquer alarme que seria ativado com a sua invasão ao território da mansão.

Caminhou entre o gramado e escondeu-se atrás de uma dos arbustos com formato de urso. Preparando-se para atacar Frederica quando a garota o surpreendeu ao tirar a arma, que guardava em sua coxa por debaixo do tecido do vestido, e a apontou para o rosto dele.

— Que porra você está fazendo na minha casa? — ela perguntou, levando a mão até a máscara que Kai usava enquanto a outra permanecia firme com o dedo no gatilho da arma.

Ela não poderia ver seu rosto, seria arriscado demais caso ficasse viva, então ele topou o polegar no anel em seu dedo anelar e em instantes todo o seu corpo estava transformado em metal. Sendo assim, quando ele segurou o pulso de Frederica e a desarmou, usou a sua força para imobilizar ela, jogando a arma para um dos arbustos do jardim.

A latina não estava despreparada, notou que pelo poder do garoto seria impossível vencê-lo sendo apenas uma humana, e alcançou o seu celular ligando para Hélio sem que seu agressor percebesse.

— Ela está pedindo ajuda. — alertou Raphael, que não havia sido notado até o momento pois só estava ali para observar.

Kai, na mesma hora, soltou a garota, pegando o celular dela e o pisando para que ela não pedisse ajuda a mais alguém. 

Frida suspirou ao ver o telefone em pedaços, era o quarto aparelho quebrado só naquele mês.

— Vamos, gatinha, facilita meu trabalho. — pediu, mas o que recebeu foi um belo soco no rosto, que só serviu para deixar o punho de Frida doendo.

Ela tentou correr, mas com sua perna doendo devido ao chute que ganhara momentos antes seria impossível de fugir.

Kai a alcançou, puxou o seu braço e desferiu um soco em seu rosto, a fazendo cair no chão enquanto ele carregava o seu revólver e apontava para o rosto dela.

Frederica não ficou muito tempo no chão, chutou a mão de Morgan e o fez soltar a arma, levantando e cambaleando para longe. Em seus pensamentos, amaldiçoava a amazona por tê-la chutado justo naquele dia, amaldiçoava a sua mãe por ter sugerido aquele jantar e rezava para que Hélio chegasse logo.

Kai recorreu para um último recurso. Pegou a faca guardada dentro de sua bota, se aproximando de Frida no exato instante que ela caiu no chão. Ficou por cima da garota que tentava tirá-lo de si, em vão, segurou seus cabelos, aproximando a faca do pescoço dela, com as mãos de Frederica apertando as suas em uma tentativa de fazê-lo parar.

— Desculpe. — falou, cogitando cortar a garganta da garota, mas levaria cerca de vinte minutos ou cinco, dependendo do corte, para ela finalmente morrer e era tempo demais, então Kai optou por perfurar sua barriga diversas vezes, escutando-a gemer de dor.

Depois daqueles golpes, ela não viveria por muito tempo, e foi exatamente isso que aconteceu. Quando Kai levantou-se de cima da garota ela tentou se arrastar até a entrada do jardim para pedir socorro, mas parou no meio do percurso, sentindo-se cada vez mais fraca, até estar sem vida. Ele voltou para a sua forma frágil e humana, pegou seu celular e fotografou o corpo.

Tudo aquilo não durou mais de dez minutos, mas para Kai parecia uma eternidade, afinal, era uma vida ali, uma vida que ele tirou sem motivo algum. Mas ele esperava fazer coisas como essa se matriculando na Legacy. Só não esperava se virar e ver um garoto atrás de si, na porta do jardim.

— Frida?! — ele gritou, lançando um olhar furioso para Kai que mantinha o instrumento do crime em suas mãos e o corpo sujo por sangue.

Aquilo não estava nos planos. Kai não tinha permissão para matar outra pessoa, e nem desejava fazer isso, mas quando Hélio lançou-se sobre si, ele não teve outra escolha senão revidar os golpes. Precisava admitir que o Kyle-Wayne era forte e ágil, estava o acertando diversas vezes Kai.

Eles rolavam na grama do jardim trocando socos, e quando Hélio percebeu que Morgan não iria conseguir mais revidar, alcançou a faca usada para matar a própria irmã momentos antes, a segurando com firmeza e acertando o ombro de Kai, que gemeu em resposta.

Hélio levantou novamente a faca, pronto para desferir outro golpe em Kai, quando seu pescoço foi cortado de um lado ao outro, o fazendo cair no chão ao lado de Morgan, com as mãos em seu próprio pescoço, se afogando no próprio sangue. 

Raphael havia o matado. Não conseguiu se segurar quando lembrou-se da morte de Caim, e de como não fez nada para ajudar. Não poderia deixar acontecer a mesma coisa com Kai, ele era seu amigo. E aquele assassinato só comprovava isso

O Allerdyce ofereceu sua mão para Kai levantar, o ajudando a sair do jardim.

— Você não tinha permissão para isso! — Kai finalmente falou quando eles estavam do outro lado da rua, escondidos agachados atrás do cercado de uma casa em frente à mansão Wayne.

— Eu sei.

— Você vai ser punido por isso, porra!

— Eu sei disso.

— E não se importa? Caralho, esse era meu teste. Não quero ser ingrato, mas você vai se foder por ter me ajudado.

— Eu só me importaria de verdade se tivesse que lidar com mais um enterro. — a resposta calou Kai por um tempo. Ele sabia exatamente como Raphael se sentia e faria o mesmo se tivesse a chance que Raph teve.

Raphael nunca gostou de matar ninguém, ele e Caim tinham isso em comum; faziam qualquer coisa, mas detestavam tirar vidas alheias. Isso os lembrava, de certa forma, que eram verdadeiros vilões. Se sentia culpado por ter matado Hélio, porém foi pior ainda quando levantou-se para verificar se poderiam ir embora e notou a garota da cafeteria estática no jardim, com lágrimas no rosto, totalmente desesperada. Aquilo partiu seu coração. Raramente lembrava de como era aquele sentimento quando matava alguém, mas havia simpatizado com a garota da cafeteria, ela parecia ser uma boa pessoa e, agora, se encontrava no meio do jardim com seu belo vestido sujo pelo sangue que Raphael tirou de um dos jovens. Ele prometeu para si mesmo que iria se aproximar dela para ajudá-la, e para preencher a lacuna que Frida e Hélio deixariam em sua vida.

Raphael escutou ela gritar por ajuda, conseguiu observar as mãos trêmulas dela e também conseguiu ver quando mais pessoas chegaram ali, algumas tristes, e outras com raiva.

Raphael não ficou muito tempo em pé para não ser visto, abaixou-se novamente e discou um número em seu celular. Eles não conseguiriam sair dali sem ajuda, e os diretores deram permissão para que pedisse um carro de fuga caso fosse preciso.

Não demorou muito tempo para um dos assassinos de Ra’s ir ao seu resgate e o tirar em segurança junto a Kai, sem serem vistos. Mas foi tempo o suficiente para Raphael ver a ambulância levando os corpos, fazendo a culpa dele e de Kai aumentar.

A cena caótica de Kai e Raphael entrando na sala do teste dentro da Legay com seus rostos sujos por sangue, assim como as suas vestes, assustaram uma minoria dos estudantes que acabaram o seu teste também. Faltava apenas dois alunos, como eles foram demorar tanto? Kai acabaria perdendo pontos com certeza.

Morgan ficou junto aos outros alunos que fizeram o teste, escutando sobre os assassinatos deles. Soube que um dos alunos não conseguiu matar o alvo, desistiu na hora, mas estava ali em pedido do Conselho.

Kai estava preocupado com Raphael — que fora levado para falar com o Conselho logo que entrou. Iria agradecê-lo de alguma forma, disso tinha certeza. E se precisasse iria falar que foi tudo culpa sua e arcar com as consequências no lugar do mais novo amigo.

Ao contrário dele, que lamentava-se pelas mortes daquele dia, Vênus estava contente com o seu teste. Embora tenha demorado diversas horas esperando uma brecha para entrar em um dos prédios empresariais mais famosos de Basin City, ela tinha companhia: Galen foi mandado para vigiar ela, já que a fama de assassina da garota era consideravelmente boa, assim como a fama de ela ser uma pessoa descontrolada e se achar demais, fazendo os diretores mandá-lo para ver se ela não iria extrapolar. E foi exatamente isso que a garota fez.

Eles não conversaram muito, parte por Galen a achá-la irritante com aquele sorrisinho e pela síndrome de estrelismo que ela tinha. Era deplorável vê-la soltando comentários que incluíam ela sendo líder do time Murder Inc, acabando o teste rápido.

Ao entrar no prédio alegou ser uma entregadora de pizza assim como Galen, e aquilo não convenceu a secretária, que questionou se ela era uma das streapers que o presidente Evanoff contratou para a sua despedida de solteiro.  não tendo problemas em passar pela segurança e pela recepcionista. Todos deveriam admitir, a sua lábia e habilidades em encenar eram ótimas, mas ela só conseguiu, devido à Maponus ter jogado seu charme na mulher da recepção.

Ela foi em direção à sala do presidente da empresa de tecnologia, confiante de que iria ter o melhor desempenho nos testes, e isso manteve seu sorriso debochado em todo o percurso.

Entrou na sala do homem mal encarado e arrogante, que perguntou se ela era mais uma das strippers que havia contratado para a sua despedida de solteiro naquela noite. Vênus decidiu brincar com o homem, respondendo positivamente a pergunta dele e se aproximando. Embora ele tenha percebido a sua idade através da delicada aparência da garota, não a impediu quando ela começou a se despir devagar, nem quando se pegou gostando daquilo. Porém resmungou quando percebeu que, por baixo das roupas de entregadora ela trajava algo preto e feio, mas colado dando vista a sua cintura, para o seu prazer. Ele também não a impediu quando Vênus sentou em seu colo, nem quando ela o ordenou a fechar os olhos. E esse foi o seu erro. Ao fechar os olhos ele sentiu algo cortar a sua bochecha, abrindo os olhos de imediato e vendo Vênus arranhá-lo com suas garras.

— O que diabos é você?!

— Que foi? Pensei que gostasse de algo mais agressivo. — sua risada soou no local inteiro, e ela não o deixou falar mais. Sentia nojo pelo homem, pois mesmo tendo idéia de qual era a sua idade, a deixou se despir e o tocar.

Teria que admitir que provocar o homem não foi nada prazeroso para ela, pensava que seria um bom jogo, mas só ficou feliz quando as suas garras dilaceraram a garganta do presidente da empresa, o que o fez falecer de imediato. Ela retirou seu celular do bolso, fotografou-o e sorriu.

Saiu da sala, vendo Galen a olhar com um certo desprezo pela escolha de provocar o homem, mas também com felicidade por finalmente acabar aquele monitoramento.

— Eu arrasei. — entregou o celular com a foto para Galen, com um sorriso debochado no rosto. Presumia que ele fosse uma das pessoas que subestimaram ela, e por isso ficava feliz em passar na cara dele que completou o teste.

Galen não demonstrou ter se importado com a provocação dela, sua calma em todos os momentos era invejável para qualquer um. E mesmo se quisesse retrucar a provocação dela, ele não faria isso, pois escutou o alarme e avistou seguranças furiosos correndo na direção deles, provavelmente por terem visto através das câmeras de segurança do corredor — câmeras que Vênus foi aconselhada mais cedo a quebrar assim que colocasse seus pés naquele corredor —, uma jovem sair da sala do presidente Evanoff ensanguentada e com garras, e não era uma cena comum. 

— Parece que terei que matá-los também. — Vênus levou as garras até os lábios, lambendo o sangue que escorria e sorriu.

— Não. — Galen a barrou. — Só temos permissão de matar o alvo e voltar. 

— Eu não escutei ninguém dizer isso. E eu faço o que quiser. — Vênus deu as costas para Galen, indo para cima dos seguranças e acertando-os na barriga e no pescoço, chegou até mesmo a jogar um deles para dentro do escritório do presidente, rindo em seguida.

Galen estava irritado. Mais que isso. Ele seria punido por Vênus ter se descontrolado tanto, avisou para a garota parar diversas vezes, mas ela simplesmente não o escutava. Manopus estava surpreso com a tamanha ignorância de Vênus por pensar que um massacre, praticamente, a faria entrar no grupo e ser a líder facilmente.

Cansado de gritar com a garota, ele pensou rapidamente em como poderia reverter os danos da situação. Andou em direção a ela, que estava prestes a dilacerar o rosto de mais um dos seguranças, quando ele a parou, usando o seu poder para impedir que o sangue dela chegasse em seu cérebro, ocasionando na diminuição da oxigenação e logo em seguida, no desmaio da garota.

Galen agradeceu por ter mantido o foco naquele momento mesmo com o alarme soando. Segurou Vênus em seus braços, a deixando cuidadosamente no chão, para em seguida se aproximar dos seguranças e tentar curar boa parte de seus ferimentos para que eles não acabassem mortos e o dano fosse maior. Calculou o tempo que demoraria para que mais seguranças — e a polícia — chegasse, e ainda tinha tempo. Curou o último segurança, virou-se para Vênus e a pegou em seu colo, andando tranquilamente pelos corredores, em direção às escadas de emergência.

Já era tarde, então boa parte dos funcionários estavam fora do prédio e ele agradeceu por isso também, ou teria problemas para sair do edifício. Os seguranças do primeiro andar correram para o último, indo servir de suporte para os outros, então o salão principal estava totalmente vazio.

A recepcionista ao ver Galen tremeu de medo, mas ele apenas piscou para a mulher, usando o seu poder novamente, dessa vez para fazê-la ficar calma e não chamar os seguranças. Dessa forma, ele saiu do prédio tranquilamente com Vênus, parando somente para deixá-la no chão e ligar para o Conselho, avisando que precisava de alguém para ajudá-los a sair dali, e logo um dos membros do conselho com habilidades mágicas chegou para teletransportá-los em segurança.

Era exatamente onze e meia quando eles chegaram na área do teste, Vênus havia sido levada para a enfermaria e Galen, assim como Raphael fez, foi dar o seu relatório sobre o teste da garota.

Ao contrário do que a Silverfox teria esperado, não foi uma chuva de elogios que ele deu para ela. Galen cogitou omitir as últimas ações dela, afinal, havia se saído bem no teste, mas por pelo erro de ter matado e ferido pessoas sem permissão, não seria somente recusada no time, como punida pela direção, mas pensou bem, e seria imparcial com qualquer um, inclusive com ela. Então deu cada detalhe de seus erros, mas também contou sobre onde ela acertou.

O Conselho ficou incrédulo com as ações da jovem, alguns dos membros tinham altas expectativas sobre a garota devido à fama dela, mas, aparentemente, havia algo errado com Vênus. Ela queria provar algo e acabou se prejudicando por isso e, somando a sua rebeldia ao desobedecer o seu superior, Galen, levaria uma punição adequada.

Os membros e convidados estavam à espera dos dois últimos alunos para fazerem suas decisões, todos ficaram impacientes assim como Maxine — que estava a beira de socar alguém por toda a demora do último aluno. Precisava admitir que o período de mania era cansativo até para si mesma.

As portas se abriram, e Patrick, acompanhado de Lothur, entraram entre risadas. Quando perceberam que todos os olhares estavam voltados para eles, se entreolharam e soltaram uma risada que ecoou por toda a sala.

Patrick e Lothur haviam feito a missão juntos, não pedindo a ajuda um do outro para matar seus alvos, mas os alvos eram os parceiros no tráfico de Basin City, tendo como fama serem excelentes e os dominantes da cidade. Assim que Patrick soube da ligação que seus alvos tinham, sugeriu que eles fossem juntos até o ponto onde seus alvos traficavam só para transformar a viagem até lá menos entediante, e Lothur aceitou de bom grado. Patrick e Lo conseguiram completar a missão sem problemas, se divertiram muito, mesmo que não pudessem dar uma verdadeira ajuda ao outro, somente as piadas e comentários deles os proporcionaram risadas.

Eles mostraram as fotos para o Conselho, indo ver os outros alunos que estavam totalmente indignados com toda a demora de ambos.

— Eu conto a eles ou você conta? — Lothur perguntou, fitando Patrick.

— Faça as honras, Lo.

— Nós demoramos porque estávamos fumando com os traficantes. — foi curto e simples, omitindo a parte em que eles terminaram a missão duas horas da tarde, roubaram parte dos produtos vendidos pelos traficantes, e em seguida foram para uma boate se embebedar para comemorar, esquecendo que estavam fazendo um teste até ver Galen sair com Vênus nos braços e ter um pressentimento de que deveriam estar em algo parecido.

Não demorou muito para o Conselho e os convidados se reunirem em outra sala, debatendo sobre a execução dos assassinatos, enviando alguns dos assassinos de Ra’s para verificar se tudo ocorreu bem, e até mesmo já tendo notícias na internet e jornal sobre alguns dos assassinatos — para ser específica, o assassinato do Prefeito Adams e do empresário das tecnologias Evanoff.

Os corpos de todos da sala de testes gelaram quando eles viram os membros do Conselho entrando novamente ali, com o papel que continha os nomes dos novos membros do Murder Inc em mãos.

— Vocês foram uma decepção. — Lady Shiva logo soltou, deixando alguns inquietos, afinal, esperavam elogios. — Mas, como para toda regra há exceções, nós observamos um alto desempenho em alguns alunos.

— Devido à sua imparcialidade e lealdade com todo o Conselho, embora não tenha feito o teste e sim o monitorado, quero que deem as boas-vindas ao novo líder do Murder Inc, Galen Manopus. — O Mercenário olhou na direção do jovem que se encontrava atrás dos alunos, incrédulo por alguns segundos.

Todos os alunos estavam em um acesso de raiva, não acreditavam que justo o curandeiro inútil da Legacy havia sido escolhido. Qualquer outra pessoa seria melhor que ele. E Galen escutou todos os comentários, e, mentalmente, ele concordava com todos, não se achava melhor que os outros que fizeram o teste, mas ele ainda mantinha o sentimento de felicidade, era uma vitória, e uma vitória significava sobreviver por mais vinte e quatro horas.

Mesmo com a relutância de todos os alunos, ouviu-se palmas direcionadas ao novo líder do Murder Inc, foi apenas uma breve saudação por respeito, ou para se mostrar superior aos olhos dos professores.

— Pela primeira vez, abrimos uma exceção em uma de nossas regras. — o coração de Electra parecia querer saltar pela boca quando ela escutou tais palavras vindas de Ra’s Al Ghul. — E teremos não somente como membro, mas como vice-líder do Murder Inc, uma mulher. Electra Thalyta, você conquistou o seu lugar com total perfeição e dedicação.

Mais palmas. Dessa vez em maior quantidade, querendo ou não, Electra havia conseguido o impossível naquela noite e seria um grande marco entre os times.

— Ao resto dos membros, queremos dar as boas vindas a Theodore Al Ghul, possuidor do terceiro melhor desempenho no teste, a Lothur Invarson, que, apesar de sua demora extrema para completar a missão, a fez sem erros, e a Kai Morgan Thurman que, embora tenha feito seu monitor ser punido, ainda teve a aprovação de metade do Conselho para entrar no Murder Inc.

— Agora, vocês são mercenários. E não deverão falhar quando forem recrutados soldados.

Ouviu-se uma salva de palmas, os alunos aceitos estavam eufóricos, para não dizer menos, enquanto os outros permaneciam tristes, ou confusos por alguns estudantes-estrelas da Legacy não terem passado no teste.

— E para aqueles que estão se questionando onde o seu monitor está, Raphael Allerdyce foi permanentemente expulso de qualquer atividade que inclua a Submund por violar ordens claras do Conselho. — Lady Shiva disse, feliz por ter visto rostos assustados em meio à multidão de alunos.

Foram poucos que notaram a falta da presença de Raphael, mas até mesmo essa pouca quantidade de alunos estavam surpresos, principalmente Kai, que se sentia totalmente responsável por aquilo.

— Já sobre a aluna Vênus Silverfox, que fez o teste e não compareceu nesta sala, fracassou em sua missão, e os seus atos rebeldes e desnecessários fizeram-na ser punida, para cada homem que feriu ou matou de forma descontrolada esta noite, ela receberá um corte. — e mais olhares incrédulos foram lançados para Ra’s quando ele finalizou a sua frase. — O conselho foi benevolente, levando em conta os danos que a citada anteriormente causou para nós. Dispensados.

E assim todos saíram da sala de testes, não compreendiam como, em um instante, estavam a beira de um ataque de felicidade, ou tristeza, e agora só tinham pavor pelas punições do conselho.

— Hey! — Maxine chamou a atenção de todos, se aproximando do grupo de alunos. — Estou feliz por terem conseguido passar, vocês foram ótimos. O que acham de ir comemorar? Festa? No próximo final de semana? — ao ver que alguns ainda pensavam a respeito, Maxine precisou insistir: — Vamos, é praticamente uma tradição da escola.

Todos concordaram com a cabeça, sorrindo, embora alguns estivessem tristes por seu fracasso no teste. Eles ignoraram seus pensamentos deprimentes, se apegando ao espírito festivo e indo em direção aos seus respectivos dormitórios, sendo lotados de perguntas por seus colegas de quarto.

No dormitório de Electra havia gritos de felicidade por ela ter entrado no time pisoteando as regras machistas do Murder Inc, até mesmo Ygritte elogiou o ato dela, parando de discutir com a morena por ao menos cinco minutos só para dar os parabéns a ela. A situação era o completo oposto no apartamento do atual líder do Murder Inc, que se encontrava em sono profundo. Enquanto no quarto de Kai eram escutados resmungos por ele ter entrado já tirando a roupa de alguma garota, expulsando os seus amigos automaticamente, a situação não estava diferente no dormitório de Theodore; ele havia sido chamado por Patrick pouco antes de cruzar o corredor, sendo surpreendido por beijos dele, e logo ambos decidiram ir para o dormitório de Théo.

Assim que cruzaram a porta entre carícias, eles se depararam com Frank e Arthur encarando-os, totalmente incrédulos. Arthur, assim como Frank, iria abrir a boca para reclamar da ação de Théo. Eles haviam feito um acordo de avisar ao menos uma hora antes que trariam acompanhantes, mas o Zatara mais novo calou-se quando o parceiro do seu amigo ficou em frente ao Al Ghul e lançou um olhar mortal sobre ambos os irmãos, olhar que até mesmo Arthur sentiu medo. Mas ele sabia que não estava sentindo medo por causa do olhar, e sim por ter lembrado daquilo, daquilo que trancou a sete chaves e prometeu não falar sobre. E definitivamente Arthur não desejava lembrar justamente dele, ou melhor, daquele dia. 

— Saiam do quarto. — disse Patrick, soando autoritário, o total inverso da personalidade que apresentou durante o dia inteiro.

Théo estava prestes a se desculpar, não gostava de atrapalhar seus colegas de quarto, nem que falassem com eles daquela forma — seja lá quem for, ele odiava que tratassem com superioridade os seus amigos —, mas ele nem precisou abrir a boca. Arthur já havia cruzado com eles e saído do quarto em um piscar de olhos, e Frank, por sua vez, saiu atrás do meio-irmão para questionar o porquê dele não ter soltado nenhuma piadinha.

Patrick fechou a porta atrás de Theodore, avançando em seus lábios e deixando suas mãos passearem pelo torso recém despido de seu parceiro. Arrancava gemidos baixos de Théo quando o marcava no pescoço ou apertava-o.

Frank se sentia feliz por ter sido expulso, o novo parceiro de Theodore parecia determinado a fazer atrocidades naquele quarto e Deus livre Frank de escutar e presenciar o seu colega de quarto transando como um louco, mas ele também estava preocupado com Arthur que havia saído sem nenhuma piada, ofensa, ou comentário sarcástico antes. Aquilo não era do seu feitio. O homo magi andou pelo corredor, descendo os andares impaciente pela atitude de Arthur. Bufou ao chegar no segundo andar e não encontrá-lo lá, mas, ao vê-lo sentado nos degraus das escadas do primeiro andar, ficou aliviado por alguns instantes porque quando se aproximou percebeu que o meio-irmão estava tremendo, abraçando as pernas enquanto tinha a respiração desregulada, tentando se acalmar.

Frank já sabia do que se tratava, e sabia como lidar com aquilo. Embora não saiba detalhes do porquê aquilo acontecia, já havia visto Arthur da mesma forma três vezes antes, e em todas elas, ele só pôde sentar ao lado do garoto, esperando a sua crise passar, porque na primeira vez quando tentou acalmá-lo, acabou com Arthur gritando e batendo em Frank, mandando-o ficar longe dele.

— Torneio de natação? — perguntou para confirmar as suas suspeitas, sentando-se ao lado de Arthur. Ele havia escutado aquela única frase de Arthur nas outras duas vezes que seu irmão surtou, foi como uma explicação para ele não detalhar algo traumático para si.

— Torneio de natação.

 



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