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História Lembranças - Tudo o que o céu permite. - História escrita por ameliat_ - Spirit Fanfics e Histórias
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História Lembranças - Tudo o que o céu permite.


Escrita por: ameliat_

Capítulo 3 - Tudo o que o céu permite.


Alex tinha certeza duas coisas naquela manhã.

A primeira era que nunca correra tanto na vida quanto naquele dia. Tinha, sem sombra de dúvidas, se compensado por todos os seus anos de sedentarismo.

As duas garotas fugitivas haviam disparado dos fundos da escola por mais de cinco quarteirões, sem que parassem para respirar em nenhum instante. Mesmo que tivessem tido a certeza que não foram vistas por ninguém da escola ainda no primeiro quarteirão, continuaram correndo sem rumo pelo bairro, como se precisassem daquilo para viver.

E por mais estranho que aquilo parecesse em sua mente, gostava de correr com Piper. Ela era, estranha e surpreendentemente, uma companhia agradável. Gostava de como o vento jogava seu cabelo em seu rosto, desfazendo sua pose de garota perfeita. Gostava de como seu joelho sangrava e ela não parava para reclamar ou fazer careta. Gostava, principalmente, de como ela ria como uma criança de seis anos, mesmo com aquela mecha bagunçada caindo e o sangue escorrendo por seu joelho.

Mas a segunda certeza só viera alguns segundos depois.

 

— E o que fazemos agora? – Piper perguntou, quando finalmente pararam na esquina entre o parque e a ponte que separava as duas partes da cidade.

Tudo o que o céu permite – brincou, sentindo que estava sem ar. 

 

A garota fechou os olhos e puxou um elástico do bolso da saia, prendendo seus fios loiros em um rabo de cavalo alto, enquanto ainda tentava recuperar-se da corrida.

Quando voltou a abrir seus olhos azuis tão profundos quanto um oceano, e os concentrou no rosto de Alex, teve certeza que jamais vira algo tão bonito no universo quanto ela.

Correndo o risco de estar parecendo um pouco boba mais uma vez, apoiou as mãos nos joelhos e encarou o chão, fingindo estar recuperando o fôlego da corrida – o que não era uma completa mentira, estava mesmo tentando recuperar o ar perdido, mas talvez não fosse apenas pela corrida.  

 

— Essa é a graça de matar a aula, miss Sunshine – respondeu, ofegante – não ter nada para fazer.

 

Piper a encarou, em choque.

 

— Não acredito que as pessoas fazem isso por nada – resmungou, cruzando os braços sobre o peito.

 

Ela teria rido se não tivesse ficado imediatamente preocupada em Piper começar a achar que sair com ela era tedioso. Sua cabeça começou rapidamente a trabalhar em encontrar milhares de lugares para leva-la. Pensou no cinema, não ficava tão longe de onde estavam, apenas mais um quarteirão, mas era tão clichê. Pensou no museu, mas ficava do outro lado da cidade e a probabilidade que encontrassem Sylvie seria enorme, e por algum motivo, não queria encontrar sua namorada naquela manhã, nem queria repartir a companhia de Piper com ela. 

Contudo, por outro lado, Piper parecia ter encontrado algo para fazer mais rápido. Ela caminhara até uma pequena feira de flores que sempre acontecia ali nas quartas. Não era nada grandioso, apenas algumas barracas brancas com milhares de baldes espalhados por todo o corredor, cobertos com toda a variedade possível de flores. Todas as formas, cores e tamanhos existentes no mundo.

Alex seguiu Piper e a observou passar a ponta dos dedos por todas as flores expostas, como se quisesse sentir uma por uma.

 

— Não podia imaginar que você fazia o tipo que gostava de flores – Alex dissera um pouco mais a frente.

 

No mesmo instante, Piper virou-se para ela, com uma margarida em suas mãos e um sorriso desafiador nos lábios.

 

— E acha que eu faço que tipo? – indagou, mas Alex não havia prestado atenção.

 

O céu nublado já tinha desaparecido e dado lugar a um belo dia de sol com nuvens grandiosas espalhando-se. E do mesmo lugar onde Piper segurava sua pequena margarida com suas sobrancelhas levantadas, desafiando Alex à alguma coisa, um raio de sol tinha decidido iluminar bem ali, aquele pequeno espaço. Os olhos da garota brilharam um pouco mais e seus cabelos presos ajudaram a mostrar que ela era ainda mais bonita do que imaginava. Ela era tão bonita que era assustador.

Naquele mesmo instante, ela teve certeza do que Nicky lhe dissera no primeiro dia de aula, ela era mesmo uma rainha da beleza.

 

— Nossa... – ela conseguiu balbuciar.

— O quê? – Piper a olhou confusa, tombando sua cabeça para o lado.

— Você é mesmo uma rainha da beleza.

 

As coisas começaram a ficar estranhas assim que Alex acabara a frase.

Piper colocou a flor de volta no balde e sorriu para a vendedora, mas não era como os sorrisos e risadas enquanto corriam pela rua, era algo pronto, preparado e que exalava uma tristeza profunda. A vendedora de bochechas rosadas e rechonchudas sorriu de volta e insistiu para que a garota ficasse com a flor, ela aceitou agradecendo e a colocou atrás da sua orelha.

No entanto, o ar de festividade e cumplicidade que a pequena fuga criara entre as duas tinha desaparecido, restando um clima estranho de melancolia que começava a deixar Alex desconfortável.

E se a tivesse ofendido? Mas era um elogio, ela devia estar acostumada com eles. Devia recebê-los aos montes. Então por que apenas o seu a deixara daquela forma? Aquele pensamento conseguiu deixa-la ainda mais desconfortável.

 

— Não falei por mal – Alex tentou se explicar quando as duas voltaram a andar pela feira – só que você é bonita

 

Ela suspirou pesadamente antes de responder.

 

— Eu só... Não sou apenas uma rainha da beleza.

— Claro que não – Alex pousou sua mão no peito, fingindo ofensa – Você também é uma rebelde sem causa que está matando aula com uma caloura.

 

E então ela sorriu, mas não o sorriso ensaiado de segundos antes, e algo dentro de Alex ficou em paz.

Tinha caminhado até o fim da feira e passado por uma esquina até chegarem a ponte acima do rio que dividia os dois lados da cidade, o lado com casas grandes e jardins com chafarizes e o lado de prédios caindo aos pedaços e nenhuma vegetação.

Tinha crescido do outro lado da cidade, quando sua mãe era apenas uma garçonete que dividia seu tempo entre gorjetas, livros de direito e uma filha. Tinha morado em um prédio em que as paredes eram tão finas quanto papel e ela sempre ouvia seus vizinhos brigando – ou conversando, às vezes, não dava para diferenciar muito bem. Sua escola não tinha seguranças no portão e nem centenas de câmeras espalhadas pelos corredores. Pelo contrário, sua escola tinha apenas um arame farpado protegendo os muros e a comida era fria e na maioria das vezes, estragada. E agora, morava em um bairro de casas com jardins, crianças que brincavam livremente pela rua, enquanto ela passava na sua bicicleta.

Não gostava de dizer que pertencia a nenhum dos dois lados. Talvez por isso, aquele fosse seu lugar favorito em toda Fresno, quem sabe até da Califórnia. Sempre que estava ali, ela sentia que não pertencia a nenhum dos dois lados, era os dois.

 

— Por que você mudou para o Julia’s? – Piper perguntou, despertando-a de seus pensamentos, ao mesmo tempo em que se encostava á grade de proteção.

— Bom, eu morava ali – Alex respondeu, apontando para o outro lado da ponte – e agora eu moro aqui.

— Nunca fui naquele lado... Minha mãe surtaria se eu fosse, ela é meio... não sei se encontro uma boa palavra para defini-la... Bem, digamos que a profissão dela é ser uma boa senhora rica que frequenta o clube de senhoras da cidade para falar mal dos empregados mexicanos, contar vantagem da fortuna dos maridos e claro, se gabar pelas conquistas dos filhos.

 

Alex não deveria, mas achou graça daquilo e, consequentemente, Piper também acabara rindo junto.

 

— A minha mãe passou toda sua vida estudando, trabalhando e cuidando de mim – contou – Agora ela conseguiu ser sócia do escritório que trabalhava como estagiária, e assim nossa vida se deslocou de lá para cá.

— E seu pai? – Piper perguntara.

— Ele nos deixou quando eu ainda era criança – disse em um só fôlego.

 

As bochechas de Piper coraram e seus olhos se arregalaram.

 

— Me desculpe, eu não devia ter perguntado – tentou se desculpar.  

— Não se preocupe – riu do seu trejeito – eu mal o conheço, não faz diferença.

 

A loira voltou a encarar o rio logo após sua gafe. Rapidamente, um silêncio estranho se formara entre as duas por longos segundos. Pensou em coisas para falar e preencher o momento, mas Piper foram mais rápida:

 

— Ele não é sempre daquele jeito, sabe? Ele só anda estressado ultimamente... As provas, faculdade... Muita pressão. Os pais são muito ricos, donos de uma indústria bélica e querem que ele seja como eles. 

 

Alex ouviu aquilo com um peso no coração. Não queria dizer a coisa errada, nem que ela se sentisse mal por algo que, definitivamente, ela não tinha culpa. Tinha convivido com sua mãe e todos os namorados babacas que ela conseguira durante todos aqueles anos, sabia que era fácil dizer alguma coisa que não deveria e deixá-la mal. 

E definitivamente, não queria ver em Piper a mesma expressão de quando havia dito que ela era uma rainha da beleza.

Suspirou exasperadamente.

 

— Quando eu disse que você é bonita, era verdade... Você é linda tanto quanto dizem na escola. E você merece mais do que isso, Piper...

 

Ela não respondeu imediatamente, passou pensando no que acabara de ouvir.  Por fim, ela se virou para Alex e um pequeno sorriso brotara em seus lábios, fazendo com que sorrisse junto com ela.

 

— Obrigada – sussurrou a garota.

 

De onde estavam, começaram a ouvir uma música vibrante, soar baixinho vinda da outra ponta do lugar onde estavam.

Animada pelo som, Piper puxou Alex pelo braço e a arrastou em direção ao lugar onde ficavam as barcas. Lá, dois músicos de rua cantavam no meio de uma roda de pessoas curiosas. A mulher, era loira e com tatuagens espalhadas pelos braços, ela segurava o microfone e cantava docemente, enquanto o homem fazia o apoio, ao mesmo tempo em que tocava um violão. As pessoas pareciam animadas ouvindo os dois, alguns casais dançavam, as crianças giravam em círculos, alguns adolescentes faziam um coro desafinado no fundo.

Alex poderia ter se animado, poderia ter feito coro junto com dos adolescentes, era desafinada o suficiente para ser a líder deles. Entretanto, a música era dos Rolling Stones. E se havia algo que Alex odiava mais do que a saída da Cristina de Greys Anatomy, eram os Rolling Stones.

Quer dizer, qual era a graça daquela banda? Qual a graça de ficar cantando que não consegue ficar satisfeito? Os Beatles eram tão melhores.

 

— Você dança? – Piper cochichou para Alex

— Não, não danço.

 

A loira a olhou com uma das sobrancelhas arqueadas.

 

— Vem, eu te ensino – ela disse, em um tom de quase desafio.

— Na verdade, eu detesto essa música – confidenciou para ela, dentro do mesmo cochicho.

— Quem odeia os Rolling Stones? – Piper gritou, afetada.

— Só prefiro os Beatles.  – Alex tentou ser diplomática.

 

No entanto, mesmo que Alex usasse o melhor dos seus argumentos, se havia algo que ela aprendera sobre Piper naquela manhã era que ela não era do tipo que aceitava não como resposta. Ela insistira tanto, praticamente esperneara, prometera até chocolates, que finalmente, revirou os olhos e aceitou às suas súplicas, fazendo mil ressalvas. A primeira e mais importante delas era que Piper não poderia reclamar caso recebesse uma pisada no pé. A segunda era que ela se recusava a dançar que não conseguia ficar satisfeita. Era uma questão de princípios.

Por sorte, a música que sucedera não pertencia ao arsenal dos Rolling Stones. Era mais lenta, com um toque suave no violão.

Rapidamente, Piper passou os braços pelo seu pescoço e a instruiu que pousasse suas mãos em sua cintura, o que fez, sentindo alguma corrente elétrica correr imediatamente por todo seu corpo.

A loira começou a guiar a dança, balançando seu corpo junto com o ritmo da música, de um lado para o outro.

Demorou um pouco para que conseguisse pegar o ritmo da música, mas conseguira e logo em seguida, Piper enterrada sua cabeça em seu ombro, dispersando seu perfume floral e frutado ao mesmo tempo. E ligeiramente, Alex se sentiu com uma sensação parecida com a de chegar em casa depois de um dia cansativo e jogar as chaves na mesinha.

 

I'll remember someday all the chances we took, a mulher loira desconhecida cantava no canto.

Fechou os olhos devagar, apenas sentindo Piper em seus braços. Seus corpos movendo-se como as ondas no oceano e o cheiro do perfume preenchendo todo seu nariz. Ela parecia tão pequena ali dentro que lembrava aquelas bonecas de porcelana que você tem medo de quebrar a qualquer movimento brusco. Se pudesse, a manteria ali para sempre.

 

— Você também é campeã de dança? – Alex a questionou, mesmo já sabendo a resposta, desde que Nicky lhe fornecera todo o currículo de Piper, mas gostava de ouvir a voz dela tanto quanto do seu perfume.

— Tenho trezentos e setenta e nove troféus no meu quarto – murmurou em resposta

— Uau, minha nossa, você já perdeu em algum concurso?

 

We're so close to something better left unknown

— Não – ela respondeu de reflexo, mas não parecia orgulhosa.

 

Quando estava na terceira série, Alex ganhara o concurso de soletrar da escola. Ela foi parabenizada por todos os seus professores e alguns alunos a olhavam com um pouco de inveja. Sua mãe passara um mês fazendo panquecas para o café da manhã só para comemorar. Até sua avó, a professora universitária que deserdara a filha depois que ela decidira ter seu “pequeno acidente”, que era o modo como ela chamava Alex, ligara para parabeniza-la.

Ela tinha até ganhado um troféu, que mesmo tantos anos depois, continuava no seu quarto, exposto, como se fosse um Nobel. Mesmo que não fosse algo grandioso, ou trezentos e setenta e nove troféus, Alex se sentia orgulhosa de ter ganhado aquela pequena competição no primário. Contava sempre que podia aos colegas.  

Mas, Piper não parecia orgulhosa, sequer demonstrava felicidade. Parecia mais que aquilo era um peso sobre ela.

Ela complementou logo em seguida:

 

— Minha mãe é viciada em concursos – revelou – Muito viciada. Ela não consegue viver sem o estresse de uma competição. Quando eu era mais nova, ela me inscrevia em concursos de miss, eu aprendi a falar, andar, portar, como a pequena miss que eu era. O que eu tinha na cabeça não era importante, mas o meu sorriso, o sorriso ganhador de coroas. Com dez anos, eu já fazia aulas de danças intensivamente, apenas para a fase de talento do concurso, foi quando minha mãe percebeu que os concursos de danças conseguiam ser ainda mais competitivos. Então eu precisei me tornar uma bailarina de verdade, treinamento dia e noite, assim poderia ganhar todas as coroas no fim de semana. Para minha mãe, não importa se serei alguém inteligente, mas sim, se serei alguém famosa e as pessoas vão lembrar-se de mim.

 

Mesmo correndo o risco de parecer uma louca e que Piper saísse correndo, Alex a apertou um pouco mais em seu abraço. Firme o suficiente para que ela se sentisse segura ali dentro. Piper não correu, nem a chamou de louca, apenas permaneceu ali.

 

I can feel it in my bones, gimme sympathy after all of this is gone

— E você quer ser famosa? – Alex a perguntou.

— Não acho que o que eu quero importa muito.

— A vida é sua Piper, é claro que o que você quer importa – respondeu, por mais clichê que estivesse soando.

 

Piper suspirou, parecendo cansada do assunto.

 

Who'd you rather be the Beatles or The Rolling Stones?

— De longe, posso ver que não conhece minha mãe. Lembra quando te falei que gostava de biologia?

 

Alex assentiu, lembrando exatamente de como ela parecera sonhadora naqueles breves segundos e de como seu comportamento mudou bruscamente.

 

— Eu queria mesmo ser uma médica, é meu maior sonho. Uma vez eu contei isso durante um jantar em família e mesmo que eu tente, jamais vou conseguir descrever a reação da minha mãe ao ouvir aquilo. Quer dizer, qual é, médico... É uma boa profissão, o meu pai é um cirurgião. Mas ela me disse que aquilo não me deixaria famosa e que eu era bonita demais para gastar meu tempo em uma faculdade que era, claramente, masculina.

 

Em segredo, começou a detestar a mãe de Piper. Mesmo que a conhece a tão pouco tempo, ela podia enxergar que a loira era mais do que uma miss ou uma dançarina de competição. Ela era inteligente, direta, doce, gentil. Sim, era mesmo tão bonita que fazia Alex sentir-se um pouco sem jeito perto dela, era uma verdade absoluta, mas não se tratava apenas daquilo. Havia mais, havia muito mais.

 

Oh, seriously, you're gonna make mistakes, you're young

— Acho que sua mãe devia ver a filha maravilhosa que tem – dissera, tentando fazer.

 

Alex notou a veracidade em suas palavras e desejou que Piper também pudesse senti-la. Tinha errado seu julgamento inicial sobre ela, a tinha imaginando como um estereótipo do Julia’s, a garota de uniforme impecável, cabelo impecável, com um namorado atleta e amigas prontas a rir de qualquer coisa que ela falasse, apenas para agrada-la.

Piper era um poço profundo que ela ainda não conseguia enxergar o final. Mas que por algum motivo queria.

 

Come on, baby, play me something like here comes the sun

— Gosto de você, Alex Vause – Piper respondeu, enquanto Alex a girava e puxava de volta para os seus braços, fazendo com ela, logo em seguida, repousasse sua cabeça nos seus ombros mais uma vez.

 

Também gosto de você, Alex quis dizer. Mas apenas fechou os olhos e sentiu o cheiro do perfume dela se espalhando, desejando que sua memória olfativa pudesse gravá-lo para sempre.

 

Don't go, stay with the all unknown. Stay away from the hooks all the chances we took

— Embora, eu ainda ache que você é louca por não gostar dos Rolling Stones. Todo mundo gosta.

 

A morena soltou uma risada alta daquilo.

 

— Você devia ouvir Beatles um dia – respondeu

— Eu já ouvi, mas não significa que os Rolling Stones sejam ruins.

— Significa apenas que não existe nada melhor que os Beatles

— E que você é bem louca.


Riram juntas daquela vez.

 

We're so close to something better left unknown

A música parou e uma salva de palmas tomou seu lugar. Sem querer, Alex amaldiçoara a cantora mentalmente por acabar.

Mas começava a ficar tarde, o sol começava a se pôr e refletia perfeitamente no rio. Era melhor que fossem embora, antes que suspeitassem da fuga repentina.

Caminharam lado a lado em silêncio, passando devagar por todas as ruas em que antes correram como loucas, observando ao fim da rua, o sol indo embora.

Passaram por todas as casas perfeitas do bairro e viram alguns alunos do Julia’s voltando para suas casas, sem suspeitar que as duas estiveram longe da escola naquela manhã.

Piper parou de andar de repente, em a frente a uma casa branca com grandes vidraças e um jardim grandioso protegido por um portão com a letra C desenhada. Devia ser a maior casa que Alex tinha visto no bairro, quem sabe até na vida.

 

— Eu moro aqui – ela anunciara.

— Parece que sua mãe é boa na sua profissão – disse se referindo a piada anterior de Piper com sua mãe.

 

Piper achou graça, enquanto soltava os cabelos do rabo de cavalo e balançava a cabeça para que voltassem ao lugar.

Colocou sua mão no ombro da morena, olhando fixamente em seus olhos.

 

— Obrigada por hoje, Alex.

 

Alex se pegou pensando naquele agradecimento até chegar a porta do seu prédio. Piper não precisava agradecer, era ela quem precisava. Agradecer por uma das melhores tardes da sua vida.



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