O garoto loiro se levantou da mesa rapidamente com um sorriso largo no rosto, seus olhos âmbar estavam brilhantes e ele parecia feliz em me ver, animado também seria um ótimo adjetivo para descrevê-lo. Ele veio rápido em minha direção e me deu um abraço apertado me pegando de surpresa. Foi no automático, eu enrijeci o meu corpo e fiquei estática sem saber o que falar ou como agir exatamente com os braços praticamente duros entre o afastar ou retribuir o abraço. Mas quando é que as pessoas vão se lembrar de que, EU NÃO ME LEMBRO DE NINGUÉM? Não que eu me importe de abraçar os meus… Amigos acho, mas eu não consigo me lembrar de nenhum deles, então não é lá muito fácil sair por aí distribuindo abraços em pessoas que eu não conheço, não mais pelo menos. Ele percebeu que eu não retribuí o abraço e estava meio perdida e sem graça, sem saber até o que falar pra ele. Minha boca se abria e fechava logo em seguida tentando pensar em algo a ser dito, mas não tinha nada e ele ainda parecia tão animado, isso quase me matava. Ele se recompôs coçando a nuca sem graça e me soltando logo em seguida.
??? - Me desculpa por isso, é que faz muito tempo que eu não te vejo, estava com saudades. (Imagino que sim, afinal eu estava em coma.) Não se lembra mesmo de mim? (Ele perguntou parecendo um pouco esperançoso, se sentir especial talvez, já que eu não me lembrava de ninguém se eu me lembrasse dele ele deveria ser especial.)
Megan - Me desculpe, mas não, não consigo me lembrar de ninguém, ninguém mesmo. (Eu disse encolhendo os ombros tentando mostrar que não era apenas com ele e sim com todo mundo.)
??? - Tudo bem, não tem problemas, sou o Nathaniel, você costumava me chamar de Nath. (Ele sorriu e esticou a mão me cumprimentando, a apertei a assentindo.)
Megan - Tudo bem Nath, prazer em te… Re… Conhecer? (Eu disse meio incerta e com humor.)
Nath - Tudo bem, nós podemos conversar pra resolver isso depois. (Ele disse ainda sorrindo.)
Megan - Claro claro, mas me desculpe a pressa eu realmente preciso da folha logo. (Eu disse meio sem graça.)
Não ficamos conversando por muito tempo por que ele precisava resolver sei lá o que naquele montante de papéis acumulados em cima da mesa e eu precisava ir pra sala já que logo logo o sinal tocaria. Ele me entregou a folha de exercícios e eu me despedi dele rapidamente indo pra sala, logo que entrei já fui direto pro fundo em direção ao pessoal que me cumprimentaram com um animado bom dia sorridente ao me verem por perto. Estávamos conversando quando uma garota loira entrou na sala acompanhada de mais duas garotas, elas chamavam a atenção, não tanto quanto a loira que andava no meio e seu olhar foi diretamente pra mim franzindo as sobrancelhas em sinal de petulância e logo em seguida me ignorando.
Megan - Quem é essa? (Sussurrei perguntando a Rosa um pouco confusa sem entender a atitude dela.)
Rosa - Essa é a Ambre, irmã daquele menino que você viu no grêmio o Nathaniel. Eles estavam viajando e só voltaram agora. (Ela me explicou rapidamente.)
Megan - Ao contrário do irmão ela não parece muito feliz em me ver, tem algo que eu deva saber? Ela me odeia por algum motivo especial? (Ela abriu a boca pensando um pouco antes de responder e pareceu mudar de ideia.)
Rosa - Ela não gosta de ninguém pra falar a verdade, você é só mais uma na lista de pessoas que ela não gosta, nada de especial. Te aconselho a não chegar muito perto dela mesmo que ela queira se aproximar, ela não é uma pessoa amigável. (Não parecia ser isso que ela queria dizer, mas aceitei, não queria insistir em algo que ela não queria me contar.)
O professor entrou na sala e todos nos sentamos normalmente observando o decorrer da aula. Ela passou sem nenhuma interrupção a não ser por algumas conversas aleatórias durante a mesma tanto nossa quanto de outros grupos de alunos. Combinamos um trabalho em grupo para fazer na casa do Lys, era uma história que precisávamos criar para a aula de português, ficamos de ir pra lá eu, Lys obviamente, Rosa, Alexy, Íris, Melody, Vio e Armin. Íamos nos reunir lá depois da aula, não exatamente depois dela no sentido literal já que iríamos pra casa antes pedir permissão primeiro, trocar de roupa e coisas do gênero.
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Não foi tão difícil assim chegar na casa do Lys, afinal meus pais tinham me levado no fim de semana para “conhecer” a cidade, então ele explicou direitinho como chegava lá e no final das contas eu não precisei que me levassem, levou uns 15 minutos até que eu chegasse lá. Toquei a campainha esperando já encontrar todo mundo lá ou pelo menos chegando, mas acho que eles tem a mania de se atrasar, por que assim que ele abriu a porta eu praticamente pulei de susto. Lysandre parecia ter acabado de sair do chuveiro, estava de calça e com a camisa entre aberta e algumas gotas pingavam do seu cabelo, acho que eu engasguei com a minha própria saliva começando a tossir e qualquer coisa ao meu redor parecia muito mais interessante do que ele na minha frente. Constrangedor no mínimo, meu sangue parecia até ter esquentado e eu estava com calor, o ar no momento parecia ter tirado férias e eu sentia meu rosto pegar fogo, uma boa quantidade de sangue parecia ter se acumulado nas minhas bochechas e pararam ali.
Megan - Hum… É… (Merda, fala alguma coisa.) O… Onde estão o resto d… do pessoal? (Eu disse tentando não ficar nervosa ou gaguejar, mas era quase impossível.)
Lys - Daqui a pouco eles estão chegando. (Ele disse terminando de abotoar o restante da camisa, graças a Deus.)
Ele abriu a porta me dando passagem para entrar e eu tentei prestar atenção na decoração da casa e não em pensar em como ele era sem o restante da camisa. Pensam estúpidos, que merda! Eu não tinha pensado nada assim até agora, quer dizer, ele era fofo e compreensível, fácil de conversar e conviver, mas eu não tinha olhado pra ele assim é agora estou quase morrendo sentada aqui no sofá batendo o pé freneticamente no chão. Eu queria e implorava mentalmente pra que qualquer pessoa chegasse logo pra que eu pudesse terminar logo e ir embora.
Lys - Quer alguma coisa? Água, suco, refrigerante, comida, não sei. (Ele perguntou olhando pra mim.)
Megan - Hum… Só uma água por favor. (Eu disse forçando um sorriso e engolindo seco, minhas mãos chegavam a suar.)
Lys - Aqui. (Ele me entregou o copo e se sentou ao meu lado, reprimi a minha vontade de me afastar pra não mostrar nada incomum, não funcionou muito bem.) Está tudo bem? (Ele perguntou erguendo uma das sobrancelhas.)
Megan - Claro, sim. (Respondi nervosa ainda. Eu preciso me acalmar.)
Lys - É que você parece… (Ele não terminou de falar pelo latido forte vindo do fundo do quintal da sua casa.)
Megan - Você tem cachorro? (Perguntei curiosa e querendo mudar de assunto.)
Lys - Na verdade não é meu, eu só estou cuidando dele pra um amigo. (Ele respondeu se levantando do sofá e indo em direção ao quintal.) Vamos lá ver o que ele quer? (Sorri assentindo e me levantei.)
O segui até lá vendo através do vidro fosco um cachorro preto que parecia ser bem grande, mas era difícil dizer realmente. Ele pulava de um lado pro outro parecendo extremamente animado, provavelmente brincando com alguma coisa que teria achado do lado de fora ou simplesmente tentava chamar a nossa atenção para que brincássemos com ele.
Lys - Dragon! (Ele chamou o cachorro assobiando e estralando os dedos assim que abriu a porta.)
Megan - Ele é bravo? (Perguntei vendo o cachorro correr na nossa direção.)
Eu não precisei realmente de uma resposta, o cachorro pulou em cima de mim me jogando no chão e lambendo meu rosto abanando o rabo freneticamente, ele chorava ao mesmo tempo em que se jogava pra cima de mim, como se não me visse há muito tempo, mas mesmo assim… Eu não me lembrava.
Megan - Oi pra você também. (Eu disse com humor tentando me levantar e vendo o Lys rir da cena.) Deixa de ser malvado e pare de rir, me ajude a levantar aqui. (Eu disse rindo e estiquei a mão pra ele.)
Eu ia levantar sim, mas por algum motivo que só fez sentido dentro da minha cabeça no momento eu o puxei pra baixo fazendo ele cair da mesma maneira como eu estava assim que ele segurou a minha mão pra poder me ajudar. Agora pronto, estávamos os dois sendo babados pelo cachorro querendo carinho e brincadeiras desesperadamente.
Lys - Isso foi vingança? Que golpe baixo. (Eu dei de ombros e ri. Ele fez uma careta engraçada antes de continuar falando.) Ah é, então é assim. (Ele se aproximou perigosamente de mim me puxando logo pelos pulsos e me deitando no chão.)
A ponta dos seus dedos começaram a apertar a minha barriga me fazendo cócegas e me prendendo ali embaixo dele sem me deixar sair, eu gritei começando a rir ainda gritando pra ele parar, tentava espernear e sair dali, mas ele era forte e não me soltava por mais que eu me mexesse. Eu já estava começando a ficar com falta de ar quando ele finalmente resolveu parar e só então eu respirei direito, ofegante ainda rindo. Abri os olhos e tentei me levantar, péssima decisão, ainda estávamos muito próximos, eu podia ver que ele se assustou tanto quanto eu da mínima distância entre nós, tão pequena que eu poderia sentir o seu hálito bater contra o meu rosto, quente e com cheiro de menta. Ambos surpresos, nenhum de nós dois nos recuamos, e por algum motivo… Eu queria beijá-lo, queria sentir os lábios dele sobre os meus. A distância parecia cada vez menor, ou era só uma questão de perspectiva, nossa respiração acelerada e a boca entre aberta, olhando nos olhos um do outro, era como se nós dois não tivéssemos muita certeza de nada no momento. Ele se assustou e se afastou rapidamente assim que a campainha tocou soando pela casa. Ele não disse nada, não que tivesse algo a ser dito devido às circunstâncias, apenas sorriu minimamente sem graça e foi atender a porta. Me levantei suspirando, um tanto quanto… Decepcionada talvez, mas talvez isso tenha sido bom, afinal, eu não sei de muita coisa.
Rosa - Desculpe o atraso é que eu passei na loja do Leight. (Escutei a voz dela vinda da sala soltando uma risadinha fofa.)
Segurei o Dragon pela coleira que estava sentado ao meu lado e o puxei até o quintal novamente fechando a porta. Talvez era pra ele ficar solto, mas quando eu cheguei ele estava lá fora e o Lys não disse nada, fiz o que achei que deveria.
Rosa - Ah você já chegou. (Ela disse animadamente quando me viu vindo me dar um abraço.)
Megan - Quem é Leight? (Perguntei a ela, até agora acho que não tinha escutado esse nome.)
Rosa - Oh, eu não falei não é? (Provavelmente não.) É o meu namorado, irmão do Lys. (Eu nem sabia que ela namorava ou que ele tinha um irmão.)
Com o passar do tempo o restante do pessoal foi chegando e nós começamos a fazer o trabalho. Eu até tentava prestar atenção ou falar alguma coisa, mas meu olhar sempre desviava do foco do trabalho indo em direção ao Lys e quando nossos olhares se cruzavam, nós dois desviávamos pra qualquer lugar, foi dessa maneira durante todo o restante do dia. Felizmente ninguém notou nada, ou talvez a Rosa tenha percebido algo, mas por sorte optou por ficar calada, eu só não sabia por quanto tempo, já que ela não é de guardar nada para si, era só questão de tempo e eu poderia esperar que ela viesse me dizer alguma coisa, provavelmente com ele primeiro, mas uma hora ou outra ela viria. Eu não sei exatamente o que aconteceu, mas… De uma hora pra outra, eu passei a olhar pra ele de modo diferente, eu só não conseguia explicar isso.
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