Narrador.
— Normani, você viu se a nossa fatura desse mês já chegou? Não encontro ela em lugar nenhum. - Dinah tirava tudo do lugar pela segunda vez e nada, não achava o que queria, a maldita conta do cartão de crédito. - Não estou achando essa merda.
— Qual delas, amor? Tinha algumas na mesa, você já viu lá? Ou no chão? Pode ter caído em algum lugar. - Normani respondeu sem olhar para sua esposa, estava ocupada com alguns papéis que Lauren teria que assinar no dia seguinte. - Não sei.
— A do cartão. Eu acho que teve algum problema no correio ou no banco, não estou vendo nem a da Lauren.
— Você não vai achar a da Lauren mesmo não. Ela colocou para chegar no email dela, a nossa deve está em algum lugar ou ainda não chegou.
— Pode ser. Vou olhar a conta do banco da Lauren para ver se já teve algum desconto esse mês. Da outra vez foi a mesma coisa, e se tiver o desconto do mês, vai ser a sua vez de brigar com o banco por causa dessa bendita fatura que sempre da algum problema.
— Eu vou pedir alguns papéis dos novos funcionários. Ainda não acabei de separar os de amanhã. Procura aí que eu já volto.
— Estou preparada para gritar com aquela mulher insuportável do cartão de novo. Pode deixar que eu mesma vou resolver isso.
Por mais que Normani estivesse concentrada no trabalho, não deixou de rir com a esposa ao sair em busca de seus papéis. Dinah já estava tão acostumada a resolver os problemas das faturas das três, que já sabia a senha de cor da conta de Lauren, todas elas.
Sua raiva diminuiu quando viu que ainda não tinha descontado nada naquele mês, então a sua fatura também não havia chegado. Só daquela vez a mulherzinha do banco não ouviria seus gritos irritados com eles. Dinah estava se levantando quando clicou sem querer em outro lugar, vendo uma coisa que chamou muito sua atenção.
— E, aí? Problema no banco outra vez? - Normani surgiu com seus braços cheios de pastas, jogando todas sobre a mesa antes de parar na frente da esposa. - Amor? O problema é de quem?
— Ainda não tem problema nenhum, mas terá assim que eu entender o que é isso tudo aqui. - Dinah olhava de um jeito estranho para a tela do computador, o que atiçou Normani na mesma hora. - Da uma olhada nisso e me diz que não estou vendo coisas.
— Não acredito que você fez o que estou pensando. - Normani virou a tela do computador para ela, confirmando tudo o que pensava. - Isso é sério? Eu não acredito que você está mexendo na conta da Lauren, Dinah. Era só para ver a porra fatura e você faz isso?
— Apareceu aqui quando eu já tinha parado de ver a fatura, não tive culpa nenhuma. - Dinah se colocou de pé para voltar a ver a tela do computador ao lado de Normani, apontando para alguns lugares. - Olha o saldo que foi gasto hoje.
— Só deixa ela descobrir o que estamos fazendo. - Dinah pouco se importou, ela só sabia apontar para os números a menos que Lauren tinha na conta. - Um buffet infantil? Loja de brinquedos? A Lauren foi assaltada por uma criança? - Normani perguntou divertida, voltando a se afastar de Dinah. - Será que ela voltou a ser criança?
— Deixa de fazer gracinhas, Normani. - Irritada era pouco para descrever Dinah. - Ninguém consegue comprar nada sem a autorização que chega para ela, para de falar besteira.
— Vou falar sério agora. Pode ser aniversário do filho ou filha de algum funcionário, sabe que ela adora quando chamam ela.
— Foram quase três mil reais nesse buffet infantil e mais de trezentos reais em uma loja de brinquedo. - Não satisfeita em mexer na conta de Lauren, Dinah se aprofundou até achar o que tinha em mente. - Eu sabia, olha onde tudo isso foi gasto, Normani.
— É verdade que mostra mesmo onde o cartão passou? E eu nunca reparei? Que coisa chata, a pessoa não pode nem estourar o limite do cartão no sigilo. - Normani zombou de Dinah, ela não ligava para onde o cartão de Lauren estava sendo gasto, não era da conta de nenhuma das duas. - Fecha logo a conta dela, mulher. Para de ser curiosa.
— Eu não estou brincando, tá legal? Essa é a cidade que a Camila mora, eu avisei que ela queria alguma coisa da Lauren e já conseguiu. Ela tem um filho?
— Deixa eu te falar algumas coisas, Dinah. - Normani ficou séria de um minuto para o outro, dando a volta na mesa para desligar o computador. E ela desligou. - Eu não sei se a Camila tem filhos, mas se tiver, explica tudo isso que você mexeu sem nenhuma autorização. Lauren ama crianças e nunca se importou em gastar com elas. Outra coisa, o dinheiro que não é seu para você se doer como ele está sendo gasto. E última coisa, se você vai começar atacar a Camila, eu vou te deixar falando sozinha.
— Quer que eu fique calada? De novo?
— Claro que quero. Se o dinheiro fosse seu, estava tudo bem você reclamar de cada centavo gasto, mas é dela e ela gasta como quiser. Como bem entender.
— Pode defender a Camila com unhas e dentes, eu vou provar que ela só quer o dinheiro da Lauren, até uma criança ela já colocou no meio. Eu vou provar, vai ver.
— Sabe o que vou ver? - Dinah não respondeu, ela simplesmente levantou e saiu da sala, mas Normani foi atrás. - Eu vou ver outra briga entre você e a Lauren. E mais uma vez a culpa vai ser sua, eu vou ficar do lado dela.
— Eu quero abrir os olhos da Lauren. Ela nem conhece essa Camila e já levou lá em casa, dormiu no mesmo quarto que ela e agora está lá na cidade dela. Quer que eu pense o que, Normani?
— Eu não quero que você pense, Dinah. Só quero que você cuide da sua vida, da nossa vida. Deixa a Lauren fazer o que ela bem entender, com quem ela quiser e como quiser. Sabe muito bem que se você falar alguma coisa sobre a Camila ou o cartão, vai dar briga.
— Eu vou falar mesmo assim.
[...]
— Isso são horas de alguém perturbar com essa campainha? - Valentina descia a escada com calma, quem quer que fosse, esperaria ela chegar no interfone da cozinha. - Quem é?
— Entrega, senhora.
— Que entrega, menino? Ninguém aqui pediu nada.
— A entrega está no nome de Lauren Jauregui para Sofia. - Valentina se afastou do interfone, mas não tirou o dedo do botão. - Não é aqui?
— A Sofia sim, mas o que tem nessa entrega?
— Senhora, eu trabalho com entregas expressas. Uma loja de brinquedos me mandou entregar aqui, eu não sei o que é, não posso abrir as entregas. A senhora pode receber a entrega?
— Só um minuto, estou indo aí. - Valentina tinha alguns pensamentos sobre o que estava indo pegar no portão, tipo, como Camila havia conseguido fazer Lauren comprar presentes para Sofia. O barulho de uma moto despertou a mulher, que abriu o portão e deu de cara com um homem segurando caixas. - Quantos brinquedos tem aí?
— Oito presentes para uma criança de oito anos. Deve ser um para cada ano que passou. A senhora pode assinar aqui por favor? - Valentina não se deu o trabalho de pegar os papéis na mão, assinou de qualquer jeito e só devolveu a caneta, sempre arrogante. - Quer que eu leve até a porta?
— Não. Pode deixar que eu mesmo levo para dentro. Muito obrigada.
— De nada. Tenha um ótimo fim de tarde.
— Igualmente.
O que Lauren queria comprando presentes para Sofia? Presentes pesados. Era mais uma das várias perguntas que Valentina estava doida para fazer Camila responder. Quando a mulher se arrependeu de não ter aceitado a ajuda do entregador, ela já estava colocando a última caixa perto da escada ao olhar de Alejandro que descia depois de um banho demorado.
— Que presentes são esses, Valentina?
— Todos eles tem o nome da Lauren e da Sofia, foi aquela mulher que comprou tudo isso e mandou entregar aqui.
— O que ela quer enchendo a Sofia de presente? - Alejandro pegou uma das caixas, vendo que só tinha o endereço de sua casa, o nome de sua filha depois do de Lauren, não tinha um segundo endereço para mandar de volta. - Por que ela comprou esses presentes?
— Talvez esteja agradecendo por alguma coisa que a Camila tenha feito por ela... - Valentina deixou a frase morrer no ar, tirando a caixa das mãos do marido, ela o conhecia bem. - Se for outra coisa, eu não sei.
— Não começa com isso, Valentina. Você sabe muito bem que não gosto quando fala assim da Camila. Até parece que ela está sendo paga por alguma coisa.
— Camila sumiu com essa Lauren por dias, Alejandro. Acha que ela estava enfiada na casa de quem? Com quem?
— Isso não quer dizer nada, mulher. - Nem mesmo Alejandro acreditava em suas próprias palavras.
— Abre os olhos, Alejandro, essas duas não são só amigas e esse monte de presentes é uma prova disso. - Valentina virava o próprio capeta quando queria infernizar a vida de Camila. - Eu não vou subir com essas caixas, a Sofia abre aqui mesmo ou você sobre para guardar tudo o que Lauren mandou para ela.
— Eu não vou aceitar essa menina comprando as minhas filhas com presentes. Não vou mesmo. - Alejandro saiu batendo os pés com força contra o chão, ele queria achar seu celular. - Eu vou mandar a Camila voltar agora mesmo para casa.
— Ela não vai te atender. - Valentina sorria satisfeita pelo efeito que causou no marido, tudo por causa da forma que Camila tinha tratado ela mais cedo. - Você pode esquecer, ela não vai nem olhar para o celular.
— Então eu vou esperar ela chegar aqui e vamos ter uma conversa séria. - Alejandro voltou para perto das caixas, evitando olhar para elas ou faria uma besteira sem pensar em Sofia. - Eu não aceito esse tipo de coisa. Na minha casa não.
— Você não tem autoridade alguma com a Camila, ela já é de maior e vai te deixar falando sozinho como sempre, Alejandro. Deveria ter sido mais firme com ela antes, enquanto ela crescia naquela rebeldia toda. Agora ela faz o que quer e vai saber o que ela anda falando também.
— E quer que eu faça o que, Valentina?
— Quero que fale com a Lauren, ela não pode ficar usando a Sofia para sei lá o que ela e Camila estejam fazendo. Essa pouca vergonha tem que ter um fim e é você que vai fazer isso hoje.
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