Jennie não parava de caminhar de um lado para o outro, não sabendo o que fazer nem o que pensar naquele momento, tentava não tremer mas já não era mais segredo para todos que estavam ali naquela sala, ela não precisava mais esconder o seu desespero.
- Espera, falta menos de uma semana para o mês acabar - Ryder anunciou se levantando - Você vai receber o seu salário, Jen.
- Você não entende, parceiro. Não é questão de “ficar sem dinheiro” e sim para onde foi o dinheiro, e quem o roubou.
- Isso é mais que óbvio, Jennie! - o menino argumentou tentando passar o seu ponto de vista para a sua irmã - Clonaram a sua senha, seus dados pessoais e os dados do banco que você utiliza.
- Isso não é assunto pra você, Ryder.
- Eu só estou-
- Porque não dá uma conferida no Leo e no Kuma, Ryder? - Chaeyoung tentou afastá-lo daquela conversa, se sentindo frustrado por saber a resposta mas não tendo a atenção precisa, o garoto caminhou pelo o corredor tirando seus tênis assim que entrou no quarto.
- Eu vou mostrar a elas que eu sei quem foi.
Voltando ao ambiente pesado e tenso da sala, Jisoo e Chaeyoung se entreolhavam já não sabendo o que fazer para acalmar a amiga, não tinham mais ideias, não tinham mais argumentos, não sabiam o que dizer, nada estava fazendo sentindo naquele dia.
A campainha foi tocada fazendo Jennie respirar em alívio em ter a certeza que era Lalisa, não pensou duas vezes antes de se jogar em tais braços, mas recuando assim que sentiu o perfume não compatível ao de Lalisa. Era apenas Mary.
- Ah... é você...
- Uau, percebo que não era eu que você esperava.
- De fato... não...
- O que aconteceu? Estava chorando?
- Muitas coisas aconteceu, Mary. Muitas coisas.
A morena falou voltando ao seu estado inicial, não achando o conforto que tinha nos braços de Lalisa, não ficaria calma até a sua loira de olhos parcialmente verdes aparecesse.
- Clonaram a conta bancária da Jennie.
- Sério? Céus, amor, eu sinto muito! - Mary falou caminhando até Jennie e a abraçando de um modo desajeitado, no qual Jennie se sentiu completamente desconfortável - Isso é crime, não? Porque não vá a uma delegacia?
- É o que eu irei fazer amanhã, Mary. Não tenho mais a mínima ideia do que fazer.
- E... levaram tudo?
Jennie apenas assentiu massageando as laterais da sua cabeça, a única coisa que queria naquele momento era poder ver Lalisa, que não há respondia e nem havia aparecido em sua porta como sempre fazia nos fins de semana em que Jennie não trabalhava.
A noite chegou como uma tortura para Lalisa, que já havia se cansando de tentar achar o seu celular e o seu notebook, o que a salvava era um antigo caderno de desenho na qual ela havia desenhado a tarde parcialmente inteira. Ao notar o quão tarde já era, arriscou sair do seu quarto, ouvindo sutilmente o barulho da Tv ligada, sabendo que seu pai já se encontrava na sala. Com o corpo trêmulo ela se aproximou, engolindo pedras e mais pedras de ansiedade e sempre pensando na respiração alta e controlada que Jennie fazia quando tinha alguma crise, a deixando mais segura de alguma forma.
- Sai da frente da televisão, Lalisa.
- A c-chave d-da p-porta - ela esticou a mão vendo o seu pai olhar para ela e depois para a mão vazia esperando pelo o objeto.
- Não fiz uma chave reserva.
- E-então pode m-me emprestar a s-sua?
- Pra que? Quer ir se encontrar com a sua vizinha? - Lalisa franziu o cenho acenando positivamente como se fosse ótimo - Você não vai mais se encontrar com ela.
- O QUE?!
- É isso que você escutou - Andrei se levantou com raiva se colocando frente a frente com Lalisa, tão perto que Lalisa podia sentir a sua respiração pesada e o leve cheiro de cerveja exalando dele - Vai saber o que vocês ficam fazendo, e vai saber o que você já disse pra ela. A minha liberdade e o nosso segredo está correndo perigo por conta da sua frescura de querer alguém.
- Você n-não pode m-me deixar t-trancada aqui!
- Eu não só posso, como vou. A partir de hoje, Lalisa, você ficará aqui. Sem telefone, sem notebook, eu não vou ser preso por culpa sua, eu não vou! Se acostume com isso, pois essa é a sua vida agora, pequena boo.
Lalisa o olhou com medo por conta daquele apelido, o apelido que a sua mãe dera a ela, exclusivamente a ela, e que todas as noites ao se lembrar daquilo, chorava querendo poder se encontrar com a sua melhor amiga que havia morrido de uma fora complemente injusta e fria.
A loira bateu a porta do quarto chorando com tanta dor que parecia que mais nada valia a pena, ela estava naquilo de novo, estava naquele quarto de novo, ela estava sem alguém... de novo...
Ela não entendia, não entendia o porque tudo tinha que dar errado na sua vida, o porque ela não poderia apenas ser alguém na qual se envolve e se mistura com outras pessoas, outras pessoas que não ficam trancadas dentro de casa, outras pessoas que tinham uma família normal, outras pessoas que não haviam presenciado a morte da própria mãe causada pelo o seu próprio herói número um, seu próprio pai. O que mais doía, acho que tudo em si doía, mas a ideia de não ver mais a sua vizinha, o gatinho na qual cuidou junto ao seu melhor amigo, como Jennie reagiria? Será que ela se importaria com o sumiço? Será que Jennie sentiria a sua falta?
- Jennie... - a menina sussurrou abraçada ao seu travesseiro deixando ser guiada pela grande onda de dor e dormência em seu corpo, como se estivesse entorpecida, como se o que mais a deixava viva tivesse ido embora.
96nini: Lili... espero que não esteja chateada por ter furado com você hoje... e senti sua falta aqui em meu apartamento, está tudo bem?
Jennie suspirou desligando o seu celular e olhando para a sua “namorada” que lhe parecia bem despreocupada com toda a situação, como se não se importasse, aquela era a hora perfeita.
- Mary...
- Sim, amor? Você quer algo? Está com fome? Posso pedir algo para comermos.
- Não é isso, longe de ser isso. Nesses últimos meses, tanto eu quanto você estamos afastadas, você não acha?
- Você acha isso? Ah, Jen, uma briga ou outra não é nada.
- Não é apenas uma briga ou outra, Mary. Tudo faz parecer estranho, não sei... não estou mais confortável nesse relacionamento.
- Está dizendo que não quer mais nada comigo?
- Você é uma mulher legal, em alguma hipótese claro. Só acho que não estamos falando a mesma língua, não nesse momento...
- Está ficando com outra pessoa? - Mary perguntou se levantando meio inquieta com aquilo - Conheceu outra pessoa, Jennie?
- Sim, Mary. Eu conheci outra pessoa. Não estou dizendo que não te amo, claro que eu amo você, realmente você fez parte da minha vida, mas acho que está na hora de arriscarmos coisas e pessoas novas, entende?
- Certo... e a sua vizinha não é? Aquela estranha que não sabe falar, não é?
- Não coloque a Lisa nessa conversa por favor.
- É ela?
- E se for? Vamos ser felizes de uma forma diferente, Mary.
- Você realmente é uma puta de uma egoísta, Jennie - Mary murmurou abrindo a porta - Você vai perceber que esse é o maior erro que está cometendo, e quando estiver completamente fodida, vira atrás de mim.
A forte batida da porta fez o apartamento inteiro tremer, Jennie tremeu, o seu corpo e o seu coração tremeu, queria apenas achar uma brecha simples para respirar, queria apenas uma única pessoa ali ao seu lado.
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