[...]
- Sua filha está sendo acusada de roubo, um roubo muito bem elaborado na qual a vítima afirma ter sido ela.
- Isso é impossível, Lalisa nunca conseguiria roubar ninguém. Ela não tem capacidade para isso.
- Nos fale mais sobre a sua filha, e como ela reagiu à partida da mãe.
Andrei tremeu dos pés a cabeça, mal conhecia a filha antes do "acidente", antes disso, Lalisa era uma criança doce, alegre e extremamente carinhosa e atenciosa, se preocupava com todos, principalmente com a sua mãe, e até com ele. Mas depois que assassinou Kira, não conhecia e nem convivia mais com a sua filha, e não sabia se realmente queria.
- O porque estou aqui? Se o indiciamento é sobre a Lalisa, eu não deveria estar aqui.
- Você é o pai dela, senhor Andrei. Vamos começar de novo, eu sou Yuki, delegado principal desse distrito, vamos criar uma boa relação ok? - Yuki falou se sentando na frente de Andrei, que empurrou a cadeira para trás com o pé, apenas por ter medo daquele sujeito - Lalisa está sendo acusada de algo bem sério, envolvendo um nome muito famoso não só aqui mas como no mundo inteiro. E como o pai dela, você teve ter a consciência básica sobre a sua filha, certo?
- Lalisa nunca se envolveria em um crime, eu posso não conhecê-la perfeitamente, mas sei que ela não teria essa idealização!
- Me diga os motivos.
- A única coisa que importa a ela é a droga daquela blog, na qual ela passa o dia inteiro escrevendo.
- Não gosta do blog a sua filha?
- Sinceramente? Ela só escreve um monte de baboseiras sem sentindo.
- Certo, ela passa muito tempo em casa, senhor Andrei?
- Nos últimos meses não, ela estava se encontrando com algumas amigas.
Yuki sorriu para o homem, tendo o que ele queria, a confiança e a liberdade de Andrei, era assim que aquele delegado conseguia arrancar cada verdade de cada sujeito sentenciado. Yuki ainda fez algumas perguntas, mas nada sério que chegasse ao ponto da questão, até que sentiu Andrei bem mais aberto, e sabia que aquele era o momento perfeito.
- Diga-me, Andrei, como conheceu a sua ex esposa?
- Eu e Kira nos conhecemos em um show de rock, ela era dos Estados Unidos, então trocamos os números e nos encontrávamos uma vez a cada dois meses. Até que ela me disse que se mudaria para a Rússia então eu a pedi em namoro, e logo que Lalisa nasceu, nós nos casamos - o homem falava com um sorriso nos lábios pequenos ao lembrar daquela linda e leve época na qual ele era meramente feliz, muito feliz - Até aquele cara aparecer...
- Que cara?
- Nicolai Kim... no começo se apresentou a mim, éramos melhores amigos até ele começar... a se envolver com a minha mulher - Yuki viu quando Andrei serrou os punhos e os dentes ao citar aquela parte, ligando o gravador escondidamente e deixando que o homem continuasse - Ele tirou tudo de mim, trazia presentes a minha filha, que começava amá-lo mais que eu, chamava Lalisa e Kira para sair quando eu estava no trabalho... aquele filho da puta tirou tudo de mim, tudo o que eu construí.
- Acha que ele fugiu com Kira para outro país?
Andrei deu uma risadinha amarga, se encostando na cadeira em uma forma mais confortável como se tivesse em casa, colocou os pés em cima da mesa e cuspiu no chão com todo o rancor.
- No país do inferno. É lá que eles vão se encontrar, e eu daqui a pouco me encontrarei com eles.
- Poderia me explicar isso, senhor Andrei? Eu não entendi - Yuki apenas jogava o jogo daquele cara, ele claramente já sabia do que se tratava, estava estampando em todas as expressões faciais e labiais na qual Andrei falava, estava mais que claro.
- Nicolai tirou tudo de mim, minha filha, minha mulher... e eu... apenas me vinguei por isso.
[...]
Lalisa se sentou no colchonete velho que havia encontrado em uma viela atrás do prédio abandonado, olhando para a sua nova casa com uma pitada de orgulho. Abriu a embalagem do hambúrguer que havia comprado e ali encarando a vista sozinha, ela se alimentou.
Sabia que não poderia viver ali pra sempre, seu dinheiro acabaria, as roupas ficaram sujas, e em pouco tempo ela morreria de frio. Ela não tinha um plano certo na mente, estava sendo apenas guiada pela vida sem muito interesse mas com muito medo.
O céu escuro e salpicado de estrela virava o seu cobertor natural dês que havia saído de casa, a um dia exatamente, ela conversava secretamente com todas as galáxias e pedi conselhos a grande lua brilhante que a observava com dor "nos olhos." A ajuda nem sempre vinha da mesma espécie, nem sempre do mesmo sangue ou do sangue diferente, a loira acreditava fortemente no poder de todo o universo, que mesmo com todos os buracos negros da vida, aquele espaço infinito nunca a deixaria, nunca viraria as costa a ela e nunca a abandonaria. Não era físico, não era visível, não era comunicável, mas era aceitável e agradável.
"Por mais que tento lutar, dói. Andar se torna difícil, tudo sem você é difícil. Talvez eu preciso de você, talvez eu te odeie, talvez eu ame você, talvez a única coisa que eu quero agora é você. Então... me encontre aqui essa noite, fique comigo essa noite, deixe eu te amar essa noite, me ame... essa noite"
A loira secou a lágrima solitária depois de escrever aquele pequeno texto em seu caderno de desenho. Guardando tudo e decidindo ir até a praia que não ficava muito longe dali, o seu melhor amigo também infinito secaria e levaria junto as ondas suas lágrimas, e aquilo lhe passava conforto.
Lalisa caminhou até o píer... aquele píer especial para ela, que agora só lhe trazia lembranças um pouco amargas, primeiro beijo e um único desejo, na qual pensou que as estrelas não acataram de bom grado. Se sentou ali tirando os seus tênis e colocando os seus pés na água gelada do mar, ela olhou para o céu e deixou as lágrimas rolarem sem freamento, ou ser repreendida por ela mesma. Sabia que não deveria ter prometido tantas coisas e ter acreditado em tantas promessas, aquilo só machucaria ela ainda mais.
- Nunca deixarei você se aproximar de mim
Mesmo que você signifique tudo para mim
Pois sempre que me abro, me dói
Então, jamais me aproximarei de você
Mesmo que eu signifique tudo para você
Caso você me largue na sujeira... - ela cantarolou entrando em sincronia com as ondas do mar, um dia tão especial, naquela varanda foi aonde tudo nasceu, tudo floresceu.
E agora seria perdido e levado... abandonado...
- A cada vez que você me magoa, menos eu choro
A cada vez que você me deixa
Mais rápido essas lágrimas secam
E a cada vez que você sai andando, menos eu te amo
Amor, não temos a menor chance, é triste, mas é verdade...
Lalisa escutou passos atrás dela, mas não se importou, até que a brisa trouxe um perfume bem conhecido por ela, sendo o único conhecido, e o único que a trazia conforto.
- Nunca deixarei você se aproximar de mim
Mesmo que você signifique tudo para mim
Pois sempre que me abro, me dói
Então, jamais me aproximarei de você
Mesmo que eu signifique tudo para você
Caso você me largue na sujeira... - Jennie reforçou a última parte, podendo chorar ao ver Lalisa na sua frente a encarando completamente surpresa, e extasiada - Acho... que eu não sou tão boa assim para dar adeus igual o Sam Smith...
Jennie sussurrou não sabendo o que fazer a partir daquele momento, não sabia o que fazer a partir do momento que Lalisa não se encontrava mais na sua vida.
[...]
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