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História Light - Você não pode me deixar - História escrita por ShoyoMasterscar - Spirit Fanfics e Histórias
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História Light - Você não pode me deixar


Escrita por: ShoyoMasterscar

Notas do Autor


Pessoal.....
Algumas certa coisa são necessários acontece na fic....
Mas fiquem tranquilos, vai dá tudo certo.
🧐📖✍️

Capítulo 16 - Você não pode me deixar


Fanfic / Fanfiction Light - Você não pode me deixar

Depois de colocar Alice na cama volto para o flat. Meus pensamentos estão em conflito, mas essa não é uma decisão que cabe a mim. A escolha está nas mãos de Regina.

Apoiarei qualquer que seja. E darei um jeito se tudo isso respingar nos negócios. É o que eu faço transformar problemas em soluções. A única coisa que não posso permitir é essa distância que ela quer colocar entre nós.

Assim que entro no flat sigo direto para a suíte. Ela ainda está dormindo enrolada sob os lençóis. Tiro minhas roupas e deito a seu lado. Ela se aconchega a mim, apoia a cabeça em meu peito, suas pernas se enroscam nas minhas.

Sinto meu coração saltar no peito e um sorriso torto vem aos meus lábios.

Regina pode querer tentar se afastar, mas seu corpo a direciona até a mim.

Afasto uma mecha de cabelo de seu rosto e faço uma pequena prece para que nosso amor seja forte o suficiente para suportar tudo isso. Eu a amo, a palavra não expressa nem metade do que realmente sinto. Estou me tornando tão dependente dela que chega a ser assustador. Não suportarei viver sem o calor de seu corpo, sua voz doce e melodiosa, sua teimosia, inteligência e bondade. De alguma forma tenho que convencê-la de que ficaremos bem. Desistir não é algo em minha personalidade.

— Não! — o grito ecoou pelo quarto. Seu grito de terror é tão intenso que me despertou imediatamente. – Não faça isso, por favor!

Regina está agarrada ao lençol e lágrimas escorrem por seu rosto. Vejo o pânico e desespero em seu rosto pálido, isso me destrói.

— Não faça isso! — ela volta a gritar. — Deixe -a! — Regina, acorde! — sacudo-a levemente para não assustá-la. – Ei anjo, acorde.

— Não! Não! Não! — ela repete sem parar me deixando angustiada.

Já presenciei Alice tendo pesadelos e em meus momentos mais sombrios tive alguns, mas ela parece mergulhada em algo realmente profundo e doloroso.

Seu corpo está gelado e suando frio. Suas unhas estão cravadas nas palmas das mãos e o corpo está rígido e agitado.

— Regina acorde! – sacudo-a mais forte dessa vez. Preciso tirá-la dali, desse estado de devastação no qual se encontra. Parece está sendo consumida pelo fogo como pólvora, embora seu corpo continue frio, gelado. Isso me assusta.

— Acorde! Regina!

Seus olhos se abrem arregalados e ela pisca várias vezes como que se quisesse se orientar. Fecha os olhos novamente, se contrai e encolhendo-se.

Afasta-se de mim e vai para canto da cama em posição fetal. Aproximo-me com cuidado, eu não quero assustá-la. Seu repentino silêncio me deixa em pânico. Toco em seus cabelos e ela se encolhe mais. Sento-me na cama resignada, sentindo-me impotente. O que a deixou tão abalada que até meu toque a machuca?

— Regina — Tento segurar sua mão, mas ela a puxa. — Regina sou eu.

Foi apenas um pesadelo — Sinto-me perdida, confusa e dilacerada.

Ela morde a mão para conter um soluço.

— Não foi — ela começa a secar as lágrimas com raiva. — São lembranças. São malditas lembranças! Elas não me deixam em paz. Quero que vá embora.

A angústia em sua voz me martiriza. Tenho que fazer alguma coisa. Algo que faça essa dor ir embora. Que lembranças são essas? Por que a machucam tanto a ponto de deixá-la transtornada? Longe de mim de uma forma que me deixa arrasada. Eu sei lidar com meus próprios demônios, mas ver os dela é mais do que posso suportar. Não sei como agir.

— Sobre o quê são? — pergunto me aproximando com cuidado. Minha voz está rouca e falha. Ela parece um animal assustado e ferido. Sei que preciso ter cautela para que não aumente a barreira entre nós dois. — É sobre o seu acidente?

— Não, não é — ela fecha os olhos com força. As lembranças parecem trazer mais dor. — Aquela mulher, seus olhos... Eu vi tudo, eu não consegui ajudá-la.

Quero abraçá-la e apertar em meus braços até que possa afastar toda a dor até que o calor do meu corpo pudesse aquecê-la. Eu não faço isso, ainda. Ela precisa de um pouco de espaço. Ficamos ali em silêncio por alguns segundos, enquanto lágrimas silenciosas descem por seu rosto.

— Nunca vou poder esquecer aqueles olhos, seu rosto... — Regina senta na cama abraçando os joelhos, ainda está trêmula. — A frieza e o prazer que ela tinha em machucá-la. — Respira fundo tentando se controlar.

— Eu não fiz nada... — um choro compulsivo toma conta dela. — Eu não fiz nada, agora ela está morta.

Preciso de um momento para controlar as emoções. Cerro os olhos e percebo que estão úmidos.

— Não precisa contar se isso a perturba.

Falar sobre o assunto pode ser doloroso, mas os anos de terapia que fiz me ensinaram que em algum momento você tem jogar isso para fora. Tem que deixar que as coisas ruins saírem, antes que elas consumam você como fogo, até que não reste nada além da dor e as lembranças. Aprendi que guardar é pior, não alivia o sintoma, mas corroí a alma. Não esquecemos o trauma, mas podemos atacar o sintoma e isso alivia o que sentimos, por que simplesmente compreendemos.

Martirizamo-nos com culpa, rejeição e toda a porcaria da mente quando muitas vezes a verdade está diante de nós. Mas não sou eu que tenho que dizer isso a ela. Ela tem que descobrir por si mesma, ou guiada pela ajuda de um profissional.

— Ela me olhava pedindo ajuda enquanto as mãos dela impediam de gritar — ela continua, as lágrimas correm por seu rosto. — Minha irmã me viu através da cortina. Seus olhos gritavam por ajuda, mas eu... Eu tive medo.

Ela volta ao choro compulsivo. Doloroso demais para mim.

— Sinto muito — meu coração gela com o que ela diz. O quanto deve ter sido doloroso presenciar aquilo.

— Ela me viu também — Sua mão foi até a garganta. — Isso parecia que a deixava realizada. Como eu pude não fazer nada. Eu a odeio! Eu me odeio!

Entendo seu ódio, a culpa que ela carrega por não ter impedido. Entendo não como um expectador ao ver a dor da outra pessoa, mas da forma de quem também havia presenciado algo semelhante Um terrível sentimento de culpa. Conheço esse sentimento, ele me persegue dia a dia, há anos. Não importa o quanto eu seja melhor hoje, o quanto ajude outras pessoas, a culpa insiste em me perseguir. Anos de terapia aliviaram, mas não apagaram totalmente. Eu apenas aprendi a lidar com ela, mas incontáveis e números “se” perseguem–me. Se tivesse interferido antes. Se tivesse previsto que era mais um jogo macabro para Elsa. Se tivesse contado a meus pais. Se...

— Ela em cima dela como um animal — ela continua. — Sorrindo enquanto ela se debatia. Eu nunca vou esquecer isso! Nunca!

O que poderia dizer? Eu sabia que era verdade. Não se esquece de algo tão traumático assim, ainda mais sendo tão jovem como ela era.

— O estranho é que depois que conheci você não tive esses pesadelos — ela suspira agora um pouco mais calma — Me sinto segura ao seu lado.

Sua declaração me toca.

— Vem cá — deito e levo-a comigo em meus braços, ela já não protesta ou me afasta. — Sempre estará segura comigo. Sempre! Agora descanse.

Beijo seus cabelos e acaricio seus braços, embalo-a como uma criança.

Sua temperatura parece voltar ao normal. Ao poucos a sinto relaxar, sua respiração fica irregular e noto que caiu no sono. Quero saber mais sobre seu passado. Conversamos sobre muitas coisas. Seu trabalho, as músicas que ela gosta e seus amigos, mas seu passado é uma incógnita para mim. Não havia insistido muito no assunto quando via que ela ficava nervosa, esses traumas ainda a machucam. Eu não insisti, como poderia se prefiro esquecer o meu? No entanto, isso é algo doloroso demais para deixar de lado.

Olho para o relógio na mesinha e vejo que passa das quatro da manhã.

Fecho os olhos deixo que o sono e o cansaço me dominem.

Acordo e aliso o colchão ao meu lado. Está vazio. O pânico toma conta de mim, sento-me rapidamente e esfrego os olhos procurando me orientar, olho para o relógio na cabeceira, são seis e quarenta. Ouço um barulho de água vindo do banheiro.

— Está apenas tomando banho — murmuro.

Pego o telefone na mesinha ao lado e peço o serviço de quarto. Vou para o banheiro e vejo-a com as mãos escoradas contra a parede enquanto a água desliza por suas costas.

— Regina? — chamo-a cautelosamente.

Ela desliga o chuveiro, procura a toalha e se enrola nela. Passa por mim apressadamente, minha sensação é que mesmo se ela pudesse enxergar não me encararia. Está fugindo. Caminho até ela e giro seus ombros obrigando-a me encarar.

— Regina?

Ela fecha os olhos e respira fundo.

— Precisamos conversar — ela sussurra.

O medo trava-me por um momento, mas forço a razão dominar a emoção. Preciso ter calma nesse momento, qualquer atitude impensada da minha parte pode colocar tudo a perder.

— Está bem — digo soltando-a. — Por que você não termina de se arrumar? – Sigo em direção ao Box. — Pedi o serviço de quarto, conversamos durante o café — digo antes de entrar no banho.

Deixo a água correr pelo meu corpo enquanto tento organizar meus pensamentos. Teremos que lidar com isso de alguma forma. A possibilidade que tudo termine não é opção para mim. Não posso aceitar isso, eu não conseguiria.

Lutarei pelas pessoas que eu amo até meu último suspiro.

Vou para quarto visto camisa branca, terno cinza. Ouço baterem na porta enquanto calço os sapatos. Saio do quarto a tempo de ver um rapaz posicionar um carrinho com café da manha ao lado da mesa, seus olhos estão focados nas pernas de Regina que está usando uma minissaia jeans. Não havia reparado o quanto era curta na noite anterior. Na verdade não havia reparado em muitas coisas, a única coisa que me importava era tê-la em meus braços.

Entro na sala e dou um olhar duro para o rapaz, entrego uma gorjeta e dispenso-o.

— O café chegou — falo asperamente.

Ela dá de ombros e senta, não sei se está tentando ignorar meu tom ou a falando da sua segurança e me pergunta em que isso me prejudica?

— Fico preocupada com Alice também — ela torce os dedos, um gesto que sempre faz quando fica nervosa. — Ela pode ser afetada?

— Não sei Regina — respondo. Como posso explicar? Se disser toda a verdade posso colocar uma barreira ainda maior entre nós dois. — Talvez sim. Não sei o que passa na cabeça de Lily. Ela pode fazer um escândalo. Alice volta para o colégio em alguns dias, você sabe que às vezes as crianças são maldosas.

Não citei sobre os negócios, não preciso jogar mais merda sobre ela.

— Existe outra opção? — ela pergunta, os nós de seus dedos estão brancos agarrados à borda da mesa. — E se eu não quiser prestar queixa?

— Tenho que mantê-la longe dela — respondo. — Aumentar a segurança em torno de você.

— Não gosto disso — ela retruca. — Sei cuidar de mim, não preciso de todo esse circo em...

— Vai ser isso ou vamos prestar queixa! — eu interrompo, minha voz soa mais alta e áspera do que pretendia. — Você não tem escolha. Estamos lidando com uma mulher perturbada Regina.

— Na verdade eu tenho — ela se levanta e coloca a distância entre nós.

— O que ela deseja é que eu fique longe. É isso que eu vou fazer.

— O que quer dizer? — minha voz sai aguda e angustiada.

— Vou embora, sair da cidade por um tempo — vira de costas para mim, mas não antes que eu veja seus olhos marejados. — Acho terminamos.

— O quê? — eu engulo seco tentando desfazer o nó que se forma em minha garganta. – De onde saiu isso?

— Começamos de forma errada, Emma — sua voz é quase um sussurro.

Posso sentir a dor em sua voz. — Terminaremos da forma errada. E será a Alice que sofrerá com isso tudo.

— Regina...

— Eu não posso observar outro inocente ser destruído por minha culpa — ela soluça e esconde o rosto entre as mãos. — Não vou me perdoar.

Então é isso, o sentimento de culpa do passado faz com que destrua ou queira destruir nosso futuro juntas. Passam-se alguns segundos que parecem horas. Sinto arrepios gelados percorrerem minha espinha.

— Não há certo ou errado minha querida — eu argumento, não vou desistir sem lutar — Amamos um a outra e isso é o que importa.

— Por favor, Emma. Não torne tudo isso ainda mais difícil. – ela respira fundo. — Por favor! — ela soluça.

— Você não pode ir embora — digo tentando controlar o pânico.

— Eu vou — ela balança a cabeça mecanicamente. — Depois que isso tiver terminado, se o que sentimos ainda for verdadeiro...

— Para o inferno Regina! — eu grito dando vazão ao meu desespero, agarro seus ombros e sacudo-os na esperança de que possa colocar alguma razão em sua cabeça. — Não faça isso! — grito furiosa, uma explosão de sentimentos tomando conta de mim.

— É preciso — ela pronuncia as palavras lentamente — Eu quero ir para casa agora.

Então é isso? O fim? Esse sentimento devastador tomando conta de mim.

Essa dor dilacerante que parece triturar cada parte do meu corpo. Essa sensação de que todo ar em minha volta desaparece e eu não consigo fazer algo tão simples como respirar.

Encaro-a sem compreender. Seus lábios dizem uma coisa, mas seus olhos me mostram outra. Sempre pude enxergar dentro deles e o que vejo é a mesma dor refletida, dilacerando-a por dentro. Nas profundezas daquele olhar eu enxergo a contradição de suas palavras. 

Pense! Pense! Pense!

Grita uma voz dentro da minha cabeça. Todo meu corpo esta dormente, pareço anestesiada.

— Está bem. Regina, eu poderia lutar por você durante toda a eternidade. Meu coração está me mandando fazer isso, mas a minha razão não. Não posso ficar ao lado de uma pessoa que não quer estar comigo. Eu sinto muito, muito mesmo, mas devo fazer o que você me pede, mesmo que isso me mate por dentro. — falo com uma voz surpreendentemente calma, mas um pouco trêmula.

Porra! O que estou fazendo? Deixando-a ir?

Ela respira fundo, como se estivesse segurando por muito tempo. Seu rosto está angustiado, morde o lábio e abaixa a cabeça.

— Obrigada — ela se afasta um passo de mim. — Quero ir para casa agora.

— Vou pedir que Nick a leve — sussurro.

Pego o telefone em cima da mesa e dou as instruções a Nick. Sigo até a cadeira onde está meu paletó e o visto automaticamente. Preciso sair daqui.

— Nick virá em alguns minutos. Ainda podemos ser amigas? — digo num fio de voz.

Ela sacode a cabeça devagar, seu rosto voltado para o chão, parece surpresa com o que eu disse. Levanta a cabeça rapidamente, noto o rastro de lágrimas em seu rosto.

— Emma...

— Apenas amigas, Regina — chego perto dela, nossos corpos quase colados. — Eu não vou tocar em você...

Minhas mãos deslizam por seus braços.

— Não vou beijá-la... — falo roçando meus lábios nos dela. — Ou tomar você como minha. — sussurro em seu ouvido.

Eu posso sentir a eletricidade percorrendo nossos corpos. O desejo ainda está ali, pulsando tão forte como a primeira vez. Negando tudo o que ela disse há alguns minutos.

— Eu não vou, não quero — sua voz está agitada.

Mentirosa!

Nesse momento apenas se a tocar ela se contorcerá em meus braços, mas eu não vou fazer isso. Regina terá que voltar para mim por sua própria vontade. Sem receios, culpa ou medo. Ela vai voltar, vou garantir isso.

Caminho até a porta com uma dor no peito, me arrastando lentamente. A vontade que eu tenho é me jogar a seus pés e implorar, me humilhar se for preciso. Respiro fundo, nesse momento o que ela precisa é de espaço. Eu posso fazer isso, eu consigo mesmo meu coração dizendo o contrário. Se esse é o caminho para mantê-la junto a mim. Não estou desistindo, juro para mim mesma. Apenas mudando a estratégia.

— Emma? — ela me chama.

Eu dou meia volta sem conseguir evitar que a esperança me envolva.

— Sim?

— Adeus — ela sussurra baixinho, quase inaudível.

— Até logo, Regina — saio e me apoio contra a porta. Eu não posso dizer adeus.

O corredor parece impessoal e frio, ele me sufoca. Minhas pernas tremem, levo as mãos até os joelhos e busco o ar profundamente. Consigo ouvir um zunido em meu ouvido e meu coração acelera como louco.

— Tudo bem, senhora? — Nick está ao meu lado. Não o vi chegar e não sei há quanto tempo estou ali.

— Não está— respiro fundo. — Mas vai ficar.

Ainda atordoada sigo para o elevador deixando Nick com um olhar interrogativo. Não tenho tempo energia para isso agora. Preciso pensar. Sou conhecida por ser uma grande estrategista, minhas habilidades nos negócios tem que me ajudar de alguma forma. Preciso apenas agir friamente, vou encontrar uma maneira para que tudo fique bem. Talvez Regina tenha razão. Começamos de forma intensa e apaixonada, precipitada, mas não errada. Isso nunca. Só preciso encontrar caminho certo.

Chego ao escritório meia hora depois, passo pela recepcionista sorridente e aceno com um gesto de cabeça. Meus pensamentos estão longe. A certeza de que eu não vou desistir dela é a única coisa que me mantem em pé. Olho para o relógio passaram-se quarenta minutos, os minutos mais longos da minha vida. No entanto foi tempo suficiente para elaborar o plano B.

— Bom dia Rose — Cumprimento-a assim que entro no escritório.

— Sra. Swan — ela se levanta e me dá um sorriso educado.

— Ligue para Graham e peça que venha até aqui, agora — ordeno. — E reserve uma mesa naquele restaurante italiano para o meio dia.

— Sim, senhora — ela volta a sentar e pega o telefone.

Entro em minha sala como um zumbi. Analiso alguns contratos em minha mesa. Meu lado racional obriga meu emocional a me manter a afastada. É a única maneira de me manter sã. Faço alguns telefonemas, respondo alguns e-mails e perco a paciência com alguns diretores. Ligo para meu agente da bolsa de valores e verifico o andamento das ações. Fico aliviada ao saber que apesar de forma lenta elas voltaram a subir. Parece que um escândalo em outra companhia tinha desviado as atenções. Marco uma reunião com setor financeiro para avaliarmos os rendimentos trimestrais. Apesar de todos os problemas, os últimos meses foram os melhores em faturamento, isso ajudará com os novos investidores. Faço tudo automaticamente.

O som agudo e a luz piscando no telefone em minha mesa me alertam que Rose está na linha.

— Sra. Swan — a voz de Rose soa calma. — Graham está aqui.

— Deixe-o entrar, Rose.

Levanto-me e vou até a ampla janela do escritório. Realmente eu possuo uma vista privilegiada de Manhattan. Incontáveis arranha-céus estão espalhados pela cidade. Ao meu lado está o Empire State Building e ao longe posso ver o rio fluindo pela cidade de Nova York. O prédio da DET - Swan Enterprises And Technology é o terceiro maior prédio da cidade. É um arranha-céu de 100 andares localizado em Manhattan, no cruzamento da Quinta Avenida com a 34 West Street. Além de ser sede da Swan Technology, as salas são alugadas para companhias de publicidade, empresas prestadoras de serviços ou lojas exclusivas.

— Sente-se Graham — digo assim que ouço a porta se fechar.

Continuo observando a cidade. O céu está nublado indicando que irá chover em breve, uma das características de Nova York. O clima reflete o meu real estado de espírito, cinza e nebuloso.

— Preciso da sua ajuda Graham — volto para minha mesa e o encaro. — Preciso de segurança.

— Mais? — ele ergue a sobrancelha de forma interrogativa.

— Para Regina — respondo. — Seguranças discretos para que ela não perceba ou outras pessoas, claro.

— Lily? — ele se inclina em minha direção.

— Sim ou qualquer pessoa relacionada a ela — eu explico. — Regina quer sair de Manhattan por um tempo.

— Isso não será um problema — ele dá de ombros encostando-se à cadeira. — Para onde ela vai?

— Lembra-se da minha cabana no lago perto das montanhas em Vermont?

— Sim — ele ri. — Chamar a casa de cabana é um eufemismo.

— Quero que Regina fique lá — respondo ignorando sua brincadeira.

— Você quer? — ele coça o queixo como se avaliasse minhas palavras.

— Não é o que ela quer, certo?

— Na verdade ainda não falamos sobre isso — murmuro frustrada.

A cabana possui dois andares, toda feita de madeira rústica com amplas portas e janelas, há um píer com uma linda vista para o rio. Um lugar muito bonito, principalmente para quem aprecia ver o pôr do sol através do lago. O melhor de tudo é que fica a cinco horas de distância de Manhattan. Longe o suficiente para mim. Ela terá todo espaço que precisa. Talvez o ar puro, a calma e a serenidade do lago e das montanhas possa fazer com que ela reflita melhor.

— Tudo bem — Graham interrompe meus pensamentos. — Vou selecionar dois dos melhores seguranças da minha equipe.

— Eles têm que ser discretos, Graham — enfatizo.

— Não se preocupe — ele levanta a mão me tranquilizando. — Eles são bem treinados para esse tipo de situação.

— Quando ela pretende ir?

— Espero que nesse fim de semana — respondo.

— Certo. Teremos tempo de mapear o local — ele faz uma pequena pausa. — Precisarei das chaves.

— Rose pode providenciar isso para você.

— Eu entro em contato então — ele se levanta e vai em direção à porta.

— Obrigada.

Até o momento as coisas estão seguindo a ordem do planejamento. Há algo mais que preciso fazer. Uma pessoa com quem preciso conversar. Olho para o relógio em meu pulso e vejo que já passa das onze horas. Meu pensamento volta para Regina. Da tristeza que vi em seu rosto quando fui embora. A mesma tristeza que me corrói, que dilacera o meu peito. Não posso pensar em minha dor agora, ela é passageira, tem que ser passageira.

Pego o celular em cima da mesa e seleciono o número na agenda.

— O que você quer? — ela sussurra do outro lado da linha.

— Quero falar com você, Zelena — levanto e começo a andar pela sala.

— A única coisa que quero dizer para você é que vá para o inferno — ela grita e desliga.

Eu mecho meus olhos e respiro fundo algumas vezes. Encosto minha testa contra a parede de vidro e deixo que a superfície gelada me acalme. Volto a discar tentando manter meus sentimentos sobre controle.

— Não desligue — ameaço com tom ríspido. — Quero falar com você e não aceito um não como resposta.

— Está bem – ela concorda com má vontade. — Mas não se atreva a vir aqui.

A ameaça em sua voz me faz ter vontade de rir. Nada no mundo me impediria de ir até lá se essa fosse a minha vontade.

— Eu não vou — esclareço. — Olhe, há um restaurante próximo ao escritório, me encontre lá ao meio dia.

— Eu não sei... — ela sussurra, sua voz parece preocupada.

O que está acontecendo? Não pode ser algo grave ou Nick teria avisado.

— Regina está bem? — Pergunto com testa franzida.

— O que significa bem para você?

Meu coração aperta. Ela está sofrendo tanto ou mais do que eu. Quero jogar tudo para alto e mandar tudo para o inferno. No entanto, eu não posso fazer isso. Não posso impor minha vontade a qualquer custo, não se isso custar afastá-la ainda mais.

— Espere — sua voz soou do outro lado. — Vou pegar uma caneta para anotar o endereço...

— Não será preciso — interrompo-a. — Sam irá buscar você em torno de meio dia e meio.

— Tudo bem — ouço-a suspirar. — Tenho que ir agora.

Ela desliga apressadamente.

Encaro o telefone com olhar chocado. Desligou na minha cara de novo?

Volto a me sentar e tento me concentrar no trabalho, uma tarefa que parece impossível a todo o momento meus pensamentos voltam para Regina. Como ela está? O que está fazendo? Como está se sentindo? Estará sentindo minha falta como eu sinto a dela?

Vinte minutos antes do combinado visto meu paletó e saio da sala a caminho do restaurante que fica apenas a cinco minutos do escritório, mas estamos no horário de rush, portanto preciso sair alguns minutos antes.

— Estou saindo para almoçar — aviso Rose assim que saio. — Não quero ser incomodada.

— Sim senhora. Nick já está lá embaixo.

— Obrigada.

Entro no elevador e seleciono a saída privativa. Enquanto o elevador desliza entre os andares eu pego meu celular navego até minha galeria de fotos.

A primeira pasta contém fotos dela na suíte, as marcas de agressão em seu corpo me deixa irada. Uma raiva incontrolável toma conta de mim. Sigo para outra página e fico admirando as fotos que tirei dela a primeira vez que esteve em minha casa, isso me acalma. Fotos dela conversando com Alice, as duas sorrindo enquanto conversavam sobre o desenho, fotos das duas brincando com cachorro perto da piscina. As fotos seguintes são do momento que estamos no jardim, nós duas sentadas perto das rosas. Uma rosa vermelha está presa em seus cabelos, seu sorriso é radiante.

O elevador para no subsolo e eu saio apressadamente, as emoções tomando conta de mim.

— Senhora — Nick me cumprimenta e abre a porta para que eu possa entrar.

Sento-me no estofamento de couro, sinto o carro movimentar, mas continuo mexendo no celular. A próxima tela é um pequeno vídeo que fiz dela naquele dia. Aperto a tecla play e ouço sua voz cristalina através do aparelho.

— O que você está fazendo? — Regina pergunta me dando um sorriso ainda mais lindo. — Emma! Pare de tirar fotos!

Ela cruza os braços e faz bico fingindo-se de zangada.

— Estou apenas eternizando esse momento — Minha voz parece divertida ao fundo. — Não seja chata.

— Eu não sou chata — e mostra a língua.

— Não deveria ter feito isso, Srta. Mills — a câmera é direcionada para o chão e nossos sussurros podem ser ouvidos ao fundo.

Sinto algo deslizar pelo meu rosto e percebo que são lágrimas saltando por meus olhos. Curvo-me contra os joelhos e deixo que as emoções tomem conta de mim. Sim, eu choro. Nesse momento eu não vejo nada de errado nisso. Também não sinto vergonha em dar vazão aos meus sentimentos.

— Tudo ficará bem, senhora — Nick diz como forma de consolo.

Embora ele não saiba exatamente o que acontece meu estado indica que as coisas não estão bem.

Levanto a cabeça e vejo Nick me observando pelo retrovisor, eu não levantei o painel privativo. Com certeza ele escutou o vídeo e meu rompante. Seu olhar é complacente. Não, eu diria que é um olhar de piedade. Eu não ligo, ao analisar meus sentimentos até eu sinto pena de mim.

— Eu espero que sim, Nick — respiro fundo. Para meu próprio bem eu espero que sim.

Mesmo com toda essa certeza de que isso é apenas uma fase na qual estamos passando, isso dói e muito. Não quero nem imaginar como será se tudo seu sorriso é radiante.

Mesmo com toda essa certeza de que isso é apenas uma fase na qual estamos passando, isso dói e muito. Não quero nem imaginar como será se tudo estiver perdido. Só o pensamento me sufoca.

— Como ela ficou Nick? — eu sussurro. — Não, não me conte.

Eu não preciso saber. Afirmo para mim mesmo. Aquilo vai me destruir ainda mais. Nesse momento eu preciso ser forte, mesmo isso me aniquilando.

Nick estaciona e sigo para o restaurante. O maître me recebe com um sorriso e me guia até minha mesa. Observo o local enquanto o garçom me entrega a carta de vinhos. É um lugar bem aconchegante e elegante. Decorado em tons de vinho, vermelho e branco.

— Eu avisei você!

Levanto os olhos e vejo uma Zelena furiosa diante de mim. Está segurando um copo de água que há pouco segundos estivera sobre a mesa. Seu olhar é feroz. Zelena se inclina na minha direção como se estivesse pronta para o ataque.

— Você não se atreveria a fazer isso — eu sibilo encarando-a.

 Bem, ela fez.


Notas Finais


Até amanhã...
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Pessoal é o grupo de WhatsApp, se quiserem entrar.


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