Justin Bieber
Três anos mais tarde.
"Ela é muito mais do que digo em minhas canções, sabe?" O meu sorriso é largo, na tentativa da entrevistadora entender desse jeito. "Nós somos únicos. Lilith é única. Nós passamos por muitas coisas e é incrível como nos tornamos maduros para aprender lidar com qualquer coisa que possa ainda passar por nós dois."
Continuo a dizer mais algumas coisas sobre a minha família, minha carreira e minhas músicas, até a entrevista se encerrar.
— Eu adoro o jeito que você fala da mamãe, pai. — Mackenzie começa, com um tom apaixonado pelo meu pequeno romantismo.
Eu sorrio para ela.
Olho para Dylan, na esperança dele dizer alguma coisa também, mas ele só continuava a olhar para a TV. Mackenzie percebeu e cutucou o irmão, ele resmungou baixo e pareceu sair do seu pequeno mundo paralelo.
— É.. É mãe, as músicas do pai são ótimas, e olha que eu nem era muito fã dele sabe.. — Dylan faz graça para descontrair a frase improvisada.
Lilith olha para mim. As suas sobrancelhas arqueadas me dizendo: "O que você prometeu para eles ficarem do seu lado?"
— É, o pai de vocês é um cantor de músicas românticas, crianças, está na natureza dele, não fico muito impressionada.
Lilith comenta com sarcasmo e relutância.
Eu sorrio para ela. Ok, teria que fazer muito mais.
Nós havíamos brigado, e eu não me lembrava o porquê.
Eu deveria ter deixado a toalha em cima da cama ou algo assim.
Decidi mostrar o quanto eu sou romântico para ela e para as crianças, assistindo uma entrevista que foi ao ar na semana passada e não tivemos tempo de assistir, mas não deu muito certo. Nem trazer uma dúzia dos sabores dos seus donut's favoritos da sua confeitaria de Los Angeles favorita. Nós sempre comíamos na quinta-feira da besteira. A quinta-feira da besteira era o dia que determinamos para nos entupir e entupir as crianças de açúcar, os outros seis dias da semana éramos uma família totalmente saudável.
Eu pedi uma ajuda para Dylan e Mackenzie, mas não deu muito certo também.
— Está na hora do meu time de hóquei ir pra cama, vocês não acham? — Lilith determina, e nós dois recebemos resmungos, mas apenas de Mackenzie e Dylan.
Vejo ela estreitar os olhos assim como eu.
Jamie estava muito quieta. Isto não é bom.
Zack que estava ao seu lado também estava. Isto é muito pior.
A Bieber mais nova tinha o poder de persuadir todos os outros, não importa a idade.
Os dois estavam sentados um do lado do outro, no final do tapete, em frente à televisão. Eles pareciam concentrados em algo que ainda não sabíamos o que era, tanto que não responderam quando os chamamos.
— Jamie Aurora Bieber, eu disse que chega de doce por hoje!
Lilith censura quando se inclina na frente das duas crianças, tirando o chocolate com o papel laminado aberto pela metade.
— Disculpa, mamãe.. — ela sorri inocente com seus pequenos dentes de leite sujos de chocolate, assim como em volta da sua boca. Jamie leva seu dedinho até a boca chupando o chocolate derretido em sua mão.
Zachary tem culpa em seu olhar quando deixa seus olhos cor de mel caírem na sua mamãe Lilith, ele a chamava assim agora. Mas Lilith sorri para ele como quem diz: tudo bem, eu sei que a culpa é da sua irmã.
Hoje era Halloween. E duas semanas atrás foi o aniversário de três anos da nossa pequena Jamie. E acho que esse mês a nossa garotinha já teve o limite necessário de açúcar em seu sangue, ela conseguia ficar mais descontrolada que o normal, garantia muito energia para correr pela casa toda, ela deveria entender que seus pais não possuem a mesma disposição.
As crianças ainda estão fantasiadas, já havia passado três horas do horário normal delas irem para cama e elas pareciam que poderiam passar mais três horas sem dormir.
Dylan é o único que não está fantasiado, com 13 anos ele decidiu que chegou na adolescência, determinando que esse ano não sairia na rua fantasiado pedindo doces, apenas ajudaria a mamãe com as crianças. No momento, sua cara continua enfiada no celular.
Mackenzie é uma versão única e nossa da Tinker Bell. O seu cabelo estava em um coque, assim como a fada loirinha e tinha muito glitter jogado por lá, assim como no seu vestido verde e suas sapatilhas.
Zachary era um jogador de hóquei. A fantasia havia ficado um pouco maior do que havíamos encomendado, mas ele continuava o mais gato dos jogadores de hóquei. Tinha duas listras na cor preta em cada lado do seu rosto, para combinar com a cor do uniforme do time, mas já estavam quase se desfazendo por conta do tempo. Tinha um mini taco de hóquei em sua mão, com o disco de borracha preso sobre um cordão. Da minha visão aqui do sofá, conseguia ler atrás da sua blusa escrito "Z. BIEBER".
E Jamie...
Bom, Jamie era uma criança peculiar. Com gosto peculiares. Lilith e eu não fazíamos mais questão de entender.
Jamie era apenas a nossa Jamie.
Ela usava um vestido rosa de princesa, mas por baixo dele havia uma fantasia do homem-aranha, em seus pés havia um bota de cowboy na cor vermelha, e para completar em suas mãos havia o escudo do capitão-américa. Sem contar a maquiagem estranha que ela pediu mais cedo para a mamãe fazer e o tanto de glitter que compunha todo o visual.
Eu recebi fotos de tudo mais cedo, mesmo Lilith ainda dizendo estar com raiva de mim. Daria tudo para ter saído na rua e pedido doce com as minhas crianças, minhas cinco crianças, mas estava enfiado no estúdio trabalhando.
Lilith havia comprado uma fantasia semana passada de Malévola. Sim. Ela era a própria Angeline Jolie naquela fantasia. Mas algo em sua mente maliciosa, perversa e com muita raiva de mim, havia a incentivado a comprar e mudar para algo de couro e muito apertado. Aquilo deveria estar incomodando ela, mas ela parecia determinada em me provocar. E estava conseguindo. O seu corpo havia mudado muito depois da gravidez, mais curvilíneo e com muito mais volume em certos lugares, uma gostosa do caralho, para resumir.
Fiquei com a tarefa de colocar Zack na cama e depois dar uma olhada em Dylan e Mackenzie, enquanto Lilith ficava com a tarefa maior, dar banho em Jamie.
Foi fácil fazer Zack cair no sono, ele deveria estar cansado de ficar andando pelo condomínio pedindo doces, mesmo parecendo divertido demais. Com certeza eles foram a crianças com a sacola mais cheia, nossos vizinhos adoram a Lilith e ainda mais as crianças e sermos famosos nos ajudavam um pouco também. Sorte das crianças.
— Eu quero esse celular desligado em cinco minutos Dylan Drew Bieber. — ele quase caiu da cama quando a minha voz grossa invadiu seu quarto. Será que ele estava assistindo pornografia? O sorriso que estava antes em seu rosto me fazia duvidar.
— Ok, pai. Te amo. Boa noite, tchau.
Ele disse no automático, sem me olhar no olhos.
— Dylan!
— Quê pai? — pergunta impaciente.
— Ei, só iria me dizer que também amo você, carinha. Devo me preocupar sobre o conteúdo tão interessante no seu celular?
Dylan revira os olhos com a minha suposição.
— Não, pai. Só estou falando com uma garota da escola... — ele parece se arrepender do que disse, pois seus olhos se arregalaram. — Sobre um trabalho de grupo!
É engraçado seu desespero em contornar a situação, eu seguro a vontade de rir.
— Claro, com certeza. Cinco minutos ouviu?
Ele concorda.
— Pai? Você pode não contar sobre isso pra mamãe? Ela morreria de ciúmes se descobrir que estou conversando com uma garota, eu até chuto que ela faria questão de me levar na escola e conversar com a garota sobre suas intenções comigo.
O tédio em sua voz é hilário!
Mas era tudo verdade. Lilith é louca de ciúmes por mim e por seus filhos.
— Tudo bem garanhão, use camisinha.
— Nós já ganhamos na aula de orientação sexual, fique tranquilo pai.
Que?
— Que? Dylan, eu estava brincando, você não tem idade par..
Ele está gargalhando.
— Eu também estou brincando pai.
— Boa noite, Dylan.
— Boa noite, pai.
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Mackenzie parecia adormecida quando chega a sua vez. Me aproximo da sua cama, me abaixando para lhe dar um beijo de boa noite.
— Pai? — ela sussurra devagar.
— Sim, minha Tinker Bell? — sorrio beijando sua testa mais uma vez.
— Você e a mamãe não vão continuar brigados pra sempre, não é? — ela murmura com medo em seu olhar.
Nós nunca brigamos na frente das crianças e elas nunca sabiam quando isso acontecia. Talvez não tenha sido uma boa idéia pedir ajuda as crianças, Mackenzie ainda tinha medo que tudo isso não fosse real e a qualquer momento ela fosse voltar para o orfanato. Ela é nossa, ela nunca iria para outro lugar.
Sorrio.
— Claro que não, Tinker Bell. — digo a convencendo da verdade. — Lembra de tudo que disse na entrevista mais cedo? É verdade. Eu e mamãe brigamos há sete anos, eu achei que ela brigaria comigo na noite que a conheci, mesmo sendo o tio Khalil que derramou bebida nela. Mas sempre nos resolvemos, sempre. E sempre vamos ser uma família, mesmo brigando, entendeu princesa?
Por alguns segundos, ela parecia confusa.
— Você não disse que a conheceu na igreja, papai? — ela pergunta inocente.
Merda. Nunca minta para uma criancinha.
— Você só escutou isso, senhorita Mackenzie? — digo fazendo cócegas em sua barriga, arrancando sua risada. Eu paro, beijando sua testa.
— Boa noite, papai.
— Boa noite, Tinker Bell.
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Quando cheguei no quarto de Jamie, para checar minhas outras duas garotas, Lilith estava secando seu cabelo com secador no banheiro da pequena. Jamie estava em cima do banquinho, para deixá-la um pouco maior e Lilith estava atrás dela, ainda com a maldita roupa apertada e de couro.
Jamie vestia um pijama de panda, com zíper e que vestia também seus pés, uma única peça. Agora ela estava limpa e até parecia mais calma.
Eu me aproximo das duas, deixando um beijo no pescoço descoberto de Lilith. Ela se assusta um pouco, não havia percebido minha presença por conta do barulho do secador da Barbie em suas mãos. Logo ela revira os olhos me fazendo rir.
— Canta pla Jamie dormi, papai, canta!
— Traidora, eu iria contar uma história nova para você hoje.
Lilith resmunga, mas Jamie sorri de um jeito para ela que é incapaz de não perdoar a pequena traidora.
Eu me lembro de cantar para Jamie quando a sua perversa mãe ainda não me deixava nem saber o seu nome, a melhor sensação era ver minha pequena chutar e fazer volume na barriga da sua mãe. Isso continua até hoje.
É um sentimento enorme de satisfação quando ela pega no sono ouvindo a minha voz. Gostava principalmente de observar o bebê tão pequeno em meu colo, com as mãozinhas fechadas e boca entreaberta escorrendo um fio de leite materno pelo canto.
— É melhor você ouvir a história da mamãe hoje, princesa, a mamãe está uma fera e eu nem sei o motivo...
Deixo mais um beijo em Lilith, assistindo ela revirar os olhos com o meu tom divertido.
— Eu também não me lembro o motivo, mas eu sou uma mulher, o que significa que sempre estou certa, então vou continuar fingindo que estou com raiva de você por nenhum motivo aparente.
Um murmuro de indignação escapa da minha boca.
— Isso não é justo, Lilith!
— Sim, é. Ouviu, Jamie? Nós somos mulheres e sempre vamos estarmos certa, ok?
Lilith passa seu legado para a filha.
Jamie concorda, levantando a mão batendo na de sua mãe. Acabaram de fechar um acordo contra o papai.
Passo por ela, pegando Jamie no colo e seguindo para sua cama, ajeito ela por debaixo dos seus lençóis e me deito ao seu lado.
— Mamãe pode conta uma histolinha enquanto papai canta pla Jamie. — a pequena determina piscando seus olhos de cores diferentes, sabendo que nenhum de nós dois negaria esse pedido.
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— Eu posso considerar te perdoar se você fazer a melhor massagem no meu pé... — Lilith sussurra quando estamos no nosso quarto.
Ela está deslizando sua mão pelo zíper da frente da sua maldita roupa de couro apertada, relevando a sua pele e a falta de uso de sutiã.
Me aproximo da minha mulher, enfiando minha cabeça no seu pescoço e minha mão na sua bunda.
— Eu posso fazer muito mais que isso, amor..
— Eu sei que sim, senhor Bieber. Vou estar te esperando na banheira enquanto você pega o vinho, taças e morango.
O seu corpo está molhado e nu, inclinado sobre a banheira quando volto para nossa suíte. Tenho certeza que ela tomou uma ducha pelos seus cabelos molhados.
Nós nos resolvemos como sempre, um bom sexo, sacanagem ao pé do ouvido e uma gozada fenomenal no final da transa.
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— Quem está te mandando mensagens à essa hora?
Minha voz saiu mais ríspida que o esperado, mas já se passava da uma da manhã e ela sorria demais para o celular. Eu já sabia a sua resposta, por isso estava tão irritado.
— Ahn.. Matthew.
Ela foi simples em sua resposta, digitando mais algumas coisas e deixando o celular de lado dessa vez.
— É claro que é ele. — derramei um pouco de ironia em minha voz, assistindo ela revirar os olhos em seguida. Bem impaciente.
— Ele terminou com a namorada e está bêbado, Justin. Estava rindo das letras trocadas nos textos e pedi para ele dormir que amanhã temos um vôo.
E eu tenho a absoluta certeza que ele atendeu seu pedido, como um belo cachorrinho com o rabo entre as pernas.
Espera...
— Como assim vocês têm um vôo amanhã? — o meu tom elevou.
Lilith tinha uma vôo marcado para Ítalia amanhã, tinha um desfile da sua nova coleção com a Gucci, mas eu e as crianças acompanharíamos apenas pelo computador. E Matthew era um dos modelos, é claro, mas ele não precisava voar no mesmo jatinho da minha família, com a minha mulher. Ele não poderia pegar simplesmente um vôo particular mas com todos os outros modelos?
Lilith suspirou decepcionada.
Eu não havia feito nada, inferno.
— Eu te disse ontem, Justin. Talvez isso tenha sido o motivo da nossa briga. Mas é claro, como sempre você não escuta nada depois que o nome do Matthew chega na frase. Você precisa parar com esse ciúmes infantil, Justin, ele é meu melhor amigo e faz parte da nossa vida. Você precisa aceitar isso.
O seu tom de voz estava do mesmo jeito de quando ela fala com as crianças.
— Ele não faz parte da nossa vida, Lilith. Ele faz parte da sua vida. Eu não preciso aceitar nada. Eu não o aguento mais vê-lo com os meus filhos, nas festas de aniversário, na porra do Natal, nas suas campanhas ou com você. Eu não gosto de como ele olha pra você, até na porra do nosso casamento ele não deu um tempo.
Eu estava irritado.
E ela chateada.
Eu conseguia ver a cada vez que cada palavra saiu da minha boca, como seu ombro caiu e seu olhar ficou cabisbaixo, como eu a decepcionei.
Mas eu não podia mais guardar isso pra mim.
Lilith soltou uma risada triste pelo nariz.
— Não acredito que estamos tendo essa conversa.
— Sim, nós estamos, Lilith. Uma vez você me disse que eu iria morrer com a dúvida se vocês tivessem transado ou não. Então eu morro, morro toda vez que o vejo te olhando, te abraçando, te tocando. Isso me mata. Caralho, você não sabe como me mata. Você não pode continuar me matando desse jeito, Lilith, eu vou ficar louco.. — estou tão próximo dela, Lilith está ofegante assim como eu. Estou bufando de raiva e ela pode sentir isso chegar até a sua boca. — Me diz, Lilith, preciso ouvir da sua boca a resposta. Vocês já transaram?
Estou quebrando o seu coração. Eu sinto.
Mas o meu ciúmes é algo maior e que está me consumindo agora. Não consigo parar.
O seu sorriso triste também não me para.
— Sim, Justin. Nós já transamos. Está feliz? É essa a resposta que você queria ouvir?
Ela me responde baixinho, com o sorriso cheio de magia em seu rosto.
Não. Não era.
Eu me afasto dela. Eu não sei o que fazer. Eu prometi a Mackenzie. Ela não poderia me ouvir gritar com a mãe dela depois da minha promessa.
Lilith está sentada na ponta da cama, tão quieta. Eu não gostava da Lilith quieta. Não era uma coisa boa. Eu gostava dela gritando comigo. Mas eu também não queria ela gritando comigo agora.
Eu definitivamente não sei o que fazer.
— Eu não quero que você o veja mais.
É minha única vontade, mas minha vontade não é uma questão para ela.
— Você só pode estar de brincadeira comigo...
— Não estou, Lilith! Eu nunca estive tão sério na minha vida. Caralho, vocês transaram, ele teve você. Tocou em cada parte do corpo da minha mulher e ainda faz parte da sua vida, da vida dos nossos filhos. Você acha que vou estar feliz em vê-ló continuar fazer parte de tudo isso? Isso é impossível. porra!
Ela solta uma risada amarga.
— Você não tem direito de pedir isso. Você não tem o direito de pedir isso quando eu trato o seu filho como o meu, quando eu passei por cima da dor que meu coração estava sentindo por você ser pai do filho de outra garota pra ficar com você, porque meu amor era maior que o maldito ciúmes. Nós não estávamos juntos quando eu transei com Matthew e nem quando você esteve com Brooklyn, Justin. Eu também morro por dentro toda vez que vejo ela te tocando, compartilhando sobre o Zack com você, eu queria que o Zack fosse meu. Você não pode pedir isso porque estou na mesma situação, Justin, todos esses anos, e nunca pediria isso pra você.
Engulo o seco.
Lilith despeja toda a sua mágoa e angústia em cima de mim. E eu aceito.
Eu nunca me coloquei no lugar dela, tentei olhar do seu ponto de vista.
Nós estaríamos juntos se Zack ou Jamie fosse filho dela e de Matthew? Estaríamos tão felizes como somos agora?
A suposição me faz querer morrer.
Eu não a mereço. Por nem um segundo. Nosso amor sempre foi maior que qualquer obstáculo que eu mesmo coloquei entre nós dois.
— Você se arrepende? — pergunto baixo.
Tenho medo da resposta.
Ela ri.
— Em nenhum segundo eu me arrependi de cada decisão que tomei em relação a você, Justin Bieber. Talvez eu pense duas vezes quando você esquece a toalha em cima da cama. — ela ri de um jeito amargo. — Mas não me arrependo. Amo você. Amo o Zack também. Acredito que tudo aconteceu por ter que acontecer. Talvez eu não mudasse de idéia em relação a ter mais filhos se não fosse por te ver com Zack, eu também poderia não ter feito o caminho de mudar um pouco minha vida e não teria conhecido a nossa Mackenzie. Eu não me arrependo, Justin. As coisas tinham que acontecer para nós dois estarmos aqui agora.
Ela é perfeita.
Como ela consegue achar o melhor e estar feliz até com os meus erros?
Assinto devagar.
— Onde você vai? — pergunto quando ela volta do closet com um travesseiro e lençóis.
— Dormir em outro quarto, o seu ciúmes ainda está ocupando até o meu lado da cama.
Não demora muito para eu ir atrás dela, eu ainda não conseguia dormir sem ela. Meu corpo precisava do seu.
Ela resmunga quando sente meu corpo afundar a cama, até pede para eu sair, mas envolvo minhas mãos em sua cintura, a apertando contra mim.
— Ele é perfeito para você, Lilith. Eu tenho certeza que ele nunca iria te trair e nem ter filho com outra mulher, ele nunca magoaria seu coração. Eu sou louco de ciúmes por ele ser uma opção melhor pra você. Eu fico louco toda vez que ele está perto de você e você está sorrindo, eu fico imaginando que você se tocou que ele é melhor que eu e vai ir embora, juntos com as crianças. Ele nunca teria um ataque de ciúmes, porque tenho certeza que ele é todo confiante com aqueles quase dois metros de altura. Eu fico louco porque ele é perfeito pra você, e agora eu sei que ele já teve você...
— Shiu... — ela se vira para mim, colocando seus dedos em meus lábios, me calando no mesmo segundo.
— Eu não preciso da perfeição. Eu preciso de você, pois é o que meu coração precisa também. Eu preciso de você e das crianças, elas são nossas, não minhas e de Matthew. São muitos anos, Justin. Eu preciso de você e das nossas brigas, de você e do nosso sexo, de você e do nosso vinho. Tudo que tem uma parte de você.
Gosto de como ela começa sussurrando e termina beijando minha boca.
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As crianças não vão para escola e acordam depois do meio-dia. Fico extremamente feliz por isso.
Brooklyn vem buscar Zack, pois meu tempo com ele já está acabando, ela acaba ficando para o almoço e então minha mente viaja para a conversa com Lilith de ontem e percebo quanto almoços Brooklyn já esteve presente, como a nossa família, e quantas outras ocasiões. Festas, aniversários, feriados, natais. Não era mesmo justo cobrar que ela se afaste de Matthew, mesmo uma parte de mim querendo continuar essa briga.
Nós não estamos cem por cento, há um clima estranho entre nós que só nos dois percebemos. Algo que sentimos durante anos foi colocado sobre a mesa e não poderia ser ignorando. Eu ainda teria imagens terríveis dela transando com Matthew na minha cabeça e ela ainda teria que ver a mãe do meu filho andando e pela nossa casa.
As coisas pioram quando Matthew aparece perto do pôr do sol com a sua mala em mãos.
Lilith se despede das crianças e tenho certeza que ela está muito feliz por eles não ter ido para escola hoje, apenas para enche-los de beijos e carinho, ela vai ficar fora no mínimo dois dias.
Eu a beijo com possessividade quando chega a minha vez. Isso não é certo. Eu não queria ao menos beija-lá.
Duas horas o meu celular toca e sinto vontade de passar horas pedindo desculpas quando vejo o seu nome brilhando na tela.
A ligação fica em silêncio por alguns segundos.
— Oi..
— Oi.
— Está tudo bem? — eu pergunto com receio.
— Sim, está. — ela se apronta em dizer — Eu só precisava ouvir a sua voz.
Eu me lembro da primeira que ela me ligou porque precisava ouvir minha voz, Lilith ainda me ligava algumas vezes quando precisava enfrentar horas em um avião. Meu coração palpita todas as vezes, como se fosse a primeira.
Ela precisava ouvir minha voz, mas não consigo dizer nada.
— Como estão as crianças? — ela pergunta.
— Você só saiu há algumas horas, Lilith, relaxa. Elas estão bem, já foram pra cama. — tento a descontrair com o meu tom de voz.
— Tudo bem... Dê um beijo de boa noite neles por mim, diga que eu os amo pela manhã e que já estou em casa, ok?
O tom da sua voz me incomodou.
— Está tudo bem, Lilith? — refaço a minha pergunta porque o meu coração agora estava apertado.
— Sim, Justin, só precisava ouvir sua voz, eu disse.
Eu suspiro.
— Você pode dizer que me ama? — o meu coração fica mais apertado, mas tento me tranquilizar, ela só estava com medo de ficar horas em um avião. Só isso.
— Eu te amo, Lilith. — nunca fui tão sincero.
— Eu também te amo, Justin.
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Tenho certeza que peguei no sono assistindo um dos filmes que as crianças gostavam. E que eu assistia escondido.
Dormir sem Lilith era uma opção bem ruim, nós geralmente não acompanhamos em viagem suas de trabalho, ela dizia que não poderia nos dar muita atenção então apenas a acompanhávamos de casa. E eu ficava com a consequência do seu lado vazio da cama.
Eu acordo sonolento na madrugada, com a minha boca seca e o coração bastante acelerado. Caminho até a cozinha com o meu celular na mão, precisava de algo para beber e comer, já que a minha última refeição foi no almoço. Eu também ficava bastante preguiçoso em relação a mim com a ausência, com as crianças eu não poderia, Lilith me mataria.
O celular na minha mão toca no mesmo instante que a campainha de casa também toca. Eu estranho.
Era madrugada, os seguranças do condomínio não haviam avisado nada. Eu espero que seja alguma criança ou adolescente idiota com uma brincadeira ainda mais idiota.
Mas não é.
Quando eu deixo o celular na minha bancada de mármore da cozinha, para atender a porta, eu me arrependo.
Eu não deveria.
— Você é Justin Bieber? — um dos policiais perguntam, assinto, enquanto tento engolir o nó que se formou na minha garganta. Eles não parecem confortáveis também, olham um para o outro antes de continuarem. — Nós somos do departamento de polícia de Los Angeles, você é marido de Lilith Bieber?
Eu confirmo.
Mas não queria.
As lágrimas já se formam e descem pelo meu rosto.
O pavor está fazendo o meu coração bater com muita força. Sinto que estou prestes a ter um ataque cardíaco.
Eu não posso.
Meus filhos estão lá em cima.
Dormindo como perfeitos anjos.
Eu ainda não dei o beijo de boa noite neles que Lilith pediu. Eu preciso acordar, preparar o café deles e dizer que a mãe deles os amam. Ela precisa voltar em dois dias e me beijar, beijar eles também e dizer que isso não está acontecendo.
— Sinto muito, senhor Bieber, mas infelizmente o jato particular de vocês caiu essa noite, houve um problema na aero-nave que causou a queda, não houve nenhum sobrevivente, sinto muito, mais uma vez, senhor Bieber.
Ele continuo dizendo mais algumas coisas.
Sobre eu precisar acompanhá-los.
E mais outras coisas.
Mas eu não dei atenção. A dor no meu coração parecia gritar muito mais alto.
Ele estava rasgando.
Queimando.
Doendo.
Eu ainda continuava com a sensação de ter um ataque cardíaco.
Eu não tive.
Mas o senti meu coração morrer naquele momento.
"Nenhuma alma gêmea deixa o mundo sozinha. Ela sempre leva consigo um pedaço da sua outra metade."
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