★ Samantha,
Keyla estava se mostrando uma garota legal. E claramente precisava de uma ajudinha em relação ao Tato. Na nossa tarde de compras, ela mencionou o fato de Tato não a achar atraente. Só se ele fosse burro, pois a Keyla era linda, bastava caprichar um pouco mais em alguns detalhes do quesito produção. Com certeza, poderia frequentar os melhores lugares comigo que passaria fácil, fácil por alguém da high society.
Nosso dia foi agradável, a cidade vizinha não poderia ser considerada um grande centro, mas pelo menos tinha um shopping, coisa de que esse fim de mundo nunca tinha ouvido falar.
Depois de muita insistência da Keyla, eu acabei comprando algumas roupas mais interioranas, mas claro que daria um jeito de adaptá-las ao meu estilo.
Tato nos acompanhou o tempo todo, e eu consegui perceber o porquê da Keyla se sentir insegura. O cara precisava de um empurrãozinho, era muito tímido. Ficava encarando a Keyla, mas, assim que alguma de nós o flagrava, ele desviava o olhar. Típico!
Já no caminho de volta, o celular do Tato tocou e eu pensei que seria a Heloísa, mas fiquei decepcionada quando ele colocou o telefone no viva-voz.
— Fala, camarada! — Tato falou.
— Tato, você está na cidade?
Murchei no banco quando percebi que não era a Heloísa, mas então me lembrei da noite anterior e me ergui novamente. Idiota!
— Chegando, por quê?
— Cara! Meu carro caiu em uma vala, preciso de sua caminhonete para rebocá-lo.
Escutei a conversa e me parecia que alguém precisava de ajuda.
— Vou levar mais uns dez minutos para chegar aí.
— Valeu, cara.
Keyla, que estava ao seu lado, perguntou o que tinha acontecido.
— Conrado.... e olha, vou ter que deixar vocês esperando na Heloísa para ir socorrê-lo.
— Nem morta! — Gritei assim que ele disse que me levaria para debaixo do mesmo teto que a caipira.
— Deixa a gente no Taurus. Eu e Samantha tomamos uma cerveja até você voltar — Keyla interveio. Acho que ela percebeu que eu não ficava confortável perto da sua prima.
— Ok, mas tomem cuidado — respondeu olhando para a Keyla, e eu revirei os olhos. Até eu, que nunca tinha me apaixonado, via que o cara era doido por ela.
Tato nos deixou no bar. Ainda bem, pois de jeito nenhum eu voltaria para a casa daquela brucutu. Eu ainda estava com muito ódio pela noite anterior.
Eu e a Keyla começamos com uma cerveja, e percebi que ela era fraca para o álcool, pois ficou alegrinha imediatamente.
— Um brinde aos idiotas! — Ela levantou a garrafa e eu fiz o mesmo. Isso vai render.
Da Keyla alegrinha para a que estava completamente bêbada arrancando a camisa foi um pulo. Nem mesmo eu poderia explicar como tínhamos ido tão longe, mas sabia que estávamos nos divertindo. Percebi que ela precisava apenas de um empurrãozinho para se soltar e, é claro, me senti realizada em ajudar.
Mas eu sabia que, assim que os dois caipiras chegassem, a situação iria desandar.
E foi o que aconteceu.
Tato quase enfartou quando nos pegou em cima da mesa. E dizer que eu fiquei feliz ao ver a cara de ódio da Heloísa seria o eufemismo do século, pois eu estava nas nuvens. Não planejei nada daquilo, mas as coisas foram acontecendo, e, quando percebi, eu e Keyla já estávamos arrancando a roupa em cima das mesas de sinuca.
Heloísa praticamente me fuzilava com os olhos, enquanto Tato tentava arrancar Keyla de cima da mesa.
— Desce daí agora! — Heloísa ordenou e eu dei de ombros, lançando um beijinho em sua direção.
Aquilo a deixou ainda mais furiosa, pois ela me puxou com tanta força que depois meu braço ficou todo roxo. Quando cheguei ao chão, Heloísa não me deu tempo para reagir: ela me jogou em suas costas, como se eu fosse um saco de batatas. Eu bati na sua bunda com as mãos em punho, na esperança de que ela me soltasse, mas foi em vão.
— Não acredito que você arrastou a Keyla para essa sandice! — Heloísa gritava e, como a música não estava muito alta, todo o bar podia nos ouvir.
Levantei um pouco a cabeça e notei que Tato vinha logo atrás, carregando Keyla do mesmo modo. Apesar da humilhação, eu não consegui segurar a gargalhada. Um homem e uma mulher daquele tamanho carregando duas garotas praticamente de cabeça para baixo foi uma cena que chamou a atenção de todos.
Senti uma mão forte acertando minha bunda e não acreditei que aquela filha da puta tinha me batido.
— E isso é para você parar de rir. — disse ela, já chegando à porta do bar. — Se eu fosse seu pai, espancaria você, isso sim — Heloísa completou, e eu pude sentir a raiva em sua voz.
— Eu não sou nada sua, então me põe no chão, tratadora de porcos. — Esbravejei, e Heloísa fingiu que não me ouviu.
Assim que saímos, ela me soltou de forma abrupta e agradeci por não estar de salto, pois com certeza cairia de bunda no chão.
— Você está sob minha responsabilidade — disse ela, totalmente fora de si. Heloísa apontava o dedo para o meu rosto, então fechei a cara e cruzei os braços em sinal de protesto.
Nem meu pai mandava em mim, não seria aquela caipira que iria mandar.
Continuei na mesma posição, mas, quando Heloísa virou de costas para mim, não consegui evitar: Meu Deus, como sua bunda ficava perfeita naquela calça apertada! Daria tudo para sentir aqueles músculos com meus dedos.
— Samantha, você é... demais — Keyla disse, fazendo com que meu olhar desviasse da miss bumbum para ela. A voz arrastada revelava que ela estava muito mais bêbada do que eu. Na verdade, os meus anos de experiência fizeram com que meu fígado, se é que ainda existia esse órgão em meu corpo, se acostumasse, então não era fácil o álcool me derrubar.
— Sabia que você iria se divertir — eu disse com a voz alegre, pois estava levemente alterada.
Tato chegou dirigindo a caminhonete e estacionou próximo a nós. Keyla dava pulinhos e eu nunca tinha visto bêbada mais alegre. Heloísa se virou para nós e seu olhar de advertência para Keyla não fez efeito nenhum.
— Olha o que você fez! — Esbravejou olhando para mim, mas apontando para Keyla, que corria em direção à porta da frente da caminhonete do Tato.
— O que eu fiz? — Levei as mãos ao coração, e bati os cílios, me fazendo de ofendida.
Adorava provocá-la, ela ficava muito sexy com cara de brava.
Heloísa olhou para o céu e passou as mãos pelo cabelo, deixando-os ainda mais despenteados. Se ela não tivesse me rejeitado na noite anterior, eu me jogaria em seus braços em um piscar de olhos. Mas a desgraçada pagaria caro, ninguém rejeita Samantha Lambertini, e ela sentiria na pele o que é uma mulher com orgulho ferido. Aquela noite era uma pequena mostra de que, mesmo sem planejar, eu já tinha conseguido tirá-la do sério.
Passei direto por ela e escutei seus passos me seguindo. Abri a porta da caminhonete do Tato e entrei. Coloquei o cinto e, assim que Heloísa se sentou ao meu lado, Tato partiu em direção à fazenda.
Olhei para fora pela janela, pois não conseguia estar no mesmo lugar que ela. Heloísa era um feitiço; se eu a encarasse, me perderia, e tudo que eu estava pensando iria por água abaixo.
Uma música que eu não conhecia começou a tocar no rádio. Keyla cantava tão alto que eu quase não ouvia a voz do cantor.
Estava distraída com a letra quando olhei para o lado e vi que Heloísa estava virada para mim e me encarava com os olhos tomados pela raiva e pelo desejo. Seu olhar se alternava entre as minhas pernas e o meu decote. Um pouco antes eu tinha fechado os botões da camisa, mas, como não tinha achado meu sutiã, estava sem ele.
— Quer? — Perguntei atrevida. Segurei os seios e os sacudi na direção da Heloísa, que bufou com a brincadeira.
— Olha aqui — ela apontou o dedo indicador bem perto do meu rosto, quase tocando o meu nariz —, não me interessa se você gosta de ficar pelada para todo mundo, mas eu não admito que você arraste a Keyla junto com você. Estamos entendidas?
Sua voz soou ameaçadora, mas, antes que eu respondesse, Keyla nos interrompeu, virando para o banco de trás.
— Maninha, não foi culpa da Samantha. — Ela tentou me defender, mas Heloísa não a deixou falar.
— Cala a boca, Keyla Maria! — Ela imediatamente lhe obedeceu. Meu Deus! Que poder aquela caipira tinha sobre as mulheres, pois até eu me encolhi com a sua ordem. — Porra, ainda não acredito na cena que vi! — Disse, descansando o rosto nas mãos.
Apenas a música no rádio quebrava o silêncio no carro. Nem Tato ousou falar alguma coisa, na certa sobraria para ele também. Então, limitou-se a dirigir, coitado!
Chegamos à fazenda e somente eu desci da caminhonete. Não entendi por que a Keyla continuou no carro e por que todas as luzes da casa estavam apagadas. Olhei de volta para o carro, e Heloísa, vendo que eu estava confusa, desceu, andou até mim e disse:
— Vou levar Keyla para casa, ela não tem condições de ficar aqui, os empregados estão de folga, então provavelmente não terá ninguém. — explicou e se virou voltando, eu olhei para aquela casa velha e enorme. Um frio subiu pela minha espinha e o medo de ficar sozinha se apoderou de mim.
Eu me virei e segurei a Heloísa pelo braço. Surpresa, ela me encarou, sem entender o que eu estava fazendo.
— Por favor, não quero ficar sozinha — pedi, quase implorando para que ela ficasse comigo. Um vento frio soprou e um arrepio atravessou o meu corpo, fazendo com que eu passasse as mãos pelos ombros tentando me aquecer.
Heloísa deve ter ficado comovida com o meu pedido, pois andou até a caminhonete, trocou algumas palavras com Tato e voltou. Keyla colocou o corpo para fora da janela do carona e se despediu com um aceno.
Subimos em silêncio as escadas até a porta da frente. Quando chegamos, nós nos olhamos e pude sentir o desejo que nos dominava.
Ficamos alguns segundos paradas, até que ela se virou impaciente em minha direção.
— Cadê a chave, Samantha? — Perguntou nervosa. Arregalei os olhos com aquela pergunta e não soube o que responder. Não sabia que os empregados tiravam folga no sábado, então não me preocupei em pegar a chave. — Ah, não! Você só pode estar de brincadeira comigo! — Heloísa disse e começou a andar de um lado para outro. — Você é burra ou só está fingindo? — Suas palavras duras despertaram minha raiva, mas, antes que eu pudesse responder, ela continuou: — Não sai daqui que eu vou ver se consigo entrar pela janela e destrancar a porta pelo lado de dentro.
Cansada de toda aquela loucura que tinham sido os três últimos dias, eu me sentei no chão e abracei os joelhos, descansando meu rosto neles. Só via escuridão à minha frente, e os barulhos estranhos me assustaram. Fiquei alguns segundos naquela posição e praticamente pulei de susto quando uma mão pousar sobre o meu ombro. Mas, assim que abri os olhos, a segurança ao ver a Heloísa próxima a mim me acalmou.
— Não tem como, as janelas são muito altas e todas as portas estão trancadas — explicou. — A essa hora Tato já deve estar na cidade, e meu celular ficou em casa, não posso ligar pedindo para ele voltar.
Quando Heloísa mencionou o celular, abri minha bolsa rapidamente, e... Droga! Sem bateria.
— Vamos ter que dormir no celeiro — Heloísa disse assim que viu o aparelho apagado.
Levantei depressa e me desequilibrei, mas ela me segurou pelos ombros, me fazendo ficar em pé.
— Nem morta que eu vou dormir com as galinhas. — Balancei a cabeça em negativa para ela, e Heloísa riu pela primeira vez naquela noite. Seu sorriso me deixava sem ar.
— Eu disse celeiro, e não galinheiro, se bem que lá você se sentiria em casa — disse e me analisou de cima a baixo, parando os olhos nos meus seios.
Filha da puta! Ela acabou de me chamar de galinha!
— Olha aqui. — Apontei o dedo para ela.
— Olhar o quê?
Heloísa segurou meu dedo, mas não com força, somente o suficiente para me fazer recuar. Porém, quanto mais eu me inclinava, mais Heloísa ficava perto de mim. Quando o seu rosto praticamente colou no meu, pude sentir sua respiração. O perfume que exalava tinha me atormentado durante toda a noite, mas senti-la tão perto me embriagava mais do que todas as cervejas que havia tomado. A tensão entre nós duas me fez gemer.
Antes que eu pudesse raciocinar, os lábios da Heloísa grudaram nos meus. Um beijo que fez levitar e que, não fossem seus braços rodeando minha cintura, teria me feito cair. De onde veio esse beijo? Eu pensava, mas não queria a resposta. A única coisa que queria eram os lábios daquela mulher. Levei minhas mãos à sua nuca e a apertei ainda mais contra mim.
Caminhamos com os corpos grudados até a parede da casa, onde me apoiei para passar uma das pernas em sua cintura. Nossas bocas não se desgrudavam. Sua mão deslizou pela minha coxa, subindo em direção à minha bunda, e ela perguntou:
— O que você está fazendo comigo? — Ela estava praticamente sem ar quando nossos lábios se separaram. Abri minha boca para responder, mas Heloísa me calou com outro beijo, dessa vez ainda mais intenso. Sua língua lambia o canto da minha boca, e seus dedos apertavam minha bunda com tanta força que eu já imaginava as marcas que deixariam. Ela enfiou a outra mão por baixo da minha camisa e acariciou os meus seios, me fazendo sentir sua pele.
— Olha isso, são lindos — disse ela, brincando com os meus mamilos entre os dedos até o prazer me fazer gemer ainda mais alto. — Delícia.
Estava escuro, mas a claridade vinda da lua cheia permitia que eu visse a receptividade nos olhos de Heloísa enquanto ela se perdia em minha boca.
— Vamos sair daqui — ela sussurrou e me arrastou até o galpão que ficava próximo da casa.
Ela me levou para um quarto que havia no galpão. Minha reação foi de desdém, mas já sabia que seria o melhor que teria naquela noite: uma cama com lençóis, que pareciam limpos, e uma televisão velha eram tudo que aquele lugar ostentava. Eu me sentei na cama e puxei Heloísa em minha direção. Com pressa abri o zíper e puxei o seu jeans até o chão junto com a sua calcinha.
— Humm... — gemi assim que senti seus lábios em meu pescoço.
Heloísa era linda, e ali tive a certeza de que todo o seu corpo havia sido feito para o pecado. Arranquei sua camisa estourando os botões na hora. E chupei seu pescoço.
— Cristal... — Ouvir aquele apelido ridículo me fez lembrar de toda a humilhação que eu tinha passado na noite anterior. Afastei a boca, e Heloísa protestou.
— O que houve? Por que parou? — Perguntou. — Quero sentir o que essa boca gostosa pode fazer. — concluiu.
Respirei fundo e olhei de um lado para outro sem saber exatamente o que fazer, então eu tive uma ideia.
— Heloísa, queria tentar uma coisa — pedi com um jeito de safada.
Ela abriu um sorriso, me fazendo ainda mais feliz. Quanto maior a altura, maior o tombo. Certo?
— Você que manda, Cristal.
Eu me levantei devagar e tirei a sua camiseta do corpo, deixando-a completamente nua. Tive que me controlar para não desistir e me atirar em seus braços. Que corpo!
— Tem uma cadeira lá fora, você poderia buscar para fazermos uma brincadeirinha? — Eu perguntei com a voz mais sensual possível.
— Vou adorar — Heloísa respondeu, sorrindo.
Sem nenhum pudor por estar totalmente nua, ela saiu pela porta e eu corri até ela. Com a cabeça para fora, eu vi o exato momento em que Heloísa levantou a cadeira e, andando de volta para o quarto, notou que eu estava olhando para ela. Dei um tchauzinho para ela, e o sorriso que estava em seu rosto desapareceu. Heloísa jogou a cadeira no chão e correu em minha direção, mas antes de ela alcançar a maçaneta eu a tranquei. Fiquei olhando para ela, enquanto Heloísa batia e gritava sem parar.
— Samantha, abre a porta! — Seus gritos se misturavam às batidas fortes que ecoavam pelo galpão. — Não estou brincando, Samantha, abre essa maldita porta garota!
— Desculpa, Gutiérrez. Mas você não é mulher para mim.
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