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História Linha Tênue - Personalidades. - História escrita por Lana_Taisho - Spirit Fanfics e Histórias
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História Linha Tênue - Personalidades.


Escrita por: Lana_Taisho

Notas do Autor


Oi meus porqueirinhas lindos!
Lana-chan chegooooooooooooooou! Voltei antes do esperado /o/ UHUL!!!!

Mas já aviso... Vai ser um capítulo intenso e bastaaaaaaante denso, então leiam com bastante calma e com a mente aberta. Aliás, vou fazer um vídeo para explicar as 'coisas' depois, assim como fiz para o capítulo anterior (link lá em baixo). E já digo também... Ou vocês vão gostar muito do significado disso tudo para a história, ou vão odiar e abandonar a porra toda, hasuhasuhasuhas.
Admito que estou com um leve medinho, mas é uma ideia que tenho desde o começo da história — inclusive me levou a criar o nome da fic (vou falar disso mais para frente também)—, então decidi manter... Por isso respira e vai! Está chegando ao fim.

BOA LEITURA MEUS ANJOOOOOS!

Capítulo 27 - Personalidades.


Domingo - 07h12

~Himuro Tatsuya~

— Me deixa em paz. — Himuro resmungou quase inaudivelmente assim que ouviu alguém bater na porta de seu quarto pela segunda vez naquela manhã.

Não queria ver e muito menos falar com quem quer que fosse. Precisava ficar sozinho, pensando em tudo e ao mesmo tempo não pensando em absolutamente nada. Sua cabeça parecia um redemoinho, um verdadeiro liquidificador onde as complicações giravam e se misturavam de maneira disforme.

— Está na hora de você ir ao seu campeonato. Vai se atrasar. — A voz de sua tia chegou abafada e um pouco distorcida, mas nenhuma reação causou no rapaz. Lógico que não iria para aquele campeonato idiota depois de ter sido expulso por causa de uma briga. Só queria ficar ali deitado, apreciando o nada. — Tatsuya? — Ela o chamou novamente, um pouco mais alto.

Como se eu já não tivesse ouvido da primeira vez...

— Me deixa em paz! — Himuro também aumentou o tom de voz, deixando transparecer uma parte de sua raiva perante à insistência. Era tão difícil de entender que estava cansado e que precisava apenas de um tempo sozinho?

O silêncio que se fez presente do lado de fora deixou claro que conseguira espantar a mulher dali.

Tatsuya não queria fazer nada além de ficar deitado, olhando para a cortina iluminada pela luz diurna enquanto sentia o rosto machucado latejar constantemente. De certa forma aproveitava a dor, traria bons resultados depois que passasse... Era um lembrete de que estava errado em relação aos seus sentimentos e principalmente em relação às suas atitudes impensadas. Era um idiota, um inútil.

A queimação na parte interna de seu nariz se tornara a coisa mais excitante no momento, já que estava totalmente sem ânimo... E além de tudo era domingo. Odiava domingos. Odiava o Japão. Queria ir embora dali o quanto antes. Era como se a América o chamasse de volta, como se algo o esperasse por lá após os fracassos seguidos em Tóquio... Afinal, tudo era sufocante naquela cidade, e isso nada tinha a ver com Taiga, Aomine ou o caralho. Simplesmente sentia-se um estranho ali, 'sozinho' era a palavra certa para descrever-se.

Só queria esquecer o que aconteceu e sumir. Isso. Queria sumir. Queria ir para casa e começar do zero.

— Tatsuya! — Alguém o chamou novamente, mais alto agora.

— Já disse para me deixar em paz! — Gritou com toda a voz, impaciente, virando o corpo violentamente na cama, fazendo-a ranger contra o assoalho de madeira.

Ninguém disse mais nada, porém, vários segundos depois passos apressados e pesados apareceram na escada, mas ao invés de descerem, pareciam estar subindo na direção de seu quarto.

— Tatsuya, querido, tudo bem? — A voz da tia ressonou novamente de trás da porta, em um tom bem mais alto e claro agora, como se tivesse acabado de chegar.

— Abre a porta, Tatsuya! — Seu tio ordenou um pouco preocupado, dando três batidas fortes contra a madeira branca.

Eles não entendiam que precisavam deixá-lo em paz?

Totalmente contra a vontade, Himuro levantou e andou vagarosamente para destrancar a porta, simulando uma feição de quem acabara de acordar — mesmo que tivesse assistido o nascer do sol completo por detrás da cortina. Ao girar a maçaneta e puxá-la em sua direção, viu o rosto aflito dos tios no batente da porta, o que gerou um leve estranhamento.

Estava estressado e cansado, só isso... Era só eles o deixarem sozinho por um tempo que tudo iria melhorar. Não precisavam fazer essa cara de assombro.

— Querido, aconteceu alguma coisa?

— Vocês precisam me deixar sozinho. — Himuro pediu com a maior calma que conseguiu, fechando os olhos e cerrando os punhos para conter a onda de impaciência. — Já disse ontem que não vou ao campeonato, que preciso ficar no meu canto... Por que você fica vindo até aqui durante a manhã inteira, tia? Por que você fica batendo na porta, me chamando, dizendo que estou atrasado? Chega! Por favor. — O rapaz disse, abrindo os olhos para encará-los. — Eu não vou sair hoje. — Diminuiu a voz, arqueando as sobrancelhas ao se fazer de coitado. Era bom nisso, pelo menos naquele caso funcionava.

— Mas... — Ela balbuciou, entreabrindo os lábios ao fazer uma pausa. — Mas nós estávamos dormindo até agora, querido. Não te chamei nenhuma vez hoje.

— Acordamos com seu grito e com o barulho da cama. — O tio explicou, no exato momento em que a mulher levou a mão até sua testa pálida e coberta pela franja escura, como se quisesse consultar uma possível febre.

— Não estou doente. — Himuro riu de maneira nasal e nervosa, afastando a mão da tia com um pouco mais de brutalidade que o necessário. Arrependeu-se no instante seguinte, mas não se manifestou a respeito. — Deixem-me dormir um pouco mais que logo melhoro.

— Não Tatsuya, antes nós precisamos saber o que está acontecendo com você. — O homem segurou a porta, assim que o rapaz tentou fechá-la à força. — Nos últimos dias você estava bastante animado, cantando suas músicas, fazendo suas coisas, se preparando para o campeonato... E hoje está aí trancado, machucado, gritando para o nada sem motivos, tentando se esquivar. Converse conosco.

Foi a vez de Himuro encará-los com estranhamento e uma leve incredulidade. Eles tinham a coragem de insinuar que estava tendo alucinações? É isso? Estavam o chamando de louco? Tudo bem que seu humor estava bastante alternado naquela manhã se comparado aos dias anteriores, mas isso não significava que estava ouvindo vozes e imaginando coisas. Sua tia viera até ali incomodá-lo durante a manhã inteira sim!

— Bem... É que eu estava tendo um pesadelo. — Himuro mentiu, sorrindo de canto com um olhar fingido de culpa. — Desculpem-me se acordei vocês. Só estou um pouco cansado agora. Preciso dormir.

— Tudo bem querido. — A mulher respondeu de forma gentil, mas a preocupação ainda estava na beira de seus olhos escuros. — Vamos fazer café da manhã. Se não conseguir dormir, é só descer.

— Ok. Obrigado. — Himuro agradeceu, olhando de soslaio para o senhor de meia idade, que liberou a porta para que fosse fechada. Finalmente.

Conforme os passos se afastavam no corredor, Himuro caminhava novamente até a cama, pensativo. Tinha certeza que ouvira a voz da tia minutos antes de eles supostamente 'acordarem'. Por que diabos eles estavam mentindo sobre isso? É lógico que não estava ouvindo vozes.

***

~Aomine Daiki~

Em algum ponto distante, o moreno ouviu o despertador de seu celular tocar, espalhando pelo quarto a melodia estridente que compunha o início da música 'Shots', de Imagine Dragons. O som estava realmente distante, pois ainda com a pouca consciência, Daiki apalpou o lado do travesseiro onde havia deixado o aparelho na noite passada e nada encontrou.

— Hm... Cadê você? — Resmungou com preguiça evitando abrir os olhos, buscando o celular por todos os lados possíveis da cama com o tato.

"I'm sorry for everything, oh everything I've done!". E mais acordes e barulhos saindo pelo alto-falante fraco do celular.

A voz do cara era muito boa e a música era melhor ainda, porém tornou-se incrivelmente irritante para Aomine ouvir aquilo naquela manhã... Principalmente ao constatar que estava sozinho — ao contrário da noite passada, quando Taiga estava consigo, o abraçando durante o sono, beijando sua boca, sentando em seu pau, mostrando os caninos enquanto riam de alguma piada idiota.

O pensamento o fez sorrir mais do que satisfeito, ainda de olhos fechados. Estavam juntos novamente, como era para ter sido desde sempre. Juntos de verdade, caralho!  Vibrou mentalmente.

— Bom dia, Aomine Daiki! — A voz lenta e cortante de sua mãe substituiu a música e o feeling gostoso, levando o moreno a abrir os olhos no mesmo instante, alarmado.

Fodeu. Aomine pensou, engolindo em seco ao perceber — mesmo sonolento — que a mulher estava dentro do quarto com o celular em mãos e que desligara o alarme em seu lugar. Ela estava espreitando, apenas para dar o bote na hora certa. Aquela era a hora certa.

Obviamente não chegara antes de ela ir para o trabalho na noite anterior. Decidira ficar mais um pouco com Taiga, transar novamente, fazer uma luta idiota de xingamentos e comer um ovo frito antes de olhar no relógio e perceber que ficara bem mais do que meia hora na casa do ruivo.

Com certeza Aomine Yumiko estava possessa, já que se encontrava dentro de seu quarto naquela manhã... Espreitando.

— Bom... dia? — Daiki respondeu com a pergunta, fechando um dos olhos como se fosse receber um golpe forte na face.

— Ótima pergunta. — Ela se levantou da cadeira, andando calmamente em sua direção até parar ao lado de sua cama, logo acima de seu rosto. — Poderia ter sido um bom dia. Eu iria até te liberar do castigo se você tivesse chegado na hora ontem, mesmo após ter sido expulso do campeonato. Estava pensando nisso como uma recompensa por você ter me obedecido uma vez na vida... Mas adivinha o que aconteceu?

— Hm... — Aomine fechou os olhos, sentindo o corpo gelar por dentro. Levara broncas e mais broncas no dia anterior, porém aquela tinha tudo para ser a pior e mais intensa. Já estava sendo, para falar a verdade.

— 'Hm' nada! — Ela cruzou os braços contra o peito, balançando a cabeça em desaprovação. — Você sabe muito bem que não gosto de me meter na sua vida e muito menos de bancar a megera, mas você também abusa da paciência da sua mãe, não acha? Poxa vida Daiki... Você imagina o quão brava fiquei assim que a Satsuki-chan me ligou avisando que você estava expulso do campeonato, e ainda por cima com pontos na cabeça porque se meteu em uma briga? — Ela perguntou, largando o celular com cuidado ao lado de seu travesseiro. — E você não foi nem capaz de atender seu telefone nas mil vezes que liguei.

— Foi mal.

— Claro que foi mal! — Yumiko afirmou de forma severa. — Eu sei que você estava com saudades do seu namorado e que queria passar mais tempo com ele, só que ontem eu realmente gostaria que você tivesse chegado no horário que combinamos. Além de brava eu estava bastante preocupada.

— Eu sei. — O moreno engoliu em seco, observando a mãe sentar-se ao lado de suas pernas, no colchão. — Me desculpa?

— Não faça essa carinha de cachorrinho abandonado porque hoje não vai funcionar. — Ela estreitou os olhos, balançando a cabeça ao esticar o braço para encostar de leve em seu ponto, assim que o moreno também se sentou na cama. — Pode me explicar por que você se meteu em uma briga ontem?

— Porque ele estava me provocando. — Disse com simplicidade, olhando para as próprias mãos jogadas em cima das cobertas. Elas estavam geladas.

— Ele quem? — Yumiko perguntou, cruzando novamente os braços. — O ex-namorado do Kagami-kun? — Ela disse de um jeito que deixou toda a situação mais ridícula e infantil do que já era. Pareceu um golpe impiedoso de vergonha na cara.

— É. — O moreno admitiu, com um pouco de constrangimento.

— Nossa Daiki, que maduro da sua parte. — Ela moveu o rosto sério para chamar sua atenção ao lançar aquela ironia. — E veja só, ele conseguiu o que queria. Te atingiu, fez você ser expulso do campeonato e te levou a desapontar todos os seus companheiros de time. E eu disse todos, inclusive a Satsuki-chan. — A mulher enumerou com os dedos conforme falava.

— Não tinha como não ficar com raiva dele, mãe. Sério! — Aomine defendeu-se de forma veemente, erguendo os olhos para encará-la em meio a um suspiro. — Ele começou a falar um monte de mentiras nojentas para me jogar contra o Taiga. Foi muito sujo e filho da p-

— Ele está sofrendo, então tentou estragar tudo. — Yumiko o interrompeu com a voz calma, erguendo o indicador para que se calasse. — Todo mundo pensa em fazer algo do gênero quando não aceita o fim de um relacionamento, mas poucos têm coragem para agir de fato... Bem, ele teve, o que mostra uma enorme falta de amor próprio. Mas é uma coisa que não adianta de nada. — Ela comentou, erguendo as sobrancelhas delineadas. — Você é um rapaz inteligente Daiki, deveria ter virado as costas mesmo quando ele estivesse tocando em sua ferida. Hoje estaria no campeonato jogando com seus amigos e com certeza passaria mais tempo ao lado do seu namorado do que ao lado do seu criado-mudo aqui. — Ela apontou para o móvel perto da cama.

— Não somos namorados ainda. — Murmurou com total desânimo, olhando para a janela na intenção de mudar imediatamente de assunto. Estava mais do que desconfortável ali. — Ainda não tive coragem de pedir.

— Hm, você é uma criança mesmo. — Ela riu brevemente de sua reação, mesmo tentando parecer séria. — Tem muito que aprender com a vida.

Com um meio sorriso relutante e culpado, Aomine voltou-se para encará-la. Para variar, ela tinha razão.

Com poucas palavras sua mãe já o fizera entender a baita burrada que cometera ao se envolver em uma briga com Himuro. Se tivesse se colocado na pele dele talvez entendesse melhor como ele estava se sentindo naquele momento. Pelo que parecia, Himuro até gostava de Taiga, mas não da forma que era para ser... Era um sentimento ligeiramente doentio, do contrário com certeza prezaria pela felicidade do ruivo, e não buscaria dar fim nela com aquele tipo de atitude idiota e egoísta.

— Independente de qualquer coisa, você ainda está de castigo. Não esqueça! — Ela levantou-se ao desfazer o sorriso, olhando-o de canto. — Estava pensando até em tirar seu celular porque você foi expulso e porque me desobedeceu ontem, mas não vou, já que vocês dois reataram há pouco tempo. Não estou a fim de estragar isso.

— Ah, obrigado! — O moreno sorriu radiante, olhando para a mulher em sua frente. Ficar sem ver Kagami era um pesadelo, principalmente agora que voltaram, mas assim pelo menos poderia continuar conversando com ele. Muito melhor do que nada. — Sério, você é a melhor, até para dar castigos.

— Não brinque muito comigo, Daiki. Posso mudar de ideia. Depende do que você fizer daqui para frente. — Ela sorriu de um jeito ameaçador, balançando a cabeça. — Mas é bom que saiba... Você vai ficar em casa hoje, e durante a semana só vai sair para ir à escola. Sem discussão, sem acordos.

— Posso chamar o Taiga para ficar aqui comigo então? — Aomine arriscou, olhando com uma nesga quase invisível de esperança para a mãe. — Ainda vou ficar apenas em casa, sem sair e tal...

— Claro. — Ela sorriu, fazendo uma pausa para que o moreno se animasse com a resposta positiva. Lógico que era uma fraude. — Mas só na semana que vem, quando eu te liberar. Já disse, sem acordos.

— ... — O moreno suspirou, derrotado, deixando-se desabar pesadamente na cama.

Naquela altura do campeonato não havia punição maior, mesmo que a mãe permitisse que ficasse com o celular. Era muito torturante.

— Mas como sou uma mãe maravilhosa e amável, vou te dar mais uma chance além do celular. — Yumiko murmurou da porta, fazendo com que o moreno levantasse a cabeça tão rápido que chegou a estalar seu pescoço. Doeu. — Chame-o para jantar conosco na sexta-feira. Quero conhecê-lo em uma situação onde ele não esteja pelado na sua cama.

— Valeu... Mas ele não estava pelado naquele dia. — Aomine rebateu com constrangimento, assim que ela se afastou pelo corredor, disfarçando o sorriso.

Ok, ela era a melhor mãe do mundo, apesar dos apesares. Aomine não tinha o mínimo direito de reclamar. Além do mais a cagada fora sua, então só estava pagando pelas merdas que fez. Não que se arrependesse de ter dado uma coça naquele idiota, porque foi bem merecida. Ele teria muito o que refletir dali para frente.

— É, foi bem merecida sim. — Reforçou para si mesmo, pegando rapidamente o celular para enviar uma curta mensagem para o ruivo. Não sabia como era possível, mas já estava começando a sentir uma puta de uma saudade dele.

Boa sorte hj Taiga. Ganhe essa bosta de campeonato.

Não que ele realmente precisasse de sorte no basquete, já que era um jogador foda por natureza, o melhor e mais admirável adversário que apareceu em sua vida desde que se conhecia por gente... Mas o moreno jamais admitiria isso em voz alta, não enquanto ele não falasse com letras garrafais que Aomine Daiki também era seu maior ídolo.

— É. Vou morrer até sexta-feira sem esse idiota. — O moreno resmungou com desânimo, fechando os olhos em uma tentativa falha de pegar no sono mais uma vez, assim que deixou o celular de lado.

Apesar de Taiga dominar a maior parte de sua mente, Aomine não conseguia esquecer que poderia estar jogando basquete naquele exato momento se não tivesse avacalhado com tudo por causa de um ato impulsivo. Precisaria se redimir no ano seguinte, já que nem na Winter Cup poderia competir. Torcia internamente para o pessoal da organização mudar de ideia.

E ainda tinha que conversar com a Satsuki... Ela com certeza estava puta da cara em um nível supremo.

Eram problemas demais para uma cabeça tão vazia. Queria apenas que sexta-feira chegasse logo. Tipo agora... Mas algo dizia que o tempo demoraria o dobro para passar. Teria que dar um jeito de ver Taiga antes disso.

***

9h22min

~Kagami Taiga~

— Kagami-kun. — Kuroko o chamou, fazendo com que o ruivo desviasse os olhos anteriormente vidrados no plano de fundo da tela do celular. O puxara para ver o horário, mas esquecera-se de fazê-lo no meio do caminho, pois recomeçara a ler a conversa matinal com Aomine, na qual ele o desejava sorte e falava sobre o castigo que teria que aguentar até sexta-feira. — Está nervoso?

— Não muito. Só animado com os jogos. — Taiga respondeu ao amigo, desligando e guardando o aparelho em um dos compartimentos da mochila. Estava na hora de se concentrar apenas nas partidas.

— E com outras coisas também, eu suponho. — O rapaz sussurrou, vestindo a jaqueta por cima da roupa de basquete.

— Ah, com certeza. — Kagami foi obrigado a sorrir, sabendo exatamente ao que ele se referia.

Todos os membros do time estavam no vestiário e se preparavam individualmente para os jogos decisivos daquela manhã, porém — contra o habitual — o ruivo não conseguia pensar apenas em basquete e na importância daquele Interescolar. Em sua mente havia um intrometido Aomine Daiki aparecendo em flashes, hora falando que o amava, hora gemendo entre suas pernas, hora rindo de sua cara, hora beijando sua boca... Eram coisas boas demais que vagavam por sua mente, e isso levava todas as sensações ruins embora, até mesmo o nervosismo para com as partidas e o leve incômodo no quadril.

— É oficial? — Kuroko perguntou em voz baixa, levando o ruivo a franzir a testa, confuso.

— O quê?

— Vocês dois estão namorando ou ainda estão enrolando com isso?

— Ah, não sei. — Kagami sorriu sem jeito, olhando para os arredores para certificar-se de que ninguém ouvira nada. Nenhum dos integrantes do time parecia estar ligando para a conversa, estavam mais preocupados com seus próprios pensamentos. — Acho que não estamos ainda. Sei lá. Nunca conversamos a respeito.

— Entendi. Estão se enrolando.

— Enfim...  O que o Akashi queria com você ontem? — O ruivo lembrou-se imediatamente da aparição do capitão da Rakuzan, mudando de assunto o quanto antes.

— Hm. — Kuroko soltou um muxoxo cansado, olhando para a mochila por alguns instantes antes de continuar. — É uma história longa. Digamos que envolve muita coisa complicada.

— Bem... Ainda temos meia hora antes de começar o aquecimento para o nosso primeiro jogo. — Kagami deu de ombros, olhando ao redor, mas voltando-se para o amigo com uma curiosidade mais do que aparente. — Assim pelo menos a gente não fica contando os segundos para os jogos começarem. — Justificou-se com um pouco de constrangimento pela própria atitude afoita, coçando a nuca.

— Ah, é meio difícil. — O amigo explicou, olhando-o com um meio sorriso. — Prefiro te contar depois que o campeonato acabar, pode ser?

— Claro. — Kagami concordou, sentando-se no banco onde sua mochila estava largada anteriormente.

— Não estou fugindo. Prometo que vou te falar. — Kuroko afirmou, acomodando-se no espaço ao lado, com a bolsa no colo. — Preciso me abrir com alguém a respeito, e você é meu melhor amigo. Te devo isso.

— Certo. — O ruivo assentiu com a cabeça, levantando o punho para o companheiro de time dar-lhe o habitual soco. — Então por hora vamos nos concentrar nos jogos e vencer, beleza?

— Com certeza! — Kuroko sorriu radiante, encarando-o com aquele brilho conhecido nos olhos sempre tão inexpressivos, no mesmo momento em que Riko se levantou.

O arrepio percorreu o corpo inteiro do ruivo assim que a realidade bateu. Agora era hora de basquete, das semifinais do Interescolar... Algo que Kagami também amava de um jeito inexplicável. Sentia novamente os nervos a flor da pele, apenas ouvindo o que a treinadora tinha a dizer sobre a importância daqueles jogos para a Seirin e as dificuldades que enfrentariam ao lutar contra Yosen e — caso vencessem — Rakuzan.

O ruivo poderia explodir de tanta empolgação e vontade de jogar, até esquecera-se dos problemas. Isso agora penetrava em seus ossos, mesmo que ainda estivesse contando as horas para chegar o próximo dia em que fosse se encontrar com Aomine Daiki. Pelo jeito iria demorar um pouco, já que ele estava de castigo. Morreria até lá.

Basquete Taiga. Se concentre no basquete! Repreendeu-se mentalmente, olhando para os companheiros de time, que também exalavam motivação e garra. O sorriso foi inevitável. Estava feliz, de verdade.

***

16h30min

Kagami estava chateado, de verdade.

Era o fim. A sirene alta e os gritos da plateia anunciavam o término da partida, e cada segundo daquele barulho estridente e irritante parecia ecoar dentro da cabeça do ruivo por longos minutos.

Era como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta ao seu redor. Talvez até estivesse, já que ao olhar para os lados o ruivo conseguia ver apenas as expressões arrasadas de seus companheiros, em contraste com o sorriso da multidão que lotava o ginásio, vibrando pela vitória do time adversário.

A conclusão vinha de forma destruidora: Falhara miseravelmente. Era só olhar para o placar, onde o tempo agora estava zerado. 98 x 93.

Após a Seirin lutar bravamente contra Yosen — e vencer a partida por uma diferença ridícula de dois pontos para chegar às finais do campeonato —, foram amargamente derrotados por Akashi... Sim, apenas por Akashi. Ele conduzia o jogo sozinho, brilhava mais do que qualquer outro jogador e sorria o tempo todo, como se fosse o único ali. O capitão da Rakuzan parecia estar brincando em quadra. Talvez até estivesse... Todavia isso não importava mais.

Perderam. Seirin não tornara-se a grande campeã do Interescolar, assim como da última vez. Teriam que esperar o inverno chegar pelo segundo ano consecutivo.

— Kagami-kun... — Kuroko parou ao seu lado, apoiando a mão de leve em suas costas. — Ficamos em segundo lugar. Fomos muito melhor do que no ano passado! — Ele sorriu com solidariedade, atraindo o olhar desapontado do ruivo.

— É. — Sorriu com dificuldade, fitando os olhos azuis igualmente tristonhos do amigo. Nunca era fácil perder, principalmente quando se tratava de basquete, o esporte que tanto amava. Quando envolve sentimento tudo se torna mil vezes mais complicado. A vida o ensinou isso... E continuaria ensinando por um bom tempo.

— Tetsuya! — A voz seca de Akashi sobressaiu-se perante a vibração da multidão, fazendo com que os dois virassem o rosto para encará-lo. — Nesse jogo o vencedor sou eu, como sempre fui.

Kuroko não demonstrou fraqueza ou abalo, apenas estendeu a mão aberta.

— Meus parabéns pela vitória, sei o quanto preza por isso. — Ele disse de forma acentuada, encarando o ameaçador capitão da Rakuzan à altura.

— Obrigado. — Akashi aceitou o cumprimento de Kuroko, demorando-se ali por longos segundos. Era evidente que ele estava apertando a mão do azulado com uma força desnecessária. — Nos veremos em breve. — O contato se desfez assim que ele sorriu. — Tenho certeza que uma hora ou outra você vai sentir falta dos nossos jogos. Se quiser voltar, talvez eu estarei te esperando, talvez não... Só espero que não se desaponte tanto daqui para frente com a sua nova e inusitada escolha.

— Foi a melhor escolha, disso eu tenho certeza. — Kuroko afirmou com convicção, olhando para algum ponto na arquibancada com um meio sorriso antes de voltar-se para o capitão da Rakuzan. — Não serei mais uma peça solta em seu tabuleiro imaginário de shogi, Akashi-kun. Como já havia dito, nosso único assunto em comum a partir de agora será o basquete. Você não vai mais me controlar.

— Humpf. Como quiser Tetsuya. Até mesmo os jogos podem enjoar, admito que era o que acontecia com nós dois. — Ele soltou uma risada nasal, virando-se para a mesma direção que Kuroko olhava anteriormente. Kagami fez o mesmo e não encontrou ninguém conhecido entre aquelas fileiras de bancos, até porque muita gente estava saindo do ginásio. — E além do mais, você sabe que jogadores não faltam.

— Nem tudo é uma competição, Akashi-kun. — Kuroko alertou, erguendo as sobrancelhas.

— Ah, é sim. Boa sorte, Tetsuya. — O rapaz sorriu de canto, virando-se de costas no mesmo momento para juntar-se aos outros membros da Rakuzan.

O ruivo não estava entendendo nada, apenas olhou de Akashi para Kuroko com um estranhamento mais do que evidente. Nada daquela merda estava fazendo sentido, mas, sinceramente, essa era sua última preocupação agora. Estava desanimado demais para tentar decodificar as palavras esquisitas de ambos.

— Vamos Kagami-kun. — Kuroko disse, conduzindo o ruivo até os outros membros do time, que estava reunido para as reverências pós-jogo.

E assim acabava mais um Interescolar. Com lágrimas, mas também com sorrisos... A Seirin conquistou o segundo lugar com garra. Foi isso que Riko disse no vestiário, buscando incentivar o time com suas palavras orgulhosas pelos seus meninos. Os sorrisos do time foram surgindo aos poucos, assim que ajeitavam seus pertencem para voltarem às suas casas com uma medalha de prata pendendo em seus pescoços. Não havia motivos para menosprezar o esforço de todos. Estavam ali para divertir e aproveitar, como diria Teppei. Essas foram as palavras de Hyuuga.

***

18h56min

— Topa comer alguma coisa antes de pegar o metrô? — Kuroko perguntou, olhando para uma lanchonete anexa à estação.

— Pode ser. — Kagami concordou com um meio sorriso. Estava difícil dar um inteiro naquela noite, mas tinha certeza que na manhã seguinte tudo estaria melhor.

Uma derrota não era o fim do mundo, e sim uma nova oportunidade para se levantar. Além do mais, todos os membros da Seirin estavam mais animados quando saíram do Centro Poliesportivo após a cerimônia de encerramento, fazendo planos para os novos treinamentos antes da Winter Cup. Riko prometeu ser mais exigente e dura do que nunca, o que era algo aterrorizante e empolgante ao mesmo tempo — se é que aquilo era possível.

Juntos e em silêncio, Kagami e Kuroko caminharam por entre as pessoas que passeavam pelas calçadas largas de Tóquio, chegando a um estabelecimento pequeno chamado — originalmente — de ‘Lanchonete da Estação’. Os hambúrgueres de lá não eram tão bonitos ou apetitosos quanto os do Maji Burguer, mas dava para o gasto, principalmente após duas partidas mais do que intensas de basquete. Yosen com Murasakibara e Rakuzan com Akashi no mesmo dia não era para qualquer time.

Ao sentar-se pela primeira vez após os jogos, Kagami sentia o corpo latejar de tanto cansaço. No entanto era um desgaste físico e mental ao mesmo tempo, já que aquele estava sendo um final de semana turbulento em todos os sentidos da palavra — desde momentos tensos com Himuro, incríveis com Aomine e tristes com a Seirin. Sentia-se exausto, de verdade... Mas a merda maior foi o ruivo recordar-se repentinamente da maravilhosa prova de matemática que teria no dia seguinte. Com certeza o cansaço dobrou, já que planejava matar as aulas da manhã para dormir e se recuperar.

— Estudou para a prova de matemática de amanhã? — Kuroko perguntou de repente, como se lesse os pensamentos do ruivo. Isso sempre seria um pouco assustador, independente do momento.

— Nah... — Taiga respondeu com desânimo, olhando para o lanche em sua mão. — Quando estávamos andando eu pensei que poderia gazear as aulas, e só então eu lembrei que tem essa bosta de prova. Na boa, aquele professor filho da puta fez isso pensando em me ferrar.

— Admito que eu também não me lembrava dessa avaliação. Vou me ferrar também. — Kuroko sorriu de canto, balançando a cabeça.

— Você andou se esquecendo de uma prova? — Kagami espantou-se de forma teatral, com a boca cheia de batatas fritas. — Isso é possível?  — Balbuciou.

— As circunstâncias fazem coisas misteriosas com a nossa cabeça. — Ele deu de ombros. — Tipo com a sua... Apesar de que você esqueceria a prova com ou sem Aomine e Interescolar na mente, não?

— É. Eu esqueceria. — Kagami foi obrigado a concordar, acenando lentamente com a cabeça.

— Falando nisso, como vocês dois estão? — O amigo perguntou com interesse, tomando um gole de seu milk shake de baunilha logo em seguida.

— Cara, eu o Daiki estamos bem pra caralho. Acho que é a melhor coisa da minha vida, entende? — Kagami disse com sinceridade, olhando para o amigo com as sobrancelhas arqueadas, subitamente animado. Estava com saudades do desgraçado. — Tipo, é a única parte onde as coisas estão funcionando de verdade, onde eu fico completo. Sei lá, eu gosto mesmo daquele idiota. — Foi obrigado a rir de suas próprias frases entusiasmadas, mal acreditando que estava falando aquilo com tanta liberdade para Kuroko. Há alguns meses esconderia o rosto de vergonha.

— Fico bem feliz por vocês dois, de verdade. No início era um pouco improvável ver vocês como um casal, já que viviam implicando um com o outro, mas hoje acho que não consigo ver vocês separados, sinceramente. Que linha tênue, não? — Kuroko comentou com um meio sorriso, levando o ruivo a repuxar os lábios também. Pelo menos até ele continuar: — Mas... E o Himuro-kun?

— Hm... — A expressão sonhadora que o ruivo sustentava desfez-se ao ouvir o nome dele. Era outra linha tênue. Antes ele o fazia sorrir, hoje não mais. — É complicado. Acho que ele não era exatamente quem eu imaginava, entende?

— Completamente. — Ele soltou uma risada nasal, concordando com um aceno acentuado de cabeça. — É o meu caso com o Akashi-kun. Continue.

— Ah, eu não tenho muito mais a dizer sobre isso. — Taiga comentou com desânimo, olhando para o lanche mordido que segurava entre os dedos. — Acho que ele está diferente, meio esquisito, frio. Sei lá. Não é o cara alegre que conheci... Não é meu irmão, saca? — O ruivo disse, voltando-se para Kuroko. — Ontem ele não me olhou na cara. Tudo bem que não fui o melhor companheiro para ele, fui um belo de um filho da puta na verdade, mas mesmo assim... Ele parecia outra pessoa, um desconhecido.

— Eu acho que ele tem uma espécie de problema, Kagami-kun. — Kuroko disse lentamente, levando o ruivo a franzir a testa, desacreditado. — O mesmo problema do Akashi-kun.

— Hm...? — O ruivo balançou a cabeça, insinuando que não havia entendido. Não conseguia encontrar nada de similar entre os dois, para ser sincero. Akashi era louco.

— Bem... Deixe-me te contar do começo. Você vai notar as semelhanças por si só. — O amigo assegurou, tomando um novo e demorado gole em seu milk shake antes de continuar. — Primeiramente, eu também tenho relacionamentos homossexuais. Isso precisa ficar claro aqui.

Naquele momento Kagami parou de fazer qualquer coisa, até mesmo de respirar. Segundos depois, engasgou-se com o pedaço de hambúrguer que descia sozinho pela garganta, tossindo repetidas vezes de um jeito bastante escandaloso — tanto é que atraiu vários olhares das pessoas ao redor. Tinha certeza que estava sendo o amigo mais indelicado e bruto da face da Terra, mas aquela revelação foi mais do que uma surpresa... Foi um puto, um colossal abalo.

Kuroko era gay? Isso jamais passara pela cabeça do ruivo. Jamais!

— Não te contei antes porque não havia a oportunidade certa. — Ele explicou, encarando-o com a habitual expressão vazia e leve, contrastando completamente com as atitudes exageradas do ruivo. — Você estava com a cabeça cheia de problemas e situações, então não havia motivos para eu causar mais tumulto.

— Caralho. — O ruivo se manifestou após longos segundos com a voz rouca de tanto tossir, mantendo os lábios entreabertos. — Desde quando?

— Desde sempre, eu acho. — Kuroko deu de ombros, calmamente. — E é aí que o Akashi-kun entra. Porque ele foi a primeira pessoa para quem eu contei isso, antes mesmo de falar aos meus pais. Eu confiava muito nele, sabia que não haveria julgamentos.

— Hm... — Kagami murmurou interessado, mas ainda estupefato.

— Diferente do Aomine-kun, que foi meu primeiro amigo na Teiko, o Akashi-kun tinha algo mais profundo e intenso. Meio que me atraía, sei lá. Com o tempo eu descobri que confiaria até mesmo a minha vida a ele, faria qualquer coisa por ele... E então eu percebi que estava apaixonado, ou pelo menos achava que estava. Acho que fui a presa perfeita. — Kuroko contou, levando o ruivo a entreabrir mais ainda os lábios. Aquilo tudo era bastante inesperado, precisava de tempo para processar... Tempo que Kuroko não deu: — Ele sabia dos meus sentimentos e foi se aproximando, espreitando... Até que acabamos juntos em uma viagem para um retiro de basquete que fazíamos no verão. Foi incrível. Eu sentia as melhores coisas do mundo nos dias que passava ao lado dele... Porém tempos depois eu percebi que ele não era exatamente como aparentava. Primeiramente, ele não era realmente homossexual, era frio às vezes e mentia com certa frequência para manipular as coisas ao seu favor. Ele só estava jogando comigo, entende?

— Não muito. — Taiga admitiu, esquecendo-se completamente dos lanches, da derrota no basquete ou do horário do metrô. Queria apenas ouvir agora, mesmo que não estivesse compreendendo muita coisa.

— OK. Vamos devagar. O Akashi-kun tem duas personalidades. A amável, pela qual eu me apaixonei; e a competidora, que é a sua verdadeira face. Tudo é um jogo para ele, e o que importa é a vitória. — Kuroko explicou com calma, fazendo gestos enumeradores com as mãos. — Então através de sua personalidade amável ele atrai, mas tudo faz parte do jogo de sua outra personalidade. Ele possui um tipo muito raro de Transtorno Bipolar, que pende bastante para a psicose. Pesquisei e li muito a respeito nesses últimos anos, por isso imagino que o Himuro-kun também sofra de Bipolaridade, mas de uma maneira mais clínica e geral, digamos assim. Sem a psicose.

Kagami não se manifestou verbalmente, apenas ergueu as sobrancelhas, ouvindo o barulho em sua própria mente. Não entendera bosta nenhuma dos termos técnicos que ele usara, mas o clique dentro de si foi imediato assim que ele falou a palavra ‘bipolar’. De repente muita coisa fez sentido, as trocas de humor repentinas de Tatsuya, as ausências, seus impulsos, suas atitudes, seus lapsos de tristeza e vitimismo. Tudo. Será que...? Não. Não podia ser.

— Enfim, deixe-me continuar... O Akashi-kun começou a brincar com os meus medos e afetar meu psicológico com atitudes esquisitas. Me mostrava filmes de alienígenas, contava histórias perturbadoras, fazia simulações envolvendo meus temores. Era a diversão dele, me assustar. E sim, eu tenho um medo irracional de alienígenas. — Kuroko continuou com a expressão impassível, mesmo que Kagami estivesse pasmo e bastante pensativo do outro lado da mesa. — E então ele voltava ao seu jeito amável e usava a Bipolaridade como desculpa para suas atitudes erradas, isso sempre quando eu queria terminar. Era a arma dele. Me fazia acreditar que nada daquilo era culpa dele, que ele não queria me fazer mal...

— Caralho. — O ruivo engoliu em seco.

— E você sabe, quando a gente gosta de alguém a gente perdoa. Sempre. E então ele saía "vitorioso" de seu suposto jogo, melhorava bastante e voltava a ser o cara por quem eu me apaixonei... No entanto, poucas semanas depois a situação se repetia. — Kuroko afirmou, tomando mais um gole do milk shake. — Ninguém sabia de nós dois. Eu tinha medo de falar, medo de sair do relacionamento, medo de abandoná-lo e deixá-lo na pior. Enfim, eu tinha medo de tudo, mas sempre internamente, nunca manifestava. E foi assim, até pouco tempo atrás, quando decidi colocar um final nessa história, de uma vez por todas. Eu cansei de ficar preso em um ciclo doentio, principalmente ao perceber que ele não era a única pessoa no mundo, como me fazia acreditar. — Kuroko repuxou um pouco os lábios. — Outro alguém me mostrou isso... E o engraçado é que essa pessoa estava sempre lá, mas ofuscada pela luz imaginária e grandiosa que coloquei no Akashi-kun.

— Quem? — Kagami perguntou, prevendo o nome que ele iria dizer. Sabia que estava certo.

— O Kise-kun. — Kuroko ergueu os olhos, sorrindo um pouco mais ao ver que o ruivo ficara novamente surpreso, mesmo já sabendo da resposta. — Ele se declarou várias vezes para mim. Eu dizia não, pois para mim só existia o Akashi-kun. Ele fez algo com minha cabeça, me levou a acreditar que não haveria luz se não houvesse Akashi Seijurou na minha vida... Não sei explicar, só sei que era bastante sufocante. Mas o Kise-kun me mostrou o contrário, e ele não desistiu mesmo depois de eu tê-lo rejeitado algumas vezes. E eu estou falando de muito tempo aqui. Desde o Ensino Fundamental até mais ou menos um mês atrás.

— Kuroko... — O ruivo engoliu novamente em seco, percebendo que era um amigo horrível, já que ele passava por tudo aquilo e nem sequer fora capaz de perceber. Por outro lado ele sempre estava lá para ouvir quando precisava desabafar... Era o pior, com certeza.

— Sei o que você está pensando, Kagami-kun. Isso inclusive eu aprendi com o Akashi-kun, prever os próximos movimentos, observar as pessoas, adivinhar pensamentos pela expressão da pessoa. Efeito colateral dos anos de convivência. — Kuroko riu de leve, balançando a cabeça como se dissesse ‘deixa para lá’. — Esse relacionamento era uma coisa que eu escondia muito bem, por isso nunca me abri com você e nem com qualquer outra pessoa. Nunca demonstrei meu dilema interno.

— Mas...

— Não se preocupe. Está tudo bem agora, eu garanto. Tenho a cabeça no lugar, do contrário teria me apagado completamente com o tempo. Estou feliz agora. Digamos que o Akashi me "libertou" ontem, me declarando "vitorioso" pela primeira vez em anos. — O amigo disse, fazendo gestos de dedos que simulavam aspas. — Quando você saiu do vestiário para buscar o Aomine-kun na enfermaria, eu fui ao encontro de Kise-kun. Akashi-kun nos viu, aconteceu uma troca de palavras agressivas, mas o Kise me defendeu no final. Enfim... Nada que se compare ao show do Aomine-kun e do Himuro-kun. — Ele soltou uma leve risada, levando o ruivo a sorrir também. — E depois eu e o Kise-kun fomos ao Fliperama e então ficamos conversando lá em casa por um bom tempo, juntos. É ótimo assim. Verdadeiro, sabe? Acredito que da mesma forma que é bom quando você está com o Aomine-kun. Você se sente livre, leve, sem aquela pressão de querer agradar o outro a qualquer custo, sem precisar aceitar coisas que estão longe do nosso alcance, sem duelar com tudo... Enfim, sem aquelas coisas ruins e forçadas que você me contou sobre você e o Himuro-kun.

— Então... Por isso você sempre me deu os melhores e mais certeiros conselhos. — Kagami sorriu sem graça, e sem reação também. Era muita informação para processar em um único dia.

— Sim. Porque eu passei pela mesma coisa. Sabia como agir nesses casos de pressão.

— Mas o Akashi age de uma forma meio psicopata, não é…? — O ruivo ergueu os olhos, assustado ao notar uma coisa. — Ei! Aquela tesoura... Ele fazia alguma coisa com ela? Tipo, te machucava?

— Não. Ele nunca me atingiu ou me ameaçou assim. O lance com ele era psicológico, como em um jogo de estratégia mesmo. — Kuroko sorriu, dando-lhe um tapa cômico no braço. — Ele só cortou quase todas as minhas roupas quando tentei terminar pela primeira vez. — O amigo contou com uma naturalidade espantosa. — Ele disse que teve um surto e eu perdoei.

— Credo. — Kagami ergueu uma das sobrancelhas, um pouco assombrado. — Sempre achei ele estranho, mas isso é muito mais do que estranho. 

— Acredito que muita coisa faz sentido no caso do Himuro-kun, não? — Kuroko perguntou, curioso.

— Acho que sim. — O ruivo foi obrigado a afirmar, mesmo que ainda não estivesse acreditando naquela coisa toda. Parecia irreal, quase fictício.  — Sei lá. É estranho olhar a situação por esse ângulo, tipo, uma doença e tal... Não parece uma coisa que exista de verdade por perto, só na vida dos outros, bem longe.

— Sim, é difícil compreender, porque a Bipolaridade é mais complicada do que as pessoas imaginam. E sabe o que é mais curioso? — Kuroko perguntou, chamando a atenção de Kagami. — Eles não têm culpa por agirem dessa forma, porque acreditam que é o certo, que é o natural. Não é como se pudessem entrar ou sair desse estado, ele simplesmente está lá e aparece quando bem entende. Têm as crises de mania, onde eles surtam e se sentem o centro do universo, e as crises de depressão, onde eles desabam e podem até mesmo ouvir vozes. É bem complicado, mas chega a enlouquecer quem está ao lado. Eu não consegui suportar, mesmo tentando ajudar. E eu realmente gostava do Akashi-kun, sabe... Faria tudo por ele. Mas não deu. Não tem como mudar isso se a pessoa não aceita que tem o problema.

Silêncio. Pensamentos perturbadores. Incredulidade. Nada daquilo parecia real. Parecia uma verdadeira viagem infantil, que sinceramente não se encaixava com o cotidiano com que Taiga estava acostumado. Mas era preocupante, porque fazia certo sentido...

— Eu devo falar com o Tatsuya? Ou alertar que ele pode ter isso... Sei lá. Acha que devo? — Kagami perguntou, já sabendo qual era a resposta. Mesmo se tentasse, Himuro não o ouviria. Na verdade ninguém daria bola. Parecia ridículo.

— No fundo é isso que ele quer, Kagami-kun. Sua presença só vai alimentar o problema que ele tem. — O menor explicou com um movimento de cabeça. — Deixe-o ir, ou ele vai te carregar para baixo, como ele estava fazendo nesses últimos meses. Ele vai te apagar aos poucos, porque ele não vai mudar... Mas você vai.

— Entendi... — O ruivo suspirou, olhando para o amigo. Ele tinha razão, toda a razão, como sempre. Após uma pausa, continuou: — Sempre que precisar, fale comigo Kuroko. Sei que não sou o cara mais esperto ou o mais sábio para dar conselhos... Sou uma planária, na boa... Mas preciso retribuir de alguma forma o enorme apoio que você tem me dado sempre.

— Você é meu melhor amigo, Kagami-kun. Fico mais do que grato ao saber que posso contar com você, e que posso contar minhas coisas para você. — Kuroko sorriu, estendendo o punho. — Sempre estaremos aqui um pelo outro. Sei disso.

— Sempre! — Kagami sorriu, retribuindo o gesto.

— Só gostaria que você não falasse sobre essas coisas com ninguém, nem com o Aomine-kun, pelo menos por enquanto. — Kuroko pediu, arqueando levemente as sobrancelhas. — Pode ser?

— Não se preocupe. — Kagami sorriu de canto, tranquilizando-o. — Seu segredo está guardado comigo.

— Obrigado.

Após um breve silêncio, os dois voltaram a comer para então seguirem seus caminhos, pegando o metrô um horário mais tarde do que o pretendido. Ambos precisavam descansar muito, pois fora um dia cheio, exaustivo e verdadeiramente turbulento... Aquela conversa esquisita e surreal foi para fechar com chave de ouro.

***

Kagami tinha certeza que um dia sua cabeça iria explodir, quase sentia a fumaça saindo por suas orelhas conforme o caminhava pelas ruas, já que seu cérebro estava em pane de tanto processar informações pelo caminho. Não apenas a carga emocional que o Interescolar trouxe, mas as palavras e revelações de Kuroko também foram extremamente difíceis de absorver... A história toda com Akashi fora incrivelmente perturbadora e quase fantasiosa, e Tatsuya poderia ter o mesmo problema — "mas de uma forma menos 'psicótica', mais  clínica e geral''. Sabe Deus o que isso significava.

Bipolaridade. O que diabos isso significava de verdade? Não era só uma alteração de humor durante o dia, tipo 'estou feliz' e de repente 'estou triste'? Era assim que Kagami pensava... Mas o buraco parecia ser muito mais embaixo. Precisava pesquisar um pouco mais a respeito quando tivesse um tempo.

Se fosse o caso, se Himuro realmente estivesse com esse problema, todas as suas atitudes esquisitas teriam uma justificativa, inclusive a negação da irmandade e as mentiras que o levaram a apanhar de Aomine... Mas o ruivo não podia fazer nada a respeito, não deveria mais se envolver. Tinha perfeita noção de que esteve se apagando nos dias que passara ao lado de Tatsuya, sentia isso, exatamente da forma como Kuroko descrevera mais cedo... Porém era bastante egoísta e quase errado abandoná-lo à própria sorte.

O que deveria fazer? Deveria deixá-lo ir, como Kuroko falou? Quem sabe pudesse avisar alguém... A mãe dele talvez. Sim, era uma opção saudável e plausível, quem sabe até era a mais eficaz. Se tivesse sorte ela acreditaria ou pelo menos investigaria um pouco melhor, para saber se isso estava acontecendo mesmo ou se era só uma hipótese furada e besta, como Kagami torcia para ser. Mesmo que Himuro não o visse como mais nada, o ruivo sempre o veria como um irmão mais velho. Cuidaria dele de longe, uma última vez... Era o melhor a se fazer.

A última coisa que queria no momento é colocar seu relacionamento com Daiki em risco, e envolver Himuro na história significava exatamente isso. Precisava deixar ir, mas dando um empurrãozinho para que fosse na direção certa... E isso ninguém precisava saber. Ligaria para a mãe dele no dia seguinte e daria o aviso. Depois era com eles, com a família.

— É... E esse é o fim. — Suspirou, exausto, subindo as escadarias que davam acesso ao prédio onde morava.

Precisava de sua cama.

Não. A verdade é que precisava apenas de Aomine Daiki agora, da presença dele, da risada contagiosa que apenas ele sabia dar... Queria senti-lo dormindo ao seu lado naquela noite, para então acordar com uma mordida engraçada na nuca. O dia foi foda, só queria poder estar com ele o quanto antes, beijá-lo, olhá-lo, ouvir aquela voz preguiçosa... Qualquer coisa.

Taiga nunca achou que precisaria tanto do cara que mais odiou no mundo. Como Kuroko disse, existia uma linha tênue entre a raiva que nutriam antes e o sentimento que possuíam no momento... E essa linha se rompeu violentamente, pois agora sabia que amava Daiki ao ponto de deixar o irmão de lado apenas para que ficassem bem. Amava muito aquele idiota... Talvez ele realmente fosse seu ídolo, como vivia repetindo de forma convencida. Na verdade ele era.

— Vou morrer até sexta-feira sem esse idiota... — Murmurou com pesar, olhando para o celular assim que dirigia-se ao elevador após passar pela portaria.

***

21h19min

~Aomine Daiki~

O moreno olhava com preguiça para a tela do notebook, onde assistia o episódio 16 da primeira temporada de Gotham. Na verdade fizera a maratona da série naquela tarde — ENTEDIANTE PRA CARALHO — de domingo. Preferia estar fora daquele quarto idiota, poderia inclusive fazer as compras infernais com Satsuki, ou até mesmo ter ido ao mercado com sua mãe durante a tarde... Seria melhor do que ficar em prisão domiciliar. E ainda era o primeiro dia do castigo. A chance de sofrer decomposição até sexta-feira era enorme, mesmo que tivesse que ir para a escola.

Pela terceira vez no mesmo minuto, Aomine verificou se havia algum sinal de vida de Taiga no Whats App. Nada ainda.

Há essa altura o moreno já sabia que Rakuzan fora a campeã do Interescolar, Seirin ficara em segundo lugar, Yosen em terceiro e Kaijo em quarto... Logo, precisaria matar Kagami por não ter vencido Akashi. Ele já detonara o capitão da Rakuzan antes, poderia muito bem ter repetido o feito. Embora isso não fosse parâmetro. E além do mais, perder nunca era fácil, e naquele momento o ruivo provavelmente estava um trapo.

Em meio aos pensamentos disformes, o celular vibrou em sua mão. Em uma velocidade surpreendente, Aomine desbloqueou a tela arrastando o dedo pelo touch screen e realmente constatou que era o ruivo dando o ar da graça. Estava com saudades do desgraçado... Como era possível? Bem, era completamente possível.

Kagami Taiga: Oi. Cheguei. Perdemos.

Aomine Daiki: Oi. Psé, fiquei sabendo.

Kagami Taiga: Pois é. Como você está?

Aomine Daiki: Tédio eterno. Assisti série o dia tdo, a Satsuki ñ me atende e ngm estava online pra conversar. E vc, tá d boa?

Kagami Taiga: Não muito. Queria te ver hoje.

A sinceridade repentina do ruivo fez Aomine sorrir mais do que o necessário. Ideias nada inocentes surgiram em sua mente naquele exato momento. Poderia fugir assim que sua mãe saísse para o trabalho, correr até a casa de Taiga, passar um tempo com ele e voltar antes dela, perto das 5 da manhã. Foda-se a escola no outro dia, estava com energia acumulada daquela tarde... E caso estivesse com sono, poderia dormir na aula mesmo.

— Hm... — Ponderou de verdade, mal reconhecendo tanta disposição em seu ser naturalmente preguiçoso. Taiga fazia coisas consigo.

Aomine Daiki: Qr q eu vá aí?

Kagami Taiga: Você está de castigo, idiota.

Aomine Daiki: Minha mãe sai p/ trabalhar dps das 22h. É só fugir pela janela e voltar ants dela.

Kagami Taiga: Olha só você buscando maneiras de prolongar o castigo pelo infinito.

Aomine Daiki: Aposta qto q ela nm vai perceber?

Kagami Taiga: Você que sabe. Acho arriscado, mas não vou reclamar.

Aomine Daiki: Perto das 23h devo chegar. Me espere.

Kagami Taiga: Caralho. Você está falando sério?

Aomine Daiki: Claro q tô. Qro t ver tbm. Até dps Bakagami.

Kagami Taiga: Ahomine. Até.

O moreno sorriu ao ler a mensagem, guardando o celular embaixo do travesseiro. Precisava planejar direito para que tudo desse certo. E daria. Finalmente seu domingo iria começar de verdade.

***

 — Caralho, eu achei que você estava me zoando, para eu ficar esperando a toa. — Um sonolento, descabelado e sorridente Kagami abriu a porta do apartamento assim que Aomine bateu duas vezes contra a madeira escura. — Você é louco.

Como na primeira vez que Aomine aparecera de surpresa, o ruivo estava dormindo e demorou quase uma vida para atender o Interfone. Mas atendeu, e agora estavam ali se encarando como dois retardados sorridentes, dando a impressão que não se viam há meses — sendo que estavam juntos na noite passada.

— Um louco entediado. — Aomine confirmou com um aceno de cabeça, entrando no local como se morasse ali há anos. Talvez um dia realmente fosse viver ali com Taiga. O pensamento repentino o assustou bastante, por isso mudou de assunto. — Tudo bem? — Perguntou para o ruivo o quanto antes, virando-se para observá-lo fechar a porta.

— Até que sim. Só bastante cansado. — Ele confirmou com um resmungo, encarando o moreno com um sorriso bobo. — Não acredito que você fugiu pra vir até aqui.

— Fuji! Foi muito engraçado. Passei pela janela do meu quarto, pulei o muro na parte alta, me esborrachei na calçada e sai antes que alguém aparecesse. — Aomine explicou animado, aproximando-se de Taiga. Queria beijá-lo. Muito. — Nem a pau que iria ficar sem te ver até sexta.

— É. Nem eu. — O ruivo cobriu a pouca distância que os separavam, juntando o lábio dos dois em um beijo leve, mas urgente ao mesmo tempo.

 Aomine nunca cansaria de pensar o quanto gostava da boca de Kagami. Era simétrica a sua, se encaixava de uma maneira perfeita e tinha a textura mais deliciosa da face da Terra. Poderia beijá-lo para sempre se pudesse. Adorava a forma como ele movia os lábios contra os seus, no entanto adorava ainda mais o gosto de sua língua... Sempre com aquele sutil sabor de pasta de dentes. Sempre!

Após alguns segundos, afastaram-se minimamente para se encarar. De perto Aomine pôde perceber claramente o cansaço nos olhos de Taiga, que estavam mais fechados do que o comum. Tinha noção de que ele estaria podre, então veio até ali para fazer companhia a ele... Sabia que não fariam mais nada além de ficarem juntos. Não importava. Estava ótimo assim.

— Quer dormir um pouco? — Perguntou para Kagami, mal reconhecendo o próprio tom suave de voz. Não era do seu feitio ser carinhoso, naturalmente viria até ali zoá-lo pela derrota no Interescolar... Mas não conseguiu.

— Você não veio aqui pra dormir, idiota. — O ruivo riu sem jeito, balançando a cabeça. — Quer fazer o quê?

— Vim pra ver você, estúpido. E estou vendo agora. — Aomine disse, dando-lhe um golpe cômico com a testa. — Já podemos dormir agora. Cinco da manhã preciso vazar, então anda logo.

— Idiota. — Kagami riu, sendo empurrado por Daiki pelo corredor. — Vou escovar os dentes primeiro.

— Hm... Tem uma escova sobrando? — O moreno perguntou em voz baixa, coçando a nuca, assim que ele se afastou até a porta do banheiro. — Esqueci de trazer uma. Na verdade nem lembrei que precisava escovar de novo. Fiz isso depois da janta e depois não comi mais, então... Foda-se. — Admitiu, dando de ombros.

— Tenho uma escova sim. — Taiga sorriu, olhando-o comicamente pelo batente da porta. — Porquinho.

— Fresco. 

Além da escova de dentes, Taiga emprestou também uma camiseta limpa e branca para Aomine e então foram deitar. O ruivo pegou no sono durante a conversa que tinham sobre o Interescolar e as partidas da Seirin contra Yosen e Rakuzan, e o mesmo aconteceu para o moreno poucos minutos depois. Só de estar ali as coisas melhoravam... Dormir ao lado de Taiga era infinitamente mais gostoso e confortável do que dormir ao lado de seu criado-mudo.

Aomine só torcia para o despertador de ambos tocar as 5h da manhã. Teria que voar para casa. Aomine Yumiko nunca desconfiaria de sua fuga noturna. Poderia fazer isso todos os dias, tranquilamente...  

E faria, com certeza.


Notas Finais


Fim! Do capítulo, hehehehe...
Bem, antes de você vazar, vamos por partes.

Vídeo-resposta do capítulo 26: https://www.youtube.com/watch?v=uUfJyKRLOY4

Músicas do capítulo:
~Himuro Tatsuya - Monster, Imagine Dragons: https://www.youtube.com/watch?v=hhSA9H9Iaqw
~Kagami Taiga (em relação ao Tatsuya) - Who Knows, Avril Lavigne: https://www.youtube.com/watch?v=vfMCxhcWAn4 (Tradução aqui: hhttp://goo.gl/4kS47g)
~Aomine Daiki e Kagami Taiga in love, hehehehe: Got Love, Tove Lo (amo essa mulher, sério): https://www.youtube.com/watch?v=Jo6XSNOBaww (Tradução: https://goo.gl/mrj9U0)

Explicações e Considerações:
"Porque diabos a Lana-chan precisou complicar mais a história enfiando bipolaridade aí no meio? Bah, que nada a ver...". Nhaaaaaaa... Eu tinha isso em mente desde o começo da história, tanto é que explorei a doença MESMO na personalidade do Tatsuya durante a história toda. Reparem xD
Pesquisei pra caralho antes de começar a escrever e no meio do percurso esbarrei com uma série onde o cara tem a doença bipolar mesmo... E a porra é séria de verdade, é bem intenso e te leva a ter altos e baixos desgraçados. As pessoas até saem por aí falando, 'ai, como acordei bipolar hoje'. Acordou bipolar o meu cu! A doença é mais séria do que esse tipo de brincadeira... Vide a história do Akashi com o Tetsu (não exagerei em nada não, a psicose surge mesmo oO). Whatever... E Linha Tênue se chama Linha Tênue por causa disso também, já que a mudança de personalidade de uma pessoa bipolar também é composta por uma linha tênue... Ou seja, o título teve um sentido duplo /o/ Uhuuuuuuuuuuuull... Explico melhor em vídeo. Por hora me despeço.

OBRIGADA A TODOS POR ESSE CARINHO GIGANTEEEEEEEEEE *O*
AMO VOCÊS, PRA CARALHO!!!!
Beijo enooooooooooooooooooooorme da Lana-chan!
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