— Vanya? - Cinco chamou pela irmã mais velha, batendo na porta de seu quarto.
— Vai embora, Charlie! - gritou Vanya de dentro do seu quarto - todos aqui me odeiam eu sou uma inútil sem nada de especial - falou, claramente fora de si.
— Tá tudo bem, Sete - a garota de seis anos apareceu na cama de Vanya, abraçando a maior que chorava no travesseiro. Mesmo sendo treze anos mais nova que todos ali, Cinco era a melhor em confortar os irmãos.
— Será que vão me perdoar? - a pequena desviou o olhar.
— Não acho que dê tempo de desistir, se é isso que você quer, Sete - falou mexendo nos cabelos da maior - mais ainda pode me ver quando estiver com saudade, o Papai não vai te odiar. -.
— Você não conhece ele, Charlie - Vanya suspirou, recebendo um olhar confuso de Cinco. - sempre teve tratamento especial, sempre foi a preferida, deve ser coisa de irmão mais novo - deu de ombros.
— O papai ama vocês, mesmo não dizendo isso pessoalmente, ele sempre fala comigo que eu devo ser como vocês — sorriu simplória.
Vanya deu um pequeno sorrisinho, puxando Cinco para um abraço.
Dez anos depois, 2019
A garota estava sozinha naquela grande e cafona sala de estar, encarando aquela pintura gigante de Cinco, que deixava a sala com um ar mais fúnebre ainda. A imagem daquele garoto que ela nunca havia visto, sempre o admirou quando pequena, e isso nunca havia mudado em todos esses anos. Assim como o hábito de usar o uniforme da Umbrella Academy.
— Cinco? - Luther adentrou a sala, dabdo de cara com a garota encarando aquela pintura de seu irmão - parece que não mudou nadinha. - deu uma pequena risada nasal, mas via que os olhos da garota estavam opacos, a faltava brilho.
— A mamãe estava esperando, ela deve estar com o Pogo no escritório - suspirou, se levantando da poltrona e parando de encarar o garoto da imagem.
— Como aconteceu? - Luther perguntou, realmente não era um dos mais sensíveis ali.
— A gente encontrou ele morto, simples assim, na autópsia disse que foi um infarto comum - a garota falou, no fundo era apenas uma mentira.
Ela sabia que ele havia se suicidado para juntar seus irmãos, e ela tentou impedir ele, trezentas e doze vezes. E viu ele morrer em todas elas.
— Você viu? - perguntou.
— Não encontrei nada, todas as vezes ele morria... eu não aguentava mais ver aquilo - a garota deixou as lágrimas escorrerem de seus olhos, apressando o paço até a outra parte da sala da academia.
Luther não insistiu, a irmã estava sensibilizada demais, era a única que realmente gostava do pai a ponto de ficar totalmente triste com sua morte.
Aos poucos, os outros foram chegando, nenhum ousou trocar muitas palavras com Charlie, afinal, a garota parecia abatida e realmente estava, e após cumprimentar todos os irmãos, ficou em silêncio no canto do sofá olhando para o nada.
Todos permaneciam em silêncio, constrangedor.
— Éh... eu acho que já dá pra começar - Luther se levantou, quebrando o silêncio - Pensei que podiamos fazer uma espécie de funeral, no pátio ao por do Sol. Dizer algumas palavras no local favorito do papai. -.
— Ele tinha um lugar preferido? - Alisson perguntou.
— Tinha, debaixo do Carvalho - Luther resoondeu quase que por cima de Alisson. - a gente se sentava ali sempre, vocês não? -.
— Vai ter comes e bebes? Chá, bolinhos? Sanduíche de pepino que sempre fazem sucesso. - Klaus perguntou, com um cigarro e uma taça de Deus sabe lá o quê.
— O que? Não, apague isso. Nosso pai não gostava que fumava aqui. - Luther repreendeu o número quatro.
— Pera ai, essa saia é minha? - Alisson perguntou para Klaus.
— Ah, sim. Eu achei no seu quarto. Achei um pouquinho ultrapassada mas... - soltou um suspiro de alívio - É bom que bate um vento... nas partes -.
Cinco soltou uma risada baixa, com um sorriso simples, o primeiro sorriso que ela deu desde reencontrar seus irmãos.
— escuta aqui, ainda tem coisas importantes que temos que discutir, tá legal? - Luther falou, fazendo a garota fechar a cara novamente.
— Tipo o quê? - Diego perguntou.
— Tipo a causa da morte - o número dois soltou um murmúrio “Vai começar.”
— Chega disso! - Cinco bateu no braço do sofá e desapareceu, indo para seu quarto, não aguentava mais todos falando da morte de seu pai como se fosse um simples caso pra investigar.
O poder de Chalotte era parecido com o de Cinco, Charlotte conseguia voltar no tempo e pausar ele, ela brincava com o espaço tempo de várias maneiras, inclusive conseguindo enganar a comissão.
O teletransporte de Charlie era diferente do de Cinco, já que ela apenas pausava o tempo e caminhava para longe, enquanto cinco saltava pelo espaço tempo, Charlie não sabia mexer com o espaço, então não se arriscava em tentar. Seus poderes poderiam ser mais poderosos do que os do próprio Cinco, mas ela não arriscava usar eles de outras formas.
Uma música começou a tocar pelos holofotes da casa, Cinco se enrolou no edredom se esticando na cama, seria um longo dia.
E de repente a luz caiu e um brilho azul apareceu no jardim de casa, logo a Número Cinco sumiu de sua cama e apareceu no quintal, vendo uma massa de energia azul gigante.
— wow... nossa - Diego chegou, olhando aquilo.
— Uma fenda no espaço? - Charlie olhou aquilo confusa.
— O que é isso? - Alisson se aproximou. — não cheguem perto! - alertou os outros.
— Parece uma daquelas anomalias temporais, ou um mini buraco negro! - observou Luther - das duas uma. -.
— Saiam da frente! - Klaus chegou com um instintor de incêndio, o jogando naquela coisa.
— Fala sério - Cinco colocou a mão na testa.
— Todos vocês! Atrás de nós! - Luther e Diego puxaram os outros quatro para trás deles.
Alguém começou a sair de dentro daquela anomalia, e quando o garoto finalmente cai, aquele buraco se fecha instantaneamente e os irmãos se aproximam dele, reconhecendo-o rapidamente.
— Tem mais alguém vendo o número cinco criança ou é coisa da minha cabeça? - Klaus perguntou, e Charlie deu uma pequena risada, não podia negar que amava a idiotice do irmão.
— Que merda! - Cinco resmungou.
— que dia é hoje? - Cinco perguntou, enquanto fazia algo para comer.
— Dia 24 - respondeu Vanya, todos estavam olhando confusos para o número cinco, menos Charlie, que estava no mínimo curiosa quanto o outro.
— que mês? - ele continuou fazendo seu lanche sem olhar para a cara dos outros.
— março. - Vanya falou.
— Legal - cinco continuou fazendo seu lanche. - E quem é essa? - olhou para Charlie com uma sombrancelha arqueada.
— Essa é a outra Cinco, ela nasceu quando você sumiu - Klaus falou - Ela é meio lerdinha mas é uma boa substituta. - deu algunstapinhas na cabeça da menor.
— Você é a única pessoa a qual eu não esperava ouvir isso - Charlie olhou para Klaus emburrada, fazendo o maior dar uma risada.
Charlotte começa a anotar algo em seu caderno de bolso.
— isso não estava nos planos - Cinco resmungou.
— podemos falar sobre o que acabou de acontecer? - Luther olhou para Cinco, que se manteve em silêncio e então Um se levantou. — fazem 16 anos -.
— Faz muito mais tempo que isso - Luther ficou ao lado do garoto para empedir sua passagem, mas o menos apenas saltou para frente da geladeira, fazendo os olhos de Charlie brilharem.
— Tava com saudade disso - murmurou o superforte.
— Aonde você foi? - Diego perguntou.
— Para o futuro. - pegou um saco de marshmellow de cima da geladeira e saltou novamente para frente da mesa, continuando a fazer seu sanduíche. - Que aliás, tá uma merda! -.
— Eu falei! - Kkaus se vangloriou.
— Eu deveria ter escutado o velho. Sabe, uma coisa é saltar pelo espaço, atravessar o tempo é como dar un tiro no escuro. - os olhares se voltaram para a mais nova entre eles, que parecia concentrada escrevendo algo em seu caderno.
— Certo! Então você viu o futuro e sabe o que vai acontecer? Isso pode criar situações desastrosas e levar ao apocalipse, a chance de algo assim acontecer agora que você sabe demais... é de 97,5% - falou, colocando o caderninho em cima da mesa, com cálculos totalmente confusos.
— Touchê! - Cinco olhou para a menor - Eu tive que projetar minha consciência rumo a uma versão suspensa em estado quântico de mim mesmo que existe paralelamente em toda a instância possíveis do tempo. - Cinco explicou, e os irmãos olharam para Charlotte.
— O último estado que ele se encontrou nessa linha do tempo acaba sendo um recipiente pra consciência dele independente de quanto tempo ele passou em outra parte do espaço tempo - Charlotte resumiu, - seu corpo pode viajar para o futuro, mas nunca pro passado, já que ele nunca existiu ali. -.
— Finalmente alguém minimamente inteligente nessa casa - Falou Cinco, sem tirar os olhos de seu pão.
— continuo não entendendo - falou Klaus.
— Você sempre foi o mais idiota - falou quase terminando o lanche.
— ficou quanto tempo lá? - Luther perguntou pro menor, interrompendo qualquer discussão que pudesse apcntecer ali.
— 45 anos, mais ou menos. - Luther se sentou novamente, perplexo.
— está dizendo que... tem 58 anos? - encarou o garoto, muito cunfuso.
— Não! Minha consciência tem 58 anos, pelo visto meu corpo tem treze de novo. - corrigiu, fechando o sanduíche de pasta de amendoim com marshmellow.
— pera aí, como isso é possível? - Vanya perguntou.
— A Dolores sempre dizia que os cálculos estavam errados, aposto que está rindo agora - falou dando uma mordida em seu sanduíche.
— Dolores? - Vanya parecia cada vez mais confusa com tudo aquilo.
— Perdi o funeral - lamentou, com um pingo de sarcasmo em sua voz.
— Como soube? - Luther olhou confuso.
— que parte do “voltei do futuro” você não entendeu? — olhou com um pouco de despreso para Luther - insuficiência cardíaca? -.
Diego afirmou mas Luther o interrompeu com um “Não.”.
— É bom saber que nada mudou - ele terminou seu sanduíche e saiu andando para a sala.
— É isso? Acabou? É só isso que tem para dizer? - Alisson questionou.
— Quer que eu fale mais o quê? É o ciclo da vida! - zombou Cinco, e Charlotte desapareceu.
— cadê? - Klaus olhou para onde a garota estava, vendo apenas o caderninho de anotações sozinho ali.
Nove dias depois
A Garota caminhava por aquele monte de nada, tentando encontrar algo ou alguém vivo, mas tudo o que encontrava era destroços e Cadáveres.
Saltou novamente, devolta a semana anterior.
Charlotte (Cinco Hargreeves)
Acabei caindo em algo macio, amorteceu minha queda, mas eu logo percebi que aquilo na verdade era ele, como eu consigo ser tão desastrada?
— Dá pra sair de cima de mim?! - ele me empurrou, me fazendo cair pra trás, se levantou e deu as costas para mim.
— Eu vi! - ele parou de caminhar - quando ia contar que o mundo estava acabando? - ele se virou prar me encarar.
— Como chegou lá? - pareceu não ligar muito, mas eu sabia que ligava.
— Entenda uma coisa, enquanto você consegue saltar no espaço, eu salto no tempo. Consigo mover o relógio da forma que eu quiser... até mesmo para o futuro. Ou passado. Na hora que eu quiser... - pausei o tempo e caminhei até ficar perigosamente próxima dele - inclusive pausar o tempo e caminhar por ele. - ele arregalou um pouco os olhos e deu um sorriso Ladino.
— Então temos o mesmo poder, porém você se especializou no tempo, e eu no espaço? - eu assenti com a cabeça.
— Eu sei que precisa de mim, eu considerando que seus pulos não podem mudar o que já aconteceu, enquanto eu posso brincar o quanto quiser com a linha do tempo... -.
— E a comissão? - ele ergueu a sombrancelha, não parecia intimidado com a minha aproximação, fazia sentido, sou bem menor e meu rosto não coloca medo em ninguém.
— Eu controlo o tempo e eles protegem ele, não iriam conseguir me parar - sorri convencida - confesse que precisa da minha ajuda, Cinco. -.
— Acho melhor não agir assim diante dos mais velhos... - ele semicerrou os olhos, ameaçador, fechando a cara com seus olhos nublados. - certo, você pode me ajudar. - deu de ombros e começou a subir as escadas, andou dois degraus e saltou. Provavelmente para o meu quarto, que antigamente era dele, Vanya me pediu pra quardar as roupas dele, então ainda estão lá no meu guarda-roupa.
Caminhei até a sala, vendo aquele quadro gigante de Cinco.
Sempre achei cafona, mas ele é bonitinho pessoalmente.
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