— A casa tá de cabeça pra baixo e você conseguiu chegar e dormir? - Cinco interrompeu meu sono com seus questionamentos, eu suspirei.
— Bom dia, Cinco. - me levantei emburrada, arrumando a cama. - Dá pra você parar de entrar no meu quarto enquanto eu durmo? - perguntei, já estava ficando estranho acordar com esse maníaco no meu quarto.
— Claro, a princesa pode prestar atenção aqui por um segundo? - ele perguntou, sarcástico.
Foi ai que eu notei as paredes rabiscadas, o que fiz pra merecer isso?
— O que é isso? - tenho medo da resposta.
— Consegui chegar em alguns nomes de pessoas que se forem eliminadas, podem impedir o apocalipse. - Cinco falou.
Suspirei, olhei para ele e dei de ombros.
— Eu não deveria dizer isso, mas não existem mais maneiras de impedir o apocalipse a esse ponto. - eu falei. - você deveria aproveitar esse tempo com eles. -.
— Você é um furo no roteiro, uma pedra no meu sapato que me deixou bastante intrigado com algo. - engoli em seco. - você sabe exatamente o que vai acontecer, não é? -.
— Eu não posso dizer nada. -.
— Você consegue viajar pelo tempo, você nunca se posiciona, a única coisa que fez desde que eu cheguei foi me perseguir. Aliás e a sua falta de preocupação com esse evento mostra que você não se assusta nem um pouco com o que vai acontecer. -.
Cinco parecia o tipo de pessoa que iria até o fim para descobrir algo, e a esse ponto, tudo que eu poderia fazer seria matar Vanya para impedir o apocalipse. E eu nunca seria capaz.
Eu já tentei várias vezes.
Como sempre.
— O único problema aqui é você. - eu falei. - não tinha nenhum perigo, antes de você chegar, estava tudo bem, não haveria nenhum apocalipse. -.
— O que você está dizendo? - ele me olhou, furioso, mas confuso.
— Eu estava lá? Eu estava morta? Acha que essa é a linha do tempo correta? Eu substitui você como uma maneira de equilibrar esse lugar, era pra tudo dar certo, mas você apareceu e ai esse apocalipse começou a ser uma dor de cabeça! - revelei, não aguentava mais guardar aquilo. - quer saber? Esse cara que você procura é o namorado da Vanya! Mate ele, ela vai explodir o mundo. Agora tente matar ela, ela vai fazer da mesma forma, desde que você chegou esse é o futuro dessa linha do tempo! A lua vai ser explodida e todos vão morrer. Esse é o poder da Vanya. -.
— O que? - Cinco não pareceu acreditar nisso de primeira, mas lentamente a ficha caia para o moreno.
Ele se sentou na cama, pasmo, assimilando cada palavra que eu havia dito a ele, ele parecia devastado por um segundo.
— Você não vai conseguir nada sendo esse obcecado. Apenas pare de tentar. - suspirei.
— Essa é sua última tentativa? Me fazer parar de tentar? - ele me olhou como se pudesse me ler facilmente, maldita hora pra ter mentes gêmeas. - admiro que tenha tentado por todo esse tempo. -.
— Essa é a tentativa duzentos e seis. Estou nessa linha temporal desde ontem. - contei, suspirando.
— Devo confessar, você está certa, vindo de Vanya, matar alguém para impedir o apocalipse pode até mesmo adiantar. -.
— Confie em mim dessa vez. - pedi, eu não aguentaria lidar com a teimosia do moreno.
— Sem assassinatos, sem buscar informações, uma vida normal, entendido. - ele se levantou da cama, caminhando até a porta e a batendo.
Aquilo mexeu com ele.
Duzentos e seis tentativas.
Essa finalmente me dá um ar de esperança.
Eu sou uma péssima mentirosa, ou talvez Cinco seja tão mentiroso que reconheça uma mentira.
Se qualquer um descobrisse que eu sabia de tudo, seria um game over total para a tentativa duzentos e sete.
Mas cinco não, ele não era escandaloso ou precipitado, ele pensava. E a única mudança que eu precisava fazer, era deixar ele descobrir sobre Vanya.
Vanya e Cinco pareciam irmãos próximos, pelo jeito que ela agia quando menor. Ela me contou sobre ele, e sobre Ben, me contou sobre as missões. Mas minha memória era tão bagunçada. As viagens no tempo sugavam minha sanidade.
Eu resolvi sair também, eu precisava de sorvete, de um Milkshake de Chocomenta. Pensar bastante.
Desci para a sala, onde vi Cinco olhando seu próprio quadro, ignorei.
— aonde vai? - ele me perguntou.
— Eu vou a sorveteria, eu posso? Papai? - zombei, e ele sorriu ladino.
— claro, mas eu vou junto. - ele provavelmente se apaixonou pelo sorvete de Chocomenta que havia roubado de mim, droga.
— Ah! Que injusto, não quero um idoso grudado em mim! - fiz careta, e ele riu sínico.
— Anda logo! - voltou ao seu humor rude repentinamente.
Estava curiosa, o que seria uma vida “Normal” para Cinco Hargreeves?
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