Na sala, Sophie estava largada no sofá junto com o Thi. Eu e Gabriel estávamos sentados no chão, eu entre as pernas dele, enquanto ele passava seus braços ao redor da minha cintura. Passava um filme qualquer na TV e era esse mesmo que a gente assistia.
Escutei alguém entrando em casa, provavelmente minha mãe. Me virei para olhar pra trás e vi ela e meu pai entrando.
— Oi crianças — Minha mãe sorriu simpática.
— Oi tia — Sophie respondeu.
— Oi sogrinha — Gabriel disse, me fazendo corar.
Eles riram.
— Oi tia, quer ajuda? — Thi perguntou.
— Não, amor. Obrigada — Minha mãe sorriu pra ele.
— Oi mãe — Sorri pra ela.
Meu pai falou brevemente com eles e seguiram pra cozinha. Nós continuamos assistindo o filme, até que meu pai se juntou a nós. Era pra continuar assistindo o filme, mas os três ( meu pai, Thiago e Gabriel ) começaram a conversar. Sobre o que? Não sei, eu só me concentrava em me manter acordada, mas com os carinhos do Gabriel era meio difícil.
Sai dos braços do Gabriel. Depositei um beijo em sua bochecha e me levantei. Puxei Sophie – que quase dormir também – junto comigo e fomos pra cozinha, aonde minha mãe estava.
— Que cara de sono é essa? — Ela me olhou rindo.
— Culpa do Gabriel — Falei me sentando no balcão.
— Falando em Gabriel... — Me olhou sorrindo. Sophie também me olhava sorrindo.
— Que foi? — Perguntei — Por que vocês duas estão me olhando assim?
— Sogrinha? — Minha mãe arqueou as sobrancelhas.
Eu sorri tímida e senti minhas bochechas corar.
— Tá esperando o que pra explicar, Clarissa?! — Sophie cruzou os braços.
— Gente... — Ri fraco descendo do balcão.
— Para com essa timidez, garota. Fala logo — Sophie disse. Nós rimos.
— Tá bom — Ri fraco — Mãe, você gosta do Gabriel né?!
— Claro, filha. Ele é um ótimo garoto. E faz minha menininha feliz — Ela sorriu me abraçando.
Sorri de volta.
— Eu e Gabriel estamos namorando — Eu disse fitando o chão.
— Oooooown meu casal — Sophie disse animada, me fazendo rir.
— Para — Ri tímida.
— Como foi? — Minha mãe perguntou.
— O que?
— O pedido, besta — Sophie respondeu.
— Ah — Ri — Então, foi lá na praia mesmo. De frente pro mar. Foi perfeito — Sorri ao lembrar.
— Own, como ele é fofo — Minha mãe disse.
— Ele te ama — Sophie sorriu.
Corei novamente.
— Vocês duas mal se conheceram e já são cúmplices pra me deixar com vergonha?! — Cruzei os braços. Elas riram — Vou te ajudar no almoço, vamos logo mãe — Eu disse.
— Tá, então eu vou ajudar também — Sophie deu os ombros.
— O que temos pra hoje...
— É SAUDADEEE — Sophie continuou.
— Mas eu nem tava cantando, doente — Gargalhei.
— Ah mas o que você disse me lembrou a música, oshe — Ela disse. Nós rimos.
Continuamos rindo e conversando enquanto terminavamos o almoço. Minha mãe conversava com a gente sobre tudo. Eu nunca escondi nada dele, sempre foi minha melhor e maior amiga. E Sophie também confiava nela.
— Hum que cheirinho bom — Thi entrou na cozinha — O que vocês estão fazendo?!
— Thiago tu é muito folgado — Eu disse rindo.
Ele riu também e de forma mais madura que podia, me mostrou sua língua.
— Quem da língua pede beijo, e sua namorada ta aqui — Empurrei Sophie, que riu.
— Só vem, amor — Sophie disse me fazendo gargalhar.
— Que horror. Longe de mim, de preferência — Falei. Eles riram.
— Isso mesmo, vamos Sophie — Ele disse.
— É, vai. Me trocou por ela mesmo — Dei os ombros.
— Para de graça — Thiago disse rindo — Sabe que você é minha irmãzinha né?! — Me abraçou.
— Rum — Eu ri fraco.
— Só somos irmãos de mães diferentes por que nossa mãe não ia aguentar nós dois juntos — Ele disse me abraçando mais forte — Mais eu te amo.
— Eu também — Sorri.
— Também o que? — Ele revirou os olhos.
— Também te amo coisa — Falei.
— Isso ai — Beijou minha testa.
— Idiota — Empurrei ele de leve.
— Já acabaram? — Escutei a voz do Gabriel.
— Ele tá com ciúmes — Thi sussurrou me fazendo rir.
— Eu escutei isso, babaca — Gabriel disse.
— Ou, para — Falei rindo e caminhando na direção dele.
Ele sorriu e abriu os braços, então eu lhe abracei.
— Que garoto ciumento, euem — Sophie murmurou, nós rimos.
— Sou mesmo — Bi deu os ombros.
— Ei crianças, lavem as mãos e sentem pra almoçar — Minha mãe disse.
Nós rimos, mas obedecemos. Depois de lavar as mãos, me sentei e Gabriel sentou ao meu lado.
— Ei, sai comigo hoje? — Perguntou baixinho, só pra mim escutar.
— Sim — Respondi da mesma forma sorrindo.
— Perfeito — Ele sorriu de volta e beijou minha bochecha.
— Vocês dois parem de cochichar e almocem — Minha mãe disse.
— Tudo bem — Falei rindo.
(...)
— Você acha que está bom assim? — Eu perguntei pra minha mãe, enquanto me analisava no espelho.
— Você está linda — Ela sorriu.
— Obrigada — Sorri de volta.
O clima em Santos estava insuportavelmente quente, então eu usava um short jeans preto de cós alto, um cropped de mangas médias listrada – preto e branco – e um sapatinho de cano alto também preto. Meu cabelo estava solto e a maquiagem fraca. Eu me sentia bem daquela forma e me sentia bonita.
— Então vamos logo que o menino deve estar te esperando — Minha mãe disse se referindo ao Gabriel.
— Tá — Ri fraco.
Dei uma última olhada no espelho e coloquei meu celular no bolso do short. Apaguei a luz do meu quarto e sai, fechando a porta. Segui pra sala, aonde meu pai e Gabriel conversavam. Eles até estavam começando a se dar bem. Gabriel me viu e sorriu, sorri de volta timidamente.
— Estou pronta — Falei.
— Então vamos — Ele ajeitou seu boné.
Ele se levantou do sofá e veio em minha direção, entrelaçando nossos dedos.
— Cuida dela, Gabriel — Escutei meu pai dizer.
— Pode deixar sogrão — Ele disse e meu pai fechou a cara — Digo... Seu Carlos.
Meu pai assentiu e voltou a se concentrar na televisão. Eu prendi o riso e Gabriel me olhava indignado por isso. Depois que me despedi da minha mãe, finalmente saímos dali.
— Seu pai realmente não gosta de mim — Murmurou enquanto entravamos no elevador.
— Não mesmo — Respondi rindo.
— Azar o dele. Ninguém mandou ter uma filha linda e essa mesma menina ter roubado meu coração — Ele disse.
Senti minhas bochechas corarem levemente e ele riu.
— Eu não vou desistir de você só por que ele não gosta de mim — Ele disse tirando seu boné e ajeitando seu cabelo no espelho.
— Isso é bom — Eu disse baixo e sorri.
— Vem aqui — Me puxou levemente pela cintura — Bate uma foto ai.
Eu ri fraco e peguei meu celular. Fui direto para a câmera. Gabriel me abraçava por trás e fazia uma careta fofa, eu apenas sorria. Mesmo assim a foto havia ficado linda.
— Depois me envia ela, tá?! — Falou.
— Tá — Ri fraco.
A porta do elevador logo se abriu diretamente no estacionamento.
— Aliás, aonde vamos mesmo? — Eu perguntei.
— Bem — Ele disse me abraçando de lado — Nós vamos jantar e depois fica por sua conta.
— Mas...
— A gente faz qualquer coisa, Cla — Ele riu fraco.
— Tá bom — Falei dando os ombros.
Continuamos caminhando em direção ao seu carro. Quando chegamos próximo a ele, Gabriel como sempre, fez questão de abrir a porta do carro pra mim. Deu a volta e entrou.
— Você nunca me contou muito sobre seus sonhos né?! — Bi disse colocando o cinto.
— Por que isso agora? — Ri fraco.
— Sei lá — Deu os ombros — Fiquei curioso agora. Aliás, você já sabe muito de mim e eu quero saber bem mais sobre você.
— Quer saber mesmo? — Perguntei. Ele assentou — Tá, não tem muito mistério. Acredito que sejam parecidos com os seus.
— Vamos descobrir, me conta — Ele disse.
— Certo, hum... — Murmurei — Eu sonho em conhecer o Neymar... Sonho com a seleção... Sonho em ser uma grande jogadora. Quero fazer minha história por onde eu passar, inclusive no Santos.
— São realmente bem parecidos com os meus — Disse e soltou uma risada — Sonha em viajar pra algum lugar?
— Itália — Sorri.
— Turin? — Perguntou. Eu assenti — Quer conhecer o lugar que seu avô nasceu?!
— Sim — Falei sem esconder o sorriso.
— Quem sabe um dia você não jogue na Itália. E se for pela Juventus?! — Ele disse.
— Eu nunca pensei nisso — Ri fraco — É claro que eu sonho em jogar em uma grande equipe, mas meu foco agora é o Santos. Quero ajudar meu time de coração. Mas realmente seria maravilhoso morar em Turin e jogar pelo time de coração do meu avô — Falei e rimos.
— Seu avô deveria ter muito orgulho de você — Ele disse.
— É, tinha sim — Respondi forçando um sorriso.
Eu sentia falta do meu avô, eu realmente era muito grudada a ele. Ele foi uma grande perda na minha vida que eu sinceramente ainda não superei. Eu sinto muito a falta dele, mas evito pensar por que me faz mal.
— Tá tudo bem? — Ele me perguntou.
— Tá — Respondi sorrindo de lado.
— Tem certeza? — Tornou a perguntar. Eu assenti.
— Tenho — Falei.
Quando percebi ele já estava estacionado o carro em frente. Ele tirou o conto e se virou pra mim. Ficou me fitando alguns segundos, aquilo me deixou com vergonha.
— Que foi? — Sorri fraco.
— Desculpa por tocar nesse assunto — Ele disse.
Parecia realmente arrependido.
— Ei, não tem problema — Sorri colocando minha mão em cima da sua — Você não tem culpa, Gabriel. Eu tô bem, fica tranquilo.
— Tem certeza? — Perguntou.
— Claro que sim — Falei.
Ele assentiu e se aproximou para me beijar. Mais alguns segundos assim, e logo encerramos. Saímos do carro. Gabriel entrelaçou nossos dedos e caminhamos até a entrada do local.
Era um restaurante bem aconchegante. Tinha as decorações rústicas e modernas. Não era muito cheio. Eu me senti bem a vontade ali. Gostava daquele tipo de lugar.
— Gostou? — Escutei Gabriel sussurrando.
— Sim — Falei da mesma forma.
— Eu sabia que você ia gostar — Ele sorriu.
— Já me conhece tão bem assim? — Perguntei.
— Mais do que você imagina — Ele levou minha mão aos seus lábios e beijou a mesma. Eu sorri.
Gabriel falou brevemente com um dos caras que nos atendeu e logo estávamos sentados. Gabriel olhava pra alguma coisa atrás de mim e parecia incomodado.
— O que foi? — Perguntei.
— Oi Gabriel — Escutei uma voz chatinha atrás de mim.
Me virei pra ver quem era. Ali vi uma morena, parada e olhava pro Gabriel sorrindo. Voltei a olhar, meio confusa, pro Gabriel e ele não tinha uma expressão muito boa.
— Vejo que está acompanhado — Ela disse.
— Que bom, é sinal que você não é cega — Gabriel respondeu.
Eu queria rir daquilo, mais eu nem sabia quem era a menina e porque ele estava tratando ela assim.
— Nossa, aonde fica a educação? — Ela perguntou.
— O que você quer, Letícia? — Gabriel revirou os olhos.
— Só vim cumprimentar você, tem algum mal nisso? — Ela perguntou — Não vai me apresentar a moça?
Gabriel olhava pra ela com as sobrancelhas arqueadas. Bufou e disse:
— Essa é a Clarissa, minha namorada. Cla, essa é a Letícia — Ele disse.
— Sua namorada? — Ela perguntou.
— Sim, por que? — Ele perguntou também.
— Nada — Ela me olhou e me lançou um sorrisinho falso, sorri da mesma forma pra ela.
Ela é a ex namorada chata e mimada que Gabriel sempre fala.
— Bem eu já vou, tenham uma ótima noite — Ela disse e saiu.
Gabriel novamente revirou os olhos e suspirou, talvez aliviado, talvez ainda incomodado. Não tinha certeza.
— Tá tudo bem? — Perguntei.
— Se ela continuar longe da gente, vai ficar — Ele disse.
— Olha, ela for chata como você fala mesmo, acho que não vai não — Falei e soltei uma risada.
— Você acha isso engraçado? — Ele perguntou fechando a cara.
Não me contive e gargalhei.
— Ela não gostou de você — Ele disse. Dei os ombros.
— Sinto muito, não nasci pra agradar ninguém — Falei rindo, ele riu também.
— Por que você tem sempre que rir nos momentos mais sérios? — Ele perguntou.
— Por que são nesses momentos sérios que eu não consigo me conter — Falei. Ele riu — Olha, vou te contar uma coisa em?! Você fica lindão quando tá bravo — Falei sem pensar, em seguida fiquei com vergonha.
Ele riu.
— Não acredito que tu falou isso — Ele riu — Repete!
— Não sou papagaio, você ouviu bem o que eu disse — Sorri.
Ele se levantou e se aproximou, sentando ao meu lado.
— Sabe o que?! Aqui tem muito barulho, eu não escutei muito bem. Repete, por favor, Cla — Ele disse.
Revirei os olhos. Jogo sujo!
— Eu disse que você fica lindão quando tá bravo, pronto — Eu disse.
Olhei pra ele, que sorria. Sorri de volta, mesmo com vergonha.
— Você que é linda — Ele disse e me deu um selinho. Eu ri fraco.
— Ainda quer continuar aqui? Se você quiser a gente pode ir pra outro lugar...
— Não. Não vou deixar ela estragar nossa noite. Nós vamos ficar — Ele disse.
— Tudo bem então — Falei.
Logo fizemos nossos pedidos, então continuamos conversando enquanto a hora se passava rapidamente.
Era bom estar com ele.
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