História Live A Dream - Miami Seaquarium

— Amor, acorda — Escutei a voz rouca do Gabriel, indicando que ele provavelmente tinha acabado de acordar também.

— Tô acordada já — Resmunguei e ele riu fraco.

Senti uma claridade forte em meus olhos, a janela provavelmente estava aberta. Gabriel ainda tinha seu braço em minha cintura e eu ainda estava deitada sobre seu peito. Abri os olhos percebendo que a porta da sacada ainda estava aberta, coberta apenas por uma cortina branca.

— São que horas? — Perguntei.

— Quase uma da tarde — Ele disse.

Tínhamos dormido por algumas horas desde que chegamos hoje pela manhã. Eu já estava bem mais disposta, meu corpo não estava mais dolorido por conta da viagem.

Me levantei, sentando na cama e suspirei passando as mãos nos olhos. Escutei a risada do Gabriel por isso. Ignorei e me levantei, indo até o banheiro. Fiz minhas higienes naquele banheiro enorme e logo sai, então Gabriel entrou. Abri minha mala e peguei um short jeans claro meio rasgado e uma camiseta simples cinza, nos pés coloquei minhas sandálias havaianas brancas. Penteei meu cabelo e os deixei soltos mesmo. Gabriel em minutos saiu do banheiro e se trocou também.

— Vamos sair pra almoçar? — Ele perguntou, enquanto percebia secar seu cabelo com uma toalha.

— Pode ser — Eu disse sorrindo largo.

— Vamos aproveitar o resto desse dia para descansar de viagem e amanhã vamos pra Orlando. É bem perto daqui, vou alugar um carro e vamos bem cedo — Ele disse procurando alguma coisa em sua mala.

— Por que não fomos direto pra Orlando? — Perguntei e ri fraco.

— Porque eu quero assistir jogos de futebol americano aqui — Ele disse.

— Ah — Eu disse e ri — Preciso ir nessas praias maravilhosas — Falei olhando pela sacada.

— Teremos toda a semana pra ir — Ele sorriu pra mim e me deu um selinho.

Sorri animada e o abracei forte, passando meus braços em torno da sua nuca. Eu estava mesmo animada pra conhecer toda Miami e caramba... Amanhã vou pra Disney!

Esperei Gabriel terminar de se vestir e nós saímos do quarto, seguindo para fora de casa. Ele trancou e nós andamos pelas ruas de Miami. Ele ligou o Google Mapas e pesquisou algum restaurante bom por ali, assim que achou, seguimos pra lá. Nossas mãos estavam entrelaçadas. Gabriel estava de boné e óculos escuros, estava lindo e isso fazia algumas americanas olharem pra ele. Eu revirava os olhos discretamente e ele nem percebia.

— Aqui é muito bonito — Ele disse.

— Uhum — Murmurei e ri fraco.

— Olha — Ele disse olhando pro nosso lado.

A gente passava bem do lado de uma praia. As águas eram tão cristalinas, era realmente maravilhoso.

— É — Eu disse sorrindo — É uma cidade incrível — Falei.

As pessoas dali eram muito simpáticas. Por todo lado tinham pessoas sorrindo e se cumprimentando. Não era como no Brasil que a cada canto tinha alguém de cara amarrada. Ri com esse pensamento. Eu e Gabriel visivelmente éramos gringos, não só pelo o idioma, já que a gente obviamente conversava em português, mas também estávamos "perdidos" na cidade. Era engraçado.

Chegamos rápido a um restaurante que me parecia bem simples e confortável. Gabriel não tinha tanto assédio por aqui – a não ser essas gurias olhando pra ele – e isso já me deixava bastante confortável – e não, eu não tenho nada contra os fãs dele, mas eu ficava mais a vontade e relaxada.

— O que vai querer? — Gabriel perguntou olhando o menu. Eu sorri e ele riu, já sabia.

— Vou pedir o que eu quero comer a um tempo e não podia por conta da dieta. Por favor diz que aqui tem — Eu disse torcendo os lábios e escutei sua risada.

— Lasanha de quatro queijos... — Ele disse enquanto passava os olhos no cardápio — É, aqui tem.

— Eita, vou ter trabalho quando voltar pro Brasil — Falei e ele riu.

Eu realmente iria ter que fazer uns exercícios e treinos antes de me reapresentar no Santos. Mas isso valeria a pena depois, alias ficar o dia todo sem fazer nada seria chato. Treinar é uma boa opção e eu já estou acostumada mesmo.

— Pra beber? — Ele perguntou.

— Você decide — Falei dando os ombros.

— Ok — Ele riu fraco.

Logo um garçom veio em nossa direção e para a nossa bendita sorte, ele falava muito bem o português. Assim seria bem melhor. Gabriel então facilmente conseguiu fazer os pedidos e ficamos aguardando.

Eu estava conversando com ele, enquanto olhava a vista ao nosso lado, já que conseguimos uma mesa próxima a janela. Dava pra ver prédios e ruas de Miami, uma cena maravilhosa.

Essa cidade existe mesmo?!

Fui tirada dos meus pensamentos com meu celular apitando. Uma mensagem da minha mãe. Eu respondi rápido, já que ela sempre se preocupa, e logo guardei o celular de volta.

— Você deveria ver como está — Gabriel disse e riu.

— Tem algo errado comigo? — Eu perguntei me analisando.

— Não. Você está linda — Ele disse e eu sorri tímida — Seus olhos estão brilhando e você tem um sorriso bobo. É disso que eu tô falando. Eu ficaria olhando você desse jeito pro resto da minha vida.

— Eu tô feliz por estar aqui, por estar com você e por que amanhã vamos pra Disney — Eu disse a última parte animada demais e isso fez ele gargalhar.

— Caramba, eu vou ver o Mickey — Ele brincou e dessa vez eu gargalhei — E vamos para o parque da Universal — Ele disse me fazendo sorrir largo.

— Ai que sonho — Eu disse.

Eu confesso que estava parecendo uma criança, mas eu só tenho dezoito – dezenove daqui a uma semana – anos e esse é provavelmente, mesmo que pouco, o sonho de todo mundo. Quem não ama o maravilhoso mundo de Disney? Fez/faz parte da infância de todo mundo. Eu por exemplo assistia muito Ursinho Pooh enquanto almoçava antes de ir pra escola ou antes de ir treinar quando era mais nova.

— É muito bom te ver assim — Ele disse e sorriu.

— Você faz parte disso. Talvez se não fosse por você eu nem estivesse aqui — Eu disse sem deixar o sorriso desmanchar.

Ele se esticou um pouco e me deu um selinho.

Nosso pedido chegou em minutos, então almoçamos.

(...)

Depois do almoço eu e Gabriel não voltamos para a casa que ele alugou. As ruas de Miami eram realmente irresistíveis. Não dava pra ficar dentro de casa sem fazer nada quando se estar em Miami.

Ainda era "cedo". Quase três da tarde. Eu e Gabriel estávamos no grande Aquário de Miami, o Seaquarium. Acabamos de chegar naquele lugar enorme. Nós entramos no túnel todo de vidro com os peixes. A sensação era de se estar mesmo de baixo d'água. Era surreal, incrível e muito lindo. Eu tô apaixonada por esse lugar.

— Olha, amor — Gabriel disse olhando pro meu lado.

Eu olhei e pulei de susto, soltando um gritinho abafado. Gabriel gargalhou. Mas meu Deus, era um tubarão. E é enorme. Parecem bem menores pela televisão.

— Ele é maior do que eu imaginava — Eu disse agarrando o braço do Gabriel, que riu divertido.

— Não é lindo? — Perguntou, enquanto o tubarão passava bem pertinho do vidro.

— É, mas longe de mim — Eu disse me afastando. Ele riu — Olha que fofo — Sorri olhando um golfinho ali perto.

— É — Ele riu me abraçando de lado.

— Quero um pra mim — Eu disse fazendo um biquinho.

— Amor, é um golfinho. Não pode criar um em casa — Ele riu fraco e me deu um selinho — Depois vai ter algumas apresentações com eles lá em cima.

— É — Eu disse e sorri animada — Mas olha esses peixinhos, são uns amores — Sorri.

— Olha o Nemo — Ele apontou me fazendo gargalhar.

— Idiota — Neguei com a cabeça e ele riu.

Ele passou seu braço em torno do meu ombro e nós continuamos por ali. Olhei pra cima, onde passava um peixe-espada. Eu morria de medo de algum deles dar de cara no vidro e rachar isso. O que é meio idiota, já que provavelmente é um vídeo bem forte/resistente.

Mais alguns minutos olhando as milhares e de diferente espécies de peixes por ali – e eu querendo pegar cada um deles pra mim, com excreção ao tubarão –, nós finalmente saímos. Gabriel parou em uma barraca de pipoca e comprou uma grande salgada pra ele, e uma pequena doce pra mim – amo pipoca doce –, depois disso seguimos para o espetáculo com os golfinhos.

Estávamos próximos a uma espécie de arquibancada, quando esbarrei com alguém que por pouco não derrubou sorvete em mim.

— Desc... — Escutei aquela voz irritante, que por algum motivo não terminou a frase.

Ah não!

— Gabriel? — Letícia sorriu olhando pra ele.

— O que você tá fazendo aqui? — Gabriel perguntou.

— A pergunta é o que você tá fazendo aqui — Ela riu sem humor mas Gabriel continuava sério — Depois do que você fez comigo, eu vim passar um tempo com a minha tia — Ela disse.

— Eu não fiz nada contigo garota — Ele disse negando com a cabeça.

Bufei baixo. Essa garota já tá me irritado. A minha vontade era de puxar fio por fio dessa cabelo oxigenado dela.

— Claro que não — Ela riu sem humor e me olhou com cara de nojo — Veio com a tua namoradinha?

— Sim, nos viemos juntos. Algum problema? — Eu perguntei.

— Não queridinha. Não tenho nenhum problema com quem rouba o namorado dos outros — Ela disse com certa irônica e deboche e cruzou os braços.

— Primeiro, eu não roubei o namorado de ninguém. Quando eu cheguei em Santos, Gabriel estava solteiro. Segundo, eu não tenho culpa se você nunca foi o suficiente pro Gabriel. Não tenho culpa se tudo que ele nunca encontrou em você, ele encontrou em mim. O caso aqui foi bem ao contrário, já que você tentou separar nós dois de uma forma bem infantil, sua interesseira — Eu disse soltando a mão do Gabriel. O mesmo segurou meus ombros.

— Escuta aqui... — Ela tentou falar mas eu a interrompi.

— Escuta aqui você, garota. Eu cansei de você tentando atrapalhar meu relacionamento com o Gabriel e eu não vou deixar isso acontecer de novo só porque estamos aqui. Cansei de todo esse deboche comigo só porque não superou seu término e nem esqueceu ele. Eu já sei a pessoa suja que você é e não vou mais cair nos teus joguinhos. Eu tô com muita vontade de dar uns tapas na tua fuça e não é de hoje, mas não vou fazer isso em respeito ao meu namorado e para não estragar as nossas férias. Vê se some e esquece nós dois, antes que eu puxe fio por fio desse teu cabelo oxigenado, sua oferecida — Eu disse com raiva.

— Isso não vai ficar assim, sua vagab...

— Olha como você vá falar de mim. Não é eu que saio me oferecendo para homens comprometidos. Não sou mal amada.

Falei e vi ela me olhando com ódio. Sorri satisfeita arqueando as sobrancelhas e ela saiu dali batendo os pés, dando um gritinho estérico e insuportável.

— Mimadinha insuportável — Eu disse rindo fraco e comendo um pouco na minha pipoca doce. Escutei Gabriel rir alto.

— Eu nunca te vi assim. Achei que fosse voar em cima dela — Gabriel disse voltando a entrelaçar nossos dedos.

— Bem que eu queria, mas não vou estragar nossas férias e nem gastar meu precioso tempo com alguém como ela — Eu disse e ele novamente riu.

— Pelo menos agora ela não tenta se aproximar mais — Ele disse e parecia satisfeito.

— Melhor assim. Ela bem longe de nós dois — Eu disse sorrindo — Vamos ver os golfinhos — Eu disse animada puxando ele.

Eu nunca fiz algo parecido. Realmente sempre fui muito tranquila, mas essa menina conseguiu me tirar do sério. Alguém precisava dizer umas verdades pra ela. Eu não tinha medo, e se ninguém fazia, eu mesma fiz. Não gostou? Me processa, fofa.

— Vamos — Ele disse e riu.